RELAÇÃO ENTRE MARCADORES FISIOLÓGICOS DO DIABETES …...Palazzo do Serviço de genética Médica...
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Camila Schreiner Pereira
RELAÇÃO ENTRE MARCADORES FISIOLÓGICOS DO DIABETES (DANO NO
DNA, GLICEMIA E HEMOGLOBINA GLICOSILADA), NÍVEIS SÉRICOS DE
MINERAIS E QUALIDADE DA DIETA EM PACIENTES PRÉ-DIABÉTICOS
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Promoção da Saúde da Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC, como requisito parcial para à obtenção do título de Mestre em Promoção da Saúde. Orientador: Dra. Silvia Isabel Rech Franke
Co-orientador: Dr. Daniel Prá
Santa Cruz do Sul
2012
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P436r Pereira, Camila Schreiner Relação entre marcadores fisiológicos do diabetes (dano no
DNA, glicemia e hemoglobina glicosilada), níveis séricos de
minerais e qualidade da dieta em pacientes pré-diabéticos / Camila
Schreiner Pereira. – 2012.
79 f. : il. ; 30 cm.
Dissertação (Mestrado em Promoção da Saúde) – Universidade
de Santa Cruz do Sul, 2012.
Orientação: Profª. Drª. Silvia Isabel Rech Franke.
Co-orientação: Prof. Dr. Daniel Prá.
1. Diabetes mellitus. 2. Dieta para diabéticos. 3. Diabetes
mellitus – Fatores de risco. 4. Avaliação nutricional. I. Franke,
Silvia Isabel Rech, orient. II. Prá, Daniel. III. Título.
CDD: 616.462
Bibliotecária responsável Fabiana Lorenzon Prates - CRB 10/1406
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Camila Schreiner Pereira
RELAÇÃO ENTRE MARCADORES FISIOLÓGICOS DO DIABETES (DANO NO
DNA, GLICEMIA E HEMOGLOBINA GLICOSILADA), NÍVEIS SÉRICOS DE
MINERAIS E QUALIDADE DA DIETA EM PACIENTES PRÉ-DIABÉTICOS
Essa dissertação foi apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Promoção da Saúde da Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC, como requisito parcial para
à obtenção do título de Mestre em Promoção da Saúde.
Banca examinadora
Dra. Silvia Isabel Rech Franke
Professor Orientador – UNISC
Dr. Jorge André Horta
Professor examinador – UNISC
Dra. Juliana da Silva
Professor examinador – ULBRA
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AGRADECIMENTOS
Agradeço em especial à professora Dra. Silvia Isabel Rech Franke, exemplo de
sabedoria e dedicação profissional, por sempre lutar e acreditar que é possível. Obrigada pelas
diversas horas de aprendizagem e compreensão. Ao professor Dr. Daniel Prá pelos
ensinamentos, empenho e imenso apoio na construção deste trabalho, à colega Cynthia
Caetano pela parceria em toda nossa caminhada de ―mestrandas‖, ao professor Dr. Jorge
André Horta pela colaboração e participação constante. À colega nutricionista Ligia Beatriz
da Costa e futuras colegas de profissão Morgana Tonett e Nathamy Stoeckel que fizeram parte
do processo de coletas de dados, e à estudante do curso de nutrição Patrícia Molz que esteve
presente com extrema dedicação em diversos momentos.
Também à Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Promoção da Saúde Dra.
Miria Suzana Burgos pela dedicação e exigência. Aos colaboradores professores Dra.
Hildergard H. Pohl e Dr. Valeriano Corbellini, Dr Sharbel Weidner Maluf e Roberta Passos
Palazzo do Serviço de genética Médica do HCPA, Dra. Carla Eliete Iochims dos Santos e Dr.
Johnny Ferraz Dias Laboratório de Implantação Iônica do Instituto de Física da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
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DEDICATÓRIA
Ao meu pai, exemplo de força e dedicação, base da minha essência.
À minha mãe, pelo carinho constante e compreensão nos momentos de ausência.
À minha irmã, meu exemplo de profissionalismo.
Aos professores e colegas que souberam ensinar e guiar a direção correta para a realização
desse desafio.
Àqueles que nos inspiram a querer continuar.
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LISTA DE TABELAS DO ARTIGO
Tabela 01 Características clínicas dos indivíduos. Masculino (M). Feminino (F). 59
Tabela 02 Média de glicose e desvio padrão (DP) em quartis. Médias e DP de A1C,
circunferência de cintura (CC), índice de massa corporal (IMC) e percentual de
gordura encontradas respectivamente conforme a divisão em quartis por
glicose.
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Tabela 03 Média e desvio padrão (DP) de A1C em quartis. Média e DP de glicose de
jejum, circunferência de cintura (CC), índice de massa corporal (IMC) e
percentual de gordura encontradas respectivamente conforme a divisão em
quartis por A1C.
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LISTA DE FIGURAS DO ARTIGO
Figura 01 Comparação entre o Índice de Massa Corporal (IMC) (a,b), percentual de
gordura corporal (c,d) e circunferência de cintura (e,f) de acordo com os quartis
de glicose e hemoglobina glicosilada (A1C), respectivamente.
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Figura 02 Correlação entre a circunferência da cintura e glicemia (a) e hemoglobina
glicosilada (A1C) (b).
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Figura 03 Ensaio cometa. Comparação entre o índice de dano (a,b) e a frequência de dano
(c,d) de acordo com os quartis de glicose e hemoglobina glicosilada (A1C),
respectivamente.
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Figura 04 CBMN. Comparação entre a frequência de micronúcleos (a,b), pontes
nucleoplásmicas (c,d) e brotos nucleares (e,f) de acordo com os quartis de
glicose e hemoglobina glicosilada (A1C), respectivamente.
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Figura 05 CBMN. Comparação entre a frequência de células necróticas (a,b), células
apoptóticas (c,d) e o total de células com alterações celulares e nucleares (NA)
(e,f) de acordo com os quartis de glicose e hemoglobina glicosilada (A1C),
respectivamente.
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Figura 06 CBMN. Correlação entre a frequência de células necróticas e a glicemia (a) e
hemoglobina glicosilada (A1C) (b).
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Figura 07 CBMN e ensaio cometa. Correlação entre o índice de dano (ID) e a frequência
de dano (FD) e a frequência de brotos nucleares (a, b), células necróticas (c,d).
r e p: coeficiente e nível de significância, respectivamente.
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
A1C Hemoglobina Glicosilada
DM2 Diabetes Mellitus tipo 2
DRI Dietary Reference Intake
CBMN Ensaio de citoma de micronúcleos em células binucleadas
CC Circunferência de Cintura
EROS Espécies Reativas de Oxigênio
FD Fraquencia de Dano
HSC Hospital Santa Cruz
ID Índice de Dano
IMC Índice de Massa Corporal
MN Micronúcleo
NA Frequência total de alterações nucleares e celulares
NBUD Botões nucleares
NDCN Núcleos não detectáveis
NPB Pontes nucleoplasmáticas
NO Oxido Nítrico
PIXE Particle Induced X-Ray Emission
RD Registro diário
R24h Registro 24h
RCQ Relação Cintura Quadril
SIS Serviço Integrado de Saúde
SPSS Statistical Package for Social Science
TOTG Teste Oral de Tolerância à Glicose
VET Valor Energético Total
UBS Unidade Básica de Saúde
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APRESENTAÇÃO
Esta dissertação de mestrado, consoante Regimento do Programa de Pós-Graduação
em Promoção da Saúde da Universidade de Santa Cruz do Sul, é composta por cinco partes:
projeto de pesquisa, relatório do trabalho de campo, artigo, nota para divulgação da pesquisa
na imprensa e anexos.
O projeto de pesquisa foi defendido em novembro de 2010, perante banca composta
pelos professores Silvia Isabel Rech Franke, Daniel Prá, Jorge André Horta, com a presença
dos demais professores e alunos do Programa de Pós-Graduação em Promoção da Saúde e
aprovado pelo Conselho de Ética em Pesquisa da UNISC. Esta dissertação, que consta de um
artigo, intitulado ―Dano de DNA e citotoxicidade em indivíduos com risco para progressão de
diabetes‖, foi submetida à pré-defesa no mês de fevereiro de 2012, mediante banca interna do
Programa. A dissertação foi defendida, mediante banca constituída dentro das exigências da
CAPES e normas regimentais do PPGPS, no mês de março de 2012.
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SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS
DEDICATÓRIA
LISTA DE TABELAS
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES
APRESENTAÇÃO
CAPÍTULO I
PROJETO DE PESQUISA............................................................................................... 11
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................
13
2 MARCO TEÓRICO.......................................................................................................... 16
3 OBJETIVOS..................................................................................................................... 23
4 MÉTODO.......................................................................................................................... 25
5 CRONOGRAMA.............................................................................................................. 31
6 ORÇAMENTO.................................................................................................................. 31
REFERÊNCIAS........................................................................................... ........................ 32
CAPÍTULO II
RELATÓRIO DO TRABALHO DE CAMPO................................................................ 37
CAPÍTULO III
ARTIGO............................................................................................................................. . 40
CAPÍTULO IV
NOTA À IMPRENSA......................................................................................................... 69
ANEXOS............................................................................................................................. 71
ANEXO A – Aprovação Comitê de Ética e Pesquisa........................................................... 72
ANEXO B – Termo de Consentimento Livre Esclarecido................................................... 73
ANEXO C – Divulgação da pesquisa em jornal impresso................................................... 74
ANEXO D – Instruções para autores – Anais da Academia Brasileira de Ciências............ 75
ANEXO E – Perspectivas .................................................................................................. 79
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CAPITULO I
PROJETO DE PESQUISA
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UNIVERSIDADE DE SANTA CRUZ DO SUL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PROMOÇÃO DA SAÚDE
MESTRADO EM PROMOÇÃO DA SAÚDE
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO PROMOÇÃO DA SAÚDE
Camila Schreiner Pereira
RELAÇÃO ENTRE MARCADORES FISIOLÓGICOS DO DIABETES (DANO NO
DNA, GLICEMIA E HEMOGLOBINA GLICOSILADA), NÍVEIS SÉRICOS DE
MINERAIS E QUALIDADE DA DIETA EM PACIENTES PRÉ-DIABÉTICOS
Projeto de dissertação apresentado ao Programa de
Pós-Graduação em Promoção da Saúde –
Mestrado, Universidade de Santa Cruz do Sul.
Orientador: Drª Silvia Isabel Rech Franke
Co-orientador: Dr. Daniel Prá
Santa Cruz do Sul
2012
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1 INTRODUÇÃO
Dados estatísticos do Ministério da Saúde mostram que o diabetes já afeta cerca de
246 milhões de pessoas em todo o mundo. A estimativa é de que, até 2025, esse número
aumente para 380 milhões. No Brasil, a ocorrência média de diabetes na população adulta
(acima de 18 anos) é de 5,2%, o que representa 6.399.187 de pessoas que confirmaram ser
portadoras da doença. A prevalência aumenta com a idade: o diabetes atinge 18,6% da
população com idade superior a 65 anos (BRASIL, 2007).
A incidência de DM2 é crescente em nosso meio, e resulta da interação entre
predisposição genética e fatores de risco ambientais e comportamentais. Ainda que a base
genética do DM2 não tenha sido identificada, há uma forte tendência de que os fatores de
risco modificáveis, como a obesidade e o sedentarismo sejam os determinantes não genéticos
dessa enfermidade (LELLAN, 2007).
Diabetes caracteriza-se por hiperglicemia crônica com distúrbios de carboidratos,
gordura e metabolismo de proteínas, resultantes de defeitos na secreção e ação da insulina. No
DM2, os resultados de glicose sanguínea sobem a partir de uma combinação de predisposição
genética, dieta não saudável, inatividade física, e o aumento de peso com distribuição central,
resultando em processos fisiopatológicos complexos. Tradicionalmente, o diagnóstico de
diabetes é baseado em sintomas, devido à hiperglicemia, mas durante as últimas décadas,
muita ênfase está sendo colocada sobre a necessidade de identificar o diabetes, e outras
formas de anormalidades da glicose, em indivíduos assintomáticos. A zona entre a parte
superior limite de glicemia em jejum normal (110 mg/dL) e do limite inferior da glicemia em
jejum de diabetes (125 mg/dL) foi adotada pela OMS e deve ser considerado um fator de risco
para diabetes. (OMS, 1999; OMS, 2005)
A glicose elevada leva à perda da função das células do pâncreas que pode resultar em
intolerância à glicose e, finalmente, um estado irreversível de diabetes. Sabe-se que a perda
pancreática resulta da excessiva produção de insulina (exaustão células β) e/ou da toxicidade
das células β pela hiperglicemia (WILLET, MANSON e LIU, 2002).
Um aumento na concentração de glicose no sangue provoca aumento do estresse
oxidativo que contribui para o desenvolvimento e a progressão das complicações associadas
ao diabetes (PAZDRO & BURGESS, 2010). O estresse oxidativo é definido como um
acúmulo de espécies reativas de oxigênio (EROs) que causam danos à estrutura das
biomoléculas de DNA, lipídios, carboidratos e proteínas, além de outros componentes
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celulares. Estudos comprovam que o estresse oxidativo está relacionado com o
envelhecimento, atividade física intensa, apoptose, câncer, DM e arteriosclerose (NUNES,
OLIVEIRA e MORAES, 2006). Por outro lado, estes compostos, também podem ter efeitos
considerados positivos sobre o sistema imunitário e desempenham funções metabólicas
essenciais para a homeostase celular (CRUZAT et al., 2007). Estudos mostram que além do
aumento na formação de EROs, os sistemas fisiológicos de defesa antioxidante estão
depletados no paciente com DM2. Por essa razão, vários pesquisadores têm usado modelos de
animais diabéticos, pacientes diabéticos e cultura de células vasculares para avaliar o efeito de
antioxidantes clássicos na prevenção e no tratamento das complicações do DM (ROCHA et
al., 2006)
Embora bem estabelecido os efeitos deletérios da hiperglicemia crônica, ou seja, a
toxicidade da glicose, dados bioquímicos precisos e mecanismos moleculares responsáveis
pelo aumento de glicose induzida pela toxicidade continuam a ser investigados (GIACCARI,
SORICE e MUSCOGIURI, 2009)
Conforme Guerrero-Romero & Rodríguez-Morán (2005), um número crescente de
trabalhos sobre o possível papel benéfico de minerais e suplementos antioxidantes no
tratamento da diabetes, tem contribuído para o debate sobre o seu valor para atingir o controle
metabólico e evitar complicações crônicas em pacientes diabéticos. A elevada atividade
antioxidante sugere o fornecimento de benefícios potenciais para a saúde (PSALTOPOULOU
et al., 2010).
Diversos trabalhos vêm demonstrando o envolvimento de minerais no metabolismo da
glicose e resistência à insulina, ressaltando a importância da avaliação e determinação destes
nutrientes no individuo pré-diabético (LIMA et al., 2004; MARREIRO et al., 2004;
ROUSSEL, 2009).
A origem mais frequente das deficiências de micronutrientes está na dieta inadequada,
reforçando a importância dos prestadores de cuidados de saúde investir esforços em
aconselhamento nutricional, a fim de alcançar o controle metabólico dos pacientes. Um
estudo (PSALTOPOULOU et al., 2010) sugere a implementação da modificação dietética, nas
estratégias de saúde pública, a fim de melhorar o controle da glicemia em indivíduos e
impedir o desenvolvimento de diabetes.
Embora se saiba que a dieta possa reduzir o risco de doenças crônicas e reduzir as
complicações associadas à doença (SCHRODER, 2007), pouco é sabido acerca das doses
ideais de micronutrientes individualmente com vistas a prevenir as co-morbidades associadas.
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O conceito de que as recomendações nutricionais devem ser desenvolvidas para situações
fisiológicas particulares com vistas a otimizar o metabolismo (AMES, 2003).
Diante do exposto pergunta-se: qual a associação entre marcadores fisiológicos do
diabetes (dano no DNA, glicemia e hemoglobina glicosilada), níveis séricos de minerais e a
qualidade da dieta em pacientes pré-diabéticos?
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2 MARCO TEÓRICO
2.1 Pré diabetes
O diabetes caracteriza-se pelo estado de hiperglicemia crônica com distúrbios do
metabolismo dos carboidratos, lipídios e proteínas, decorrente da falta de insulina ou da
incapacidade da insulina de exercer adequadamente seus efeitos. Pode ocorrer a existência de
hiperglicemia de grau suficiente para causar alterações funcionais ou patológicas por um
longo período antes que o diagnóstico de DM2 seja estabelecido. Antes do surgimento de
hiperglicemia mantida, acompanhada do quadro clínico clássico do DM2, a síndrome
diabética passa por um estágio de distúrbio do metabolismo da glicose, caracterizado por
valores glicêmicos situados entre a normalidade e a faixa diabética (OMS, 1999). Conforme
Meigs (2010) os meios para prevenção de diabetes são a mudança no estilo de vida através da
manutenção de um peso saudável e atividade física regular.
A primeira manifestação da diabetes é a hiperglicemia, podendo surgir a partir de vá-
rias causas. Conforme a American Diabetes Association (ADA, 1997) níveis de glicose no
sangue mais elevados do que o normal, mas ainda não diabético são definidos como níveis de
glicemia de jejum ≥110 mg/dL e
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mas sim ao fato de que um resultado dentro dos valores propostos não exclui a doença. Sendo
assim, a utilização da A1C no rastreio ou no diagnóstico do diabetes seria uma opção diag-
nóstica com especificidade, porém, sem sensibilidade (NGSP, 2008).
O termo pré-diabetes é utilizado para descrever a condição em que os níveis de glicose
no sangue estão mais elevados do que o normal, mas ainda não caracterizada como diabetes,
antes usualmente descrita como tolerância à glicose diminuída ou glicemia de jejum alterada
(NARAYAN et al, 2002).
Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD, 2000) os fatores de risco para dia-
betes são: Idade ≥ 45 anos, história familiar de diabetes, sobrepeso ou obesidade - Índice de
Massa Corporal (IMC) ≥ 25 kg/m2, sedentarismo, HDL-c baixo ou triglicérides elevados,
hipertensão arterial sistêmica (HAS), doença coronariana, diabetes gestacional prévio, ma-
crossomia ou história de abortos de repetição ou mortalidade perinatal, uso de fármacos hi-
perglicemiante (corticosteróides, tiazídicos, beta-bloqueadores). O diagnóstico precoce de
diabetes pode ser indicado para: indivíduos com idade igual ou superior a 45 anos (a cada três
a cinco anos), utilizando a glicose plasmática de jejum. Rastreamento mais frequente (um a
três anos) ou mais precoce (antes dos 45 anos), ou então realizar o rastreamento com Teste de
Tolerancia à Glicose (TTG) com 75 g de glicose quando: a. Há evidência de dois ou mais
fatores da síndrome metabólica, (excesso de peso, HDL-c baixo, triglicerídeos elevados, hi-
pertensão e doença cardiovascular); b. Além da idade 45 anos, há presença adicional de dois
ou mais fatores de risco; c. diabetes gestacional prévio. Rastreamento anual ou mais freqüente
nas seguintes condições: a. Glicemia de jejum alterada ou tolerância à glicose diminuída; b.
Presença de complicações compatíveis com diabetes; c. Hipertensão; d. Doença coronariana.
2.2 Estresse oxidativo
A produção de espécies reativas de oxigênio (EROs), entre outras espécies reativas, é
parte integrante do metabolismo humano e observada em diversas condições fisiológicas.
EROs têm importante função biológica, como na fagocitose, fenômeno em que essas espécies
são produzidas para eliminar o agente agressor. No entanto, quando sua produção é exacerba-
da, o organismo dispõe de um eficiente sistema antioxidante que consegue controlar e restabe-
lecer o equilíbrio. O estresse oxidativo resulta do desequilíbrio entre o sistema pró e antioxi-
dante (SCHAFER e BUETTNER, 2001). A geração de EROs pode ser neutralizada pelos sis-
temas antioxidantes enzimático (a superóxido dismutase, que catalisa a dismutação do ânion
radical superóxido, a peróxido de hidrogênio e O2, a catalase, e a glutationa peroxidase) e não
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enzimático (glutationa, principal composto antioxidante intracelular, tocoferóis, ascorbato,
ácido úrico e β-caroteno, além de proteínas de transporte de metais de transição, como a trans-
ferrina (transporte do ferro) e ceruloplasmina - transporte do cobre e oxidação do ferro para
ser captado pela transferrina, entre outros) (AMES et al, 1993; HALLIWELL, 2001; VAS-
CONCELOS et al., 2007; URSO & CLARKSON, 2003).
Existem evidencias crescentes de que o estresse oxidativo desempenha papel
fundamental em várias situações clínicas, envolvendo falhas no desenvolvimento de doenças
degenerativas (AMES, 1989; WISEMAN & HALLIWELL, 1996; WELLS et al., 2005).
A modificação oxidativa de proteínas por estresse oxidativo está associada à etiologia
e à progressão de diversas doenças e disfunções fisiológicas, por corrupção da estrutura ou
atividade das proteínas (STADTMAN & BERLETT, 1997) e pelo desacoplamento da
regulação gênica (CERDA & WEITZMAN, 1997). O acúmulo de proteínas danificadas e a
alteração do perfil de expressão gênica diminuem a eficiência homeostática, levando ao
acúmulo de alterações em outros componentes celulares (STOCKER & KEANEY, 2004). Os
lipídios são altamente suscetíveis à oxidação, especialmente nas insaturações, que quando
alteradas levam a efeitos de alteração em cadeia associados a disfunções em membranas, entre
outros efeitos (LOPACZYNSKI & ZEISEL, 2001). No DNA, as lesões na molécula se
constituem etapa inicial da carcinogênese e estão associadas ao envelhecimento e defeitos de
desenvolvimento (HALLIWELL & GUTERRIDGE, 2000) por dois mecanismos: a) alteração
na estrutura molecular do DNA (WANG et al., 1998). b) alterações epigenéticas que
modulam a expressão gênica (CERDA & WEITZMAN, 1997). Quanto às alterações nas
bases mediadas por estresse oxidativo, estima-se a ocorrência de cerca de 10.000 bases do
DNA por dia em situação de ritmo metabólico mediano. Em outras situações de exercício de
alta intensidade, estresse e exposição à xenobióticos (ex. tabagismo) podem ocorrer aumentos
significativos na quantidade de bases alteradas, muito embora os organismos possam se
adaptar devido ao aumento nas defesas antioxidantes e na atividade de sistema de reparo do
DNA (LOFT & POULSEN, 1996).
No diabetes, devido ao excesso de glicose e desequilibrio no metabolismo de ácidos
graxos, ocorre aumento no estresse oxidativo na mitocôndria, bem como ativação de rotas
metabólicas de sinalização inflamatória, que causam agravos progressivos ao organismo,
resultando nas complicações da doença. A perturbação no metabolismo de lipídios gera
autoxidação de gliceraldeído, que gera peróxido de hidrogênio e acetoaldeídos, numa situação
de dano oxidativo crônico, que pode ser aumentada pela presença de metais de transição livre.
O aumento do estresse oxidativo tem sido proposto como um dos maiores gatilhos de
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hiperglicemia nas complicações diabética; assim como a hiperglicemia no organismo
estimula a produção de EROs por varias causas. Estas causas incluem: fosforilação oxidativa,
auto-oxidação glicose, oxidação NAD(P)H, lipoxigenase, monoxigenase P450, e síntese de
óxido nítrico (NO) (VALKO et al., 2007), a formação de produtos de glicação (ex.: A1C) e
acúmulo de sorbitol, bem como ativação da proteína C quinase e de uma cascata de ativação,
envolvendo entre outros fatores de crescimento endotolial, endotelina 1 e o fator nuclear
kappa B (NF-kB). Essa resposta está associada no processo de envelhecimento e resulta em
quebras no DNA de carbonilas e proteínas (ROBERTSON e HARMON, 2006; DENNERY,
2006).
2.3 Diabetes e Dieta
A importância da prevenção de DM2 é destaque pelo aumento substancial mundial na
prevalência de diabetes nos últimos anos. A predisposição genética parece desempenhar um
papel importante na ocorrência de diabetes tipo 2. Contudo, dado que as reservas genéticas da
população mudam muito lentamente ao longo do tempo, a atual epidemia provavelmente se
reflete de mudanças no estilo de vida levando à diabetes. Mudanças no estilo de vida
caracterizada por aumento da ingestão calórica e redução da atividade física parece ter
promovido em conjunto com sobrepeso e obesidade, que são fatores de risco para a diabetes
(ADA, 2008).
Segundo a American Diabetes Association ADA (2002) as recomendações
nutricionais foram sendo modificadas a partir de novos conhecimentos. Entre os indivíduos
com alto risco de desenvolver diabetes tipo 2, programas estruturados que enfatizam as
mudanças de estilo de vida que incluem perda de peso moderada (7% do peso corporal) e
atividade física regular (150 min / semana), com estratégias alimentares, incluindo a redução
de calorias e uma menor ingestão de gordura na dieta, pode reduzir o risco de desenvolver
diabetes e, portanto, recomendado (ADA, 2008).
Evidências epidemiológicas do papel da qualidade dos carboidratos no
desenvolvimento e prevenção do diabetes ainda são inconsistentes. Embora resultados de
alguns estudos indiquem uma possível associação entre dieta com elevados teores de índice
glicêmico e pobre em fibras de cereais e maior risco para diabetes, há indícios de que esta
relação seja mediada também pelos baixos teores de magnésio deste padrão de consumo
alimentar, sugerindo a relevância de se considerar os alimentos e padrões alimentares como
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um todo em investigações sobre fatores determinantes de doenças crônicas (SARTORELLI,
D. S. e CARDOSO, M. A., 2006).
Estudos sugerem que uma dieta rica em cereais integrais e vegetais, fontes naturais de
magnésio e fibras, e pobre em cereais refinados e sacarose, possam exercer um papel protetor
para o diabetes. Dieta alimentar com fontes alimentares em fibras e baixo índice glicêmico
consumidas por indivíduos com susceptibilidade genética, peso corporal e resistência à
insulina, podem influenciar a resposta metabólica individual, fato que pode explicar em parte
os controversos resultados dos estudos epidemiológicos disponíveis, enfatizando a
necessidade de maior número de estudos prospectivos para a elucidação das relações entre o
consumo alimentar e risco para diabetes, ferramenta fundamental no planejamento de medidas
de prevenção. Ensaios clínicos aleatorizados para a prevenção primária do diabetes 2 apontam
que orientações nutricionais enfocando a qualidade dos carboidratos e lipídeos da dieta, como
o estímulo ao consumo de cereais integrais, frutas, verduras, legumes, azeite de oliva e peixes,
em detrimento do consumo de carnes e cereais refinados associadas ao incentivo da prática de
atividades físicas podem produzir um importante impacto na prevenção do diabetes tipo 2 em
indivíduos portadores de fatores de risco (SARTORELLI, D. S. e CARDOSO, M. A., 2006).
Evidências experimentais têm sugerido que deficiências em muitos dos elementos
traço, incluindo zinco, cromo, magnésio, cobre, e manganês, assim como deficiência de
vitamina B-6 pode levar à intolerância à glicose (MOORADIAN A. D, e MORLEY J. E.,
1987). Alguns micronutrientes têm potente atividade antioxidante (CHEHADE, J. M.;
SHEIKH-ALI, M; e MOORADIAN, A. D, 2009). Nutrientes com propriedade antioxidante
incluem carotenóides, vitaminas C e E, selênio, e algumas das vitaminas do complexo B,
nomeadamente, piridoxina, ácido fólico e cianocobalamina (SCOTT JA e KING GL, 2004).
Não se sabe se a ingestão de vitaminas antioxidantes poderia atrasar ou talvez reverter os
danos oxidativos em pessoas com diabetes, mas deve-se orientar sobre a importância da
ingestão diária das necessidades de vitaminas e minerais através de fontes alimentares
(CHEHADE, J. M.; SHEIKH-ALI, M; e MOORADIAN, A. D, 2009).
Alterações de excreção e distribuição de zinco em animais diabéticos têm
demonstrado uma estreita associação entre o aparecimento de diabetes e alterações no
metabolismo do zinco. Torna-se necessário um maior número de investigações para esclarecer
não só o seu papel na fisiologia da insulina e do metabolismo da glicose, mas também se a
suplementação com zinco pode contribuir para evitar, pelo menos algumas das complicações
de DM2 ou mesmo evitar seu aparecimento (SALGUEIRO et. al., 2001). O zinco pode ser
considerado como uma possível nova molécula para a prevenção de diabetes e terapia,
http://spectrum.diabetesjournals.org/search?author1=Joe+M.+Chehade&sortspec=date&submit=Submithttp://spectrum.diabetesjournals.org/search?author1=Mae+Sheikh-Ali&sortspec=date&submit=Submithttp://spectrum.diabetesjournals.org/search?author1=Arshag+D.+Mooradian&sortspec=date&submit=Submithttp://spectrum.diabetesjournals.org/search?author1=Joe+M.+Chehade&sortspec=date&submit=Submithttp://spectrum.diabetesjournals.org/search?author1=Mae+Sheikh-Ali&sortspec=date&submit=Submithttp://spectrum.diabetesjournals.org/search?author1=Arshag+D.+Mooradian&sortspec=date&submit=Submit
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especialmente para pacientes DM2 (JANSEN, J.; KARGES, W.; LOTHAR RINK, 2009).
Quanto ao cobre a associação da deficiência com o diabetes mellitus parece aumentar
a demanda de cobre pelo organismo, para compensação do estresse oxidativo, por meio das
enzimas antioxidantes dependentes deste nutriente. Na maioria dos estudos com pacientes
diabéticos, o nível de cobre circulante mostra-se aumentado, mas isto não implica em um
estado nutricional adequado de cobre. Este distúrbio pode ser proveniente de alterações na
absorção e circulação de cobre, podendo levar a um aumento de peroxidação lipídica,
contribuindo assim para o surgimento ou agravamento das complicações vasculares do
diabetes. (PEDROSA, L. de F. C.; e COZZOLINO, S. M. F., 1999).
A deficiência de cromo parece provocar quadros de intolerância à glicose, assim como
sua maior disponibilidade aumenta a sensibilidade à insulina e diminui a concentração de
lipoproteínas de baixa densidade na circulação, favorecendo o controle do diabetes tipo 2.
(GOMES, M. R.; ROGERO, M. M. e TIRAPEGUI, J., 2005). A manutenção de um estado
ideal de cromo é importante contra a síndrome metabólica, o risco diabetes e doenças
cardiovasculares, portanto deve ser investigado quando em pacientes com síndrome
metabólica, obesos, com resistência à insulina e DM2. (ROUSSEL, A. M., 2009)
2.4 Diabetes e Avaliação Nutricional
A obesidade, principalmente a visceral, resulta em alterações fisiopatológicas como
menor extração de insulina pelo fígado, aumento da produção hepática de glicose e
diminuição da captação de glicose pelo tecido muscular (DENINO, W.F., et al.2001), podendo
resultar em diferentes graus de intolerância à glicose e, nos indivíduos com DM2, irão
influenciar o controle glicêmico, refletido por maiores níveis de hemoglobina glicosilada
(HbA1c) (PASCOT A, et al. 2000). É amplamente aceito que o excesso de peso,
tradicionalmente definido pelo IMC (obtido pela divisão do peso do indivíduo em quilos pela
altura em metros quadrados) elevado, é um importante fator de risco para uma série de
doenças crônicas e lesões cardiovasculares, incluindo doença cardiovascular e diabetes tipo II.
(CHOURAKI ET AL 2008)
Vasques e colaboradores (2009) avaliaram o comportamento de indicadores
antropométricos de obesidade em relação à Resistência à Insulina (RI) (índice HOMA), e
pontos de corte com melhor eficácia em relação à RI. A amostra foi constituída por 138
homens adultos com idade entre 20 a 59 anos, não diabéticos, para o IMC, o melhor ponto de
corte identificado foi o valor de 24,8 kg/m², bem próximo ao valor de 25,0 kg/m² considerado
-
22
como diagnóstico de excesso de peso corporal pela Organização Mundial da Saúde (OMS,
2000). No entanto, este índice não teve o melhor desempenho para predizer RI, quando
comparado a circunferência abdominal e circunferência da cintura (CC). O IMC representa
um indicador do estado nutricional bastante utilizado na prática clínica, podendo ser utilizado,
em associação às circunferências abdominal e de cintura para associação ao risco de diabetes.
Em um estudo caso-controle (DELOUMEAUX J, NININ E, FOUCAN L, 2004)
incluindo 309 pacientes portadores de DM2 e 309 controles normo-glicêmicos, com idade
entre 20-86 anos, foram documentadas associações significativas entre CC, RCQ e diabetes
tipo 2, enquanto que o IMC não foi significativamente associado com diabetes em ambos os
sexos. Hofso, et al. (2009) avaliaram características antropométricas e diabetes tipo 2 em
indivíduos extremamente obesos (IMC>40) e não encontraram relação significativa entre o
IMC e o diabetes tipo 2, podendo indicar que o aumento dos níveis de IMC acima de 40
kg/m2, não necessariamente traduz em maior risco de desenvolver diabetes tipo 2.
Uma revisão recente na literatura (HUXLEY R, et al, 2010) com objetivo de avaliar
variáveis antropométricas em relação às doenças cardiovasculares e associação com diferentes
grupos étnicos, mostrou resultados conflitantes; para o diabetes, houveram alguns indícios
indicando que medidas de obesidade central, foram mais fortemente associados com risco de
desenvolver quando comparado ao IMC. Conforme revisão realizada por Qiao e Nyamdorj
(2009), o IMC, CC e RCQ foram associados à incidência e prevalência do DM2, de forma
independente. Porém os resultados mostraram-se controversos sobre quais destes indicadores
de obesidade estão mais fortemente relacionados ao DM2.
Em estudo longitudinal, Tuomilehto J et al (2001) realizaram uma intervenção, com
grupo controle, durante o acompanhamento de três anos, incluíram 522 indivíduos de meia-
idade, com sobrepeso e tolerância diminuída à glicose. Cada sujeito no grupo de intervenção
recebeu orientação individualizada destinadas a redução de peso, ingestão total de gordura, e
ingestão de gordura saturada, aumento da fibra e atividade física. Uma mudança significativa
no peso foi observada no grupo de intervenção em comparação ao grupo controle, bem como
a redução de 58% na incidência de casos de DM (P
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23
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo geral
Avaliar a relação entre marcadores fisiológicos do diabetes (dano no DNA, glicemia e
hemoglobina glicosilada), níveis séricos de minerais e qualidade da dieta em pacientes pré-
diabéticos.
3.2 Objetivos específicos
Verificar a associação entre estresse oxidativo e alterações nos marcadores fisiológicos
do diabetes em indivíduos pré-diabéticos.
Verificar a associação entre níveis séricos de minerais e alterações nos marcadores
fisiológicos do diabetes em indivíduos pré-diabéticos.
Verificar a associação entre o consumo de carboidratos, fibras e antioxidantes e
alterações nos marcadores fisiológicos do diabetes em indivíduos pré-diabéticos.
Verificar a associação entre o Índice de Massa Corporal (IMC) e alterações nos
marcadores fisiológicos do diabetes em indivíduos pré-diabéticos.
Verificar a associação entre a circunferência abdominal e alterações nos marcadores
fisiológicos do diabetes em indivíduos pré-diabéticos.
-
24
4 METODO
4.1 Delineamento metodológico
Este é um estudo transversal, onde a exposição à causa está presente ao efeito no
mesmo momento ou intervalo de tempo analisado. Este tipo de estudo é aplicado às investiga-
ções dos efeitos por causas que são permanentes, ou por fatores dependentes de características
permanentes dos indivíduos, sobre determinada doença (CAMPANA, et al, 2001). De deline-
amento analítico, que configuram-se como as investigações que tem como objetivo analisar
determinados fenômenos, define seus pressupostos, identificar suas estruturas ou esclarecer
possíveis relações com outras variáveis (GAYA, 2008). Do tipo quantitativo, onde serão quan-
tificados componentes da alimentação, correlacionando com danos oxidativos, níveis séricos
de minerais e glicemia nos indivíduos.
4.2 Sujeitos, local da pesquisa e amostra
Serão convidados a participar indivíduos pré-diabéticos que consultarem na rede
básica de saúde de Santa Cruz do Sul, encaminhados através das Unidades Básicas de Saúde
(UBS) para o ambulatório de Pesquisa Clínica vinculado à Área Acadêmica da UNISC e
Hospital Santa Cruz. Estima-se avaliar em torno de 110 indivíduos de idade entre 20 e 59
anos, em uma amostragem de natureza probabilística não intencional. O tamanho da amostra
(n) foi calculado a partir do efeito das variáveis (VET, RCQ, IMC, % de gordura, dano no
DNA, micronúcleos, glicemia, variáveis da dieta – fibras, carboidratos, vitamina C, fenólicos
totais, e variáveis do sangue – cromo, zinco, cobre e magnésio) sobre o risco de desenvolver
DM. Considerando a correlação múltipla destas sobre a A1C, com coeficiente de correlação
(r=0,5), baseado em outros estudos, nível de significância da correlação com poder estatístico
de 80% e erro amostral previsto (p=0,05).
4.2.1 Critérios de inclusão
Os critérios para a inclusão do encaminhamento para participar do projeto são:
indivíduos entre 20-59 anos de ambos os sexos, portadores de glicemia de jejum acima ou
igual a 100 mg/dL, com função renal preservada (creatinina inferior a 1,5 mg/dL, que não
-
25
façam uso de fármacos hipoglicemiantes orais ou insulina e aceitem participar (assinatura do
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido) (ANEXO 1).
4.2.2 Critérios de exclusão
Não participarão da amostra indivíduos que não tiverem alterações nos exames de
glicose, que utilizarem medicamentos para controle de DM e que não assinarem o termo de
consentimento livre e esclarecido.
4.3 Hipóteses e Variáveis
4.3.1 Definição das variáveis
VET, RCQ, IMC, % de gordura, dano no DNA, micronúcleos, glicemia, variáveis da
dieta – fibras, carboidratos, vitamina C, fenólicos totais, e variáveis do sangue – cromo, zinco,
cobre e magnésio.
4.3.2 Hipótese 1
Pacientes com alterações nos marcadores fisiológicos do diabetes (dano no DNA,
glicemia e hemoglobina glicosilada) têm níveis séricos baixos de minerais relacionados ao
diabetes.
4.3.3 Hipótese 2
Pacientes com alterações nos marcadores fisiológicos do diabetes (dano no DNA,
glicemia e hemoglobina glicosilada) possuem ingestão de carboidratos acima do
recomendado, e de fibras alimentares e antioxidantes abaixo.
4.3.4 Hipótese 3
Pacientes com alterações nos marcadores fisiológicos do diabetes (dano no DNA,
glicemia e hemoglobina glicosilada) possuem circunferência abdominal aumentada.
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26
4.4 Procedimentos metodológicos
Este estudo será desenvolvido observando as seguintes etapas:
Etapa 1: Serão convidados a realizar atendimento no Ambulatório do Hospital Santa
Cruz, pacientes com alteração de glicemia, interessados em receber atendimento e orientação
nutricional, bem como participar do projeto de pesquisa. O encaminhamento será realizado
através da rede básica de saúde de Santa Cruz do Sul.
Etapa 2: No Ambulatório do Hospital Santa Cruz os sujeitos receberão orientações e
esclarecimentos em relação à pesquisa. Pacientes que aceitarem participar receberão o termo
de consentimento livre e esclarecido para assinatura. Serão realizadas as seguintes coletas:
entrevista através de questionário com dados pessoais e gerais sobre saúde, aplicação do
recordatório alimentar 24h e orientação do preenchimento do segundo recordatório alimentar
24h (fim de semana). Encaminhamento ao Serviço Integrado de Saúde (SIS) – UNISC para
coleta dos demais questionários e exames.
Etapa 3: No Serviço Integrado de Saúde (SIS) – UNISC será realizada coleta de
sangue para avaliação de glicemia, hemoglobina glicosilada, dano de DNA e minerais,
aplicação do terceiro recordatório alimentar e avaliação antropométrica.
Etapa 4: Orientações e acompanhamento nutricional dos indivíduos no Serviço
Integrado de Saúde (SIS) – UNISC ou Ambulatório do Hospital Santa Cruz.
4.5 Técnicas e instrumentos de coleta
4.5.1 Avaliação da dieta
O consumo alimentar será obtido por meio de inquérito recordatório 24 h (R24h) e
registro diário (RD), de acordo com Fisberg et al (2005). Durante a coleta de dados, os
indivíduos serão submetidos a entrevistas por entrevistador treinado. A dieta habitual será
mensurada pela média do consumo de macronutrientes e micronutrientes em dias alternados,
um dia através do R24h no momento da avaliação e dois dias por RD, sendo um destes de
final de semana.
Cada registro será processado no Programa DietWin® para cálculo da média de
ingestão dos nutrientes. Para avaliar a adequação da ingestão os valores apresentados serão
comparados com valores de referência dos critérios das Dietary Reference Intake (DRI).
-
27
4.5.2 Coleta de sangue
As amostras de sangue serão coletadas em três momentos: a) durante o rastreamento
da glicemia do sujeito, b) após triagem nas UBS, c) na consulta no HSC para inclusão na
pesquisa e no SIS. As coletas de amostras de sangue serão realizadas no início da manhã por
um Laboratório de Análises Clínicas de Santa Cruz do Sul (Laboratório Horta), o sangue só
será coletado em indivíduos em jejum de 12 horas, com restrição de atividade física moderada
ou vigorosa neste período. Em todos os casos, as amostras serão mantidas a 4ºC no escuro e
transportadas ao laboratório de Nutrição Experimental da Unisc para o ensaio Cometa e para
o preparo do sangue para determinação de minerais. Será utilizado para o ensaio cometa
anticoagulante heparina. EDTA será utilizado para o hemograma, glicose e hemoglobina
glicosilada, determinações feitas no Laboratório Horta e para a técnica Particle Induced X-ray
Emission (PIXE) para determinação de minerais o sangue será liofilizado e analisado no
Laboratório de Implantação Iônica do Instituto de Física da UFRGS. O sangue coletado será
utilizado especificadamente para os propósitos da pesquisa e não terá qualquer outra
finalidade. O material para coletas e armazenamento do sangue será descartado conforme
rotina de descarte de materiais biológicos dos locais envolvidos: HSC, Laboratório Horta, SIS
– UNISC, Laboratório de Implantação Iônica do Instituto de Física da UFRGS.
4.5.3 Avaliação do dano de DNA: Ensaio Cometa
O ensaio cometa alcalino será realizado conforme protocolo padrão do grupo Franke et
al. (2005); Maluf et al. (2009). Cem células por indivíduo, selecionadas aleatoriamente, serão
analisadas (50 por lâmina, 2 lâminas por indivíduo) em microscópio convencional com
magnificação de 200X. O dano será visualmente determinado pela classificação das células
(morfologia em forma de ―cometa‖) em cinco classes de migração de DNA, de dano 0 (sem
dano, morfologia circular apenas ―cabeça‖ e nenhuma ―cauda‖) até dano 4 (dano máximo,
―cauda‖ pronunciadamente maior do que a ―cabeça‖). O índice de dano (ID) será obtido pela
soma de células individuais classificadas, variando de 0 (nenhum dano: 100 células x 0) para
400 (dano de máximo: 100 células x 4). A Freqüência de Dano (FD), em porcentagem (%)
será calculada pela relação entre o número de células com dano (classificadas de 1-4) e o total
de células da amostra. Células com núcleos não detectáveis (NDCN) (cabeça e cauda
separadas) não serão consideradas.
-
28
5.4.4 Avaliação do dano de DNA: Ensaio de micronúcleos em células binucleadas
(CBMN)
No tempo 500 µL de sangue total serão adicionados a 4,5 mL de meio cultura RPMI
1640 sem L-Glutamine (Sigma), 1mM de piruvato de sódio (Sigma) e 200µg/mL de
fitohemglutina (Cultilab) em frasco de cultura de 30 mL estéril. O sangue, será incubado a
37ºC por 44 horas em estufa contendo 5% CO2. Em seguida, 500 µL de citocalasina (6,0
µg/mL em DMSO estéril) serão adicionados e as células serão removidas do frasco de cultura
e dispostas delicadamente sobre 1,8 mL de Ficcol (Amersham) em tubos côniccos estéreis de
15 mL. Os tubos serão, então, ceentrifugados por 400 g por 30 minutos a 18-20ºC, para
separar os leucócitos dos demais componentes do sangue. A camada de leucócitos será
removida do tubo cômico e misturada na HBSS a temperatura ambiente. Posteriormente, esta
suspensão celular será centrifugada por 180 g por 10 minutos à temperatura ambiente. Ao
final da centrifugação o pellet será ressuspenso em 300 µL de meio de cultura. As células,
misturadas com 5% DMSO para evitar grumos, serão então adicionadas às lâminas e estas
fixadas por imersão em metanol: ácido acético (3:1) e coradas com azul de metileno segundo
Giemsa.
As lâminas serão codificadas para análise, que será executada por um único analisador
para cada grupo de indivíduos, utilizando os critérios e métodos (Fenech, 2000). As células
binucleadas (BNC; 1000 células) serão analisadas quanto à presença de micronúcleos (MN),
botões nucleares – buds (NBUD) e pontes nucleoplasmáticas (NPB). O número de células
mononucleadas binucleadas, multinucleadas, apoptóticas e necróticas será determinado pela
análise de 500 células.
4.5.5 Avaliação de Minerais: Técnica PIXE
Esta técnica tem uma capacidade multi-elementar, isto é, todos os elementos com
número atômico acima de 11 podem ser detectados simultaneamente em uma única medição
no mesmo alvo. A análise é relativamente rápida, não-destrutiva e preserva as amostras
originais, permitindo medidas extras caso seja necessário. A preparação da amostra, na sua
forma sólida (para uma variedade de amostras) não requer qualquer tratamento sofisticado ou
tratamento químico, reduzindo drasticamente qualquer chance de contaminação. Atualmente,
PIXE é amplamente utilizado para caracterizar uma variedade de materiais, incluindo
amostras biológicas, geológicas e ambientais (FRANKE et al., 2006; PRÁ et al., 2008).
-
29
4.5.6 Análise antropométrica
Serão consideradas as medidas de peso corpóreo e altura, utilizando-se balança
antropométrica. A partir da verificação do peso e da altura, será cálculado o Índice de Massa
Corporal (IMC; kg/m2), mediante divisão do peso corpóreo (kg) pela estatura (m2). Para
classificação do IMC será utilizado o critério proposto pela Organização Mundial da Saúde
(OMS, 1995), que estabelece os seguintes limites de corte e seus respectivos diagnósticos
nutricionais: Eutrofia de 18,5 a 24,9kg/m2; Sobrepeso de 25,0 a 29,9 kg/m2; Obesidade grau I
de 30,0 a 34,9kg/m2; Obesidade grau II de 35 a 39,9kg/m2; Obesidade grau III ≥40,0kg/m2.
Para verificação da circunferência abdominal será utilizada fita métrica inelástica, sendo a
medida realizada no ponto médio entre a crista ilíaca e o rebordo costal inferior.
Para a estimativa do Percentual de Gordura será utilizado Jackson e Pollock, equação
de Siri e classificação de Pollock e Wilmore (1993).
4.6 Análise estatística
Os dados serão tabulados e avaliados no programa DietWin® para cálculo do consumo
de nutrientes e nos programas Excel e Statistical Package for Social Science (SPSS) v. 18.0
para análises estatísticas. As variáveis serão comparadas utilizando-se o teste t de Student ou o
teste U de Mann-Whitney ou por análise de variância (ANOVA) ou teste de Kruskall-Wallis
quando for necessário. Para variáveis categóricas será empregado teste qui-quadrado ou
outros testes para comparação de proporções. A análise de correlação (Pearson ou Spearman)
será utilizada para buscar associações das variáveis. Todos os dados serão testados para
homocedasticidade e normalidade, uma transformação logarítimica será empregada. O nível
de significância será de P
-
30
5 CRONOGRAMA
ETAPAS/MESES A S O N D J F M A M J J A S O N D
Submissão/aprovação
do projeto
X X
Submissão ao Comitê
de Ética e Pesquisa
X X
Coleta de dados X X X X X
Análise estatística e
discussão dos
resultados
X X X X X X
Defesa em banca X
Encaminhamento de
artigo
X
-
31
6 ORÇAMENTO
Itens a serem financiados Valor Total
(R$)
(R$)Fonte
viabilizadora
Custeio
Análises bioquímicas (glicemia, hemoglobina
glicada)
1.100,00 Pesquisador
Material para coleta de sangue e uso geral no
laboratório (seringas e agulhas, reagentes de uso
geral, microtubos, lâminas e lamínulas)
1.000,00 *FAPERGS
Material para o ensaio cometa (agarose de baixo
ponto de fusão, ácido tungstosilícico, nitrato de
prata, etc.)
1.300,00 *FAPERGS
Deslocamento Santa Cruz do Sul – Porto Alegre
para a realização do ensaio de PIXE pelo Instituto
de Física da UFRGS (parceria)
200,00 **CAPES
Material de escritório (folha para impressão,
pendrives)
100,00 Pesquisador
Custeio (Total) 3.700,00
* Verba do Edital Auxílio a Recém Doutores-FAPERGS (Prof. Daniel Prá R$
9.500,00) - R$ 2.300,00 destinados aos experimentos descritos
**Verba do edital da rede Nanobiotec-CAPES (Prof. Daniel Prá R$ 36.000,00).
Destinados ao projeto R$ 100,00 aos experimentos descritos
Órgão financiador: EDITAL FAPERGS n.003/2009 (Auxílio Recém Doutor Daniel
Prá: Título do projeto ―Efeitos in vitro de compostos antioxidantes sobre marcadores
fisiológicos do diabetes mellitus: uma estratégia para ampliar a compreensão sobre a
fisiopatologia e melhorar o manejo da doença‖. Recursos da CAPES virão relativos ao projeto
"microfeixes de ions em biomateriais", no âmbito da rede Nanobiotec (processo
23038.019101/2009-79)
-
32
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CAPÍTULO II
RELATÓRIO DO TRABALHO DE CAMPO
-
38
RELATO DE CAMPO
Este foi um estudo transversal quantitativo no qual foram convidados a participar indi-
víduos com características iniciais de pré-diabetes que consultaram na rede básica de saúde de
Santa Cruz do Sul, Ambulatório de Pesquisa Clínica vinculado à Área Acadêmica da UNISC,
e Clínicas particulares. A divulgação do projeto teve início em dezembro de 2010, quando o
mesmo foi enviado à Coordenação das Unidades Básicas de Saúde (UBS) e aprovado para
busca dos pacientes. A partir desse momento, foram realizadas três reuniões com os médicos
das Estratégias de Saúde da Família (ESFs) e contatados, via visita e telefone, todos os en-
fermeiros responsáveis pelas UBS. Elaborou-se material de divulgação que também foi distri-
buído nestes locais e em diversas clínicas e locais ligados à rede de saúde do município. Po-
rém, houve poucos encaminhamentos. Um grande número de pacientes chegou até a coleta
por meio de indicações de médicos e nutricionistas particulares, bem como convênios de saú-
de.
Foram avaliados 62 indivíduos com idades entre 20 e 59 anos conforme os critérios de
inclusão - indivíduos entre 20-59 anos de ambos os sexos, portadores de glicemia de jejum
acima ou igual a 100mg/dL que não fizessem uso de fármacos hipoglicemiantes orais ou insu-
lina e que aceitassem participar da pesquisa mediante assinatura do Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido.
Este estudo foi desenvolvido observando-se as seguintes etapas:
Etapa 1: Por indicações de clínicas, de nutricionistas de um convênio de saúde e
algumas do setor público, os nomes e dados dos pacientes foram informados aos responsáveis
pelo projeto. Após informações prévias realizadas nos locais de indicação, os indivíduos
foram convidados a participar da pesquisa via telefone. Os agendamentos das coletas
iniciaram em março de 2011 e os procedimentos foram realizados nas terças-feiras pela
manhã, devido ao fluxo dos procedimentos bioquímicos, no Serviço Integrado de Saúde (SIS)
– UNISC.
Etapa 2: No local das coletas os pacientes receberam orientações e esclarecimentos em
relação à pesquisa. Pacientes que aceitaram participar assinaram o termo de consentimento
livre e esclarecido. Foram realizadas os seguintes procedimentos: a) entrevista por
questionário que incluía dados pessoais e gerais sobre saúde; b) aplicação do recordatório
alimentar 24h e orientação do preenchimento do segundo recordatório alimentar 24h (fim de
semana); c) coleta de sangue para avaliação de glicemia, hemoglobina glicosilada, dano de
-
39
DNA e determinação de minerais. O material bioquímico foi encaminhado aos laboratórios
responsáveis de acordo com os protocolos descritos no projeto.
Etapa 4: Orientações e acompanhamento nutricional dos indivíduos no Serviço
Integrado de Saúde (SIS) – UNISC ou consultório nutricional particular.
-
40
CAPÍTULO III
ARTIGO
-
41
Dano de DNA e citotoxicidade em indivíduos com risco para progressão de diabetes
Danos de DNA em pré-diabetes
Camila Schreiner1,2
, Patrícia Molz2, Morgana Tonet
2, Nathamy Schenkel
2, Thiago Brites
3,
Sharbel Weidner Maluf3, Daniel Prá
1, Silvia Isabel Rech Franke
1,2*
1 PPG em Promoção da Saúde, Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), Santa Cruz do
Sul, RS, Brasil.
2 Curso de Nutrição, Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), Santa Cruz do Sul, RS,
Brasil.
3 Serviço de Genética Médica, Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Porto Alegre,
RS, Brasil.
* Corresponding author: Dra Silvia Isabel Rech Franke. PPG em Promoção da Saúde.
Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC. Av. Independência, 2293 - Prédio 42, sala 4206.
CEP: 96815-900 Santa Cruz do Sul - RS / Brasil
-
42
RESUMO
No pré-diabetes há hiperglicemia leve e estresse oxidativo, porém desconhece-se a citotoxici-
dade associada. Portanto, avaliou-se a relação entre alterações glicêmicas, danos de DNA e
citotoxicidade em pré-diabéticos. A glicemia de jejum e hemoglobina glicosilada foram avali-
ados e utilizados como critérios de inclusão. Variáveis antropométricas também foram avalia-
das. O ensaio cometa e ensaio de citoma de micronúcleos em células binucleadas foram utili-
zados para avaliar genotoxicidade e citotoxicidade. Os indivíduos foram agrupados em quartis
conforme glicemia e hemoglobina glicosilada para comparação às demais variáveis. A circun-
ferência de cintura associou-se à hiperglicemia. No terceiro quartil de glicemia houve aumen-
to na frequência de danos ao DNA avaliados pelo cometa (p
-
43
Introdução
O risco para progressão de diabetes é caracterizado quando a concentração de glicose
sanguínea está elevada em relação aos valores normais, porém ainda não elevada o suficiente
para diagnóstico de diabetes. Neste momento, o quadro pode ser nomeado como pré-diabetes
(ADA 2011).
Exames como glicemia de jejum e teste oral de tolerância à glicose (TOTG) são
utilizados para caracterizar fator de risco para diabetes (ADA 2011). Estudos prospectivos
vêm utilizando a concentração de hemoglobina glicosilada (A1C) para prever a progressão de
diabetes e demonstrando uma forte e contínua associação entre A1C e diabetes subsequente
(Zhang et al. 2010; Selvin et al. 2010). Atualmente os critérios propostos para maior risco de
pré-diabetes são: a) glicemia de jejum entre 100 e 125 mg/dL (5,6–6,9 mmol/L); ou b) TOTG
- teste de glicemia após ingestão oral de 75 g de glicose entre 140– 199 mg/L (7,8–11,0
mmol/L); ou c) A1C entre 5,7–6,4% (ADA 2011).
A obesidade, principalmente o acúmulo de gordura visceral, resulta em alterações
fisiopatológicas como menor extração de insulina pelo fígado, aumento da produção hepática
de glicose e diminuição da captação de glicose pelo tecido muscular (Denino et al, 2001). Tais
alterações podem influenciar no controle glicêmico e nos níveis A1C (Pascot et al, 2000),
sendo portanto um importante componente de várias desordens metabólicas incluindo
tolerância diminuída à glicose, dislipidemia e hipertensão, correlacionados com doença
cardiovascular aterosclerótica (Nakatsuji, 2010, ADA, 2011). Evidências vêm demonstrando
que o desenvolvimento do diabetes é também caracterizado pelo aumento do estresse
oxidativo e que parece contribuir para o desenvolvimento de complicações metabólicas e
cardiovasculares (Hopps et al. 2009). O estresse oxidativo é definido como o acúmulo de
espécies reativas de oxigênio (EROs) que causam danos à estrutura das biomoléculas de
-
44
DNA, lipídios, carboidratos e proteínas, além de outros componentes celulares. A produção
de EROs e de outras espécies reativas, é parte integrante do metabolismo humano e observada
em diversas condições fisiológicas. O aumento do estresse oxidativo tem sido proposto como
um dos maiores gatilhos de hiperglicemia nas complicações do diabetes; assim como a
hiperglicemia no organismo estimula a produção de EROs. Na hiperglicemia ocorre a auto-
oxidação da glicose, a glicação não enzimática de proteínas e a estimulação da via poliol (que
converte glicose em sorbitol e sorbitol em frutose), tais alterações metabólicos podem induzir
ao aumento de radicais livres de oxigênio e consequentemente a uma variedade de lesões no
DNA, incluindo bases oxidadas e quebras de cadeia de DNA. Sendo assim, o estresse
oxidativo é um processo deletério que pode ser um importante mediador dos danos nas
estruturas celulares na etiologia e progressão de diabetes (Shigenaga e Ames 1991; Maritim et
al. 2003; Valko et al. 2007).
Dentre os marcadores genéticos de dano no DNA podemos incluir o ensaio cometa e
ensaio de citoma de micronúcleos em células binucleadas (CBMN). O ensaio cometa é um
método simples, sensível, rápido e eficaz para a detecção de danos no DNA e pode ser
utilizado para estimar danos no DNA ao nível da célula individual através de rupturas de
filamentos, sítios de reparação, ligações cruzadas e sítios alcalinos gerados a partir de estresse
oxidativo (Tice et al. 2000). O CBMN é o marcador mais frequentemente utilizado em
linfócitos humanos para avaliar genotoxicidade e citotoxicidade in vitro e in vivo (Fenech e
Morley 1985; Fenech 2007), fornecendo informações sobre a ruptura cromossômica,
rearranjos cromossômicas, amplificação do gene e a morte celular - apoptose e necrose
(Fenech 2007). O ensaio cometa, ao contrário do CBMN, não necessita de células em
proliferação para sua aplicação, podendo ser utilizado qualquer tipo de célula. Contudo o tipo
de dano observado no ensaio cometa é possivelmente reversível (Tice et al. 2000).
-
45
Esse estudo avaliou a relação entre glicemia de jejum, A1C, danos de DNA e
citotoxicidade em indivíduos com risco para progressão de diabetes (pré-diabéticos).
-
46
Materiais e Métodos
Seleção da amostra
O protocolo do estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC) (processo 2687/10). Foram encaminhados ao
Serviço Integrado de Saúde (SIS) da UNISC, no período de março de 2010 a outubro de 2011,
indivíduos (n=60) com idades entre 20 e 59 anos com critério de risco para progressão de
diabetes, segundo exame prévio de glicemia de jejum a partir de 100 mg/dL, que não faziam
uso de fármacos hipoglicemiantes ou insulina e aceitaram participar da pesquisa (assinatura
do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido). Permaneceram no estudo indivíduos com
pelo menos um dos critérios de pré-diabetes estabelecidos pela ADA (2011), conforme os
resultados de glicemia e A1C encontrados nesse estudo. Não foram excluídos aqueles que
apresentaram valores superiores ao estabelecido para pré-diabetes, devido ao não diagnóstico
clínico e tratamento de diabetes nesses pacientes.
Os participantes do estudo foram selecionados da comunidade através da divulgação
no Ambulatório de Pesquisa Clínica (vinculado à Área Acadêmica da UNISC) do Hospital
Santa Cruz (HSC), nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), clínicas e convênios particulares.
O tamanho da amostra foi calculado a partir do efeito das variáveis (glicemia de jejum,
A1C, dano de DNA) sobre o risco de desenvolver diabetes. Considerando a correlação
múltipla destas sobre a A1C, com coeficiente de correlação (r=0,5), baseado em outros
estudos, nível de significância da correlação com poder estatístico de 80% e erro amostral
previsto (p=0,05).
-
47
Caracterização clínica e bioquímica
Foram coletadas amostras sanguíneas no início da manhã (jejum de 12h) para
determinação de glicemia de jejum, A1C e dano de DNA, em um Laboratório de Análises
Clínicas de Santa Cruz do Sul. Em todos os casos, as amostras foram mantidas a 4ºC no
escuro e transportadas ao laboratório de Nutrição Experimental da Unisc para o ensaio
cometa. Para os procedimentos de CBMN as amostras foram encaminhadas ao Laboratório de
Citogenética do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Foi utilizado para o ensaio cometa e
CBMN anticoagulante heparina. EDTA foi utilizado para avaliação da glicemia de jejum e
A1C.
O Índice de Massa Corporal (IMC; Kg/m2) foi calculado através das medidas de peso
corpóreo e altura, coletados por balança antropométrica. Para verificação da circunferência de
cintura (CC) foi utilizada fita métrica inelástica, para a estimativa do percentual de gordura foi
utilizado equação de Siri e classificação de Pollock e Wilmore (1993).
Dano de DNA: ensaio cometa
O ensaio cometa alcalino foi realizado conforme protocolo padrão (Prá et al. 2011).
Foram analisadas cem células por indivíduo, selecionadas aleatoriamente (50 por lâmina, 2
lâminas por indivíduo) em microscópio convencional com magnificação de 200X. O dano foi
visualmente determinado pela classificação das células (morfologia em forma de ―cometa‖)
em cinco classes de migração de DNA, de dano 0 (sem dano, morfologia circular apenas
―cabeça‖ e nenhuma ―cauda‖) até dano 4 (dano máximo, ―cauda‖ pronunciadamente maior do
que a ―cabeça‖). O índice de dano (ID) obtido pela soma de células individuais classificadas,
variando de 0 (nenhum dano: 100 células x 0) para 400 (dano de máximo: 100 células x 4). A
Frequência de Dano (FD), em porcentagem (%) calculada pela relação entre o número de
-
48
células com dano (classificadas de 1-4) e o total de células da amostra. Células com núcleos
não detectáveis (NDCN) (cabeça e cauda separadas) não foram consideradas.
Dano de DNA: CBMN
O teste de micronúcleos em células binucleadas foi realizado de acordo com o método
descrito por Fenech e Morley (1985) e adaptado por Maluf (2004). As amostras de sangue
(0,5 mL) foram colocadas em cultura contendo 5 mL de RPMI 1640 suplementado com 20%
de soro bovino fetal e 0,2% de fitohemaglutinina. Os frascos de cultura foram encubados em
estufa a 37ºC por 44 horas. Após esse período, foram adicionados 4,5 g/mL de citocalasina B
as suspensões celulares, que foram encubadas por mais 28 horas. Posteriormente, as
suspensões celulares foram tratadas com agente hipotônico (KCl), fixadas em solução 3:1 de
metanol e ácido acético e, então, pingadas sobre lâminas de microscopia (pelo menos 2 por
indivíduo). As lâminas foram coradas com Giemsa. Foram analisadas 500 células por
indivíduo quanto à frequência de células apoptóticas e necróticas, bem como para obtenção do
índice de proliferação celular (IPC). O IPC foi calculado pela razão entre o número de células
que sofreram divisão (binucleadas e tetranucleadas) e o número de células que não sofreram
divisão (mononucleadas). Foram analisados 2000 linfócitos binucleados por indivíduo para
avaliação da frequência de micronúcleos (MN), brotos nucleares (NBUD), pontes
nucleoplasmáticas (NPB), células apoptóticas, células necróticas. A soma de dessas
frequências deu origem ao total de alterações celulares e nucleares (N.A) por 2000 células.
-
49
Análise estatística
Os dados foram analisados no programa Statistical Package for Social Science (SPSS)
(versão 18.0) e as figuras foram plotadas no programa Graphpad Prism versão 5.0 (Graphpad
Inc, San Diego, CA). Os indivíduos foram divididos em quatro grupos, de acordo com os
quartis de glicose e A1C para comparação das variáveis entre os grupos. As variáveis foram
comparadas por análise de variância (ANOVA), seguido de teste de Tukey e correlações de
Pearson foram utilizadas para buscar a relação dos dados clínicos e bioquímicos (glicemia e
A1C) e o dano de DNA (ensaio cometa e CBMN). Foram considerados os valores de p
inferiores 0,05 como significativos.
-
50
Resultados
Marcadores de pré-diabetes e de obesidade
As características clínicas do grupo de estudo estão apresentadas na tabela 1. Dos 60
participantes, 38 foram do sexo feminino e a maioria dos indivíduos foi de meia-idade. Houve
correlação significativa entre a glicose sanguínea e A1C (r=0,660; p
-
51
de células necróticas no quarto quartil em relação ao primeiro (Fig.5 a).
Não houve significância estatística na comparação de A1C e danos de DNA. No
entanto, conforme demonstrado na figura 5 (b,d,f) ocorreu o aumento na morte celular
(apoptose e necrose) e na frequência total de alterações nucleares e celulares (N.A) no último
quartil (A1C média 6,7 ± 0,24%) segundo o CBMN. Observou-se correlação entre necrose e
A1C (r=0,042, p=0,005) (Fig.6 b), e entre o ID e a FD e a frequência de brotos nucleares e
células necróticas (Fig.7 a,b,c,d).
Discussão
Esse estudo avaliou a relação entre glicemia de jejum e A1C, danos de DNA (ensaio
cometa e CBMN), citotoxicidade combinada com genotoxicidade (CBMN) e caracterização
antropométrica em indivíduos com risco para progressão ao diabetes (pré-diabéticos), sem o
uso de medicações para controle de glicemia.
Está bem consolidado que a obesidade, a inatividade fisica e a má alimentação são
fatores de risco para o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíves (ADA, 2011).
Apesar de opiniões controversas sobre qual medida de obesidade está mais fortemente
associada ao risco de desenvolver diabetes, estudos vêm mostrando que métodos de
classificação de acúmulo de gordura visceral estão mais associados ao diabetes quando
comparados aos métodos de classificação de peso corporal (Qiao e Nyamdorj 2010). No
presente estudo o indicador de adiposidade central (CC) se sobressaiu em relação aos
marcadores gerais de obesidade (IMC e percentual de gordura) quando comparados à
glicemia de jejum e A1C, reforçando a associação da gordura visceral ao risco de desenvolver
diabetes.
Em relação aos biomarcadores de danos de DNA, a glicemia de jejum demonstrou