A Inclusão na Educação Infantil: as condições da ... de Alvelos... · as condições da escola...

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Verônica de Alvelos Sanson A Inclusão na Educação Infantil: as condições da escola e do docente Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Faculdade de Educação 2008

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Verônica de Alvelos Sanson

A Inclusão na Educação Infantil:

as condições da escola e do docente

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Faculdade de Educação

2008

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Verônica de Alvelos Sanson

A Inclusão na Educação Infantil:

as condições da escola e do docente

Trabalho apresentado como requisito para conclusão da Habilitação Educação Infantil à Comissão de professores responsáveis pelo Curso: Profas. Dras. Maria Anita V. Martins, Marisa Del Cioppo Elias, Mônica F.V. Mendes; Neide de Aquino Noffs e Neide Barbosa Saisi, sob a orientação da Profa. Dra. Maria Anita V. Martins.

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Faculdade de Educação

2008

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Agradecimentos Agradeço primeiramente à minha tão amada mãe, pelo apoio em todos os

momentos, pela dedicação, pelo companheirismo desde a comemoração nas

vitórias, até as lágrimas compartilhadas nas derrotas.

Ao meu querido pai, por investir e acreditar em mim.

Ao meu menino, Marcelo Salles, pela paciência nos momentos de estresse,

pelos conselhos e pela imensa ajuda.

À minha família, pelo incentivo, pelo carinho e pela torcida.

À minha orientadora, Profª Maria Anita Viviani Martins, pelos ensinamentos,

pelo empenho e por toda dedicação.

Às minhas amigas puquianas, pela amizade cultivada, pelos conhecimentos

divididos e por todos os momentos felizes que passamos juntas.

Às minhas velhas companheiras, por compreenderem minha ausência e por

serem tão especiais e inesquecíveis.

À Eloa Parada, Juliana Nitrini e Mariana Molinari, por compartilharem os

sentimentos de angústia e por acreditarem junto comigo que as coisas podem

melhorar.

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Resumo A partir de uma vivência no âmbito da Inclusão, juntamente com inúmeros

questionamentos surgiu o presente trabalho. Como a escola trabalha com o aluno

portador de necessidades educativas especiais, como o professor e a instituição

como um todo o acolhe? No primeiro capítulo trarei uma descrição do caso

acompanhado no decorrer do ano de dois mil e oito, as características do aluno, da

instituição, seu desenvolvimento social, afetivo e acadêmico, algumas atividades

realizadas por ele, assim como uma breve descrição da doença que o afetou, e

como seqüela o deixou paraplégico. No segundo capítulo resgatarei um pouco da

história, como era o acolhimento do “diferente” em diversas épocas e abordarei o

tema Inclusão, quais seus objetivos, o que a diferencia de Integração. Também será

tratada a Tutoria, forma de intervenção que realizei com o aluno. O trabalho conta

também com relatos de professoras que acompanharam o aluno no ano de dois mil

e sete e da professora de dois mil e oito.

Palavras - chave: inclusão, integração, tutoria

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Sumário

Introdução ...................................................................................................................6

I. Descrição do caso....................................................................................................8

1.1. A Doença......................................................................................................8

1.1.1. Aspectos Clínicos..............................................................................9

1.1.2. Exames e Testes para Diagnosticar a Doença ...............................10

1.1.3. Tratamento e Prognóstico ...............................................................10

1.2. Relações familiares ....................................................................................11

1.3. Relação família escola ...............................................................................12

1.4. O sujeito e seu convívio com a doença......................................................12

1.5. Organização escolar e o acolhimento da inclusão .....................................14

1.6. Socialização e integração com os colegas.................................................15

1.7. Relação docente no caso de inclusão........................................................15

1.8. Desempenho acadêmico/ aprendizagem escolar.......................................16

II. Inclusão e Tutoria..................................................................................................21

2.1. Inclusão......................................................................................................21

2.1.1. Terminologia....................................................................................26

2.1.2. Documentos Internacionais sobre o assunto...................................26

2.1.3. Documentos Nacionais ...................................................................29

2.1.4. Diferença entre integração e inclusão .............................................31

2.2.Tutoria .........................................................................................................32

III. Considerações Finais ...........................................................................................37

Anexos ......................................................................................................................40

Referências Bibliográficas.........................................................................................49

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Introdução

Este trabalho surgiu a partir de uma vivência iniciada em fevereiro de dois mil

e oito: a inclusão de um aluno que teve o movimento dos membros inferiores

comprometidos e utiliza cadeira de rodas.

Com a preocupação de como seria a melhor maneira de trabalhar tanto com o

aluno como com a classe, decidi estudar mais a fundo este processo.

Pelo acompanhamento que foi realizado até dezembro do ano citado, pode-se

ver sua interação com outras crianças, sua adaptação à escola, seu

desenvolvimento pedagógico e as dificuldades enfrentadas por ele, pelas

professoras e pela instituição.

O aluno tem um tipo de neoplasia que atinge principalmente crianças com

menos de cinco anos de idade. No seu caso, por ter se disseminado na medula

óssea, o aluno teve sua locomoção comprometida e não pode andar.

Com o presente trabalho pretendo observar como foi/ é realizada sua inclusão

na instituição e quais as melhores formas de fazê-la.

Muito se fala sobre esse tema, porém até que ponto as escolas e os

professores estão prontos para realizar este trabalho?

Quais são os maiores problemas enfrentados pelo aluno incluso e por todos

que o acompanham?

Muitas questões surgem quando tratamos deste assunto que ainda pode ser

considerado novidade para todos que se inserem em um ambiente educacional.

O preparo dos professores pode ser considerado “peça chave” para obtermos

um bom desempenho. A forma como este atua, juntamente com a família, define

como serão os resultados.

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Incluir não é igualar, ignorar as diferenças. Todos somos diferentes, e é isso

que deve ser ensinado para as crianças para que possamos alcançar uma

sociedade mais justa, menos preconceituosa. O educador tem o papel de ressaltar e

explorar ao máximo os potenciais particulares de cada indivíduo.

A partir de autores como Maria Teresa Eglér Mantoan, Teresa Lleixà Arribas

entre outros, tratarei o tema inclusão, os seus objetivos, o porque de realizá-la.

Relatos de professoras que trabalharam com o aluno ano passado e da

professora deste ano contribuirão para que possamos aprofundar nossa análise.

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I. Descrição do caso

O caso estudado refere-se ao Pedro*, uma criança de 5 anos, aluno de um

colégio localizado na cidade de São Paulo, portador de um tipo de neoplasia comum

na infância.

Em virtude da peculiaridade da doença e seu prognóstico, adotarei na

descrição do caso um breve destaque às características da patologia para poder

enraizar os argumentos pedagógicos.

1.1. A Doença

O caso em questão de acordo com Papaioannou (2005), está entre os tipos

de câncer com menor potencial de curabilidade, com chance estimada de até 10%.

Aparece geralmente em crianças com menos de cinco anos de idade e a

curabilidade diminui ainda mais em crianças com idade acima de um ano e com a

doença disseminada a esqueleto e medula óssea.

Tem origem nas células da crista neural, responsáveis pela formação das

células do sistema nervoso simpático e da medula da glândula adrenal. As glândulas

adrenais, também conhecidas como supra-renais, estão localizadas sobre cada rim,

na parte de trás do abdômen superior. São responsáveis pela produção de

hormônios como a adrenalina e a noradrenalina; pela reação de defesa contra o

perigo e a tensão emocional; a aldosterona, que regula o sal no corpo; o cortisol,

essencial para o metabolismo de proteínas, gorduras e carboidratos, entre outros.

Pode se desenvolver em determinado tipo de tecido nervoso em qualquer

parte do corpo como pescoço, tórax, abdômen ou pélvis e pode atingir também

fígado, pulmões, ossos e medula óssea.

*nome fictício

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Seu comportamento biológico é muito intrigante, podendo regredir

espontaneamente, sofrer maturação espontânea ou induzida por substâncias, ou

ainda se apresentar de forma agressiva e letal.

É o tumor sólido extracraniano mais comum da infância, representando 7% de

todas as neoplasias malignas nesta faixa etária, com uma incidência duas vezes

maior do que a leucemia (a segunda forma de câncer mais comum nos primeiros

anos de vida). Entre os lactentes corresponde a mais de 50% das neoplasias

malignas.

A etiologia dessa neoplasia é desconhecida. Existem evidências de que

possa haver uma predisposição genética para a doença, pois existem descrições de

casos familiares englobando irmãos, gêmeos monozigóticos, meio - irmãos, primos.

Outros fatores que também podem estar associados estão sendo estudados, como:

medicamentos usados pela mãe durante a gestação tais como diuréticos,

tranqüilizantes, relaxantes musculares ou medicação para infecção vaginal;

utilização de hormônios, criança com baixo peso ao nascer; consumo de bebidas

alcoólicas durante a gestação e utilização de fumo também durante a gravidez (para

esta última a associação é fraca).

Metade dos casos ocorre em crianças com menos de dois anos de idade. Há

um predomínio do sexo masculino sobre o feminino e a ocorrência em adultos é

rara.

1.1.1. Aspectos Clínicos

O quadro clínico é bastante variado, dependendo das características do

tumor, de sua integridade, do comprometimento de estruturas vizinhas e da

presença de metástases. Essa última tem seus territórios mais freqüentes na medula

óssea e esqueleto. As metástases ósseas mais comuns são as cranianas que

podem determinar grandes deformidades.

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A evidência inicial mais comum é a presença de uma massa dura, de

superfície irregular e indolor. Nos casos avançados, há enorme massa abdominal,

graves repercussões nutricionais, apatia, aumento do volume abdominal,

desnutrição leve, febre, anorexia, forte diarréia, movimentos descontrolados dos

olhos, fraqueza ou paralisia.

Outros efeitos secundários podem ser observados como hipertensão, rubor

cutâneo, sudorese excessiva, taquicardia e cefaléia.

1.1.2. Exames e Testes para Diagnosticar a Doença

- Exame do corpo e um histórico dos hábitos e saúde do paciente, doenças

que já teve.

- Exame de urina para determinar a quantidade de algumas substâncias.

- Análise citogenética que através de uma amostra de sangue do tecido do

tumor verifica se existem alterações nos cromossomos.

- Biópsia da medula óssea para análise e procura de células anormais.

- Biópsia para determinar se o tumor é maligno ou não.

- Raio X para avaliar o estado dos órgãos e ossos

- Tomografia computadorizada que fotografa em diferentes ângulos e com alta

precisão órgãos e tecidos do corpo. Ela determina a exata localização do tumor e é

capaz de determinar seu exato tamanho e extensão para outros órgãos.

- Exame neurológico que determina o estado mental do paciente,

coordenação, reflexos.

- Ultra-sonografia que também consegue identificar que órgão o tumor atinge.

1.1.3. Tratamento e Prognóstico

Quando é possível a remoção completa do tumor localizado, qualquer que

seja a idade da criança, a cirurgia exclusiva é essencialmente um procedimento

curativo. Porém, se resíduos macroscópios persistirem após a cirurgia inicial em

crianças de qualquer idade, sem metástases, torna necessária a adição de outra

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modalidade terapêutica. Nestes casos, o tratamento cirúrgico exclusivo é

insuficiente.

Os pequenos progressos no tratamento das crianças portadoras da neoplasia

em estado avançado devem ser creditados à quimioterapia.

Existe também a possibilidade da radioterapia ou transplante de medula

óssea. Esse último pode ser necessário para substituir o tecido danificado pela

radioterapia ou quimioterapia. A medula óssea utilizada no transplante pode ser do

próprio paciente, que foi retirada anteriormente ao tratamento para posterior

reposição.

Alguns fatores são determinantes no prognóstico como a idade em que o

paciente foi diagnosticado, o estágio do câncer, a sua localização, a histologia

(forma, função e estrutura das células cancerosas), o quão diferente as células do

tumor são das normais, a rapidez com que as células do tumor estão crescendo e o

número de cromossomos nas células do tumor.

As crianças com menos de um ano e as que têm tumores pequenos têm

muito bom prognóstico. Quando disseminado em esqueleto e medula óssea, a

probabilidade de cura diminui.

1.2. Relações familiares

O aluno mora com seu irmão quatro anos mais velho e com sua mãe. Tem

visivelmente todo suporte e dedicação de sua avó e de seu tio. Não tem muito

contato com seu pai, que mudou para o exterior há certo tempo. Raramente fala

dele, porém, mesmo não expondo esse assunto para nós professoras, é notável o

quanto sua ausência o incomoda. Em seus desenhos sempre aparecem sua mãe e

seu irmão, porém, uma vez presenciou-se o seguinte fato:

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Ele desenhou duas pessoas e ao ser questionado quem era, respondeu:

“- É difícil falar.

- Um deles é você?

- Sou!

- E o outro?

Ele não respondeu e uma colega tentou adivinhar:

- Sua mãe!

(Não gesticulado com a cabeça)

- Seu pai?

Silêncio absoluto por parte de Pedro.

Em outro momento, próximo ao dia dos pais, ele foi questionado por uma

funcionária do colégio se seu pai iria ao evento que ia ter. O aluno:

“- Meu pai trabalha muito. Não vai dar pra ele vim.” (sic)

1.3. Relação família escola

Não ocorrem muitos diálogos entre a escola e a família a respeito da doença

de Pedro. A mãe só relata o que é questionado pelas professoras e funcionários. Em

alguns momentos comenta fatos do cotidiano de Pedro tais como: “Hoje ele está

bravo porque brigou com o irmão.”.

1.4. O sujeito e seu convívio com a doença

O aluno é cadeirante, pois seus movimentos dos membros inferiores foram

comprometidos. Também usa fralda por não ter controle dos esfíncteres, um colete

ortopédico, goteiras nos pés e uma válvula na cabeça que não pode sofrer nenhum

tipo de impacto. Além de uma forte alergia a leite e a todos seus derivados.

O aluno fala de seu problema de uma forma muito madura e natural. Explica o

porquê do colete, fala dos medicamentos.

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“- Como vou fazer ano que vem? Vou sentir saudades! – eu falando para

Pedro.

- Quando eu for internado também tia!

- Mas você não vai ser internado...

- Vou quando a válvula entupir.

- Mas não vai entupir.

- Vai sim. Já entupiu uma vez e eu tive que operar. Tomei uma injeção que

me fez dormir... Anestesia né? E aí o médico abriu minha cabeça e desentupiu. ”

“ – Minha medula já tá pressionada!

- Então você vai tirar o colete Pedro?

- Vou... Quando eu tiver 15, 20 anos... E usar andador!

- Que legal!!!

- Eu queria encontrar a menina da cura.

- Menina da cura?

- É. E eu ia pedir pra andar.

- Mas você vai andar quando tiver 15 anos não vai?

- Tô falando sozinho né tia! Sem andador!”

Sua mãe o deixa a par de tudo que acontece com seu corpo e ele seleciona

algumas pessoas para explicar isso. Porém nota-se claramente sua preocupação,

suas perspectivas, suas projeções e um claro entendimento de suas limitações. Lida

com elas racionalmente e explica sua lógica.

Quando questionado por outras crianças sobre seu problema, Pedro somente

responde "eu nasci assim".

No início desse semestre, uma aluna nova entrou na sala e veio perguntar às

professoras o que ele tinha:

“- Um probleminha nas pernas não é Pedro? – eu respondi para aluna

- Não, não é.

- Então o que é? Explica pra sua amiga.

- “Ela nunca ia entender.”

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Há momentos em que se observam respostas muito objetivas e diretas como

“eu nasci assim”. Em outros, nota-se no aluno certa reflexão, uma dificuldade em

expor o que aconteceu com ele de uma forma que o outro compreenda. Como

quando ele diz que a colega “nunca ia entender”. Essa frase mostra sua enorme

maturidade diante da situação. Provavelmente identifica a distinção entre ele e a

amiga, já supondo que como ela não sofre do mesmo problema não saberia

aquilatar o que ele enfrenta.

No decorrer do segundo semestre veio uma novidade: uma cadeira de rodas

nova, maior, bem mais alta, fazendo com que o aluno ficasse da altura dos seus

colegas. Nós professoras o sentimos muito mais seguro, circula pela classe sem

parar, não quer que nós o empurremos. Todas as crianças notaram a mudança no

primeiro dia, o que deixou Pedro muito contente, e certamente com mais liberdade

de movimentação.

1.5. Organização escolar e o acolhimento da inclusão

A locomoção de Pedro pelas dependências da escola fica prejudicada pelo

fato desta, originalmente em seu projeto, não abrigar a inclusão de cadeirantes. O

colégio conta com aproximadamente cinco mil alunos, é enraizado e bastante

reconhecido na cidade de São Paulo, freqüentado pela classe média e média alta.

Um número considerável de rampas foi adaptado e alguns elevadores estão

sendo construídos. Por enquanto, são necessárias duas pessoas para levantar a

cadeira nas escadas, normalmente eu e mais algum funcionário, que aos poucos

estão habituando-se à situação, compreendendo o significado de acolhimento e

ajudando com maior disposição.

O aluno ingressou no colégio em dois mil e sete, no maternal, e de acordo

com relatos de professoras, no primeiro dia de aula estava extremamente nervoso,

chorava muito e vomitava. Foi se adaptando no decorrer do ano.

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Aos poucos pude perceber a mudança no relacionamento de todos do colégio

com o aluno. Hoje ocorrem mais diálogos, as pessoas propõem-se mais a ajudar,

em geral aproximaram-se mais.

1.6. Socialização e integração com os colegas

Metade da classe desse ano, no jardim, já conhecia o Pedro. Na outra

metade, de início, notava-se um grande estranhamento acompanhado de

curiosidade. Muitas crianças queriam tocá-lo, empurrar a cadeira e perguntavam o

que ele tinha. Outras chegavam perto, mas logo saíam, e tinham ainda as que não

queriam nem se aproximar.

Ele sempre reagiu de uma forma muito natural a essa situação. Nunca

demonstrou desconforto, insegurança nem irritação diante das diferentes reações de

seus colegas.

Atualmente relaciona-se bem com grande parte da sala, é muito querido por

todos e até disputas acontecem para ver quem vai empurrar sua cadeira. Um de

seus maiores amigos foi morar nos Estados Unidos no final do primeiro semestre o

que, para nós, de início, pareceu ser motivo de problemas para Pedro. Porém sua

resposta foi bem diferente da esperada. De início chegou a nos questionar se o

colega voltaria, mas logo se enturmou com outros colegas. Ele não tem apresentado

limitações para construir novos relacionamentos.

1.7. Relação docente no caso de inclusão

No início do ano foi clara a atitude de insegurança por parte da professora da

sala de aula. Não comentou com o restante da sala o problema de Pedro, o porquê

de sua cadeira de rodas e nem os cuidados que deveriam tomar com o colega.

Uma atitude previsível e que não deve ser criticada pelo fato de não ter

ocorrido um preparo antes de começarmos com esse trabalho.

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1.8. Desempenho acadêmico/ aprendizagem escolar

O aluno não apresenta nenhuma dificuldade cognitiva, acompanha a sala

tranquilamente, é extremamente interessado.

Aqui contamos com algumas atividades desenvolvidas no decorrer do ano:

Treino motor realizado em 24/06/2008

Já notava-se no primeiro semestre uma boa coordenação motora, uma certa

firmeza no traçado considerando-se que estes movimentos haviam acabado de ser

introduzidos às crianças.

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Treino motor realizado em 16/10/2008

Nota-se que seu traçado ficou mais firme, sua coordenação motora melhorou

muito, assim como sua noção espacial.

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Atividade realizada em 14/08/2008

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Ditado sondagem realizado em 30/10/2008

O aluno encontra-se no estágio alfabético, bastante adiantado perante a sala.

Muitos colegas ainda estão no processo, no estágio silábico, o que nos deixa clara a

sua condição de aprendizagem, o quanto sua parte cognitiva está intacta e em

perfeito desenvolvimento.

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O nosso auxílio, portanto, só se dá em sua locomoção, pois na parte

acadêmica, ele atua de forma muito independente, com muita autonomia.

No parque normalmente brinca de luta com os colegas, fala muito de vídeo

game, principalmente de jogos violentos. Também joga futebol e tem preferência em

ficar no gol.

Nas aulas de Educação Física, descobrimos uma paixão: o basquete. O

professor o apóia intensamente, indicou uma “escolinha” para mãe de Pedro, e ele

começou a fazer aulas. É impressionante sua habilidade, seu gosto pelo esporte,

sua curiosidade pelas regras, as inúmeras perguntas que ele faz ao professor.

O aluno passa a semana ansioso, todo dia pergunta se é dia de Educação

Física. Esse seu amor pelas aulas e seu apego pelo professor são nítidos, e com

toda certeza conquistados pela forma como este último conduziu a situação. Em

todas as aulas ele sugere exercícios que Pedro é capaz de fazer e, quando não,

sempre tem alternativas criativas para ele poder participar juntamente com os

colegas.

Pode-se notar, assim, uma Educação Física integrada à proposta pedagógica

da escola, portanto, com perspectivas educacionais realmente voltadas para a

formação do cidadão, (...) com um olhar voltado para a inclusão. (Darido, 2001 In:

SANTOS, 2008 p. 75).

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II. Inclusão e Tutoria

Este capítulo tem como objetivo tratar o tema Inclusão, tão discutido e

debatido ultimamente e também a Tutoria, que embora não seja denominado dessa

forma é o tipo de trabalho que desenvolvo com o aluno na instituição.

2.1. Inclusão

A principal característica do ser humano é a pluralidade e não a igualdade de

pensamentos e ações, pois cada indivíduo age e interpreta o mundo em que vive

com manifestações e olhares particulares.

Porém as pessoas, por sua natureza, temem o desconhecido e têm

dificuldade em aceitar aquilo que aparentemente foge da normalidade.

Retrocedendo na história, Ponce (2005) diz que nas sociedades primitivas,

onde existia o nomadismo, os que se mostravam impossibilitados em satisfazer as

necessidades básicas de cada um e de colaborar com o grupo, constituíam um

agravante e determinavam até mesmo o extermínio.

Na Antigüidade Clássica, o indivíduo que apresentasse qualquer

manifestação contrária aos ideais espartanos, era eliminado.

Já na era capitalista, com os avanços e conquistas da ciência e da tecnologia,

pôde-se notar uma melhora na condição de vida e maior possibilidade de superação

das diferenças físicas e sociais das pessoas.

A partir da Revolução Industrial, as guerras, epidemias, deixaram de ser as

causas únicas das deficiências pois o trabalho, com suas condições precárias,

passou a ocasionar acidentes mutiladores, assim como as doenças profissionais, o

que acabou resultando na criação do direito do trabalho e de um sistema de

segurança social, com atividades assistenciais, preventivas e de atendimento à

saúde, e também à reabilitação dos acidentados.

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As duas grandes Guerras Mundiais também impulsionaram o

desenvolvimento da reabilitação pela carência de mão-de-obra surgida no período

de pós-guerra e pela necessidade de propiciar uma atividade remunerada

juntamente com uma vida social digna aos soldados mutilados.

O trabalho pedagógico com a pessoa com deficiência nas instituições

escolares não existiu desde o princípio, mas sim a partir do momento que a

complexidade da sociedade o exigiu.

Surgiu então o paradigma de serviços que tinha como objetivo auxiliar essas

pessoas a ter uma existência o mais próxima possível da normalidade,

disponibilizando condições de convivência na sociedade.

Novos modelos institucionais foram sendo implementados visando a

promoção da autonomia e transferência de responsabilidades para a pessoa com

deficiência.

Estabeleceu-se o movimento da escola inclusiva, que obrigou a sociedade a

reorganizar-se de forma a garantir os direitos de todos os cidadãos a educação,

saúde, lazer, cultura, trabalho...

Observa-se que a educação inclusiva vem para substituir a escola tradicional,

na qual todos os alunos precisavam se adaptar ao mesmo modelo pedagógico e

eram avaliados igualmente. Quem não se enquadrasse, estava fora dos padrões

considerados aceitáveis e era encaminhado para a classe especial, para a escola

especial ou simplesmente acabava desistindo de estudar.

A base da educação inclusiva vem, portanto, para considerar a deficiência de

um aluno como mais uma das muitas características diferentes que os alunos

podem ter.

Isso não ocorreu de forma repentina, mas como conseqüência de um

processo, que ainda não foi concluído, de cerca de dois séculos. Esse processo

depende do desenvolvimento social, cultural e econômico de cada comunidade. Por

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isso alguns países atualmente se encontram mais avançados nesse campo, e não

exista um modelo único de organização da intervenção educativa destinada às

crianças envolvidas.

Entre os principais documentos que defendem a inclusão estão a Conferência

Mundial de Educação Para Todos (Tailândia, 1990), a Conferência Mundial Sobre

Necessidades Educativas Especiais (Espanha/ Unesco, 1994), que resultaram na

Declaração de Salamanca, onde são reconhecidas as necessidades básicas e a

defesa do princípio de uma escola para todos, e na Convenção da Guatemala

(Guatemala, 1999), da qual o Brasil é signatário.

A inclusão escolar tem como objetivo minimizar de todas as formas possíveis

o processo de exclusão, valorizando acima de tudo a participação do aluno dentro

do processo educativo e produzir uma educação consciente para todos.

“O novo conceito de educação especial pode ser definido agora como o conjunto de

condições (seja de ordem pessoal, material, metodológica) proporcionadas de

acordo com as necessidades das crianças a fim de propiciar seu máximo

desenvolvimento global possível.” (ARRIBAS, 2004, p. 318)

Os elementos fundamentais no processo de inclusão são primeiramente o

aluno incluído, que nos levará a refletir o que desejamos e o que temos a oferecê-lo;

em segundo lugar entram os professores, que devem ser assessorados e apoiados

na construção dos saberes que envolvem a educação dos portadores de

necessidades especiais, para que assim a educação inclusiva promova de fato a

aprendizagem e o desenvolvimento das potencialidades do discente; e por último a

família, que constitui um elemento indispensável para o sucesso do trabalho.

Na educação inclusiva, é de extrema importância dar oportunidade para que

os alunos com necessidades educativas especiais se manifestem, exijam seus

direitos, busquem saídas para os seus problemas e digam aos educadores o que é

excesso e o que é essencial para sua educação.

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Já com relação aos professores, são suas experiências vividas ao longo de

sua carreira que irão determinar sua forma de atuar. Em diferentes contextos, eles

estão freqüentemente presenciando e sentindo diferentes emoções, resolvendo

conflitos, tomando decisões...

Portanto, suas ações estão relacionadas em parte com sua constituição

histórica e também às características dos diferentes espaços onde suas ações têm

significado e sentido.

Ele deverá planejar novas formas de intervenção pedagógica, criar

estratégias, a fim de garantir a participação de todos independente da situação e

estar o tempo inteiro atento à situações de exclusão. Além de manter-se motivado e

envolvido na rotina da sala de aula, trabalhando com criatividade e persistência, não

deixando valores “não inclusivos” como comodismo, descuido, pessimismo adentrar

em sala de aula.

Sua formação é algo permanente, que vai ocorrer antes, durante e após seus

estudos acadêmicos.

A forma como o professor atua irá influenciar e até mesmo determinar o

alcance dos seus objetivos e de seus ideais de inclusão.

Para Arribas (2004, p.334),

“as necessidades educativas da criança se concretizarão sempre naquilo que os

profissionais com responsabilidade de decidir por ela acreditam que necessita, tanto

no que se refere ao desenvolvimento pessoal e social como nos aspectos

meramente instrutivos.”

Por último, a família que possui um papel decisivo para obtermos bons

resultados com o processo.

A forma como ela se posiciona perante a deficiência pode ser determinante

para o desenvolvimento do filho. Também pode colaborar fornecendo aos

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profissionais todos os tipos de informações do aluno, que irão sem sombra de

dúvidas colaborar com o planejamento das intervenções educacionais.

“A família se constitui, portanto, o fator determinante para a detonação e manutenção

ou, ao contrário, para o impedimento do processo de integração.” (GLAT E DUQUE

In: SANTOS, 2008, p.39)

Na escola que é de todos, as crianças tem o direito de receber aquilo que

precisam. Aprender implica ser capaz de expressar o que sabemos independente da

forma, implica representar o mundo a partir das nossas origens, de nossos valores e

sentimentos, e o espaço educativo deve contribuir para que todas as crianças

desenvolvam ao máximo suas potencialidades, transformem-se em cidadãos

autônomos, críticos, enfim, seres conscientes de seus direitos e de seus deveres.

Educando todos os alunos juntos, as pessoas com deficiência têm

oportunidade de preparar-se para a vida na comunidade, os professores melhoram

suas habilidades profissionais e a sociedade toma a decisão consciente de funcionar

de acordo com o valor social da igualdade para todas as pessoas, com os

conseqüentes resultados de melhoria da paz social.

O intuito não é “camuflar” as diferenças, padronizar, igualar. Mas sim,

valorizar essas diferenças e usá-las como artifício para evoluir. Respeitar a

diversidade significa dar oportunidades para todos aprenderem os mesmos

conteúdos, fazendo as devidas adaptações, promover o desenvolvimento e não

oferecer apenas uma forma de convivência social.

“Em função dessas considerações, como educadores, sabemos e consideramos que

nenhum grupo é homogêneo, que em todos podem distinguir-se “subgrupos” de

crianças ou individualidades a que nos dirigimos de formas diferentes, já que varia o

grau de especificidade de suas respectivas necessidades educativas. Neste sentido,

as crianças com necessidades educativas especiais distinguem-se das demais – ou

só se distinguem das demais – quando essa especificidade é ainda maior em uma ou

várias áreas do currículo e, por esse motivo, é necessário planejar e fazer

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adaptações até o ponto de se sintonizar com suas necessidades atuais.”

(ARRIBAS, 2004, p. 319).

2.1.1. Terminologia

As pessoas com deficiências expressam fortes sentimentos sobre palavras e

expressões utilizadas para descrevê-las. A linguagem reflete mudanças nos

conceitos e nas crenças.

Os termos usados comumente no passado como “criança deficiente” ou

“criança da educação especial” já não são mais aceitáveis. A forma de tratar

atualmente refere-se à criança integral, e não a sua dificuldade específica. Portanto,

fala-se em “criança com necessidades especiais” ou então “criança com paralisia”,

por exemplo.

O conjunto de estratégias, condições, organização da sala de aula,

adequados para que o acesso do aluno seja possível, remete ao conceito de

necessidades educativas especiais, que podem ser definidas como aquelas que,

para que possam ser satisfeitas, precisam do auxílio de meios específicos como

materiais, pessoais, adequação das atividades, entre outros.

2.1.2. Documentos Internacionais sobre o assunto

1948 – Declaração Universal de Direitos Humanos (ONU) - estabelece que os

direitos humanos são os direitos fundamentais de todos os indivíduos. Todas as

pessoas devem ter respeitados os seus direitos humanos: direito à vida, à

integridade física, à liberdade, à igualdade e à dignidade, à educação.

1971 – Declaração dos Direitos das Pessoas Mentalmente Retardadas (ONU)

– proclama os direitos das pessoas com deficiência intelectual.

1975 – Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes (ONU) – estabelece

os direitos de todas as pessoas com deficiência, sem qualquer discriminação.

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1980 – Carta para a Década de 80 (ONU) – estabelece metas dos países-

membros para garantir igualdade de direitos e oportunidades para as pessoas com

deficiência.

1983-1992 – Década das Nações Unidas para as Pessoas com Deficiência –

para que os países-membros adotassem medidas concretas para garantir direitos

civis e humanos.

1990 – Conferência Mundial sobre Educação para Todos (ONU) – aprova a

Declaração Mundial sobre Educação Para Todos (Conferência de Jomtien,

Tailândia) e o Plano de Ação para Satisfazer as Necessidades Básicas de

Aprendizagem; promove a universalização do acesso à educação.

1993 – Normas sobre Equiparação de Oportunidades para Pessoas com

Deficiência (ONU) – estabelece padrões mínimos para promover igualdade de

direitos (direito à educação em todos os níveis para crianças, jovens e adultos com

deficiência, em ambientes inclusivos).

1993 – Declaração de Manágua – Delegados de 39 países das Américas

exigem inclusão curricular da deficiência em todos os níveis da educação, formação

dos profissionais e medidas que assegurem acesso a serviços públicos e privados,

incluindo saúde, educação formal em todos os níveis e trabalho significativo para os

jovens.

1994 – Declaração de Salamanca – proclamada na Conferência Mundial de

Educação Especial sobre Necessidades Educacionais Especiais, reafirma o

compromisso para com a Educação para Todos e reconhece a necessidade de

providenciar educação para pessoas com necessidades educacionais especiais

dentro do sistema regular de ensino.

1999 – Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de

Discriminação contra a Pessoa Portadora de Deficiência (Guatemala) – condena

qualquer discriminação, exclusão ou restrição por causa da deficiência que impeça o

exercício dos direitos das pessoas com deficiência, inclusive à educação.

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1999 – Declaração de Washington – Representantes dos 50 países

participantes do encontro “Perspectivas Globais em Vida Independente para o

Próximo Milênio”, Washington DC, Estados Unidos, reconhecem a responsabilidade

da comunidade no fomento à educação inclusiva e igualitária.

2002 – Declaração de Caracas – constitui a Rede Iberoamericana de

Organizações Não-Governamentais de Pessoas com Deficiência e suas Famílias

como instância para promoção, organização e coordenação de ações para defesa

dos direitos humanos e liberdades fundamentais das pessoas com deficiência e

suas famílias.

2002 – Declaração de Sapporo (Japão) – representando 109 países, 3 mil

pessoas, em sua maioria com deficiência, na 6ª Assembléia Mundial da Disabled

Peoples´ International – DPI, insta os governos em todo o mundo a erradicar e

educação segregada e estabelecer política de educação inclusiva.

2002 – Congresso Europeu de Pessoas com Deficiência – proclama 2003 o

Ano Europeu das Pessoas com Deficiência para conscientizar sobre os direitos de

mais de 50 milhões de europeus com deficiência.

2003 – Ano Europeu das Pessoas com Deficiência – oportunidades iguais e

acesso aos recursos da sociedade (educação inclusiva, novas tecnologias, serviços

sociais e de saúde, atividades esportivas e de lazer, bens e serviços ao

consumidor).

2004 – Ano Iberoamericano da Pessoa com Deficiência – proclamado na

última reunião da Cúpula dos Chefes de Estados dos Países Iberoamericanos,

realizada na Bolívia, da qual o Brasil é membro, define a questão da deficiência

como prioridade, fortalecendo as instituições e as políticas públicas direcionadas à

inclusão das pessoas com deficiência.

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2.1.3. Documentos Nacionais

1988 – Constituição Federal (Art. 208, III) – estabelece o direito das pessoas

com necessidades especiais de receberem educação, preferencialmente na rede

regular de ensino.

1989 – Lei Nº 7.853 – cria a Coordenadoria Nacional para Integração da

Pessoa Portadora de Deficiência (CORDE), dispõe sobre o apoio às pessoas com

deficiência, sua integração social, institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos

ou difusos das pessoas com deficiência, disciplina a atuação do Ministério Público,

define crimes, e dá outras providências.

1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, Lei nº8.069) – No Art. 53,

assegura a todos o direito à igualdade de condições para o acesso e permanência

na escola e atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede

regular de ensino.

1996 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei Nº9.394/96) –

assegura aos alunos com necessidades especiais currículos, métodos, recursos

educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades

específicas.

1998 – Parâmetros Curriculares Nacionais (Adaptações Curriculares) – do

MEC, fornecem as estratégias para a educação de alunos com necessidades

educacionais especiais.

1999 – Decreto Nº 3.298 – regulamenta a Lei nº 7.853/89 que trata da Política

Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência e estabelece a

matrícula compulsória, em cursos regulares de escolas públicas e particulares, de

pessoas com deficiência.

2000 – Lei Nº 10.098 – estabelece normas gerais e critérios básicos para a

promoção da acessibilidade das pessoas com deficiência ou com mobilidade

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reduzida, mediante a eliminação de barreiras e de obstáculos nas vias e espaços

públicos, no mobiliário urbano, na construção e reforma de edifícios e nos meios de

transporte e de comunicação.

2000 – Lei Nº 10.048 – estabelece a prioridade de atendimento às pessoas

com deficiência e determina que os veículos de transporte coletivo a serem

produzidos devam ser planejados de forma a facilitar o acesso a seu interior das

pessoas com deficiência.

2001 – Plano Nacional de Educação – explicita a responsabilidade da União,

dos Estados e Distrito Federal e Municípios na implementação de sistemas

educacionais que assegurem o acesso e a aprendizagem significativa a todos os

alunos.

2001 – Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica –

endossa a necessidade de que todos os alunos possam aprender juntos, em uma

escola de qualidade.

2001 – Decreto nº 3.956 – da Presidência da República do Brasil, que

reconhece o texto da Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as

Formas de Discriminação contra a Pessoa Portadora de Deficiência (Convenção da

Guatemala), reafirmando o direito de todas as pessoas com deficiência à educação

inclusiva.

2001 – Parecer CNE (Conselho Nacional de Educação)/ CEB (Câmara de

Educação Básica) nº 17 – aponta os caminhos da mudança para os sistemas de

ensino nas creches e nas escolas de educação infantil, fundamental, médio e

profissional.

2004 – Decreto nº 5296 de 2 de dezembro – regulamenta as Leis nºs 10.048,

de 8 de novembro de 2000 e 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelecem

normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade em vários

âmbitos.

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A partir desses estudos e documentos, chegou-se à conclusão de que a

melhor resposta para o aluno com deficiência e para todos os demais alunos é uma

educação que respeite as características de cada estudante, que ofereça

alternativas pedagógicas que atendam às necessidades educacionais de cada

aluno: uma escola que ofereça tudo isso em um ambiente inclusivo e acolhedor,

onde todos possam conviver e aprender com as diferenças.

2.1.4. Diferença entre integração e inclusão

Os vocábulos integração e inclusão, embora tenham significados

semelhantes, são empregados para expressar situações de inserção diferentes.

A integração

“(...) refere-se mais especificamente à inserção de alunos com deficiência nas

escolas comuns, mas seu emprego dá-se também para designar alunos agrupados

em escolas especiais para pessoas com deficiência, ou mesmo em classes

especiais, grupos de lazer ou residências para deficientes.” (MANTOAN, 2003

p.22).

Pela integração escolar, o aluno tem acesso às escolas por meio de um leque

de possibilidades educacionais, que vai da inserção às salas de aula do ensino

regular ao ensino em escolas especiais.

Esse processo oferece ao aluno a oportunidade de transitar no sistema

escolar (da classe regular ao ensino especial) em todos os seus tipos de

atendimento: escolas especiais, classes especiais em escolas comuns, classes

hospitalares...

A inclusão prevê a inserção escolar de forma radical, completa e sistemática

além da participação na vida comunitária, por meio de suportes físicos, psicológicos

e sociais. Implica o redimensionamento de estruturas físicas da escola, de atitudes e

percepção dos educadores e adaptações curriculares além de

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“(...) uma mudança de perspectiva educacional, pois não atinge apenas alunos com

deficiência e os que apresentam dificuldades de aprender, mas todos os demais,

para que obtenham sucesso na corrente educativa geral.” (MANTOAN, 2003 p.24)

Em termos gerais,

“(...) o objetivo da integração é inserir um aluno, ou um grupo de alunos, que já foi

anteriormente excluído, e o mote da inclusão, ao contrário, é o de não deixar

ninguém no exterior do ensino regular, desde o começo da vida escolar. As escolas

inclusivas propõem um modo de organização do sistema educacional que considera

as necessidades de todos os alunos e que é estruturado em função dessas

necessidades.” (Id, p.24)

2.2.Tutoria

A tutoria deve ser um compromisso de todos os professores, independente de

terem ou não esse cargo.

Existem muitas definições, de diferentes autores, para “tutoria” e “tutor”.

Dentre elas: um conselheiro ou guia de outro a quem serve de apoio; um professor

que se encarrega de atender diversos aspectos que não são suficientemente

tratados nas aulas; pessoa que aconselha em tudo o que se refere à educação, uma

atividade inerente à função do professor, que se realiza individual e coletivamente

com os alunos de uma sala de aula, a fim de facilitar a integração pessoal nos

processos de aprendizagem.

A construção de cada ser humano, professor, aluno, requer um grande

esforço e dedicação e se constitui em um trabalho interativo entre todos.

De acordo com Arnaiz (In:ARGÜIS, 2002, p.17), as qualidades que um tutor

precisa ter são:

“- Qualidades humanas (o ser do tutor). A empatia, a maturidade intelectual-volitiva e

afetiva, a sociabilidade, a responsabilidade e a capacidade de aceitação.

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- Qualidades científicas (o saber). Conhecimento da maneira de ser do aluno,

conhecimento dos elementos pedagógicos para conhecer e ajudar o aluno.

- Qualidades técnicas (o saber fazer). Trabalhar com eficácia e em equipe,

participando de projetos e programas definidos em comum acordo para a formação

dos alunos.”

Carl Rogers (In:ARGÜIS, 2002 p.18) explica o processo de mudança ocorrido

no aluno:

“Se posso criar uma relação que, de minha parte, caracteriza-se por autenticidade e

transparência e na qual eu possa viver meus próprios sentimentos, uma calorosa

aceitação e valorização da outra pessoa como um indivíduo diferente e uma sensível

capacidade de ver meu aluno como ele se vê e se percebe com seus próprios olhos,

então, o outro indivíduo experimentará e compreenderá aspectos de si mesmo antes

reprimidos; conseguirá uma integração pessoal cada vez maior e será capaz de

funcionar com eficácia irá parecer-se cada vez mais com a pessoa que queria ser irá

tornar-se mais pessoal, original e expressivo; poderá aceitar melhor os outros e

poderá enfrentar os problemas da vida de uma maneira mais fácil e adequada.”

Existem diferentes tipos de tutorias como:

A tutoria individual

É a ação do professor-tutor com o aluno, considerando neste último suas

qualidades, seus êxitos e fracassos, sua maneira de ser e agir. O professor deve

conhecer a situação de cada aluno, ajudá-lo, orientá-lo, fazendo assim, com que o

aluno sinta-se mais seguro, mais confiante e mais entusiasmado para enfrentar

novos desafios.

A tutoria de grupo

É a atuação do tutor em um grupo de alunos, geralmente a sala de aula. Ele

ajudará os alunos na participação ativa na vida da escola, e favorecerá a

participação dos pais nos processos de decisão do aluno.

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A tutoria da diversidade

Nesse tipo de tutoria, o professor tem que levar em conta que não existe uma

forma padronizada de aluno, nem de aprendizagem, cada um tem sua capacidade e

ritmo de aprendizagem peculiares.

Em todo trabalho educativo um dos aspectos que mais se destaca é a relação

humana que se estabelece entre o professor e seus alunos.

A ação tutorial comporta uma atenção individual e pessoal a cada aluno; o

trabalho realizado é baseado nas características de cada um, atendendo assim a

diversidade. Ela é vista como um trabalho paralelo e simultâneo ao trabalho

docente. Tem como finalidade máxima zelar pela otimização do processo educativo

seguido pela criança e pelo grupo de alunos.

De acordo com Dório (In: ARGÜIS, 2002, p. 59), a ação tutorial pode ter

diferentes finalidades como:

“- preventiva: quando se trabalha sobre aspectos que podem, com o tempo, causar

problemas no processo educativo.

- de diagnóstico: quando se trata de detectar e identificar as necessidades individuais

ou grupais que as crianças apresentem e a intervenção se torna necessária.

- de acompanhamento: quando se pretende observar a evolução de um fato

mediante a ação tutorial.

- “compensatória: quando se trata de trabalhar a diversidade.”

Uma forma de realizar todo trabalho citado acima, de uma forma democrática,

pode desenvolver-se através das “assembléias”. Elas estabelecem um procedimento

baseado no diálogo para considerar as questões escolares que são expostas de

modo franco e aberto.

Constituem um espaço de educação moral, onde estão introjetados valores

como respeito, colaboração, solidariedade, justiça, compreensão e a valorização do

diálogo.

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São momentos destinados pela escola para promover a participação por meio

da palavra. A turma reúne-se para refletir sobre si mesma, o educador expõe aquilo

que lhes parece pertinente, enfim, fala-se de tudo aquilo que diz respeito à vida

coletiva.

A assembléia tem como objetivo:

- cumprir um papel informativo, tanto por parte dos alunos como dos

professores, que a usarão para falar sobre tudo o que considerarem relevantes.

- analisar as situações vivenciadas, os problemas diários e as dificuldades

que atrapalham as tarefas escolares.

- decidir e organizar o que se vai fazer; neste momento, o professor também

pode esclarecer o porquê de alguns trabalhos já previstos, suas funções e

contribuições.

Elas podem também solucionar conflitos que surgem freqüentemente entre as

crianças, e estabelecer, de comum acordo, normas de conduta para evitar tais

situações.

Puig (In: ARGÜIS, 2002, p.32), supõe que a aprendizagem da cidadania pelos

alunos alcance diferentes objetivos:

“1. Que adquiram um vivo reconhecimento da coletividade e que se sintam parte do

grupo no qual estão imersos. (...)

2. Que aceitem e construam normas. (...)

3. Que desenvolvam uma forte autonomia da vontade que os impeça de se

esconderem no grupo e que, ao contrário, os impulsione a participar de acordo com

seus critérios pessoais no bom andamento da sala de aula e da escola.

4. Que desenvolvam o conjunto de capacidades necessárias para dialogar de modo

correto e para serem capazes de manter uma atitude reflexiva a respeito de si

mesmos e da comunidade a qual pertencem.

5. Que adquiram uma predisposição a se comportar de acordo com valores como o

espírito de iniciativa, a responsabilidade, a cooperação, a solidariedade, a tolerância

e a busca de acordos.”

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Assim, através de recursos como as assembléias, podemos debater assuntos

polêmicos, como no caso um aluno com dificuldades e limitações diferentes das do

grupo, e concluir juntamente com as crianças as melhores formas de ajudar, mostrar

o quanto as diferenças são comuns e importantes e principalmente destacar a

beleza que isso tudo tem.

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III. Considerações Finais Diante das observações feitas na prática e das teorias que tomei como

embasamento, o tema Inclusão ainda pode ser considerado para os educadores

motivo de muita insegurança, de sentimento de despreparo e de grandes

questionamentos e “inquietamentos”, e isso ocorre devido a muitos fatores. O

primeiro deles é a falta de uma formação adequada no Ensino Superior, fator este

essencial para, ao menos, entender os alunos dentro de suas dificuldades.

Outra questão a ser discutida é a relação entre escola e pais. Observei neste

caso como a falta de um diálogo honesto e claro trouxe dificuldades ao cotidiano

escolar, pois a inclusão resumia-se apenas à presença de Pedro na sala de aula.

Verifica-se assim que tanto a família, falando agora de forma ampla, quanto a

escola estão focadas nas questões pedagógicas, como conteúdos, avaliações,

resultados esquecendo a importância que deve ser dada à formação subjetiva da

criança que está além de qualquer estrutura escolar. Não basta inserir a criança

numa escola que já possui uma estrutura solidificada, mas buscar formas de orientar

todos os alunos a entender as diferenças tanto físicas quanto emocionais, diferenças

presentes em qualquer pessoa.

Por isso a necessidade de uma mudança no currículo que valorize as

diferenças, a pluralidade cultural, as diversas etnias que compõem nossa sociedade,

a fim de que as próprias crianças questionem o que está colocado como um padrão,

como um modelo. Os alunos, portanto, são vistos como sujeitos construtores do

currículo, e não como objetos do mesmo. Talvez este seja o fator que mais se

destaca quando se fala em Inclusão.

A seguir, uma fábula que retrata de forma fidedigna o modelo de educação

utilizado em nossa cultura escolar e nos convida a refletir se, de fato, essa forma de

agir contempla nossos propósitos.

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“Certa vez os animais resolveram preparar seus filhos para enfrentar as

dificuldades do mundo atual e, por isso, organizaram uma escola. Adotaram um

currículo prático que constava de corrida, escalada, natação e vôo. Para facilitar o

ensino, todos os alunos deveriam aprender todas as matérias.

O pato, exímio em natação (melhor mesmo que o professor) conseguiu notas

regulares em vôo, mas era aluno fraco em corridas e escalada. Para compensar

esta fraqueza, ficava retido na escola todo dia, fazendo exercícios extras. De tanto

treinar corrida ficou com os pés terrivelmente esfolados e, por isso, não conseguia

mais nadar como antes. Entretanto, com o sistema de média aritmética das notas

nos vários cursos, ele conseguiu ser um aluno sofrível, e ninguém se preocupou

com o caso do pobre pato.

O coelho era o melhor aluno do curso de corrida, mas sofreu tremendamente

e acabou com esgotamento nervoso, de tanto tentar natação.

O esquilo subia tremendamente, conseguindo belas notas no curso de

escalada, mas ficou frustrado no vôo, pois o professor o obrigava a voar de baixo

para cima e ele insistia em usar os seus métodos, isto é, em subir nas árvores e voar

de lá para o chão. Ele teve que se esforçar tanto em natação que acabou por passar

com nota mínima em escalada, saindo-se mediocremente em corrida.

A águia foi uma criança problema, severamente castigada desde o princípio

do curso, porque usava métodos exclusivos dela, fosse para atravessar o rio ou

subir nas árvores. No fim do ano, uma águia anormal, que tinha nadadeiras,

conseguiu a melhor média em todos os cursos e foi a oradora da turma.

Os ratos e os cães de caça não entraram na escola porque a administração

se recusou a incluir duas matérias que eles julgavam importantes, como escavar

tocas e escolher esconderijos. Acabaram por abrir uma escola particular junto com

as marmotas e, desde o princípio, conseguiram grande sucesso.

(Autoria sem identificação)

A fábula nos retrata como as escolas vêm se organizando em torno da

homogeneidade dos sujeitos e também da universalização dos saberes,

desconsiderando questões de grande importância como as diferenças de classe,

etnia, gênero e cultura, estando despreparada para receber adequadamente os

alunos reais.

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O que ocorreu na instituição que acompanhei no decorrer do ano foram

variações entre inclusão e integração. A escola ainda está adaptando-se a essa

nova realidade, prova disso a implementação de rampas, de trocador, de elevadores

e de uma funcionária em sala de aula para acompanhar o aluno exclusivamente.

Porém a integração aparece em alguns momentos como em aulas

especializadas onde os professores nem sempre possuem uma alternativa para o

aluno realizar determinada atividade, e este último quem procura uma solução,

assim como sua dependência para locomover-se pelo colégio por conta das

escadas.

A inclusão educacional, portanto, é um processo ainda a ser construído, há

necessidade de formulação e execução de políticas públicas inclusivas que

envolvam principalmente o apoio à família e ao professor, desde a sua formação.

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Anexos

Entrevista com as professoras que acompanharam o aluno em 2007

Professora A 1. Como foi dada a noticia de que você receberia um aluno com necessidades

educativas especiais? Como se sentiu diante do desafio?

1. Bom, eu fiquei sabendo que haveria um menino com necessidades especiais

antes de saber que iria ficar com ele. Fiquei sabendo que ia ficar com ele no primeiro

dia de aula. Não sabia que iria ter que trocá-lo, pois a orientadora havia nos falado

que ele usava uma “cueca” e não fralda. Na verdade, não houve uma conversa

comigo antes para saber se eu queria, como seria, nada. Simplesmente, descobri as

coisas na prática. Quando eu fiquei sabendo que haveria um aluno de cadeira de

rodas fiquei muito tentada a ficar com ele. Eu realmente queria este desafio. O

problema foi a maneira que o processo aconteceu. Um desafio maior do que eu

esperava, pois eu só tinha apoio das professoras e das inspetoras do corredor que

me ajudaram imensamente durante o ano inteiro. Mas em momento algum durante o

ano alguém da direção conversou comigo sobre como eu estava me sentindo, se

estava tudo bem...

2. Você recebeu algum preparo profissional para a inclusão?

2. Fiz no segundo ano da faculdade uma disciplina sobre inclusão. Li muitos textos,

e mil teorias acerca do tema. Mas, a teoria não substitui a prática, principalmente

quando se fala em inclusão. Meu preparo foi a prática. Meu preparo foi a convivência

diária com o aluno, pois como já disse anteriormente ninguém me disse como seria,

não tive orientações. Acho que teria somente se algo desse errado. Quem mais me

ajudou foi a criança. Ele me ajudou muito, ensinou-me muito. Agradeço por ele ser

uma pessoa tão especial. Um menino sensível que ultrapassa os limites de sua

pequena cadeira de rodas. Seu olhar que penetra na alma de todos. Ele realmente é

incrível. E foi esse preparo que eu tive. Um preparo e tanto. Não poderia ser melhor.

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Mesmo diante de tantas adversidades, a experiência que tive foi no meu

crescimento pessoal, mais do que profissional.

3. Como foi o acolhimento do sujeito portador de doença permanente?

3. No início, não havia o trocador. Eu o trocava no colo mesmo. Segurava enquanto

uma das meninas tirava a fralda e colocava a outra. Ou uma segurava e eu tirava a

fralda, pois ficávamos cansadas em segura-lo por muito tempo. Acho que foi assim

por mais ou menos um mês. Depois com o trocador melhorou muito.

Em relação ao trajeto que percorríamos na escola, em todas as escadas

precisávamos de duas pessoas para levar a cadeirinha. E em uma escada em

especial, o tirávamos da cadeira e uma levava a cadeira e outra o levava. O

problema é que no Maternal também precisávamos olhar as outras crianças e

ficávamos bastante sobrecarregadas. A sala era bastante agitada. Foi um ano bem

cansativo.

4. Qual sentido você dá ao apelo para inclusão?

4. A inclusão, na minha opinião, vai muito além do que aconteceu comigo e do que

acontece nas escolas. Acredito que para existir de fato uma inclusão é preciso que

toda a escola se mobilize em prol de um novo projeto que valorize a diversidade e

que mostre para os alunos que as dificuldades existem para qualquer pessoa.

Entretanto, o problema reside na questão dos padrões e da homogeneização que

propõe a escola. Assim, como incluir se existe um certo padrão de “normalidade”?

Se a escola valoriza somente um tipo de criança, a inclusão não existirá. Por isso, é

necessária a existência no currículo escolar das inúmeras linguagens que

constituem o ser humano para que toda e qualquer criança tenha a possibilidade de

se ver na realidade e de fazer parte dela de fato. Enquanto a escola não der a

possibilidade para que cada aluno possa “ser” e possa descobrir qual o seu

caminho, a inclusão não acontecerá, até porque os excluídos do sistema

ultrapassam o limite daqueles com necessidades especiais, são muitos os que ficam

excluídos deste sistema. Melhorar também os cursos de Pedagogia seria um grande

passo, pois não temos uma boa formação nessa área. Como já afirmei, fiz apenas

uma disciplina que infelizmente não ajudou em minha prática. Claro, que não se

deve simplificar a questão da inclusão, pois a solução é muito mais complexa e

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mexe com outras instâncias além da escola. Mas, acho que isso seria,

provavelmente, uma das saídas.

5. Como você conduziu essa situação com relação a:

- aspectos gerais

- aspectos emocionais

- aspectos cognitivos

- aprendizagem escolar

5. a) a relação com os colegas no início era um pouco complicada, pois alguns não

entendiam o motivo pelo qual ele estava na cadeira de rodas, o que é de fato difícil

de entender. E assim, o excluíam de algumas brincadeiras. Muitas crianças até o

final de ano continuavam não querendo brincar com ele. Em compensação ele fez

amizades preciosas com alguns alunos que brigavam para empurrar a cadeira e

ajuda-lo nas atividades. Algumas situações eram difíceis de ser conduzidas pois os

movimentos são fundamentais na Educação Infantil, tanto que o tempo inteiro o

aluno se mexe com o tronco, os braços, a cabeça. E nessas situações nós tínhamos

que conversar com as crianças para que adaptassem as brincadeiras para ele poder

entrar. Mas isso durante o ano ocorreu de maneira natural.

b) esse foi um aspecto importante, pois eu sentia que ele guardava muito seus

sentimentos. Lembro-me que os momentos mais difíceis eram quando ele ficava

com um olhar um pouco triste vendo as outras crianças brincarem. Isso aconteceu

muitas vezes. Eu sempre tentava deixa-lo alegre e contente, mas em alguns

momentos também sabia que ele queria ficar sem falar nada e ficar um pouco só.

Acho que minhas palavras não eram suficientes para que ele ficasse feliz. Ele sabe

de seu desafio, e entende muito bem o que passa. Por isso, eu não subestimava os

seus sentimentos achando que ele era pequeno demais para compreender seu

problema. Ele entendia sim. E ficava triste por isso. E na rotina turbulenta do

cotidiano vivido na escola, eu ficava triste vendo que não existe essa atenção

necessária aos sentimentos tanto dele quanto das outras crianças. Eu dava essa

atenção e vi como é importante.

c) Não houve nenhuma dificuldade para conduzir sua aprendizagem escolar. Isso se

deu de maneira bem tranqüila.

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6. Quais as reações do aluno diante das diferentes situações?

6. Como já disse anteriormente em alguns momentos ele ficava com olhar parado e

triste. Mas na maioria das situações perguntava se podia sair da cadeira para

brincar, ficar no chão da sala, ele participava de tudo. O problema é que a escola

não ajudava na sua independência, ou seja, sem rampas nas escadas ele sempre

dependia de alguém para carregá-lo, e era bastante claro como isso o irritava. Com

toda a razão. Enquanto as outras crianças saiam na frente para brincar ele tinha que

esperar e ser carregado nas escadas. E ainda hoje é assim. E eu como estagiária

não queria privá-lo de nenhuma situação e o ajudava sempre. Entretanto, depender

o tempo inteiro de alguém é muito ruim. E eu ficava bem cansada, com dor nas

costas, nos braços. Era um esgotamento físico. Ainda mais com uma sala inteira

extremamente agitada.

7. Como você pode avaliar o trabalho desenvolvido?

7. Eu acho que dentro destas condições descritas, eu e as professoras fizemos um

bom trabalho. Eu aprendi demais e mesmo com a revolta que tenho dentro de mim,

e que ficou encubada durante o ano passado inteiro, pois não tinha abertura para

que pudesse falar das dificuldades vividas, amei ter tido essa experiência. Se fiquei

mais crítica em relação a minha prática e à educação de forma mais ampla, então

valeu muito o esforço. Se isso me fez crescer como ser humano, então valeu o

esforço. Se eu ajudei alguém de todas as maneiras que pude, então valeu o esforço.

Espero que se algum dia eu for diretora, coordenadora, ou ser dona de uma escola

que não repita os mesmos erros que vi no meu cotidiano...

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Professora B

1. Como foi dada a noticia de que você receberia um aluno com necessidades

educativas especiais? Como se sentiu diante do desafio?

1. De maneira bastante rápida, prática e superficial: “A criança será seu aluno, ele se

locomove com cadeira de rodas e parece que é por causa de câncer”.

2. Você recebeu algum preparo profissional para a inclusão?

2. Nenhum preparo foi oferecido; somente após a reunião de pais é que ficamos um

tempo a mais com a mãe para sabermos exatamente o que a criança tinha, porque

também desconhecíamos.

3. Como foi o acolhimento do sujeito portador de doença permanente?

3.No início, a maior dificuldade encontrada foi o fato de não termos o trocador

necessário para que durante as trocas de fralda a criança tivesse conforto, uma vez

que ele fazia uso de colete, o que também dificultava a situação. Após um mês o

trocador fpi implementado. Outra dificuldade enfrentada foi a falta de rampas de

acesso em determinados locais de uso cotidiano, o que causava desconforto para a

criança e para os profissionais que tinham que carregar a cadeira diversas vezes por

dia.

4. Qual sentido você dá ao apelo para inclusão?

(sem resposta)

5. Como você conduziu essa situação com relação a:

- aspectos gerais

- aspectos emocionais

- aspectos cognitivos

- aprendizagem escolar

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5. Aspectos Gerais: Como as crianças eram muito pequenas, houve pouco

estranhamento. Em algumas ocasiões nas quais víamos a necessidade de

intervirmos, conversávamos com a turma toda sobre a questão. Houve também o

auxílio de alguns livros infantis que ilustravam a problematização da nova situação

pela qual todos nós estávamos passando.

Aspectos cognitivos e de aprendizagem escolar: Não houve problemas em relação a

aprendizagem do educando.

6. Quais as reações do aluno diante das diferentes situações?

(sem resposta)

7. Como você pode avaliar o trabalho desenvolvido?

7. Avalio de maneira positiva, uma vez que os profissionais envolvidos fizeram o

melhor que podiam pela criança.

Porém, acredito que por parte da instituição houve omissão em relação a

adaptabilidade necessária para o bem estar do aluno.

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Professora que acompanhou o aluno em 2008

1. Como foi dada a noticia de que você receberia um aluno com necessidades

educativas especiais? Como se sentiu diante do desafio?

1. Uma semana antes de iniciarmos o ano (nas atividades de planejamento) recebi a

notícia de que trabalharia com um aluno com necessidades educativas especiais.

Soube por uma colega, a professora do ano anterior dessa criança, que já

aproveitou e tirou algumas dúvidas. Mesmo assim, me senti insegura, com medo de

não agir naturalmente com ele, de não dar conta do recado.

2. Você recebeu algum preparo profissional para a inclusão?

2. Não recebi nenhum preparo profissional por parte da escola para trabalhar com a

inclusão.

3. Como foi o acolhimento do sujeito portador de doença permanente?

3. Com relação ao trabalho desenvolvido em sala de aula, o acolhimento e os

cuidados específicos se dão de forma positiva: estamos sempre atentas e

procuramos fazer o máximo para ele se sentir do grupo e participar de todas as

atividades como todas as crianças. Quanto ao preparo da instituição, não acredito

que tenha tido. Não houve atenção às suas necessidades, como rampas de acesso,

trocador adequado no banheiro e até mesmo brinquedos apropriados no parque.

4. Qual sentido você dá ao apelo para inclusão?

4. Acredito que o tema “Inclusão” se torna cada vez mais urgente e necessário. Não

só para a escola, mas para a sociedade como um todo. Vivemos numa sociedade

mergulhada em esteriótipos e clichês, na qual, apenas os indivíduos capazes de

produzir são aceitos. Desta forma, idosos, deficientes e até mesmo crianças se

tornam descartáveis (é o império da juventude). Neste sentido, a escola como

principal instituição que possibilita a transição da vida familiar para a vida “social”,

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precisa combater essa lógica respeitando as potencialidades, capacidades e

limitações de cada um. Concordo com uma autora chamada Rosângela Machado ao

afirmar que “A inclusão é um convite à recriação da realidade.”

5. Como você conduziu essa situação com relação a:

- aspectos gerais

- aspectos emocionais

- aspectos cognitivos

- aprendizagem escolar

5. No que se refere aos aspectos gerais, como a relação com colegas e a reação

das crianças, não houve nenhuma preocupação ou um trabalho específico para lidar

com essa “nova” realidade. Isso não significa que não teve a necessidade desse

trabalho, pelo contrário. Metade da sala havia estudado com Pedro no ano anterior

(para estes já não era uma situação, já estavam acostumados com um amigo em

cadeira de rodas). Mas, para a outra metade foi algo extremamente inusitado, eles

perguntavam frequentemente porque o amigo não andava, ou porque não podia

comer nada que tivesse leite etc. As dúvidas das crianças nunca foram esclarecidas

de fato, e Pedro nunca teve a oportunidade de falar sobre si, sobre suas

necessidades. Quanto aos aspectos cognitivos e de aprendizagem nada precisou

ser feito, pois o aluno acompanha o trabalho com muita tranqüilidade.

6. Quais as reações do aluno diante das diferentes situações?

6. Na maioria das situações percebo que ele reage bem, participa tranqüilamente, às

vezes com entusiasmo e às vezes sem, como todo ser humano. Em outros

momentos, sinto sua angústia e a vontade em poder fazer o que as outras crianças

fazem, principalmente em atividades que desconsideram sua condição, impedindo

sua participação.

7. Como você pode avaliar o trabalho desenvolvido?

7. Não acredito que fiz o melhor que pude, principalmente no que se refere ao grupo.

Poderíamos ter discutido e conversado mais com as crianças sobre as diferenças e

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necessidades de cada um; porque o Pedro precisa da cadeira de rodas, porque

precisamos ajudá-lo em alguns momentos, etc. Além de elaborar atividades e

situações para essa percepção das crianças.

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