RELAÇÃO ENTRE MARCADORES FISIOLÓGICOS DO DIABETES …...Palazzo do Serviço de genética Médica...

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Camila Schreiner Pereira RELAÇÃO ENTRE MARCADORES FISIOLÓGICOS DO DIABETES (DANO NO DNA, GLICEMIA E HEMOGLOBINA GLICOSILADA), NÍVEIS SÉRICOS DE MINERAIS E QUALIDADE DA DIETA EM PACIENTES PRÉ-DIABÉTICOS Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Promoção da Saúde da Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC, como requisito parcial para à obtenção do título de Mestre em Promoção da Saúde. Orientador: Dra. Silvia Isabel Rech Franke Co-orientador: Dr. Daniel Prá Santa Cruz do Sul 2012

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    Camila Schreiner Pereira

    RELAÇÃO ENTRE MARCADORES FISIOLÓGICOS DO DIABETES (DANO NO

    DNA, GLICEMIA E HEMOGLOBINA GLICOSILADA), NÍVEIS SÉRICOS DE

    MINERAIS E QUALIDADE DA DIETA EM PACIENTES PRÉ-DIABÉTICOS

    Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Promoção da Saúde da Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC, como requisito parcial para à obtenção do título de Mestre em Promoção da Saúde. Orientador: Dra. Silvia Isabel Rech Franke

    Co-orientador: Dr. Daniel Prá

    Santa Cruz do Sul

    2012

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    P436r Pereira, Camila Schreiner Relação entre marcadores fisiológicos do diabetes (dano no

    DNA, glicemia e hemoglobina glicosilada), níveis séricos de

    minerais e qualidade da dieta em pacientes pré-diabéticos / Camila

    Schreiner Pereira. – 2012.

    79 f. : il. ; 30 cm.

    Dissertação (Mestrado em Promoção da Saúde) – Universidade

    de Santa Cruz do Sul, 2012.

    Orientação: Profª. Drª. Silvia Isabel Rech Franke.

    Co-orientação: Prof. Dr. Daniel Prá.

    1. Diabetes mellitus. 2. Dieta para diabéticos. 3. Diabetes

    mellitus – Fatores de risco. 4. Avaliação nutricional. I. Franke,

    Silvia Isabel Rech, orient. II. Prá, Daniel. III. Título.

    CDD: 616.462

    Bibliotecária responsável Fabiana Lorenzon Prates - CRB 10/1406

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    Camila Schreiner Pereira

    RELAÇÃO ENTRE MARCADORES FISIOLÓGICOS DO DIABETES (DANO NO

    DNA, GLICEMIA E HEMOGLOBINA GLICOSILADA), NÍVEIS SÉRICOS DE

    MINERAIS E QUALIDADE DA DIETA EM PACIENTES PRÉ-DIABÉTICOS

    Essa dissertação foi apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Promoção da Saúde da Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC, como requisito parcial para

    à obtenção do título de Mestre em Promoção da Saúde.

    Banca examinadora

    Dra. Silvia Isabel Rech Franke

    Professor Orientador – UNISC

    Dr. Jorge André Horta

    Professor examinador – UNISC

    Dra. Juliana da Silva

    Professor examinador – ULBRA

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    AGRADECIMENTOS

    Agradeço em especial à professora Dra. Silvia Isabel Rech Franke, exemplo de

    sabedoria e dedicação profissional, por sempre lutar e acreditar que é possível. Obrigada pelas

    diversas horas de aprendizagem e compreensão. Ao professor Dr. Daniel Prá pelos

    ensinamentos, empenho e imenso apoio na construção deste trabalho, à colega Cynthia

    Caetano pela parceria em toda nossa caminhada de ―mestrandas‖, ao professor Dr. Jorge

    André Horta pela colaboração e participação constante. À colega nutricionista Ligia Beatriz

    da Costa e futuras colegas de profissão Morgana Tonett e Nathamy Stoeckel que fizeram parte

    do processo de coletas de dados, e à estudante do curso de nutrição Patrícia Molz que esteve

    presente com extrema dedicação em diversos momentos.

    Também à Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Promoção da Saúde Dra.

    Miria Suzana Burgos pela dedicação e exigência. Aos colaboradores professores Dra.

    Hildergard H. Pohl e Dr. Valeriano Corbellini, Dr Sharbel Weidner Maluf e Roberta Passos

    Palazzo do Serviço de genética Médica do HCPA, Dra. Carla Eliete Iochims dos Santos e Dr.

    Johnny Ferraz Dias Laboratório de Implantação Iônica do Instituto de Física da Universidade

    Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

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    DEDICATÓRIA

    Ao meu pai, exemplo de força e dedicação, base da minha essência.

    À minha mãe, pelo carinho constante e compreensão nos momentos de ausência.

    À minha irmã, meu exemplo de profissionalismo.

    Aos professores e colegas que souberam ensinar e guiar a direção correta para a realização

    desse desafio.

    Àqueles que nos inspiram a querer continuar.

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    LISTA DE TABELAS DO ARTIGO

    Tabela 01 Características clínicas dos indivíduos. Masculino (M). Feminino (F). 59

    Tabela 02 Média de glicose e desvio padrão (DP) em quartis. Médias e DP de A1C,

    circunferência de cintura (CC), índice de massa corporal (IMC) e percentual de

    gordura encontradas respectivamente conforme a divisão em quartis por

    glicose.

    60

    Tabela 03 Média e desvio padrão (DP) de A1C em quartis. Média e DP de glicose de

    jejum, circunferência de cintura (CC), índice de massa corporal (IMC) e

    percentual de gordura encontradas respectivamente conforme a divisão em

    quartis por A1C.

    61

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    LISTA DE FIGURAS DO ARTIGO

    Figura 01 Comparação entre o Índice de Massa Corporal (IMC) (a,b), percentual de

    gordura corporal (c,d) e circunferência de cintura (e,f) de acordo com os quartis

    de glicose e hemoglobina glicosilada (A1C), respectivamente.

    62

    Figura 02 Correlação entre a circunferência da cintura e glicemia (a) e hemoglobina

    glicosilada (A1C) (b).

    63

    Figura 03 Ensaio cometa. Comparação entre o índice de dano (a,b) e a frequência de dano

    (c,d) de acordo com os quartis de glicose e hemoglobina glicosilada (A1C),

    respectivamente.

    64

    Figura 04 CBMN. Comparação entre a frequência de micronúcleos (a,b), pontes

    nucleoplásmicas (c,d) e brotos nucleares (e,f) de acordo com os quartis de

    glicose e hemoglobina glicosilada (A1C), respectivamente.

    65

    Figura 05 CBMN. Comparação entre a frequência de células necróticas (a,b), células

    apoptóticas (c,d) e o total de células com alterações celulares e nucleares (NA)

    (e,f) de acordo com os quartis de glicose e hemoglobina glicosilada (A1C),

    respectivamente.

    66

    Figura 06 CBMN. Correlação entre a frequência de células necróticas e a glicemia (a) e

    hemoglobina glicosilada (A1C) (b).

    67

    Figura 07 CBMN e ensaio cometa. Correlação entre o índice de dano (ID) e a frequência

    de dano (FD) e a frequência de brotos nucleares (a, b), células necróticas (c,d).

    r e p: coeficiente e nível de significância, respectivamente.

    68

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    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    A1C Hemoglobina Glicosilada

    DM2 Diabetes Mellitus tipo 2

    DRI Dietary Reference Intake

    CBMN Ensaio de citoma de micronúcleos em células binucleadas

    CC Circunferência de Cintura

    EROS Espécies Reativas de Oxigênio

    FD Fraquencia de Dano

    HSC Hospital Santa Cruz

    ID Índice de Dano

    IMC Índice de Massa Corporal

    MN Micronúcleo

    NA Frequência total de alterações nucleares e celulares

    NBUD Botões nucleares

    NDCN Núcleos não detectáveis

    NPB Pontes nucleoplasmáticas

    NO Oxido Nítrico

    PIXE Particle Induced X-Ray Emission

    RD Registro diário

    R24h Registro 24h

    RCQ Relação Cintura Quadril

    SIS Serviço Integrado de Saúde

    SPSS Statistical Package for Social Science

    TOTG Teste Oral de Tolerância à Glicose

    VET Valor Energético Total

    UBS Unidade Básica de Saúde

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    APRESENTAÇÃO

    Esta dissertação de mestrado, consoante Regimento do Programa de Pós-Graduação

    em Promoção da Saúde da Universidade de Santa Cruz do Sul, é composta por cinco partes:

    projeto de pesquisa, relatório do trabalho de campo, artigo, nota para divulgação da pesquisa

    na imprensa e anexos.

    O projeto de pesquisa foi defendido em novembro de 2010, perante banca composta

    pelos professores Silvia Isabel Rech Franke, Daniel Prá, Jorge André Horta, com a presença

    dos demais professores e alunos do Programa de Pós-Graduação em Promoção da Saúde e

    aprovado pelo Conselho de Ética em Pesquisa da UNISC. Esta dissertação, que consta de um

    artigo, intitulado ―Dano de DNA e citotoxicidade em indivíduos com risco para progressão de

    diabetes‖, foi submetida à pré-defesa no mês de fevereiro de 2012, mediante banca interna do

    Programa. A dissertação foi defendida, mediante banca constituída dentro das exigências da

    CAPES e normas regimentais do PPGPS, no mês de março de 2012.

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    SUMÁRIO

    AGRADECIMENTOS

    DEDICATÓRIA

    LISTA DE TABELAS

    LISTA DE FIGURAS

    LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES

    APRESENTAÇÃO

    CAPÍTULO I

    PROJETO DE PESQUISA............................................................................................... 11

    1 INTRODUÇÃO................................................................................................................

    13

    2 MARCO TEÓRICO.......................................................................................................... 16

    3 OBJETIVOS..................................................................................................................... 23

    4 MÉTODO.......................................................................................................................... 25

    5 CRONOGRAMA.............................................................................................................. 31

    6 ORÇAMENTO.................................................................................................................. 31

    REFERÊNCIAS........................................................................................... ........................ 32

    CAPÍTULO II

    RELATÓRIO DO TRABALHO DE CAMPO................................................................ 37

    CAPÍTULO III

    ARTIGO............................................................................................................................. . 40

    CAPÍTULO IV

    NOTA À IMPRENSA......................................................................................................... 69

    ANEXOS............................................................................................................................. 71

    ANEXO A – Aprovação Comitê de Ética e Pesquisa........................................................... 72

    ANEXO B – Termo de Consentimento Livre Esclarecido................................................... 73

    ANEXO C – Divulgação da pesquisa em jornal impresso................................................... 74

    ANEXO D – Instruções para autores – Anais da Academia Brasileira de Ciências............ 75

    ANEXO E – Perspectivas .................................................................................................. 79

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    CAPITULO I

    PROJETO DE PESQUISA

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    UNIVERSIDADE DE SANTA CRUZ DO SUL

    PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PROMOÇÃO DA SAÚDE

    MESTRADO EM PROMOÇÃO DA SAÚDE

    ÁREA DE CONCENTRAÇÃO PROMOÇÃO DA SAÚDE

    Camila Schreiner Pereira

    RELAÇÃO ENTRE MARCADORES FISIOLÓGICOS DO DIABETES (DANO NO

    DNA, GLICEMIA E HEMOGLOBINA GLICOSILADA), NÍVEIS SÉRICOS DE

    MINERAIS E QUALIDADE DA DIETA EM PACIENTES PRÉ-DIABÉTICOS

    Projeto de dissertação apresentado ao Programa de

    Pós-Graduação em Promoção da Saúde –

    Mestrado, Universidade de Santa Cruz do Sul.

    Orientador: Drª Silvia Isabel Rech Franke

    Co-orientador: Dr. Daniel Prá

    Santa Cruz do Sul

    2012

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    1 INTRODUÇÃO

    Dados estatísticos do Ministério da Saúde mostram que o diabetes já afeta cerca de

    246 milhões de pessoas em todo o mundo. A estimativa é de que, até 2025, esse número

    aumente para 380 milhões. No Brasil, a ocorrência média de diabetes na população adulta

    (acima de 18 anos) é de 5,2%, o que representa 6.399.187 de pessoas que confirmaram ser

    portadoras da doença. A prevalência aumenta com a idade: o diabetes atinge 18,6% da

    população com idade superior a 65 anos (BRASIL, 2007).

    A incidência de DM2 é crescente em nosso meio, e resulta da interação entre

    predisposição genética e fatores de risco ambientais e comportamentais. Ainda que a base

    genética do DM2 não tenha sido identificada, há uma forte tendência de que os fatores de

    risco modificáveis, como a obesidade e o sedentarismo sejam os determinantes não genéticos

    dessa enfermidade (LELLAN, 2007).

    Diabetes caracteriza-se por hiperglicemia crônica com distúrbios de carboidratos,

    gordura e metabolismo de proteínas, resultantes de defeitos na secreção e ação da insulina. No

    DM2, os resultados de glicose sanguínea sobem a partir de uma combinação de predisposição

    genética, dieta não saudável, inatividade física, e o aumento de peso com distribuição central,

    resultando em processos fisiopatológicos complexos. Tradicionalmente, o diagnóstico de

    diabetes é baseado em sintomas, devido à hiperglicemia, mas durante as últimas décadas,

    muita ênfase está sendo colocada sobre a necessidade de identificar o diabetes, e outras

    formas de anormalidades da glicose, em indivíduos assintomáticos. A zona entre a parte

    superior limite de glicemia em jejum normal (110 mg/dL) e do limite inferior da glicemia em

    jejum de diabetes (125 mg/dL) foi adotada pela OMS e deve ser considerado um fator de risco

    para diabetes. (OMS, 1999; OMS, 2005)

    A glicose elevada leva à perda da função das células do pâncreas que pode resultar em

    intolerância à glicose e, finalmente, um estado irreversível de diabetes. Sabe-se que a perda

    pancreática resulta da excessiva produção de insulina (exaustão células β) e/ou da toxicidade

    das células β pela hiperglicemia (WILLET, MANSON e LIU, 2002).

    Um aumento na concentração de glicose no sangue provoca aumento do estresse

    oxidativo que contribui para o desenvolvimento e a progressão das complicações associadas

    ao diabetes (PAZDRO & BURGESS, 2010). O estresse oxidativo é definido como um

    acúmulo de espécies reativas de oxigênio (EROs) que causam danos à estrutura das

    biomoléculas de DNA, lipídios, carboidratos e proteínas, além de outros componentes

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    celulares. Estudos comprovam que o estresse oxidativo está relacionado com o

    envelhecimento, atividade física intensa, apoptose, câncer, DM e arteriosclerose (NUNES,

    OLIVEIRA e MORAES, 2006). Por outro lado, estes compostos, também podem ter efeitos

    considerados positivos sobre o sistema imunitário e desempenham funções metabólicas

    essenciais para a homeostase celular (CRUZAT et al., 2007). Estudos mostram que além do

    aumento na formação de EROs, os sistemas fisiológicos de defesa antioxidante estão

    depletados no paciente com DM2. Por essa razão, vários pesquisadores têm usado modelos de

    animais diabéticos, pacientes diabéticos e cultura de células vasculares para avaliar o efeito de

    antioxidantes clássicos na prevenção e no tratamento das complicações do DM (ROCHA et

    al., 2006)

    Embora bem estabelecido os efeitos deletérios da hiperglicemia crônica, ou seja, a

    toxicidade da glicose, dados bioquímicos precisos e mecanismos moleculares responsáveis

    pelo aumento de glicose induzida pela toxicidade continuam a ser investigados (GIACCARI,

    SORICE e MUSCOGIURI, 2009)

    Conforme Guerrero-Romero & Rodríguez-Morán (2005), um número crescente de

    trabalhos sobre o possível papel benéfico de minerais e suplementos antioxidantes no

    tratamento da diabetes, tem contribuído para o debate sobre o seu valor para atingir o controle

    metabólico e evitar complicações crônicas em pacientes diabéticos. A elevada atividade

    antioxidante sugere o fornecimento de benefícios potenciais para a saúde (PSALTOPOULOU

    et al., 2010).

    Diversos trabalhos vêm demonstrando o envolvimento de minerais no metabolismo da

    glicose e resistência à insulina, ressaltando a importância da avaliação e determinação destes

    nutrientes no individuo pré-diabético (LIMA et al., 2004; MARREIRO et al., 2004;

    ROUSSEL, 2009).

    A origem mais frequente das deficiências de micronutrientes está na dieta inadequada,

    reforçando a importância dos prestadores de cuidados de saúde investir esforços em

    aconselhamento nutricional, a fim de alcançar o controle metabólico dos pacientes. Um

    estudo (PSALTOPOULOU et al., 2010) sugere a implementação da modificação dietética, nas

    estratégias de saúde pública, a fim de melhorar o controle da glicemia em indivíduos e

    impedir o desenvolvimento de diabetes.

    Embora se saiba que a dieta possa reduzir o risco de doenças crônicas e reduzir as

    complicações associadas à doença (SCHRODER, 2007), pouco é sabido acerca das doses

    ideais de micronutrientes individualmente com vistas a prevenir as co-morbidades associadas.

  • 15

    O conceito de que as recomendações nutricionais devem ser desenvolvidas para situações

    fisiológicas particulares com vistas a otimizar o metabolismo (AMES, 2003).

    Diante do exposto pergunta-se: qual a associação entre marcadores fisiológicos do

    diabetes (dano no DNA, glicemia e hemoglobina glicosilada), níveis séricos de minerais e a

    qualidade da dieta em pacientes pré-diabéticos?

  • 16

    2 MARCO TEÓRICO

    2.1 Pré diabetes

    O diabetes caracteriza-se pelo estado de hiperglicemia crônica com distúrbios do

    metabolismo dos carboidratos, lipídios e proteínas, decorrente da falta de insulina ou da

    incapacidade da insulina de exercer adequadamente seus efeitos. Pode ocorrer a existência de

    hiperglicemia de grau suficiente para causar alterações funcionais ou patológicas por um

    longo período antes que o diagnóstico de DM2 seja estabelecido. Antes do surgimento de

    hiperglicemia mantida, acompanhada do quadro clínico clássico do DM2, a síndrome

    diabética passa por um estágio de distúrbio do metabolismo da glicose, caracterizado por

    valores glicêmicos situados entre a normalidade e a faixa diabética (OMS, 1999). Conforme

    Meigs (2010) os meios para prevenção de diabetes são a mudança no estilo de vida através da

    manutenção de um peso saudável e atividade física regular.

    A primeira manifestação da diabetes é a hiperglicemia, podendo surgir a partir de vá-

    rias causas. Conforme a American Diabetes Association (ADA, 1997) níveis de glicose no

    sangue mais elevados do que o normal, mas ainda não diabético são definidos como níveis de

    glicemia de jejum ≥110 mg/dL e

  • 17

    mas sim ao fato de que um resultado dentro dos valores propostos não exclui a doença. Sendo

    assim, a utilização da A1C no rastreio ou no diagnóstico do diabetes seria uma opção diag-

    nóstica com especificidade, porém, sem sensibilidade (NGSP, 2008).

    O termo pré-diabetes é utilizado para descrever a condição em que os níveis de glicose

    no sangue estão mais elevados do que o normal, mas ainda não caracterizada como diabetes,

    antes usualmente descrita como tolerância à glicose diminuída ou glicemia de jejum alterada

    (NARAYAN et al, 2002).

    Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD, 2000) os fatores de risco para dia-

    betes são: Idade ≥ 45 anos, história familiar de diabetes, sobrepeso ou obesidade - Índice de

    Massa Corporal (IMC) ≥ 25 kg/m2, sedentarismo, HDL-c baixo ou triglicérides elevados,

    hipertensão arterial sistêmica (HAS), doença coronariana, diabetes gestacional prévio, ma-

    crossomia ou história de abortos de repetição ou mortalidade perinatal, uso de fármacos hi-

    perglicemiante (corticosteróides, tiazídicos, beta-bloqueadores). O diagnóstico precoce de

    diabetes pode ser indicado para: indivíduos com idade igual ou superior a 45 anos (a cada três

    a cinco anos), utilizando a glicose plasmática de jejum. Rastreamento mais frequente (um a

    três anos) ou mais precoce (antes dos 45 anos), ou então realizar o rastreamento com Teste de

    Tolerancia à Glicose (TTG) com 75 g de glicose quando: a. Há evidência de dois ou mais

    fatores da síndrome metabólica, (excesso de peso, HDL-c baixo, triglicerídeos elevados, hi-

    pertensão e doença cardiovascular); b. Além da idade 45 anos, há presença adicional de dois

    ou mais fatores de risco; c. diabetes gestacional prévio. Rastreamento anual ou mais freqüente

    nas seguintes condições: a. Glicemia de jejum alterada ou tolerância à glicose diminuída; b.

    Presença de complicações compatíveis com diabetes; c. Hipertensão; d. Doença coronariana.

    2.2 Estresse oxidativo

    A produção de espécies reativas de oxigênio (EROs), entre outras espécies reativas, é

    parte integrante do metabolismo humano e observada em diversas condições fisiológicas.

    EROs têm importante função biológica, como na fagocitose, fenômeno em que essas espécies

    são produzidas para eliminar o agente agressor. No entanto, quando sua produção é exacerba-

    da, o organismo dispõe de um eficiente sistema antioxidante que consegue controlar e restabe-

    lecer o equilíbrio. O estresse oxidativo resulta do desequilíbrio entre o sistema pró e antioxi-

    dante (SCHAFER e BUETTNER, 2001). A geração de EROs pode ser neutralizada pelos sis-

    temas antioxidantes enzimático (a superóxido dismutase, que catalisa a dismutação do ânion

    radical superóxido, a peróxido de hidrogênio e O2, a catalase, e a glutationa peroxidase) e não

  • 18

    enzimático (glutationa, principal composto antioxidante intracelular, tocoferóis, ascorbato,

    ácido úrico e β-caroteno, além de proteínas de transporte de metais de transição, como a trans-

    ferrina (transporte do ferro) e ceruloplasmina - transporte do cobre e oxidação do ferro para

    ser captado pela transferrina, entre outros) (AMES et al, 1993; HALLIWELL, 2001; VAS-

    CONCELOS et al., 2007; URSO & CLARKSON, 2003).

    Existem evidencias crescentes de que o estresse oxidativo desempenha papel

    fundamental em várias situações clínicas, envolvendo falhas no desenvolvimento de doenças

    degenerativas (AMES, 1989; WISEMAN & HALLIWELL, 1996; WELLS et al., 2005).

    A modificação oxidativa de proteínas por estresse oxidativo está associada à etiologia

    e à progressão de diversas doenças e disfunções fisiológicas, por corrupção da estrutura ou

    atividade das proteínas (STADTMAN & BERLETT, 1997) e pelo desacoplamento da

    regulação gênica (CERDA & WEITZMAN, 1997). O acúmulo de proteínas danificadas e a

    alteração do perfil de expressão gênica diminuem a eficiência homeostática, levando ao

    acúmulo de alterações em outros componentes celulares (STOCKER & KEANEY, 2004). Os

    lipídios são altamente suscetíveis à oxidação, especialmente nas insaturações, que quando

    alteradas levam a efeitos de alteração em cadeia associados a disfunções em membranas, entre

    outros efeitos (LOPACZYNSKI & ZEISEL, 2001). No DNA, as lesões na molécula se

    constituem etapa inicial da carcinogênese e estão associadas ao envelhecimento e defeitos de

    desenvolvimento (HALLIWELL & GUTERRIDGE, 2000) por dois mecanismos: a) alteração

    na estrutura molecular do DNA (WANG et al., 1998). b) alterações epigenéticas que

    modulam a expressão gênica (CERDA & WEITZMAN, 1997). Quanto às alterações nas

    bases mediadas por estresse oxidativo, estima-se a ocorrência de cerca de 10.000 bases do

    DNA por dia em situação de ritmo metabólico mediano. Em outras situações de exercício de

    alta intensidade, estresse e exposição à xenobióticos (ex. tabagismo) podem ocorrer aumentos

    significativos na quantidade de bases alteradas, muito embora os organismos possam se

    adaptar devido ao aumento nas defesas antioxidantes e na atividade de sistema de reparo do

    DNA (LOFT & POULSEN, 1996).

    No diabetes, devido ao excesso de glicose e desequilibrio no metabolismo de ácidos

    graxos, ocorre aumento no estresse oxidativo na mitocôndria, bem como ativação de rotas

    metabólicas de sinalização inflamatória, que causam agravos progressivos ao organismo,

    resultando nas complicações da doença. A perturbação no metabolismo de lipídios gera

    autoxidação de gliceraldeído, que gera peróxido de hidrogênio e acetoaldeídos, numa situação

    de dano oxidativo crônico, que pode ser aumentada pela presença de metais de transição livre.

    O aumento do estresse oxidativo tem sido proposto como um dos maiores gatilhos de

  • 19

    hiperglicemia nas complicações diabética; assim como a hiperglicemia no organismo

    estimula a produção de EROs por varias causas. Estas causas incluem: fosforilação oxidativa,

    auto-oxidação glicose, oxidação NAD(P)H, lipoxigenase, monoxigenase P450, e síntese de

    óxido nítrico (NO) (VALKO et al., 2007), a formação de produtos de glicação (ex.: A1C) e

    acúmulo de sorbitol, bem como ativação da proteína C quinase e de uma cascata de ativação,

    envolvendo entre outros fatores de crescimento endotolial, endotelina 1 e o fator nuclear

    kappa B (NF-kB). Essa resposta está associada no processo de envelhecimento e resulta em

    quebras no DNA de carbonilas e proteínas (ROBERTSON e HARMON, 2006; DENNERY,

    2006).

    2.3 Diabetes e Dieta

    A importância da prevenção de DM2 é destaque pelo aumento substancial mundial na

    prevalência de diabetes nos últimos anos. A predisposição genética parece desempenhar um

    papel importante na ocorrência de diabetes tipo 2. Contudo, dado que as reservas genéticas da

    população mudam muito lentamente ao longo do tempo, a atual epidemia provavelmente se

    reflete de mudanças no estilo de vida levando à diabetes. Mudanças no estilo de vida

    caracterizada por aumento da ingestão calórica e redução da atividade física parece ter

    promovido em conjunto com sobrepeso e obesidade, que são fatores de risco para a diabetes

    (ADA, 2008).

    Segundo a American Diabetes Association ADA (2002) as recomendações

    nutricionais foram sendo modificadas a partir de novos conhecimentos. Entre os indivíduos

    com alto risco de desenvolver diabetes tipo 2, programas estruturados que enfatizam as

    mudanças de estilo de vida que incluem perda de peso moderada (7% do peso corporal) e

    atividade física regular (150 min / semana), com estratégias alimentares, incluindo a redução

    de calorias e uma menor ingestão de gordura na dieta, pode reduzir o risco de desenvolver

    diabetes e, portanto, recomendado (ADA, 2008).

    Evidências epidemiológicas do papel da qualidade dos carboidratos no

    desenvolvimento e prevenção do diabetes ainda são inconsistentes. Embora resultados de

    alguns estudos indiquem uma possível associação entre dieta com elevados teores de índice

    glicêmico e pobre em fibras de cereais e maior risco para diabetes, há indícios de que esta

    relação seja mediada também pelos baixos teores de magnésio deste padrão de consumo

    alimentar, sugerindo a relevância de se considerar os alimentos e padrões alimentares como

  • 20

    um todo em investigações sobre fatores determinantes de doenças crônicas (SARTORELLI,

    D. S. e CARDOSO, M. A., 2006).

    Estudos sugerem que uma dieta rica em cereais integrais e vegetais, fontes naturais de

    magnésio e fibras, e pobre em cereais refinados e sacarose, possam exercer um papel protetor

    para o diabetes. Dieta alimentar com fontes alimentares em fibras e baixo índice glicêmico

    consumidas por indivíduos com susceptibilidade genética, peso corporal e resistência à

    insulina, podem influenciar a resposta metabólica individual, fato que pode explicar em parte

    os controversos resultados dos estudos epidemiológicos disponíveis, enfatizando a

    necessidade de maior número de estudos prospectivos para a elucidação das relações entre o

    consumo alimentar e risco para diabetes, ferramenta fundamental no planejamento de medidas

    de prevenção. Ensaios clínicos aleatorizados para a prevenção primária do diabetes 2 apontam

    que orientações nutricionais enfocando a qualidade dos carboidratos e lipídeos da dieta, como

    o estímulo ao consumo de cereais integrais, frutas, verduras, legumes, azeite de oliva e peixes,

    em detrimento do consumo de carnes e cereais refinados associadas ao incentivo da prática de

    atividades físicas podem produzir um importante impacto na prevenção do diabetes tipo 2 em

    indivíduos portadores de fatores de risco (SARTORELLI, D. S. e CARDOSO, M. A., 2006).

    Evidências experimentais têm sugerido que deficiências em muitos dos elementos

    traço, incluindo zinco, cromo, magnésio, cobre, e manganês, assim como deficiência de

    vitamina B-6 pode levar à intolerância à glicose (MOORADIAN A. D, e MORLEY J. E.,

    1987). Alguns micronutrientes têm potente atividade antioxidante (CHEHADE, J. M.;

    SHEIKH-ALI, M; e MOORADIAN, A. D, 2009). Nutrientes com propriedade antioxidante

    incluem carotenóides, vitaminas C e E, selênio, e algumas das vitaminas do complexo B,

    nomeadamente, piridoxina, ácido fólico e cianocobalamina (SCOTT JA e KING GL, 2004).

    Não se sabe se a ingestão de vitaminas antioxidantes poderia atrasar ou talvez reverter os

    danos oxidativos em pessoas com diabetes, mas deve-se orientar sobre a importância da

    ingestão diária das necessidades de vitaminas e minerais através de fontes alimentares

    (CHEHADE, J. M.; SHEIKH-ALI, M; e MOORADIAN, A. D, 2009).

    Alterações de excreção e distribuição de zinco em animais diabéticos têm

    demonstrado uma estreita associação entre o aparecimento de diabetes e alterações no

    metabolismo do zinco. Torna-se necessário um maior número de investigações para esclarecer

    não só o seu papel na fisiologia da insulina e do metabolismo da glicose, mas também se a

    suplementação com zinco pode contribuir para evitar, pelo menos algumas das complicações

    de DM2 ou mesmo evitar seu aparecimento (SALGUEIRO et. al., 2001). O zinco pode ser

    considerado como uma possível nova molécula para a prevenção de diabetes e terapia,

    http://spectrum.diabetesjournals.org/search?author1=Joe+M.+Chehade&sortspec=date&submit=Submithttp://spectrum.diabetesjournals.org/search?author1=Mae+Sheikh-Ali&sortspec=date&submit=Submithttp://spectrum.diabetesjournals.org/search?author1=Arshag+D.+Mooradian&sortspec=date&submit=Submithttp://spectrum.diabetesjournals.org/search?author1=Joe+M.+Chehade&sortspec=date&submit=Submithttp://spectrum.diabetesjournals.org/search?author1=Mae+Sheikh-Ali&sortspec=date&submit=Submithttp://spectrum.diabetesjournals.org/search?author1=Arshag+D.+Mooradian&sortspec=date&submit=Submit

  • 21

    especialmente para pacientes DM2 (JANSEN, J.; KARGES, W.; LOTHAR RINK, 2009).

    Quanto ao cobre a associação da deficiência com o diabetes mellitus parece aumentar

    a demanda de cobre pelo organismo, para compensação do estresse oxidativo, por meio das

    enzimas antioxidantes dependentes deste nutriente. Na maioria dos estudos com pacientes

    diabéticos, o nível de cobre circulante mostra-se aumentado, mas isto não implica em um

    estado nutricional adequado de cobre. Este distúrbio pode ser proveniente de alterações na

    absorção e circulação de cobre, podendo levar a um aumento de peroxidação lipídica,

    contribuindo assim para o surgimento ou agravamento das complicações vasculares do

    diabetes. (PEDROSA, L. de F. C.; e COZZOLINO, S. M. F., 1999).

    A deficiência de cromo parece provocar quadros de intolerância à glicose, assim como

    sua maior disponibilidade aumenta a sensibilidade à insulina e diminui a concentração de

    lipoproteínas de baixa densidade na circulação, favorecendo o controle do diabetes tipo 2.

    (GOMES, M. R.; ROGERO, M. M. e TIRAPEGUI, J., 2005). A manutenção de um estado

    ideal de cromo é importante contra a síndrome metabólica, o risco diabetes e doenças

    cardiovasculares, portanto deve ser investigado quando em pacientes com síndrome

    metabólica, obesos, com resistência à insulina e DM2. (ROUSSEL, A. M., 2009)

    2.4 Diabetes e Avaliação Nutricional

    A obesidade, principalmente a visceral, resulta em alterações fisiopatológicas como

    menor extração de insulina pelo fígado, aumento da produção hepática de glicose e

    diminuição da captação de glicose pelo tecido muscular (DENINO, W.F., et al.2001), podendo

    resultar em diferentes graus de intolerância à glicose e, nos indivíduos com DM2, irão

    influenciar o controle glicêmico, refletido por maiores níveis de hemoglobina glicosilada

    (HbA1c) (PASCOT A, et al. 2000). É amplamente aceito que o excesso de peso,

    tradicionalmente definido pelo IMC (obtido pela divisão do peso do indivíduo em quilos pela

    altura em metros quadrados) elevado, é um importante fator de risco para uma série de

    doenças crônicas e lesões cardiovasculares, incluindo doença cardiovascular e diabetes tipo II.

    (CHOURAKI ET AL 2008)

    Vasques e colaboradores (2009) avaliaram o comportamento de indicadores

    antropométricos de obesidade em relação à Resistência à Insulina (RI) (índice HOMA), e

    pontos de corte com melhor eficácia em relação à RI. A amostra foi constituída por 138

    homens adultos com idade entre 20 a 59 anos, não diabéticos, para o IMC, o melhor ponto de

    corte identificado foi o valor de 24,8 kg/m², bem próximo ao valor de 25,0 kg/m² considerado

  • 22

    como diagnóstico de excesso de peso corporal pela Organização Mundial da Saúde (OMS,

    2000). No entanto, este índice não teve o melhor desempenho para predizer RI, quando

    comparado a circunferência abdominal e circunferência da cintura (CC). O IMC representa

    um indicador do estado nutricional bastante utilizado na prática clínica, podendo ser utilizado,

    em associação às circunferências abdominal e de cintura para associação ao risco de diabetes.

    Em um estudo caso-controle (DELOUMEAUX J, NININ E, FOUCAN L, 2004)

    incluindo 309 pacientes portadores de DM2 e 309 controles normo-glicêmicos, com idade

    entre 20-86 anos, foram documentadas associações significativas entre CC, RCQ e diabetes

    tipo 2, enquanto que o IMC não foi significativamente associado com diabetes em ambos os

    sexos. Hofso, et al. (2009) avaliaram características antropométricas e diabetes tipo 2 em

    indivíduos extremamente obesos (IMC>40) e não encontraram relação significativa entre o

    IMC e o diabetes tipo 2, podendo indicar que o aumento dos níveis de IMC acima de 40

    kg/m2, não necessariamente traduz em maior risco de desenvolver diabetes tipo 2.

    Uma revisão recente na literatura (HUXLEY R, et al, 2010) com objetivo de avaliar

    variáveis antropométricas em relação às doenças cardiovasculares e associação com diferentes

    grupos étnicos, mostrou resultados conflitantes; para o diabetes, houveram alguns indícios

    indicando que medidas de obesidade central, foram mais fortemente associados com risco de

    desenvolver quando comparado ao IMC. Conforme revisão realizada por Qiao e Nyamdorj

    (2009), o IMC, CC e RCQ foram associados à incidência e prevalência do DM2, de forma

    independente. Porém os resultados mostraram-se controversos sobre quais destes indicadores

    de obesidade estão mais fortemente relacionados ao DM2.

    Em estudo longitudinal, Tuomilehto J et al (2001) realizaram uma intervenção, com

    grupo controle, durante o acompanhamento de três anos, incluíram 522 indivíduos de meia-

    idade, com sobrepeso e tolerância diminuída à glicose. Cada sujeito no grupo de intervenção

    recebeu orientação individualizada destinadas a redução de peso, ingestão total de gordura, e

    ingestão de gordura saturada, aumento da fibra e atividade física. Uma mudança significativa

    no peso foi observada no grupo de intervenção em comparação ao grupo controle, bem como

    a redução de 58% na incidência de casos de DM (P

  • 23

    3 OBJETIVOS

    3.1 Objetivo geral

    Avaliar a relação entre marcadores fisiológicos do diabetes (dano no DNA, glicemia e

    hemoglobina glicosilada), níveis séricos de minerais e qualidade da dieta em pacientes pré-

    diabéticos.

    3.2 Objetivos específicos

    Verificar a associação entre estresse oxidativo e alterações nos marcadores fisiológicos

    do diabetes em indivíduos pré-diabéticos.

    Verificar a associação entre níveis séricos de minerais e alterações nos marcadores

    fisiológicos do diabetes em indivíduos pré-diabéticos.

    Verificar a associação entre o consumo de carboidratos, fibras e antioxidantes e

    alterações nos marcadores fisiológicos do diabetes em indivíduos pré-diabéticos.

    Verificar a associação entre o Índice de Massa Corporal (IMC) e alterações nos

    marcadores fisiológicos do diabetes em indivíduos pré-diabéticos.

    Verificar a associação entre a circunferência abdominal e alterações nos marcadores

    fisiológicos do diabetes em indivíduos pré-diabéticos.

  • 24

    4 METODO

    4.1 Delineamento metodológico

    Este é um estudo transversal, onde a exposição à causa está presente ao efeito no

    mesmo momento ou intervalo de tempo analisado. Este tipo de estudo é aplicado às investiga-

    ções dos efeitos por causas que são permanentes, ou por fatores dependentes de características

    permanentes dos indivíduos, sobre determinada doença (CAMPANA, et al, 2001). De deline-

    amento analítico, que configuram-se como as investigações que tem como objetivo analisar

    determinados fenômenos, define seus pressupostos, identificar suas estruturas ou esclarecer

    possíveis relações com outras variáveis (GAYA, 2008). Do tipo quantitativo, onde serão quan-

    tificados componentes da alimentação, correlacionando com danos oxidativos, níveis séricos

    de minerais e glicemia nos indivíduos.

    4.2 Sujeitos, local da pesquisa e amostra

    Serão convidados a participar indivíduos pré-diabéticos que consultarem na rede

    básica de saúde de Santa Cruz do Sul, encaminhados através das Unidades Básicas de Saúde

    (UBS) para o ambulatório de Pesquisa Clínica vinculado à Área Acadêmica da UNISC e

    Hospital Santa Cruz. Estima-se avaliar em torno de 110 indivíduos de idade entre 20 e 59

    anos, em uma amostragem de natureza probabilística não intencional. O tamanho da amostra

    (n) foi calculado a partir do efeito das variáveis (VET, RCQ, IMC, % de gordura, dano no

    DNA, micronúcleos, glicemia, variáveis da dieta – fibras, carboidratos, vitamina C, fenólicos

    totais, e variáveis do sangue – cromo, zinco, cobre e magnésio) sobre o risco de desenvolver

    DM. Considerando a correlação múltipla destas sobre a A1C, com coeficiente de correlação

    (r=0,5), baseado em outros estudos, nível de significância da correlação com poder estatístico

    de 80% e erro amostral previsto (p=0,05).

    4.2.1 Critérios de inclusão

    Os critérios para a inclusão do encaminhamento para participar do projeto são:

    indivíduos entre 20-59 anos de ambos os sexos, portadores de glicemia de jejum acima ou

    igual a 100 mg/dL, com função renal preservada (creatinina inferior a 1,5 mg/dL, que não

  • 25

    façam uso de fármacos hipoglicemiantes orais ou insulina e aceitem participar (assinatura do

    Termo de Consentimento Livre e Esclarecido) (ANEXO 1).

    4.2.2 Critérios de exclusão

    Não participarão da amostra indivíduos que não tiverem alterações nos exames de

    glicose, que utilizarem medicamentos para controle de DM e que não assinarem o termo de

    consentimento livre e esclarecido.

    4.3 Hipóteses e Variáveis

    4.3.1 Definição das variáveis

    VET, RCQ, IMC, % de gordura, dano no DNA, micronúcleos, glicemia, variáveis da

    dieta – fibras, carboidratos, vitamina C, fenólicos totais, e variáveis do sangue – cromo, zinco,

    cobre e magnésio.

    4.3.2 Hipótese 1

    Pacientes com alterações nos marcadores fisiológicos do diabetes (dano no DNA,

    glicemia e hemoglobina glicosilada) têm níveis séricos baixos de minerais relacionados ao

    diabetes.

    4.3.3 Hipótese 2

    Pacientes com alterações nos marcadores fisiológicos do diabetes (dano no DNA,

    glicemia e hemoglobina glicosilada) possuem ingestão de carboidratos acima do

    recomendado, e de fibras alimentares e antioxidantes abaixo.

    4.3.4 Hipótese 3

    Pacientes com alterações nos marcadores fisiológicos do diabetes (dano no DNA,

    glicemia e hemoglobina glicosilada) possuem circunferência abdominal aumentada.

  • 26

    4.4 Procedimentos metodológicos

    Este estudo será desenvolvido observando as seguintes etapas:

    Etapa 1: Serão convidados a realizar atendimento no Ambulatório do Hospital Santa

    Cruz, pacientes com alteração de glicemia, interessados em receber atendimento e orientação

    nutricional, bem como participar do projeto de pesquisa. O encaminhamento será realizado

    através da rede básica de saúde de Santa Cruz do Sul.

    Etapa 2: No Ambulatório do Hospital Santa Cruz os sujeitos receberão orientações e

    esclarecimentos em relação à pesquisa. Pacientes que aceitarem participar receberão o termo

    de consentimento livre e esclarecido para assinatura. Serão realizadas as seguintes coletas:

    entrevista através de questionário com dados pessoais e gerais sobre saúde, aplicação do

    recordatório alimentar 24h e orientação do preenchimento do segundo recordatório alimentar

    24h (fim de semana). Encaminhamento ao Serviço Integrado de Saúde (SIS) – UNISC para

    coleta dos demais questionários e exames.

    Etapa 3: No Serviço Integrado de Saúde (SIS) – UNISC será realizada coleta de

    sangue para avaliação de glicemia, hemoglobina glicosilada, dano de DNA e minerais,

    aplicação do terceiro recordatório alimentar e avaliação antropométrica.

    Etapa 4: Orientações e acompanhamento nutricional dos indivíduos no Serviço

    Integrado de Saúde (SIS) – UNISC ou Ambulatório do Hospital Santa Cruz.

    4.5 Técnicas e instrumentos de coleta

    4.5.1 Avaliação da dieta

    O consumo alimentar será obtido por meio de inquérito recordatório 24 h (R24h) e

    registro diário (RD), de acordo com Fisberg et al (2005). Durante a coleta de dados, os

    indivíduos serão submetidos a entrevistas por entrevistador treinado. A dieta habitual será

    mensurada pela média do consumo de macronutrientes e micronutrientes em dias alternados,

    um dia através do R24h no momento da avaliação e dois dias por RD, sendo um destes de

    final de semana.

    Cada registro será processado no Programa DietWin® para cálculo da média de

    ingestão dos nutrientes. Para avaliar a adequação da ingestão os valores apresentados serão

    comparados com valores de referência dos critérios das Dietary Reference Intake (DRI).

  • 27

    4.5.2 Coleta de sangue

    As amostras de sangue serão coletadas em três momentos: a) durante o rastreamento

    da glicemia do sujeito, b) após triagem nas UBS, c) na consulta no HSC para inclusão na

    pesquisa e no SIS. As coletas de amostras de sangue serão realizadas no início da manhã por

    um Laboratório de Análises Clínicas de Santa Cruz do Sul (Laboratório Horta), o sangue só

    será coletado em indivíduos em jejum de 12 horas, com restrição de atividade física moderada

    ou vigorosa neste período. Em todos os casos, as amostras serão mantidas a 4ºC no escuro e

    transportadas ao laboratório de Nutrição Experimental da Unisc para o ensaio Cometa e para

    o preparo do sangue para determinação de minerais. Será utilizado para o ensaio cometa

    anticoagulante heparina. EDTA será utilizado para o hemograma, glicose e hemoglobina

    glicosilada, determinações feitas no Laboratório Horta e para a técnica Particle Induced X-ray

    Emission (PIXE) para determinação de minerais o sangue será liofilizado e analisado no

    Laboratório de Implantação Iônica do Instituto de Física da UFRGS. O sangue coletado será

    utilizado especificadamente para os propósitos da pesquisa e não terá qualquer outra

    finalidade. O material para coletas e armazenamento do sangue será descartado conforme

    rotina de descarte de materiais biológicos dos locais envolvidos: HSC, Laboratório Horta, SIS

    – UNISC, Laboratório de Implantação Iônica do Instituto de Física da UFRGS.

    4.5.3 Avaliação do dano de DNA: Ensaio Cometa

    O ensaio cometa alcalino será realizado conforme protocolo padrão do grupo Franke et

    al. (2005); Maluf et al. (2009). Cem células por indivíduo, selecionadas aleatoriamente, serão

    analisadas (50 por lâmina, 2 lâminas por indivíduo) em microscópio convencional com

    magnificação de 200X. O dano será visualmente determinado pela classificação das células

    (morfologia em forma de ―cometa‖) em cinco classes de migração de DNA, de dano 0 (sem

    dano, morfologia circular apenas ―cabeça‖ e nenhuma ―cauda‖) até dano 4 (dano máximo,

    ―cauda‖ pronunciadamente maior do que a ―cabeça‖). O índice de dano (ID) será obtido pela

    soma de células individuais classificadas, variando de 0 (nenhum dano: 100 células x 0) para

    400 (dano de máximo: 100 células x 4). A Freqüência de Dano (FD), em porcentagem (%)

    será calculada pela relação entre o número de células com dano (classificadas de 1-4) e o total

    de células da amostra. Células com núcleos não detectáveis (NDCN) (cabeça e cauda

    separadas) não serão consideradas.

  • 28

    5.4.4 Avaliação do dano de DNA: Ensaio de micronúcleos em células binucleadas

    (CBMN)

    No tempo 500 µL de sangue total serão adicionados a 4,5 mL de meio cultura RPMI

    1640 sem L-Glutamine (Sigma), 1mM de piruvato de sódio (Sigma) e 200µg/mL de

    fitohemglutina (Cultilab) em frasco de cultura de 30 mL estéril. O sangue, será incubado a

    37ºC por 44 horas em estufa contendo 5% CO2. Em seguida, 500 µL de citocalasina (6,0

    µg/mL em DMSO estéril) serão adicionados e as células serão removidas do frasco de cultura

    e dispostas delicadamente sobre 1,8 mL de Ficcol (Amersham) em tubos côniccos estéreis de

    15 mL. Os tubos serão, então, ceentrifugados por 400 g por 30 minutos a 18-20ºC, para

    separar os leucócitos dos demais componentes do sangue. A camada de leucócitos será

    removida do tubo cômico e misturada na HBSS a temperatura ambiente. Posteriormente, esta

    suspensão celular será centrifugada por 180 g por 10 minutos à temperatura ambiente. Ao

    final da centrifugação o pellet será ressuspenso em 300 µL de meio de cultura. As células,

    misturadas com 5% DMSO para evitar grumos, serão então adicionadas às lâminas e estas

    fixadas por imersão em metanol: ácido acético (3:1) e coradas com azul de metileno segundo

    Giemsa.

    As lâminas serão codificadas para análise, que será executada por um único analisador

    para cada grupo de indivíduos, utilizando os critérios e métodos (Fenech, 2000). As células

    binucleadas (BNC; 1000 células) serão analisadas quanto à presença de micronúcleos (MN),

    botões nucleares – buds (NBUD) e pontes nucleoplasmáticas (NPB). O número de células

    mononucleadas binucleadas, multinucleadas, apoptóticas e necróticas será determinado pela

    análise de 500 células.

    4.5.5 Avaliação de Minerais: Técnica PIXE

    Esta técnica tem uma capacidade multi-elementar, isto é, todos os elementos com

    número atômico acima de 11 podem ser detectados simultaneamente em uma única medição

    no mesmo alvo. A análise é relativamente rápida, não-destrutiva e preserva as amostras

    originais, permitindo medidas extras caso seja necessário. A preparação da amostra, na sua

    forma sólida (para uma variedade de amostras) não requer qualquer tratamento sofisticado ou

    tratamento químico, reduzindo drasticamente qualquer chance de contaminação. Atualmente,

    PIXE é amplamente utilizado para caracterizar uma variedade de materiais, incluindo

    amostras biológicas, geológicas e ambientais (FRANKE et al., 2006; PRÁ et al., 2008).

  • 29

    4.5.6 Análise antropométrica

    Serão consideradas as medidas de peso corpóreo e altura, utilizando-se balança

    antropométrica. A partir da verificação do peso e da altura, será cálculado o Índice de Massa

    Corporal (IMC; kg/m2), mediante divisão do peso corpóreo (kg) pela estatura (m2). Para

    classificação do IMC será utilizado o critério proposto pela Organização Mundial da Saúde

    (OMS, 1995), que estabelece os seguintes limites de corte e seus respectivos diagnósticos

    nutricionais: Eutrofia de 18,5 a 24,9kg/m2; Sobrepeso de 25,0 a 29,9 kg/m2; Obesidade grau I

    de 30,0 a 34,9kg/m2; Obesidade grau II de 35 a 39,9kg/m2; Obesidade grau III ≥40,0kg/m2.

    Para verificação da circunferência abdominal será utilizada fita métrica inelástica, sendo a

    medida realizada no ponto médio entre a crista ilíaca e o rebordo costal inferior.

    Para a estimativa do Percentual de Gordura será utilizado Jackson e Pollock, equação

    de Siri e classificação de Pollock e Wilmore (1993).

    4.6 Análise estatística

    Os dados serão tabulados e avaliados no programa DietWin® para cálculo do consumo

    de nutrientes e nos programas Excel e Statistical Package for Social Science (SPSS) v. 18.0

    para análises estatísticas. As variáveis serão comparadas utilizando-se o teste t de Student ou o

    teste U de Mann-Whitney ou por análise de variância (ANOVA) ou teste de Kruskall-Wallis

    quando for necessário. Para variáveis categóricas será empregado teste qui-quadrado ou

    outros testes para comparação de proporções. A análise de correlação (Pearson ou Spearman)

    será utilizada para buscar associações das variáveis. Todos os dados serão testados para

    homocedasticidade e normalidade, uma transformação logarítimica será empregada. O nível

    de significância será de P

  • 30

    5 CRONOGRAMA

    ETAPAS/MESES A S O N D J F M A M J J A S O N D

    Submissão/aprovação

    do projeto

    X X

    Submissão ao Comitê

    de Ética e Pesquisa

    X X

    Coleta de dados X X X X X

    Análise estatística e

    discussão dos

    resultados

    X X X X X X

    Defesa em banca X

    Encaminhamento de

    artigo

    X

  • 31

    6 ORÇAMENTO

    Itens a serem financiados Valor Total

    (R$)

    (R$)Fonte

    viabilizadora

    Custeio

    Análises bioquímicas (glicemia, hemoglobina

    glicada)

    1.100,00 Pesquisador

    Material para coleta de sangue e uso geral no

    laboratório (seringas e agulhas, reagentes de uso

    geral, microtubos, lâminas e lamínulas)

    1.000,00 *FAPERGS

    Material para o ensaio cometa (agarose de baixo

    ponto de fusão, ácido tungstosilícico, nitrato de

    prata, etc.)

    1.300,00 *FAPERGS

    Deslocamento Santa Cruz do Sul – Porto Alegre

    para a realização do ensaio de PIXE pelo Instituto

    de Física da UFRGS (parceria)

    200,00 **CAPES

    Material de escritório (folha para impressão,

    pendrives)

    100,00 Pesquisador

    Custeio (Total) 3.700,00

    * Verba do Edital Auxílio a Recém Doutores-FAPERGS (Prof. Daniel Prá R$

    9.500,00) - R$ 2.300,00 destinados aos experimentos descritos

    **Verba do edital da rede Nanobiotec-CAPES (Prof. Daniel Prá R$ 36.000,00).

    Destinados ao projeto R$ 100,00 aos experimentos descritos

    Órgão financiador: EDITAL FAPERGS n.003/2009 (Auxílio Recém Doutor Daniel

    Prá: Título do projeto ―Efeitos in vitro de compostos antioxidantes sobre marcadores

    fisiológicos do diabetes mellitus: uma estratégia para ampliar a compreensão sobre a

    fisiopatologia e melhorar o manejo da doença‖. Recursos da CAPES virão relativos ao projeto

    "microfeixes de ions em biomateriais", no âmbito da rede Nanobiotec (processo

    23038.019101/2009-79)

  • 32

    REFERÊNCIAS

    ADA, American Diabetes Association. Expert Commite on the Diagnosis and Classifica-

    tion of Diabetes Mellitus. Report of the Expert Committee on the Diagnosis and Classifi-

    cation of Diabetes Mellitus. Diabetes care. v. 20, p. 1183-1197. 1997.

    ADA, American Diabetes Association. Evidence-based nutrition principles and recom-

    mendations for the treatment and prevention of diabetes and related complications. Di-

    abetes Care; v. 25, p50-60. 2002.

    ADA, American Diabetes Association. Nutrition Recommendations and Interventions for

    Diabetes -.A position statement of the American Diabetes Association. Diabetes Care; v.

    31, n.1, p.61-78. 2008

    ADA, American Diabetes Association. Expert Commite on the Diagnosis and Classifica-

    tion of Diabetes Mellitus. Follow-up Report on the Diagnosis of Diabetes Mellitus. Di-

    abetes care. v. 26, n11, p. 3169 -3167. 2003

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  • 37

    CAPÍTULO II

    RELATÓRIO DO TRABALHO DE CAMPO

  • 38

    RELATO DE CAMPO

    Este foi um estudo transversal quantitativo no qual foram convidados a participar indi-

    víduos com características iniciais de pré-diabetes que consultaram na rede básica de saúde de

    Santa Cruz do Sul, Ambulatório de Pesquisa Clínica vinculado à Área Acadêmica da UNISC,

    e Clínicas particulares. A divulgação do projeto teve início em dezembro de 2010, quando o

    mesmo foi enviado à Coordenação das Unidades Básicas de Saúde (UBS) e aprovado para

    busca dos pacientes. A partir desse momento, foram realizadas três reuniões com os médicos

    das Estratégias de Saúde da Família (ESFs) e contatados, via visita e telefone, todos os en-

    fermeiros responsáveis pelas UBS. Elaborou-se material de divulgação que também foi distri-

    buído nestes locais e em diversas clínicas e locais ligados à rede de saúde do município. Po-

    rém, houve poucos encaminhamentos. Um grande número de pacientes chegou até a coleta

    por meio de indicações de médicos e nutricionistas particulares, bem como convênios de saú-

    de.

    Foram avaliados 62 indivíduos com idades entre 20 e 59 anos conforme os critérios de

    inclusão - indivíduos entre 20-59 anos de ambos os sexos, portadores de glicemia de jejum

    acima ou igual a 100mg/dL que não fizessem uso de fármacos hipoglicemiantes orais ou insu-

    lina e que aceitassem participar da pesquisa mediante assinatura do Termo de Consentimento

    Livre e Esclarecido.

    Este estudo foi desenvolvido observando-se as seguintes etapas:

    Etapa 1: Por indicações de clínicas, de nutricionistas de um convênio de saúde e

    algumas do setor público, os nomes e dados dos pacientes foram informados aos responsáveis

    pelo projeto. Após informações prévias realizadas nos locais de indicação, os indivíduos

    foram convidados a participar da pesquisa via telefone. Os agendamentos das coletas

    iniciaram em março de 2011 e os procedimentos foram realizados nas terças-feiras pela

    manhã, devido ao fluxo dos procedimentos bioquímicos, no Serviço Integrado de Saúde (SIS)

    – UNISC.

    Etapa 2: No local das coletas os pacientes receberam orientações e esclarecimentos em

    relação à pesquisa. Pacientes que aceitaram participar assinaram o termo de consentimento

    livre e esclarecido. Foram realizadas os seguintes procedimentos: a) entrevista por

    questionário que incluía dados pessoais e gerais sobre saúde; b) aplicação do recordatório

    alimentar 24h e orientação do preenchimento do segundo recordatório alimentar 24h (fim de

    semana); c) coleta de sangue para avaliação de glicemia, hemoglobina glicosilada, dano de

  • 39

    DNA e determinação de minerais. O material bioquímico foi encaminhado aos laboratórios

    responsáveis de acordo com os protocolos descritos no projeto.

    Etapa 4: Orientações e acompanhamento nutricional dos indivíduos no Serviço

    Integrado de Saúde (SIS) – UNISC ou consultório nutricional particular.

  • 40

    CAPÍTULO III

    ARTIGO

  • 41

    Dano de DNA e citotoxicidade em indivíduos com risco para progressão de diabetes

    Danos de DNA em pré-diabetes

    Camila Schreiner1,2

    , Patrícia Molz2, Morgana Tonet

    2, Nathamy Schenkel

    2, Thiago Brites

    3,

    Sharbel Weidner Maluf3, Daniel Prá

    1, Silvia Isabel Rech Franke

    1,2*

    1 PPG em Promoção da Saúde, Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), Santa Cruz do

    Sul, RS, Brasil.

    2 Curso de Nutrição, Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), Santa Cruz do Sul, RS,

    Brasil.

    3 Serviço de Genética Médica, Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Porto Alegre,

    RS, Brasil.

    * Corresponding author: Dra Silvia Isabel Rech Franke. PPG em Promoção da Saúde.

    Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC. Av. Independência, 2293 - Prédio 42, sala 4206.

    CEP: 96815-900 Santa Cruz do Sul - RS / Brasil

  • 42

    RESUMO

    No pré-diabetes há hiperglicemia leve e estresse oxidativo, porém desconhece-se a citotoxici-

    dade associada. Portanto, avaliou-se a relação entre alterações glicêmicas, danos de DNA e

    citotoxicidade em pré-diabéticos. A glicemia de jejum e hemoglobina glicosilada foram avali-

    ados e utilizados como critérios de inclusão. Variáveis antropométricas também foram avalia-

    das. O ensaio cometa e ensaio de citoma de micronúcleos em células binucleadas foram utili-

    zados para avaliar genotoxicidade e citotoxicidade. Os indivíduos foram agrupados em quartis

    conforme glicemia e hemoglobina glicosilada para comparação às demais variáveis. A circun-

    ferência de cintura associou-se à hiperglicemia. No terceiro quartil de glicemia houve aumen-

    to na frequência de danos ao DNA avaliados pelo cometa (p

  • 43

    Introdução

    O risco para progressão de diabetes é caracterizado quando a concentração de glicose

    sanguínea está elevada em relação aos valores normais, porém ainda não elevada o suficiente

    para diagnóstico de diabetes. Neste momento, o quadro pode ser nomeado como pré-diabetes

    (ADA 2011).

    Exames como glicemia de jejum e teste oral de tolerância à glicose (TOTG) são

    utilizados para caracterizar fator de risco para diabetes (ADA 2011). Estudos prospectivos

    vêm utilizando a concentração de hemoglobina glicosilada (A1C) para prever a progressão de

    diabetes e demonstrando uma forte e contínua associação entre A1C e diabetes subsequente

    (Zhang et al. 2010; Selvin et al. 2010). Atualmente os critérios propostos para maior risco de

    pré-diabetes são: a) glicemia de jejum entre 100 e 125 mg/dL (5,6–6,9 mmol/L); ou b) TOTG

    - teste de glicemia após ingestão oral de 75 g de glicose entre 140– 199 mg/L (7,8–11,0

    mmol/L); ou c) A1C entre 5,7–6,4% (ADA 2011).

    A obesidade, principalmente o acúmulo de gordura visceral, resulta em alterações

    fisiopatológicas como menor extração de insulina pelo fígado, aumento da produção hepática

    de glicose e diminuição da captação de glicose pelo tecido muscular (Denino et al, 2001). Tais

    alterações podem influenciar no controle glicêmico e nos níveis A1C (Pascot et al, 2000),

    sendo portanto um importante componente de várias desordens metabólicas incluindo

    tolerância diminuída à glicose, dislipidemia e hipertensão, correlacionados com doença

    cardiovascular aterosclerótica (Nakatsuji, 2010, ADA, 2011). Evidências vêm demonstrando

    que o desenvolvimento do diabetes é também caracterizado pelo aumento do estresse

    oxidativo e que parece contribuir para o desenvolvimento de complicações metabólicas e

    cardiovasculares (Hopps et al. 2009). O estresse oxidativo é definido como o acúmulo de

    espécies reativas de oxigênio (EROs) que causam danos à estrutura das biomoléculas de

  • 44

    DNA, lipídios, carboidratos e proteínas, além de outros componentes celulares. A produção

    de EROs e de outras espécies reativas, é parte integrante do metabolismo humano e observada

    em diversas condições fisiológicas. O aumento do estresse oxidativo tem sido proposto como

    um dos maiores gatilhos de hiperglicemia nas complicações do diabetes; assim como a

    hiperglicemia no organismo estimula a produção de EROs. Na hiperglicemia ocorre a auto-

    oxidação da glicose, a glicação não enzimática de proteínas e a estimulação da via poliol (que

    converte glicose em sorbitol e sorbitol em frutose), tais alterações metabólicos podem induzir

    ao aumento de radicais livres de oxigênio e consequentemente a uma variedade de lesões no

    DNA, incluindo bases oxidadas e quebras de cadeia de DNA. Sendo assim, o estresse

    oxidativo é um processo deletério que pode ser um importante mediador dos danos nas

    estruturas celulares na etiologia e progressão de diabetes (Shigenaga e Ames 1991; Maritim et

    al. 2003; Valko et al. 2007).

    Dentre os marcadores genéticos de dano no DNA podemos incluir o ensaio cometa e

    ensaio de citoma de micronúcleos em células binucleadas (CBMN). O ensaio cometa é um

    método simples, sensível, rápido e eficaz para a detecção de danos no DNA e pode ser

    utilizado para estimar danos no DNA ao nível da célula individual através de rupturas de

    filamentos, sítios de reparação, ligações cruzadas e sítios alcalinos gerados a partir de estresse

    oxidativo (Tice et al. 2000). O CBMN é o marcador mais frequentemente utilizado em

    linfócitos humanos para avaliar genotoxicidade e citotoxicidade in vitro e in vivo (Fenech e

    Morley 1985; Fenech 2007), fornecendo informações sobre a ruptura cromossômica,

    rearranjos cromossômicas, amplificação do gene e a morte celular - apoptose e necrose

    (Fenech 2007). O ensaio cometa, ao contrário do CBMN, não necessita de células em

    proliferação para sua aplicação, podendo ser utilizado qualquer tipo de célula. Contudo o tipo

    de dano observado no ensaio cometa é possivelmente reversível (Tice et al. 2000).

  • 45

    Esse estudo avaliou a relação entre glicemia de jejum, A1C, danos de DNA e

    citotoxicidade em indivíduos com risco para progressão de diabetes (pré-diabéticos).

  • 46

    Materiais e Métodos

    Seleção da amostra

    O protocolo do estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

    Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC) (processo 2687/10). Foram encaminhados ao

    Serviço Integrado de Saúde (SIS) da UNISC, no período de março de 2010 a outubro de 2011,

    indivíduos (n=60) com idades entre 20 e 59 anos com critério de risco para progressão de

    diabetes, segundo exame prévio de glicemia de jejum a partir de 100 mg/dL, que não faziam

    uso de fármacos hipoglicemiantes ou insulina e aceitaram participar da pesquisa (assinatura

    do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido). Permaneceram no estudo indivíduos com

    pelo menos um dos critérios de pré-diabetes estabelecidos pela ADA (2011), conforme os

    resultados de glicemia e A1C encontrados nesse estudo. Não foram excluídos aqueles que

    apresentaram valores superiores ao estabelecido para pré-diabetes, devido ao não diagnóstico

    clínico e tratamento de diabetes nesses pacientes.

    Os participantes do estudo foram selecionados da comunidade através da divulgação

    no Ambulatório de Pesquisa Clínica (vinculado à Área Acadêmica da UNISC) do Hospital

    Santa Cruz (HSC), nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), clínicas e convênios particulares.

    O tamanho da amostra foi calculado a partir do efeito das variáveis (glicemia de jejum,

    A1C, dano de DNA) sobre o risco de desenvolver diabetes. Considerando a correlação

    múltipla destas sobre a A1C, com coeficiente de correlação (r=0,5), baseado em outros

    estudos, nível de significância da correlação com poder estatístico de 80% e erro amostral

    previsto (p=0,05).

  • 47

    Caracterização clínica e bioquímica

    Foram coletadas amostras sanguíneas no início da manhã (jejum de 12h) para

    determinação de glicemia de jejum, A1C e dano de DNA, em um Laboratório de Análises

    Clínicas de Santa Cruz do Sul. Em todos os casos, as amostras foram mantidas a 4ºC no

    escuro e transportadas ao laboratório de Nutrição Experimental da Unisc para o ensaio

    cometa. Para os procedimentos de CBMN as amostras foram encaminhadas ao Laboratório de

    Citogenética do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Foi utilizado para o ensaio cometa e

    CBMN anticoagulante heparina. EDTA foi utilizado para avaliação da glicemia de jejum e

    A1C.

    O Índice de Massa Corporal (IMC; Kg/m2) foi calculado através das medidas de peso

    corpóreo e altura, coletados por balança antropométrica. Para verificação da circunferência de

    cintura (CC) foi utilizada fita métrica inelástica, para a estimativa do percentual de gordura foi

    utilizado equação de Siri e classificação de Pollock e Wilmore (1993).

    Dano de DNA: ensaio cometa

    O ensaio cometa alcalino foi realizado conforme protocolo padrão (Prá et al. 2011).

    Foram analisadas cem células por indivíduo, selecionadas aleatoriamente (50 por lâmina, 2

    lâminas por indivíduo) em microscópio convencional com magnificação de 200X. O dano foi

    visualmente determinado pela classificação das células (morfologia em forma de ―cometa‖)

    em cinco classes de migração de DNA, de dano 0 (sem dano, morfologia circular apenas

    ―cabeça‖ e nenhuma ―cauda‖) até dano 4 (dano máximo, ―cauda‖ pronunciadamente maior do

    que a ―cabeça‖). O índice de dano (ID) obtido pela soma de células individuais classificadas,

    variando de 0 (nenhum dano: 100 células x 0) para 400 (dano de máximo: 100 células x 4). A

    Frequência de Dano (FD), em porcentagem (%) calculada pela relação entre o número de

  • 48

    células com dano (classificadas de 1-4) e o total de células da amostra. Células com núcleos

    não detectáveis (NDCN) (cabeça e cauda separadas) não foram consideradas.

    Dano de DNA: CBMN

    O teste de micronúcleos em células binucleadas foi realizado de acordo com o método

    descrito por Fenech e Morley (1985) e adaptado por Maluf (2004). As amostras de sangue

    (0,5 mL) foram colocadas em cultura contendo 5 mL de RPMI 1640 suplementado com 20%

    de soro bovino fetal e 0,2% de fitohemaglutinina. Os frascos de cultura foram encubados em

    estufa a 37ºC por 44 horas. Após esse período, foram adicionados 4,5 g/mL de citocalasina B

    as suspensões celulares, que foram encubadas por mais 28 horas. Posteriormente, as

    suspensões celulares foram tratadas com agente hipotônico (KCl), fixadas em solução 3:1 de

    metanol e ácido acético e, então, pingadas sobre lâminas de microscopia (pelo menos 2 por

    indivíduo). As lâminas foram coradas com Giemsa. Foram analisadas 500 células por

    indivíduo quanto à frequência de células apoptóticas e necróticas, bem como para obtenção do

    índice de proliferação celular (IPC). O IPC foi calculado pela razão entre o número de células

    que sofreram divisão (binucleadas e tetranucleadas) e o número de células que não sofreram

    divisão (mononucleadas). Foram analisados 2000 linfócitos binucleados por indivíduo para

    avaliação da frequência de micronúcleos (MN), brotos nucleares (NBUD), pontes

    nucleoplasmáticas (NPB), células apoptóticas, células necróticas. A soma de dessas

    frequências deu origem ao total de alterações celulares e nucleares (N.A) por 2000 células.

  • 49

    Análise estatística

    Os dados foram analisados no programa Statistical Package for Social Science (SPSS)

    (versão 18.0) e as figuras foram plotadas no programa Graphpad Prism versão 5.0 (Graphpad

    Inc, San Diego, CA). Os indivíduos foram divididos em quatro grupos, de acordo com os

    quartis de glicose e A1C para comparação das variáveis entre os grupos. As variáveis foram

    comparadas por análise de variância (ANOVA), seguido de teste de Tukey e correlações de

    Pearson foram utilizadas para buscar a relação dos dados clínicos e bioquímicos (glicemia e

    A1C) e o dano de DNA (ensaio cometa e CBMN). Foram considerados os valores de p

    inferiores 0,05 como significativos.

  • 50

    Resultados

    Marcadores de pré-diabetes e de obesidade

    As características clínicas do grupo de estudo estão apresentadas na tabela 1. Dos 60

    participantes, 38 foram do sexo feminino e a maioria dos indivíduos foi de meia-idade. Houve

    correlação significativa entre a glicose sanguínea e A1C (r=0,660; p

  • 51

    de células necróticas no quarto quartil em relação ao primeiro (Fig.5 a).

    Não houve significância estatística na comparação de A1C e danos de DNA. No

    entanto, conforme demonstrado na figura 5 (b,d,f) ocorreu o aumento na morte celular

    (apoptose e necrose) e na frequência total de alterações nucleares e celulares (N.A) no último

    quartil (A1C média 6,7 ± 0,24%) segundo o CBMN. Observou-se correlação entre necrose e

    A1C (r=0,042, p=0,005) (Fig.6 b), e entre o ID e a FD e a frequência de brotos nucleares e

    células necróticas (Fig.7 a,b,c,d).

    Discussão

    Esse estudo avaliou a relação entre glicemia de jejum e A1C, danos de DNA (ensaio

    cometa e CBMN), citotoxicidade combinada com genotoxicidade (CBMN) e caracterização

    antropométrica em indivíduos com risco para progressão ao diabetes (pré-diabéticos), sem o

    uso de medicações para controle de glicemia.

    Está bem consolidado que a obesidade, a inatividade fisica e a má alimentação são

    fatores de risco para o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíves (ADA, 2011).

    Apesar de opiniões controversas sobre qual medida de obesidade está mais fortemente

    associada ao risco de desenvolver diabetes, estudos vêm mostrando que métodos de

    classificação de acúmulo de gordura visceral estão mais associados ao diabetes quando

    comparados aos métodos de classificação de peso corporal (Qiao e Nyamdorj 2010). No

    presente estudo o indicador de adiposidade central (CC) se sobressaiu em relação aos

    marcadores gerais de obesidade (IMC e percentual de gordura) quando comparados à

    glicemia de jejum e A1C, reforçando a associação da gordura visceral ao risco de desenvolver

    diabetes.

    Em relação aos biomarcadores de danos de DNA, a glicemia de jejum demonstrou