Teoria da Relatividade Restrita dos Sonhos e o 25 de Abril em Portugal

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1 A TEORIA DA RELATIVIDADE RESTRITA DOS SONHOS, AS ARCAS E O 25 DE ABRIL EM PORTUGAL Spezielle Relativitätstheorie der Träume und der 25. April in Portugal - Albert Eintraum Albert Eintraum[1] Tradução: Renato Roque [1] Minnesolta University – Hiperphysic Department, USA Resumo Em 1999 o Departamento de Hiperfísica da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto convidou-nos para realizar um estudo sobre a realidade onírica portuguesa e sobre os acontecimentos em Portugal a seguir ao 25 de Abril de 1974. A efervescência de sonhos e de sonhadores nos tempos pós revolução deveria constituir informação extremamente importante para ser analisada à luz da Teoria da Relatividade dos Sonhos. Os objectivos fundamentais do estudo eram compreender o que acontecera aos sonhos e aos sonhadores em Portugal depois do 25 de Abril e perceber porque aumentou exponencialmente o consumo das arcas de sonhos a partir dos anos 80. A resposta a estas questões só foi possível recorrendo à Teoria da Relatividade Restrita dos Sonhos (TRSS). Só esta teoria revolucionária permite, em contraposição com a velha e esclorosada Teoria Clássica dos Sonhos (TCS), interpretar os dados oníricos e perceber o que de facto se passou e está a passar em Portugal e no mundo, interpretando o comportamento dos sonhos dentro e fora do coração, justificando porque aceleram e aumentam progressivamente de velocidade e explicando as consequências desse comportamento. Este artigo sintetiza as principais conclusões do estudo realizado a pedido da FEUP. Estas conclusões foram entretanto objecto de algumas actualizações para incluir dados mais recentes de 1999 a 2006. Alguns resultados relativos a outros estudos sobre a situação na Europa e no mundo foram também integrados neste artigo para uma melhor compreensão do contexto onírico global. Faz-se também uma introdução simples à teoria que serviu de base aos estudos realizados, para melhor compreender os resultados e porque continua a ser urgente divulgar de uma forma simples e acessível as principais ideias revolucionárias reveladas pela TRRS.

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Ensaio de Albert Eintraum sobre a TRRS e o 25 de Abril

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A TEORIA DA RELATIVIDADE RESTRITA DOS SONHOS, AS

ARCAS E O 25 DE ABRIL EM PORTUGAL

Spezielle Relativitätstheorie der Träume und der 25. April in Portugal - Albert Eintraum

Albert Eintraum[1]

Tradução: Renato Roque

[1] Minnesolta University – Hiperphysic Department, USA

Resumo

Em 1999 o Departamento de Hiperfísica da Faculdade de Engenharia da

Universidade do Porto convidou-nos para realizar um estudo sobre a realidade

onírica portuguesa e sobre os acontecimentos em Portugal a seguir ao 25 de Abril de

1974. A efervescência de sonhos e de sonhadores nos tempos pós revolução deveria

constituir informação extremamente importante para ser analisada à luz da Teoria

da Relatividade dos Sonhos.

Os objectivos fundamentais do estudo eram compreender o que acontecera aos

sonhos e aos sonhadores em Portugal depois do 25 de Abril e perceber porque

aumentou exponencialmente o consumo das arcas de sonhos a partir dos anos 80. A

resposta a estas questões só foi possível recorrendo à Teoria da Relatividade Restrita

dos Sonhos (TRSS). Só esta teoria revolucionária permite, em contraposição com a

velha e esclorosada Teoria Clássica dos Sonhos (TCS), interpretar os dados oníricos

e perceber o que de facto se passou e está a passar em Portugal e no mundo,

interpretando o comportamento dos sonhos dentro e fora do coração, justificando

porque aceleram e aumentam progressivamente de velocidade e explicando as

consequências desse comportamento.

Este artigo sintetiza as principais conclusões do estudo realizado a pedido da FEUP.

Estas conclusões foram entretanto objecto de algumas actualizações para incluir

dados mais recentes de 1999 a 2006. Alguns resultados relativos a outros estudos

sobre a situação na Europa e no mundo foram também integrados neste artigo para

uma melhor compreensão do contexto onírico global. Faz-se também uma

introdução simples à teoria que serviu de base aos estudos realizados, para melhor

compreender os resultados e porque continua a ser urgente divulgar de uma forma

simples e acessível as principais ideias revolucionárias reveladas pela TRRS.

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1. Introdução - O 25 de Abril e a TRRS

Quando aconteceu o 25 de Abril a Teoria da Relatividade Restrita dos

Sonhos – a TRRS – e ainda mais a Teoria da Relatividade Generalizada dos

Sonhos – a TRGS - eram quase desconhecidas em Portugal. O sonho era

quase proibido e por isso a TRRS e a TRGS eram teorias revolucionárias

ignoradas, mas ao mesmo tempo inúteis, pois os sonhos que conseguiam

resistir eram poucos e muito pouco acelerados. E os que aceleravam um

pouco mais, bem sabemos o que lhes acontecia. Não foi por isso necessário

ao regime totalitário preocupar-se com a venda das arcas de sonhos. Muito

simplesmente não havia mercado para elas!

A situação modifica-se completamente com o 25 de Abril. Os corações

enchem-se de sonhos. Durante alguns anos os sonhadores guardam-nos aí,

mas nos anos 80 esse músculo pulsante, símbolo de vida, rebenta já pelas

costuras. Aparecem então finalmente no mercado português as arcas de

sonhos. Durante alguns anos ainda timidamente, trazidas do estrangeiro

apenas para elites abastadas, mas, a partir do início da década de 80, estes

electrodomésticos tornam-se, a pouco e pouco, cada vez mais populares.

Hoje, em Portugal, o consumo das arcas do passado e do futuro segue as

tendências de crescimento de toda a Europa.

Mas a que se deveu verdadeiramente esta necessidade crescente de

recorrer às arcas de sonhos, cujo consumo aumentou em flecha nos últimos

anos? Para o compreender é fundamental recorrer à TRRS. Vamos por isso

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começar com uma breve apresentação dessa teoria, pois, apesar de ser uma

teoria comprovada e já com bastantes anos, nunca houve uma preocupação

séria na sua divulgação em Portugal e ela permanece desconhecida para a

maioria das pessoas.

Depois observaremos alguns dados disponíveis sobre os sonhos e o

consumo das arcas em Portugal depois do 25 de Abril, e tentaremos

interpretá-los com base na teoria. Por fim, tentaremos enquadrar a situação

portuguesa no contexto global da Europa e do mundo, a partir de alguns

dados de consumo de arcas em vários países da Europa e noutras regiões.

2. A Teoria Clássica dos Sonhos

Durante muito tempo pensou-se e propagou-se que o espaço e o tempo

dos sonhos eram absolutos, mensuráveis e independentes do sonhador.

Na Teoria Clássica dos Sonhos cada sonho necessita de um espaço

característico próprio para sobreviver. Este espaço é proporcional ao

tamanho do coração do sonhador. Assim, um mesmo sonho ocupará o

dobro do espaço, num sonhador com um coração com o dobro do tamanho.

Define-se espaço-referência de um sonho, como o espaço ocupado por esse

sonho num coração de tamanho unitário. Também o tempo de duração de

um sonho é absoluto e característico de um par sonhador-sonho. Define-se

tempo-referência de um sonho exactamente da mesma maneira, como o

tempo gasto por esse sonho num coração referência, de tamanho unitário.

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Só depois da publicação do tratado ´O sonho e o espaço-tempo´ em 1952,

onde pela primeira vez a Teoria da Relatividade Restrita dos Sonhos foi

apresentada, foi possível estabelecer de forma clara e científica o

comportamento dos sonhos na realidade espaço-tempo e comprovar os

erros grosseiros da TCS.

3. A Teoria da Relatividade dos Sonhos – a TRRS e a TRGS

A Teoria da Relatividade dos Sonhos é constituída por uma versão

Restrita ou simplificada, a TRRS, e por uma versão posterior Generalizada,

a TRGS.

A TRRS analisa o comportamento de um sonho isolado no espaço-tempo,

deduzindo todas as expressões matemáticas que quantificam esse

comportamento, dentro e fora do coração.

A TRRS demonstrou sem ambiguidade que os conceitos clássicos são

apenas válidos enquanto o sonho tem baixas velocidades e não atinge

velocidades próximas da velocidade da loucura. Nesse caso, os efeitos da

relatividade são desprezáveis. Mas a verdade é que os sonhos no interior

do coração são sujeitos a acelerações elevadíssimas, atingindo rapidamente

velocidades para as quais os efeitos relativistas têm de ser considerados.

Essas acelerações são resultantes da pressão sanguínea causada pela

passagem do sangue das aurículas para os ventrículos. Os sonhos não

passam pelos filtros existentes entre as cavidades do coração, e são sujeitos

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a um movimento de redemoinho, aumentando progressivamente de

velocidade.

A TRRS analisa o comportamento de um sonho no espaço-tempo,

quando esse sonho é considerado isoladamente, sem a interferência de

outros sonhos, ou seja, uma situação simplificada, que não reflecte

inteiramente a realidade.

A Teoria da Relatividade Generalizada dos Sonhos, a TRGS, estendeu a

TRRS a condições reais, onde coexistem muitos sonhos interagindo. A

TRGS já considera a influência de outros sonhos e de outros sonhadores.

Essa presença produz uma chamada deformação do espaço-tempo dum

sonho. No entanto, a TRGS, pela sua complexidade e especificidade, não foi

considerada no estudo realizado e não será, por isso, apresentada com

detalhe neste artigo. O estudo teve, por razões de tempo e de recursos, de

recorrer a um modelo simplificado.

Teria sido no entanto muito interessante, alargar o âmbito desse estudo e

analisar a forma como vários sonhos ainda pouco acelerados foram

deformados no espaço-tempo pela presença próxima, dominadora de

alguns sonhos já muito acelerados. Teria sido extraordinário poder

confirmar a teoria defendida por alguns hiperfísicos de que alguns grandes

sonhos no fim da década de 70, princípio da de 80, agregaram à sua volta

miríades de pequenos sonhos, criando buracos negros oníricos. Esses

buracos negros oníricos teriam sugado um grande número de sonhos da

época que misteriosamente desapareceram, sem deixar qualquer rasto. Será

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talvez matéria para um próximo projecto de investigação, se existir vontade

política para o viabilizar.

3.1 A TRRS para os sonhos no coração

De acordo com a TRRS que acontece a um sonho dentro do coração,

quando a sua velocidade aumenta?

A teoria deduziu que o espaço ocupado pelo sonho se contrai, quando a

velocidade cresce, tal como se pode observar na expressão (1), onde v

representa a velocidade de paixão do sonho, e c a velocidade da loucura.

(1)

Para velocidades baixas, a diminuição do espaço é insignificante, mas à

medida que a velocidade se aproxima da velocidade da loucura, o espaço

contrai-se significativamente, criando lugar para outros sonhos dentro do

coração como se pode observar na figura 1.

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Figura 1 – Variação do espaço ocupado por um sonho referência com a velocidade

Em teoria, à velocidade da loucura, o espaço ocupado por cada sonho

seria nulo, cabendo no coração do sonhador um número infinito de sonhos!

E o tempo de duração do sonho? Ao contrário do espaço, a TRRS

demonstrou que o tempo se expande com a velocidade, como se observa na

expressão (2).

(2)

À medida que a velocidade cresce, o tempo de duração do sonho dilata

até se tornar infinito, quando se atinge a velocidade da loucura, como se

observa na figura2.

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Figura 2 - Tempo de duração de um sonho dentro do coração em função da

velocidade

Este fenómeno explica por que razão, quando a velocidade de um sonho

atinge valores significativos, este dura muito tempo, para além da morte do

sonhador.

As expressões (1) e (2) quantificam os conhecidos fenómenos de

contracção do espaço e de dilatação do tempo a velocidades elevadas.

Mas a TRRS provou também que a massa do sonho, e portanto

igualmente o esforço desenvolvido pelo sonhador, se expandem com a

velocidade, de forma idêntica ao tempo, como se observa no expressão (3).

(3)

v c v = c

t0

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Portanto à velocidade da loucura, os sonhos no coração não ocupam

espaço, duram um tempo infinito, e têm uma massa também infinita!

Um sonhador, acelerando os sonhos à velocidade da loucura, poderia

transportar no coração um número infinito de sonhos, que o ocupariam a

todo o tempo e lhe consumiriam toda a energia.

Por isso, a TRRS apresenta esta velocidade como um limite teórico, mas

impossível de atingir por um sonho, pois exigiria do sonho uma energia a

tender para o infinito para continuar a acelerar!

3.2 A TRRS para os sonhos fora do coração

Em nome do rigor científico que norteia este trabalho teremos de

começar por fazer uma observação importante para esta situação. Para os

sonhos fora do coração dever-se-á falar não em velocidade de paixão do

sonho e como seu limite teórico na velocidade da loucura, mas em

velocidade de despaixão do dessonho e velocidade da desloucura. Esta

diferença subtil no comportamento dos sonhos, dentro e fora do coração, só

foi completamente compreendida com o desenvolvimento de uma outra

teoria, a Teoria Quântica dos Sonhos, a TQS de Heisentraum. Heisentraum,

um bom amigo, infelizmente entretanto desaparecido, é conhecido

sobretudo pelo famoso Princípio da Incerteza Onírica de Heisentraum1. Foi

1 1Heisentraum aqueceu um sonho ao rubro e colocou-o a rodar à volta do coração a alta velocidade. Previu com rigor a posição do sonho passadas 24 horas. Ao tentar confirmar os cálculos efectuados, encontrou sistematicamente um desvio significativo. Esse desvio variava, dentro de determinados limites, cada vez que fazia uma experiência. Depois de ter confirmado e reconfirmado os cálculos, pensando tratar-se de um erro de medição, aproximou-se do sonho para o poder observar de mais perto, e surpreendido constatou que o erro aumentava. Percebeu então que a sua presença afectava os resultados da observação, tendo então formulado o famoso princípio da incerteza que viria a ter o seu nome. Devido a este princípio Heisentraum é por muitos mal amado, tendo-se inventado histórias incríveis a seu respeito. Propaga-se por exemplo desavergonhadamente que Heisentraum teria inventado o

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ele quem introduziu o conceito de spin2 aos sonhos. Pela sua complexidade,

também não nos iremos debruçar neste artigo sobre a TQS e sobre a sua

relação com o comportamento singular dos sonhos, quando fora do

coração.

Mas então, o que acontece a um sonho fora do coração? A resposta é-nos

dada mais uma vez pela TRRS: um sonho fora do coração também tem

tendência para acelerar. Curiosamente esta aceleração é tanto maior quanto

maior for a distância ao coração do sonhador, como se pode observar na

expressão (4), onde a é a aceleração do sonho, e d a sua distância ao coração

do sonhador.

a=Kd1/2a=kd1/2a=kd1/2a=kd1/2 a=kd1/2 (4)3

Mas essa aceleração é em condições normais muito pequena e a

velocidade aumenta muito lentamente!

princípio da incerteza para ganhar ao póker de dados, jogo em que seria terrivelmente viciado. Conta-se ainda que eu, num momento de fúria, estando a perder tudo, teria gritado com fúria “Não volto a jogar os dados com Deus!” (Nota: Heisentraum era conhecido junto dos colegas por Deus, devido às suas longas barbas brancas inconfundíveis). 2 O conceito de spin de um sonho, tal como quando aplicado a qualquer partícula do Universo, indica o seu aspecto quando visto de diferentes lados. Um sonho de spin 0 será igual visto de qualquer lado. Pelo contrário, se o spin for 1 será diferente de todos os lados: Se o rodarmos só voltará a ser o mesmo ao fim de 360 graus. Se se conseguisse um sonho de spin 2, bastaria rodar 180 graus, de spin 3 120 graus, e assim sucessivamente. Ora, enquanto o sonho acelerado dentro do coração tem um spin 0, fora do coração adquire um spin 1, chamando-se por isso um dessonho. Ainda não foram descobertos sonhos com outros valores de spin. É por adquirir um spin 1 que se torna tão difícil recuperar sem deformação o sonho original, a partir do dessonho em que se transformou, ao guardá-lo fora do coração. Muitas vezes, por simplicidade, a palavra sonho é utilizada num sentido global, designando sonhos e dessonhos. Ter-se-á no entanto de ter o cuidado de não deixar qualquer dúvida se se fala de sonhos dentro ou fora do coração, pois têm comportamentos muito diferentes. 3 A constante K é pessoal e intransmissível. Medidas feitas com milhares de sonhadores provaram o resultado que já tinha sido previsto pela TRRS: K é proporcional à massa do coração do sonhador somada à massa de todos os sonhos, que aí guarda em cada momento. Esta constante é no entanto em condições normais bastante pequena, pelo que o aumento da velocidade dos sonhos se faz lentamente, a menos que se utilizem aceleradores artificiais.

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A TRRS mostrou também que à medida que a velocidade da despaixão

de um dessonho fora do coração aumenta, o espaço por ele ocupado se

contrai, de forma idêntica à observada para os sonhos, na expressão (1).

Mas, ao contrário do que acontecia com os sonhos, o tempo de duração e

a massa do dessonho, e consequentemente o esforço desenvolvido pelo

sonhador, contraem-se também, como se observa nas expressões (5) e (6),

onde v representa neste caso a velocidade de despaixão do dessonho, e c a

sua velocidade de desloucura. Tal significa que também a evolução do

tempo e da massa de um dessonho, com a velocidade, é idêntica à que

vimos para o espaço na figura 1.

Para os sonhos fora do coração, o espaço, o tempo e a massa diminuem,

quando o sonho acelera e a velocidade aumenta!

(5)

(6)

Conclusão: À velocidade limite os dessonhos ocupariam um espaço

nulo e teriam uma duração e uma massa também nulas!

As expressões (1) a (6), que apresentámos, quantificam o comportamento

dos sonhos e dos dessonhos no espaço-tempo.

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4. As arcas de sonhos

É nos resultados apresentados pela TRRS para os dessonhos que se

baseiam as hoje vulgarizadas e populares arcas de sonhos,

electrodomésticos utilizados para guardar os sonhos de um sonhador no

passado ou no futuro.

Como vimos, os dessonhos, ao contrário dos sonhos, quando aceleram, e

isto é muito importante pois constitui a base teórica que justifica a utilidade

das arcas de sonhos, pesam cada vez menos no coração do sonhador, e

ocupam-no cada vez menos em espaço e tempo. Mas, em condições

normais, como referimos, a aceleração dos sonhos fora do coração é muito

pequena e por isso esta evolução é extremamente lenta. Os sonhos

demorariam toda a vida a perder um pouco do espaço e do tempo que

ocupam, o que limita as potencialidades dos velhos baús de sonhos.

As arcas ultrapassam esta limitação:

• recorrendo a aceleradores artificiais num campo de gravitação

muito forte, conseguem tornar os efeitos, resultantes do aumento

da velocidade, muitíssimo mais rápidos, diminuindo assim muito

rapidamente o espaço ocupado, o tempo de duração, e a massa de

um sonho guardado no seu interior;

• simulando as condições de singularidade para a viagem no tempo,

fazem os sonhos viajar para o passado ou para o futuro.

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Os resultados comprovados, obtidos pelas arcas, constituíram mesmo a

primeira e verdadeira confirmação experimental de toda a teoria da

relatividade.

Existem, como se sabe, basicamente dois tipos de arcas:

• arcas do passado, indicadas para sonhos totalmente indesejáveis.

Os sonhos acelerados entram rapidamente no passado, destruindo

a recordação no sonhador, e acabando por não deixar quaisquer

resíduos não recicláveis;

• arcas do futuro. Graças a elas, livramo-nos facilmente de sonhos

inoportunos, mas mantendo no entanto viva a ilusão de estarem

disponíveis no futuro, se viermos a precisar deles.

Não é por acaso que as arcas do futuro, ao manterem a ilusão de

disponibilidade de um sonho, são toleradas, mesmo populares, entre

alguns intelectuais da chamada esquerda, em especial duma esquerda

moderna e pós-moderna, ao contrário dos mais ortodoxos que rejeitam

qualquer tipo de arca e contrapõem os corações ou, quando muito, os

velhos baús de sonhos.

5. As Arcas de Sonhos e o 25 de Abril em Portugal

Após esta breve visita à TRRS talvez possamos compreender em parte o

que aconteceu em Portugal após o 25 de Abril.

Antes de tudo é interessante realçar uma vez mais que ainda não foi feito

um estudo científico aprofundado, baseado na TRRS e TRGS, para a

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experiência portuguesa pós 25 de Abril. Os poucos dados que conseguimos

reunir aqui e ali, no entanto, são extremamente interessantes e permitem-

nos observar alguns fenómenos significativos.

Figura 3 - Evolução do número de arcas em Portugal

ANO n.arcas passado / 100 hab. n.arcas futuro / 100 hab.

1980 0,02 0,08 1982 1 2 1984 2 4 1986 5 7 1988 8 8 1990 17 10 1992 19 12 1994 24 16 1996 24 15 1998 27 18 2000 31 22 2002 42 31 2004 80 62 2006 99 80

Tabela 1 - Evolução do número de arcas em Portugal4

4 Dados oficiais da AVAP – Associação dos Vendedores de Arcas em Portugal. O valor para 2006 constitui uma estimativa.

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Comecemos por atentar nos dados relativos à evolução do consumo de

arcas em Portugal, representados na figura 3 e listados na tabela 1.

Como se observa, até 1980, apesar de a TRRS ser conhecida em Portugal e

os artigos e revistas da especialidade serem discutidos entre os académicos,

as arcas não são comercializadas. Há apenas alguns exemplares trazidos do

estrangeiro por algumas pessoas curiosas e ávidas de conhecer tudo o que

fosse moda na Europa. E as arcas já eram um artigo popular em muitos

países europeus.

Mas na década de 80 os sonhos, já demasiado acelerados, tornam-se

insuportáveis e o consumo aparece e aumenta durante toda a década. De

início, o consumo das arcas do futuro, apesar de mais caras e menos

eficientes, aumenta mais rapidamente do que o consumo de arcas do

passado. Isto dever-se-á, em particular, ao facto de a princípio serem

sobretudo os intelectuais que compram as arcas, que são uma novidade, e,

porventura, por de início se recusarem a lançar definitivamente no passado

os sonhos que carregaram durante anos. Mas a situação logo se inverte com

a massificação do consumo e com o desalento dos intelectuais.

Um outro aspecto importante a analisar tem a ver com as características

dos sonhos. Como se observa na figura 4 e na tabela 2, após o 25 de Abril

predominavam os sonhos de grande dimensão espaço-temporal. Eram por

isso sonhos que tinham tempo para ser muito acelerados, reforçando todos

os fenómenos descritos atrás.

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Figura 4 – Evolução da duração media de um sonho em Portugal

Ano Duração média de um sonho em meses

1980 140,1

1982 96,2

1984 48,3

1986 24,5

1988 12,7

1990 6,6

1992 4,5

1994 2,0

1996 2,5

1998 1,5

2000 1,3

Tabela 2 – Evolução da duração media de um sonho em Portugal5

5 Dados disponibilizados pelo Departamento de Hiperfísica da FEUP.

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Esta situação tornou-se insustentável a partir dos anos 80 e o mercado

das arcas floresceu, para guardar estes sonhos de grande velocidade, como

vimos.

Mas os sonhadores necessitam de sonhos, pois o coração vazio mirra e

definha, sendo a origem de um conjunto vasto de doenças, bem conhecidas

dos médicos oniritologistas. Houve por isso necessidade de criar sonhos de

pequena dimensão e de pequena duração. Sonhos para usar e deitar fora.

Floresce então uma nova indústria produtora de sonhos de consumo: um

novo automóvel, umas férias nos mares do sul, um microondas, uma casa

de praia em Vila Moura, um lugar de administrador de uma qualquer

empresa pública ou privada, uma reforma na CGD, um lugar de consultor,

ministro, secretário de estado, deputado, presidente de câmara ou de junta,

de vereador, etc..

É também neste panorama de sonhos curtos, quando a tendência inicial

se inverte e as arcas do passado em vez das arcas do futuro já dominam

claramente o consumo, que surgem os primeiros movimentos eco-oníricos

em Portugal, procurando recuperar sonhos de grande dimensão espaço-

temporal. Manter um sonho acelerado nos corações durante muito tempo

tornara-se a partir de determinada altura – na década de 80 - um projecto

demodé para a maioria das pessoas e claramente indesejável para o poder.

Na origem destes movimentos está uma tentativa de oposição ao

consumo cada vez mais massificado das arcas, sobretudo de arcas do

passado, mas teremos de ver aqui, porventura também, alguma influência

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de movimentos idênticos, já com alguma expressão noutros países da

Europa. Em Portugal alguns grupos muito restritos de pessoas escolheram

alguns sonhos de pequeno formato, em tons de azul. Os sonhos em tom

azul mar são os que aceleram mais rapidamente; o comprimento de onda

do azul mar está em ressonância com as dimensões médias do coração de

um sonhador português. Os poetas perceberam-no há muito, sem precisar

da TRRS. Esses eco-oniristas pegaram em pequenos sonhos em tons de

azul, mas de grande dimensão espaço-temporal potencial, e aceleraram-

nos, procurando reparti-los pelos seus corações, pensando que a aceleração

de um sonho dividido seria mais fácil de suportar. Mas o sonho sempre

acelerou de forma diversa nos vários corações, se desequilibrou, pesou

demasiado nalguns e hoje temos esses sonhos recuperados repartidos, não

só por corações, mas também em arcas do passado, arcas do futuro e velhos

baús.

Voltando à evolução das tendências no consumo em Portugal, que

observámos, será também curioso observar a forma como evolui o consumo

em Portugal durante a década de 90, com um crescimento inicial a ritmo

constante, mas com uma estabilização inesperada entre 94 e 96, que pode

ser confirmada nas figuras 3 e 4, mas que rapidamente retoma o índice de

crescimento anterior. Se nos lembramos, durante esses dois anos, velhos

sonhos adormecidos foram despertados pelos Estados Gerais de

Sonhadores. Foram, como sabemos, rapidamente postos a dormir

novamente. E os que não queriam adormecer, arcas com eles!

Transformaram mesmo, numa operação de grande envergadura e de

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tecnologia muito avançada, um grande pavilhão numa arca de sonhos

gigante. Por isso, esse Pavilhão Multi-Usos passou a ser conhecido pelos

sonhadores como o Pavilhão-Arca!

Depois desta pequena perturbação o consumo voltou a crescer

regularmente ao ritmo anterior, até ao ano 2002, ano em que surge uma

outra perturbação. De 2002 a 2004 a procura foi tão grande que provocou

sérias rupturas de stocks. Curiosamente durante este período houve apenas

uma pequena inversão na tendência de procura, durante duas semanas de

Junho de 2004, coincidentes com a 2ª fase do Euro 2004. A procura

desenfreada das arcas de 2002 a 2004 originou uma alta de preços nunca

vista. As arcas eram vendidas no mercado negro. Não havia fiscalização.

Foram vendidas arcas do passado por arcas do futuro. Os números oficiais

de que dispomos podem portanto não traduzir toda a verdade. Época de

crise, mas de grandes negócios para a banca e para os construtores e

vendedores de arcas. Curiosamente quase sempre os mesmos!

Por último, analisando os dados relativos às vendas mensais de arcas,

disponibilizados pela AVAP, Associação dos Vendedores de Arcas em

Portugal, mas que ainda não foram publicados, será curioso observar uma

ligeira tendência de abrandamento no consumo em Fevereiro de 2005. Esta

tendência durou 3 meses. A partir de Junho de 2005 assiste-se de novo ao

crescimento do consumo a ritmos anteriores. Nem o período de férias de

verão, que costuma provocar um ligeiro decréscimo neste ritmo, se fez

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sentir em 2005! Os valores estimados para o final de 2006 pela AVAP

reflectem os ritmos de crescimento anteriores a 2002.

6. As arcas no resto do mundo

É também muito interessante observar alguns dados públicos sobre o

consumo das arcas e as tendências de evolução na Europa e noutras partes

do mundo e tentar comparar com a realidade portuguesa.

6.1 Portugal e a Europa

Como se constata na figura 5, em Portugal em 1975 não havia arcas, mas

no ano 2000 a tendência de consumo de arcas segue o padrão dos países

europeus mais ricos, ainda que atrasada alguns anos.

Figura 5 – Evolução do consumo na Europa (1975/2000)

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Ano

Arcas Passado

Portugal %

Arcas Futuro

Portugal %

Arcas Passado

França

Arcas Futuro

França

2000 31 32,0 22 23,9 97 92

2002 42 42,4 31 32,6 99 95

2004 80 79,2 62 63,9 101 97

2006 99 95,2 80 80,0 104 100

Tabela 3 – Comparação da evolução do consumo em Portugal e em França6

A partir dos dados publicados em diversos países da comunidade

europeia é muito fácil concluir que desde o ano 2000 todos os parâmetros

de consumo de arcas em Portugal têm tido uma aproximação progressiva

aos padrões europeus, como se observa na tabela 3, para o caso da

comparação com a França. Em 2004 o consumo de arcas do passado em

Portugal teve um valor de cerca de 80% do valor francês, e o valor esperado

para 2006 será já de 95%, isto quando no ano 2000 o consumo português era

de apenas 32% do consumo francês. Este facto ainda é mais relevante pois

esta convergência contraria o que acontece com muitos outros indicadores

padrão em que, como se sabe, o atraso português se tem mantido ou

acentuado. Esta discrepância parece demonstrar a importância que os

portugueses dão à posse das arcas, um bem a que dão prioridade

relativamente a quase todos os outros bens de consumo!

6 Os dados relativos a França foram fornecidos pela congénere da AVAP em França.

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6.2 A América e o 3º mundo7

Como compreender a situação nos EUA, onde em média cada americano

tem várias arcas, espalhadas pelos compartimentos da casa, quando

olhamos para o que se passa em África?

Figura 6 – Consumo na América e África

E como se constata na figura 7 também os afegãos, os palestinos, tal como

os tchetchenos, os curdos, os sarauhis não têm arcas. São obrigados a

carregar todos os muitos sonhos ultra-acelerados dentro do coração, até ao

coração rebentar e os sonhos serem cuspidos em todas as direcções.

7 Os dados relativos à América e a vários países do 3º mundo têm procedências diversas.

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Figura 7 – Consumo no Afeganistão e Palestina

6.3 O consumo de arcas como indicador de crise social

É interessante verificar a forma como perturbações dos índices de

consumo de arcas parecem estar correlacionadas com situações de crise

social, podendo constituir um critério para as detectar e melhor as

compreender.

Os dados relativos à evolução do índice de consumo8 na Alemanha ao

longo do ano de 2001 permitem evidenciar essa correlação. Observando a

figura 8 e a tabela 4 (dados fornecidos pela DTVG - Deutsche

Truhenverkaufsgemeinschaft), apercebemo-nos de que o consumo na

Alemanha se manteve estável de Janeiro a Junho mas que, à semelhança do

que acontece todos os anos, desceu muito durante os meses de Verão, que

coincidem com férias. Mas nesse ano, por razões facilmente identificadas,

8 O índice de consumo nestes dados divulgados pela DTVG mede em percentagem a relação entre o consumo real e a previsão do consumo médio mensal, feita no ano anterior pela DTVG.

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cresceu abruptamente nos meses após Setembro 2001, em vez de regressar

aos patamares da Primavera, como em anos anteriores, só estabilizando e

regressando aos valores normais no ano seguinte.

Figura 8 – Índice de consumo de arcas ao longo do ano 2001 na Alemanha

Mês Índice consumo arcas passado Índice consumo arcas futuro

Jan 100 110

Fev 102 111

Mar 101 109

Abr 99 106

Mai 102 108

Jun 100 107

Jul 88 95

Ag 60 80

Set 140 120

Out 155 130

Nov 180 150

Dez 200 170

Tabela 4 - Índice de consumo de arcas ao longo do ano 2001 na Alemanha9

6.4 A situação na Alemanha

A Alemanha é por várias razões também um caso interessante para

análise. Por um lado é um dos países europeus onde há movimentos eco-

9 Dados fornecidos pela DTVG - Deutsche Truhenverkaufsgemeinschaft.

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oníricos mais fortes e há mais tempo. Por outro lado sofreu um processo de

reunificação recente, juntando duas realidades sociais muito diferentes.

A figura seguinte e a tabela 5 permitem-nos analisar a influência

crescente na Alemanha, como noutros países da Europa, de organizações

onírico-ecologistas. Em particular na Alemanha a influência da organização

internacional “O Baú Verde” (DGK – Der Grüne Kasten).

Figura 9 – Evolução do consumo de arcas na Alemanha

ANO n.arcas passado ex-RFA/ 100 hab.

n.arcas futuro ex-RFA/ 100 hab.

n.arcas passado ex-RDA/ 100 hab.

n.arcas futuro ex-RDA/ 100 hab.

1988 72 72 - -

1990 96 105 0,5 0

1992 108 110 5 2

1994 115 112 30 8

1996 112 112 65 12

1998 100 112 104 16

2000 100 112 125 18

Tabela 5 – Evolução do consumo de arcas na Alemanha10

10 Dados fornecidos pela DTVG - Deutsche Truhenverkaufsgemeinschaft.

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Os dados são muito curiosos. No final dos anos 80 o consumo de arcas do

passado nas zonas fazendo parte da ex-RFA começava a descer de uma

forma acentuada e o consumo de arcas de futuro ultrapassava o das arcas

do passado. “Reciclar sonhos” é uma das palavras de ordem mais

populares da facção menos fundamentalista de “O Baú Verde”. Ao

contrário, nas zonas integradas na ex-RDA, o consumo das arcas do

passado cresce ainda rapidamente, ultrapassando mesmo os valores para as

populações da ex-RFA no final dos anos 90, enquanto as arcas do futuro

têm ainda índices de consumo incipientes.

7. Algumas conclusões

Não há ainda hoje um estudo alargado e fundamentado, aplicando a

TRRS à experiência revolucionária em Portugal após o 25 de Abril.

Poder-nos-emos questionar porquê.

Talvez porque as velhas ideias acerca dos sonhos e a Teoria Onírica

Clássica ainda têm tanta força.

Talvez porque cada um de nós tem dificuldade em aceitar que não sabe

gerir os seus sonhos, ora agarrado aos velhos baús, ora atraído pela

modernidade das arcas do futuro, ou pelo consumo fácil das arcas do

passado.

Talvez porque não há interesse por parte do poder político em admitir

que hoje quase não há sonhos de grande dimensão/duração, mas apenas

pequenos sonhos de consumo mais ou menos fácil, de sonhar e deitar fora.

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Talvez porque os políticos, por mecanismos inconscientes de autodefesa,

pretendam prolongar esta situação de obscurantismo onírico, receando

uma sensação generalizada de frustração e de desconforto em vez da

euforia do consumo, ou ainda pior, uma necessidade de mudança profunda

em vez desta sensação de destino incontrolável.

Talvez tudo isso explique por que razão também nos restantes países da

Europa e do mundo, e não só em Portugal, esses estudos quase se não

realizem.

Talvez pela mesma razão haja cada vez mais gente no mundo, ou talvez

melhor, do outro lado do mundo, com sonhos ultra-acelerados, mas sem

arcas, nem sequer velhos baús onde os guardar.

Continua por isso a ser pertinente propor, tal como fizemos em 1999

quando iniciámos este estudo sobre a situação onírica em Portugal, a

pedido do Departamento de Hiperfísica da Universidade do Porto:

• A realização em Portugal de um estudo aprofundado sobre o

sonho, os sonhadores e a sua história no pós 25 de Abril,

completando o estudo iniciado em 1999;

• Avaliar com base na TRGS a deformação espaço-temporal de

pequenos sonhos, provocada por sonhos de grande dimensão e

comprovar a criação de buracos negros oníricos em Porugal nas

décadas de 70 e 80;

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• O lançamento pela Universidade Portuguesa de um grande

projecto de investigação sobre o microsonho a altas velocidades e a

hiperfísica do microsonho;

• A aquisição pelo Ministério da Ciência de um ultra-acelerador de

sonhos no âmbito desse projecto. As verbas envolvidas são

insignificantes comparadas com um só quilómetro de auto-estrada

ou de um viaduto, para não falar da OTA ou do TGV. Feitos os

cálculos, um quarto do custo de uma carruagem de um comboio

TGV seria mais do que suficiente;

• A aceleração de um grande sonho nacional de elevado potencial

espaço-temporal;

• A criação de mestrados e de vários projectos de doutoramento

associados ao projecto;

• Propor aos Ministérios da Cultura, da Educação e da Ciência, às

autarquias a organização de cursos científicos de Gestão Total de

Sonhos - GES-TO-S – para sonhadores desorganizados.

REFERÊNCIAS

Albert Eintraum(1952), ´O sonho e o espaço-tempo´, onde há cinquenta e três anos se apresentou pela primeira vez a

Teoria da Relatividade Restrita dos Sonhos

Albert Eintraum (1958), ´O sonho acelerado’, onde se apresentou a Teoria da Relatividade Generalizada dos Sonhos.

Werner Heisentraum (1962), “ A Teoria Quântica do Sonho”