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    RED E INTERMODALDE TRANSPORTEEM SO PAULO UMESTUDOSOBREOVLT

    DANIELLALOB ODA COSTAL IM AORIENTADORA : K LARAKAISERMOR I

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    RED E INTERMODAL D E TRANSPORTEEM SOPAULO UM ESTUDO SOBRE O VLT

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    Este trabalho segue as normas do Acordo

    Ortogrfico da Lngua Portuguesa, firmadoem 1990 e em vigor desde 2009.

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    DANIELLA LOB ODA C OSTA L IMAORIENTADORA : KLARA KAISER M ORI

    UNIVERSIDADE DE S O P AULO

    FACULDADE DE ARQUITETURA EU RBANISMO

    JUNHO2009

    TRABALHO F INAL DE G RADUAO

    RED E INTERMODAL D E TRANSPORTEEM SOPAULO UM ESTUDO SOBRE O VLT

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    AGRADECIMENTOS

    Aos meus pais, Magda e Osvaldo, pelo apoio que sempre deram aos

    meus estudos e pelas oportunidades que puderam me oferecer.

    Aos amigos, Luis, Tati, Ga, Mara, Roberto, Paulito e Celina por te-

    rem colaborado diretamente para a realizao deste trabalho. Amlia pela

    atenta reviso do texto. Ao Kiyoto, pela constante disponibilidade em ajudar

    e discutir. Ao Minoru, pelo projeto grfico e por ter encontrado tempo em

    meio ao seu prprio TFG.

    Ao Paulo pelo apoio dado durante todo o percurso e pela pacincia e

    compreenso que teve durante meus momentos de ausncia.

    Ao Tcito Pio da Silveira e aos professores Csaba Dek e Antonio Carlos

    Barossi pelas conversas e por aceitarem participar da banca.

    Por fim, agradeo professora Klara Kaiser por me colocar nos trilhos

    com a sua orientao sempre cuidadosa e dedicada e por ter assumido um

    importante papel em minha formao, no s como arquiteta.

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    SUMRIO

    Introduo 9

    I. A Rede 11

    A rede intermodal 11

    A rede proposta 21

    O ensaio 21

    Definio modal 22

    O desenho da rede 25

    Fases de implantao do sistema 30

    II. A Linha 35

    Escolha da linha 35

    Caracterizao da rea 36

    O percurso 36

    A zona sudoeste 37

    Visita de campo 39

    Projeto de implantao 43

    III. O Projeto 51

    Anexos 71

    Especificaes tcnicas 71

    Sobre o desenho das estaes 71Referncias projetuais 73

    Referncias Bibliogrficas 79

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    A pesquisa Origem Destino de 20071 teve seus pri-

    meiros resultados divulgados no final de 2008 e revelou

    que o tempo de viagem por modo coletivo aumentou

    13,5%, passando de 59 minutos em 1997 para 67 mi-

    nutos em 2007. Nos modos individuais o aumento foi

    ainda maior, chegando a 14,8%, o que indica a saturao

    do sistema virio. O distanciamento, cada vez maior, do

    tempo de viagem que seria considerado ideal e as not-

    cias, cada vez mais recorrentes de recordes de conges-

    tionamento em So Paulo indicam o colapso da poltica

    de transporte praticada, cuja relao com a poltica de

    desenvolvimento do pas inegvel se admitirmos que

    o estabelecimento dos nveis de servio providos pela

    infra-estrutura urbana decorrem do respectivo estgio

    de desenvolvimento especfico, que impe as condies

    de produo e reproduo social e, em particular, o n-

    vel de subsistncia da fora de trabalho2.

    Diante disso, a superao do estgio extensivo da

    acumulao capitalista s poder dar-se conferindonovos nveis de performance s aglomeraes urbanas,

    ligados no exclusiva, mas fortemente s infraestru-

    turas de transporte. Assim, o investimento macio em

    infraestrutura como suporte para o crescimento eco-

    nmico dado que ela condio para o desempenho

    das funes econmicas e sociais do espao urbano e

    como ampla fonte de empregos durante sua construo

    e manuteno, coloca-se como necessidade primordial.

    A infraestrutura de transporte tem sua importncia re-

    forada ainda pela capacidade de atuar sobre o tempo

    de deslocamento, que, quando reduzido, aumenta dire-

    tamente a produtividade.

    A rpida construo de uma rede de transportes

    eficiente de escala adequada premente. O raciocnio

    sobre tal rede foi institucionalizado com a publicao

    do PITU 2020, abrindo espao para a reflexo sobre o

    tema na escola nos ltimos anos. A questo vem sendo

    tratada na disciplina optativa AUP 555 Elementos de

    planejamento de transportes, na disciplina AUP 272

    Organizao Urbana e Planejamento, da sequncia de

    Planejamento Urbano, e em alguns Trabalhos Finais de

    Graduao. As questes colocadas tm por base tam-bm o artigo Elementos de uma poltica de transportes

    para So Paulo do professor Csaba Dek, que publicou

    a Rede 90, embrio para o PITU 2020. Entretanto a

    INTRODUO

    1SO PAULO (Estado), Secretaria de Estadodos Transportes Metropolitanos.PesquisaOrigem e Destino 2007 Regio Metropoli-

    tana de So Paulo: Sntese das Informaes.

    Pesquisa Domiciliar. So Paulo: STM, 2008.

    2

    DEK, Csaba. Acumulao entravadano Brasil e a crise dos anos 80inDEK,

    C.; SCHIFFER, S. (org.). O Processo deUrbanizao no Brasil. So Paulo: Edusp,1999, p. 21.

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    maior parte dos trabalhos desenvolvidos sobre o assun-to tem seu foco no metr. Sem deixar de reconhecer seu

    papel estruturador, pareceu-nos importante contribuir

    com a abertura do estudo para uma rede intermodal da

    qual ele constituiria a ossatura.

    Este TFG pretende ento ensaiar o desenho de uma

    rede de mdia capacidade acoplada ao transporte de

    massa para a Regio Metropolitana de So Paulo, pro-

    curando definir alguns critrios de localizao, traado

    Diagrama indicativo da utilizao das linhas de bonde em 1930.FONTE: PORTELA, 2006.

    e implantao da rede de VLT (Veculo Leve sobre Tri-lhos) para a conformao de uma rede intermodal. Com

    o desenvolvimento do trabalho mostrou-se necessria

    uma abordagem mais prxima das questes de desenho

    geradas pela insero urbana do VLT. Prosseguimos, as-

    sim, com a elaborao de um projeto funcional de uma

    das linhas e seus possveis desdobramentos na qualifica-

    o do espao urbano e dos padres de urbanizao.

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    A REDE INTERMODAL | A rede intermodal da Regio

    Metropolitana de So Paulo composta atualmente por

    quatro modos principais de transporte coletivo; dois de

    alta capacidade o Metr e o Trem , um de mdia ca-

    pacidade correspondente aos corredores de nibus e o

    modo nibus convencional, que complementa este con-

    junto. Verifica-se ainda que uma grande parte dos deslo-

    camentos motorizados feito por modos individuais3, o

    que gera grandes congestionamentos, posto que a infra-

    estrutura viria no tem capacidade suficiente para abri-

    gar tantos automveis. Os congestionamentos afetam

    diretamente o tempo de deslocamento dos trabalhadores

    refletindo tanto nas condies de seu trabalho quanto

    na disponibilidade de seu tempo livre , o que altera, em

    ltima instncia, a produtividade de toda a aglomerao

    urbana. Em geral, os que mais sentem os efeitos dos con-

    gestionamentos so aqueles que moram mais longe de

    seu local de trabalho, isto , a populao de baixa renda.

    Com exceo das linhas de trem e do corredor denibus da EMTU ABD (que conecta Santo Andr, So

    Bernardo e Diadema), todas as outras linhas da rede de

    alta e mdia capacidade se situam dentro do municpio

    de So Paulo, o que parece incoerente, visto que as re-

    laes de trabalho, educao e lazer no esto restritas

    aos limites municipais legais. Os deslocamentos esto

    subordinados a estas relaes e no s fronteiras munici-

    pais, desconsiderando a continuidade da ocupao urba-

    na. O cerceamento do sistema de transporte aos limites

    poltico-administrativos impossibilita o desempenho de

    sua funo.

    A Metrpole de So Paulo uma rea bastante he-

    terognea em termos de disponibilidade de infraes-

    truturas, acarretando alto nvel de diferenciao dos

    preos do solo, e, consequentemente, uma distribuio

    igualmente heterognea das atividades. Como exemplo

    eloquente, observa-se a rede viria principal (represen-

    tada na imagem da pgina a seguir) que, concentrada

    na regio sudoeste, acarreta similar concentrao dos

    equipamentos culturais e de sade. Da mesma forma, o

    nvel diferenciado das infraestruturas do centro expan-

    dido acompanhado pela concentrao das ofertas deemprego na mesma rea. Ainda reforando a correla-

    o apontada acima, as infraestruturas bsicas de gua,

    esgoto e coleta de lixo4, que cobrem quase toda a rea

    I. A REDE

    3At 2002 a participao dos modosindividuais nos deslocamentos motorizadosvinha crescendo, atingindo 52,3 % nesteano. A pesquisa Origem Destino 2007 apontaque hoje os modos de transporte individuaisrespondem por 45 % dos deslocamentos. Talqueda deve-se provavelmente implantaodo bilhete nico em So Paulo neste perodo.

    4

    Em 2000, 95,46 % dos domiclios da RMSPestavam ligados rede pblica de gua,

    81,39 % rede pblica de esgoto e 98,50 %eram servidos pela coleta de lixo domiciliar.Fonte: IBGE, 2000; LUME, 2003.

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    Distribuio de equipamentos de lazer RMSP. FONTE: LUME.

    Estrutura viria principal: vias de categoria 1 e 2 e metr.FONTE: DEK, 1999.

    Rede de mdia e alta capacidade de So Paulo em 2009.

    urbanizada da aglomerao, no constituem mais um

    fator significativo de valorizao dos terrenos.

    A heterogeneidade bastante clara na distribuio

    das atividades no espao e se d tanto pelo valor dos

    terrenos quanto pela legislao de uso do solo vigente.Tal variao espacial das atividades no espao resulta na

    conformao de reas ora com muita, ora com pouca

    qualidade urbana, alm de incrementar os tempos de

    viagem e os custos de transporte.

    Os congestionamentos e os deslocamentos com

    tempo muito longo comprometem a produtividade da

    regio como um todo e portanto inibem o crescimento

    econmico, mantendo-o fora no estgio extensivo da

    acumulao capitalista, com a produo de excedentesbaseada na explorao direta da mo de obra e no no

    aumento da produtividade do trabalho. A passagem

    para o estgio intensivo e a superao da sociedade de

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    13A RED E |

    5DEK, Csaba. Idem, p. 36.

    6Idem, p. 36-7.

    7OSULLIVAN, Arthur. Urban Economics. NovaIorque: McGraw-Hill, 1996.

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    SO PAULO (Estado), Secretaria de Estadodos Transportes Metropolitanos.PesquisaOrigem e Destino 2007 Regio Metropoli-

    tana de So Paulo: Sntese das Informaes.

    Pesquisa Domiciliar. So Paulo: STM, 2008.

    elite que a sustenta s podem ocorrer pela imposiode requisitos de performance s aglomeraes urba-

    nas5. Segundo Csaba Dek,Tal performance deve na-

    turalmente ser assegurada por uma infra-estrutura ur-

    bana relativa a todos os aspectos da reproduo social,

    da produo de mercadorias reproduo da fora de

    trabalho. Como exemplo, ele afirma que o transporte

    urbano no poderia continuar em seu estado de virtual

    abandono e preso a tcnicas obsoletas6.

    Uma melhor distribuio das atividades na cida-de requer a construo massiva de infraestruturas de

    transporte pblico. Estes dois aspectos da organizao

    espacial da produo esto intimamente ligados, pois a

    escassez localizada das infraestruturas de transporte, tal

    como encontramos em So Paulo, se reflete em uma va-

    riao muito grande do preo do solo, acirrando a com-

    petio pelas localizaes mais bem estruturadas.

    Torna-se indispensvel romper com a mentalidade

    de que as infraestruturas de transporte devem se limitar

    s reas centrais mais densas e que pontes e viadutos

    para automveis podem resolver os problemas de deslo-

    camento. Um sistema com automveis como modo es-

    truturador necessitaria de desapropriaes em enorme

    escala, posto que estes ocupam mais espao e carregam

    menos pessoas que todos os outros modos de transpor-

    te, como se verifica na imagem ao lado.

    As polticas pblicas precisam ser mais abrangentes

    e atingir todo o territrio urbano, pois maior homoge-

    neidade das infraestruturas correspondem localizaesde qualidade similar, permitindo, por sua vez, formas

    mais adequadas de organizao espacial das atividades.

    Sem que uma poro da cidade tenha um elevado dife-

    rencial de qualidade sobre o outro, seus preos se apro-

    ximam e todos se beneficiam da melhoria gerada pelo

    investimento pblico7.

    Portanto, um projeto de rede intermodal extenso e

    desconcentrado baseado no transporte pblico coletivo,

    tem mais condies de funcionar de forma eficiente econfivel, rompendo, dentro de suas possibilidades, as

    condies de reproduo dos entraves. Para tanto, a es-

    colha dos modos e a localizao dos ns mais importan-

    tes dessa rede podem ser reconhecidas como uma pos-

    sibilidade de melhor distribuir as atividades no espao,

    aumentar a densidade desestimulando o espraiamen-

    to da ocupao urbana sobre reas protegidas por lei e

    gerar espaos com mais qualidade urbana. A conjuga-

    o dos planos de transporte e uso e ocupao do solo

    merece a ateno do Estado e sua presena reguladora.

    A eficincia de uma rede depende da conciliao

    adequada dos diversos modos que so parte de sua

    composio. Uma rede intermodal funciona como um

    sistema, no como um agregado de elementos autno-

    mos. Em uma metrpole como So Paulo, onde diaria-mente ocorrem mais de 38 milhes de viagens8, somen-

    te uma rede de metr extensa e homognea possui as

    caractersticas necessrias para atender adequadamente

    aos deslocamentos de massa. Os modos de mdia e de

    baixa capacidade deveriam estar subordinados a esta

    rede, como alimentadores e distribuidores.

    O problema da chamada rede intermodal existente

    hoje em So Paulo que ela no uma rede e to pou-

    co intermodal. No intermodal porque os diferentesmodos organizam-se segundo sua lgica interna, sem

    agir conjuntamente. E no uma rede porque seu com-

    ponente estruturador, o metr, ainda no o . As linhas

    rea necessria nos diferentes modos para o transporte de 15 000 passa geiros/hora sentido. FONTE: VUCHIC, 2005.

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    9O bilhete comum, no municpio de So

    Paulo, custa R$ 2,30. Para integrar com ometr ou a CPTM, paga-se uma tarifa extra

    de R$ 1,35. O bilhete unitrio da CPTM custaR$ 2,40 e, para a integrao com o metr

    ou a CPTM, necessrio completar a tarifacom R$ 2,10. Os dados so da SPTrans e da

    EMTU, a data base novembro de 2008.

    10YOSHIKAWA, Vivian Akemi Casco.Transporte Urbano em So Paulo: uma anlise

    crtica sobre os corredores de nibus. So

    Paulo: FAU -USP, 2007.

    11VUCHIC, Vukan. Urban Transit: operations,planning and economics. Hoboken: John

    Wiley & Sons, 2005.

    de metr atendem apenas a deslocamentos pendulares;no fazem triangulaes e no propiciam redundncia

    de caminhos por exemplo, no h outra forma de se

    deslocar da Linha Vermelha para a Verde que no seja

    pela Linha Azul. Podemos mencionar ainda que o tre-

    cho inicial da Linha Lils nem sequer se conecta com

    outra linha de metr. Apenas quando forem concludas

    as obras da Linha Amarela teremos a primeira triangu-

    lao formada.

    Os ltimos planos de transporte para So Paulo, oPITU 2020 e o 2025, publicados respectivamente em

    1999 e 2006, propem o desenho de uma rede a ser

    construda em um prazo de 20 anos. Entretanto eles

    tm objetivos bastante distintos para a cidade: no pri-

    meiro proposta uma rede aberta, que busca atender os

    importantes subcentros metropolitanos, e no segundo,

    uma rede densa, que se concentra no centro expandi-

    do do municpio de So Paulo. De toda forma, ambos

    caminham pouco na direo da intermodalidade. Eles

    so apenas uma sobreposio das redes dos diversos

    transportes modais, projetadas individualmente pelas

    respectivas secretarias e empresas responsveis. Suas in-

    terconexes, alm de escassas, so pouco pensadas e os

    modos assumem por vezes papis que no lhes cabem.

    Outra crtica que podemos fazer a estes planos que

    as divises municipais seguem como determinantes nas

    caractersticas funcionais dos diversos modais, definin-

    do tarifas, servios e mesmo o desenho das linhas o

    que fica especialmente evidente no PITU 2025. Faltamainda alguns aspectos importantes para a efetivao da

    rede intermodal, tais como estaes de conexo bem

    localizadas e projetadas e um sistema tarifrio, de fato,

    integrado. A cobrana de um valor complementar para

    a integrao entre modos inconcebvel numa rede in-

    tegrada9. A busca por percursos mais diretos e mais r-

    pidos atravs das mudanas de modo e sentido na rede

    com a troca de linhas no pode se caracterizar como

    uma penalizao aos usurios, mas sim fazer parte daeficincia da rede. No papel de cada linha cobrir, in-

    dividualmente, todos os percursos desejveis; esta fun-

    o cabe ao sistema.

    Para que uma rede intermodal seja eficiente, fun-damental que se corrijam as linhas em que os modos de

    transporte foram utilizados com critrios inadequados.

    A ttulo de exemplo pode-se mencionar o corredor da

    avenida Rebouas no qual, h dcadas, existe uma de-

    manda que s pode ser suprida por modos de alta capa-

    cidade, ou seja, por uma linha de metr. Vivian Yoshi-

    kawa constatou que:

    o trecho da avenida Francisco Morato prximo ao Rio

    Pinheiros apresenta demanda acima de 13.000 passagei-

    ros de nibus municipal sentido centro na hora pico da

    manh; e, nos trechos da Rebouas e Consolao apre-

    senta uma demanda de aproximadamente 6.500 passa-

    geiros por sentido na mesma faixa horria. Isto contando

    apenas o transporte coletivo municipal. Calcula-se que

    trafegavam pelo corredor, antes da implantao deste,

    cerca de 8 mil pessoas por transporte individual. Tama-

    nha demanda caracteriza atendimento a ser realizado

    por transporte rpido de massa, com maior capacidade,velocidade, confiabilidade e conforto do que o transporte

    por nibus pode oferecer10.

    Na rede intermodal os modos de mdia capacida-

    de no podem ser entendidos, de forma alguma, como

    substitutos baratos do metr; sua funo especfica de

    qualific-lo, garantindo a alimentao e a distribuio

    de passageiros deste e a proviso mais abrangente de

    servios, de forma a atingir reas no to prximas das

    estaes de metr. importante lembrar que os planos de redes inter-

    modais de transporte devem ser acompanhados de pla-

    nos de uso do solo e forma urbana coordenados a longo

    prazo. Segundo Vukan Vuchic a coordenao entre de-

    senvolvimento urbano e o desenho das redes o nico

    jeito de atingir alta eficincia tanto no uso solo como da

    operao do sistema de transporte11.

    Para uma anlise mais precisa da rede de transpor-

    te existente em So Paulo, segue um levantamento daslinhas de trem, metr e Passa-rpido e suas conexes.

    Considerando-se que um dos aspectos mais relevantes

    para a caracterizao de redes so seus ns e, portanto,

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    sua capacidade de promover diversos deslocamentos,so destacados o nmero de estaes de cada linha, os

    pontos de conexes e a distncia mdia entre eles. Na

    pgina seguinte, encontra-se a tabela resumo destes da-

    dos, seguida pelos esquemas indicativos das conexes.

    Observando-se os resultados encontrados, nota-se que

    a distncia entre as estaes de, em mdia, 1,16 km,

    valor bastante razovel. Entretanto a distncia mdia

    entre estaes que permitam a conexo com outras

    linhas de mais de seis quilmetros, o que equivale adizer que, em mdia, s possvel trocar de direo na

    rede a cada cinco estaes. O mesmo estudo, utilizando

    como exemplo a rede de transporte de Barcelona que

    inclui como mdia capacidade o tram (VLT) e como

    alta, o metr e os trens expresso e de subrbio operados

    pela RENFE (Red Nacional de Ferrocarriles Espaoles)

    e pela FGC (Ferrocarrils de la Generalitat) , temos que

    a distncia mdia entre estaes de 1,61 km, portanto

    maior do que em So Paulo. No entanto, a distncia en-

    tre conexes de 2,8 km, ou seja, estao sim, estao

    no, possvel mudar de direo para fazer caminhos

    mais diretos. Analisando-se os esquemas das conexes

    de So Paulo, podemos perceber que a maior parte delas

    se d entre as prprias linhas de metr e destas com as

    de trem. Raras so as conexes dos Passa-rpidos com a

    rede de massa, como se esperaria de uma rede de mdia

    capacidade que deveria alimentar a de alta capacidade.

    Devemos lembrar que os Passa-rpidos foram conside-

    rados apenas em seus trechos onde funcionam em faixasegregada esquerda, podendo, assim, ser considerados

    de mdia capacidade. Conexes como a do Passa-rpi-

    do Ibirapuera com a estao Santa Cruz do Metr, que

    se do por meio do Via Livre, foram desconsideradas,

    uma vez que s ocorrem atravs de um percurso por

    via comum, no caso, a rua Borges Laga, onde os ni-

    bus circulam em faixas preferenciais direita, sofrendo

    muito com a interferncia dos carros que fazem conver-

    ses nas ruas perpendiculares.

    A RED E |

    Rede PITU 2025. FONTE: STM, 2006.

    Rede PITU 2020. FONTE: STM, 1999.

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    A distncia entre as estaes de, em mdia, 1,16 km, valor bastante razovel. Entretanto a distncia mdia entre estaes que permitam a conexo com outras linhas de mais de seis quilmetros, o que equivale a dizer que, emmdia, s possvel trocar de direo na rede a cada cinco estaes. A maior parte das conexes se d entre as prprias linhas de metr e destas com as de trem. Raras so as conexes dos Passa-rpidos com a rede de massa.

    LINHA ESTAES CONEXESCONEXES

    LINHASDIFERENTES

    LINHAS CONECTADAS KMKM/

    CONEXO

    KM/CONEXESDIFERENTES

    KM/ESTAES

    ESTAES/CONEXO

    ESTAES/CONEXES

    DIFERENTES

    1 DO METR 23 5 7 2,3,4,A,D,E, EMTU 20,2 4,04 2,89 0,88 4,60 3,292 DO METR 11 3 3 1,4,PR1 10,7 3,57 3,57 0,97 3,67 3,673 DO METR 18 9 10 1,4,A,B,D,E,F,PR2,PR7,ET 22,0 2,44 2,20 1,22 2,00 1,804 DO METR 11 5 8 1,2,3,A,C,D,E,PR1 12,8 2,56 1,60 1,16 2,20 1,385 DO METR 6 2 2 C,PR3 8,4 4,20 4,20 1,40 3,00 3,00A DA CPTM 17 3 7 1,3,4,B,D,E,PR7 60,5 20,17 8,64 3,56 5,67 2,43B DA CPTM 24 4 4 3,A,C,PR7 41,6 10,40 10,40 1,73 6,00 6,00C DA CPTM 18 6 5 4,5,B,PR1,PR8 24,3 4,05 4,86 1,35 3,00 3,60D DA CPTM 14 3 7 1,3,4,A,E,F,EMTU 37,2 12,40 5,31 2,66 4,67 2,00

    E DA CPTM 15 5 6 1,3,4,A,D,F 50,8 10,16 8,47 3,39 3,00 2,50F DA CPTM 13 3 3 3,D,E 38,8 12,93 12,93 2,98 4,33 4,33EMTU SO MATEUS

    JABAQUARA 56 2 2 1,D 33,0 16,50 16,50 0,59 28,00 28,00

    PASSA-RPIDO 1 18 3 3 2,4,C 11,2 3,73 3,73 0,62 6,00 6,00PASSA-RPIDO 2 17 1 1 3 12,0 12,00 12,00 0,71 17,00 17,00PASSA-RPIDO 3 14 1 1 5 8,4 8,40 8,40 0,60 14,00 14,00PASSA-RPIDO 4 14 0 0 0 9,3 - - 0,66 - -PASSA-RPIDO 5 23 0 0 0 22,0 - - 0,96 - -PASSA-RPIDO 6 27 0 0 0 12,5 - - 0,46 - -

    PASSA-RPIDO 7 34 2 3 3,A,B 15,0 7,50 5,00 0,44 17,00 11,33PASSA-RPIDO 8 16 1 1 C 8,2 8,20 8,20 0,51 16,00 16,00PASSA-RPIDO 9 8 0 0 0 4,0 - - 0,50 - -

    EXPRESSO TIRADENTES 6 1 1 3 8,0 8,00 8,00 1,33 6,00 6,00TOTAL 403 59 74 - 470,9 7,98 6,36 1,17 6,83 5,45

    Conexes da Rede intermodal de So Paulo.

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    19/84

    17A RED E |

    Conexes possveis na rede de transporte de So Paulo em 2009. Linhas de metr e trem.

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    20/84

    | RED E INTERMODALDE TRANSPORTEEM S O P AULO UMESTUDOSOBREOVLT18

    Conexes possveis na rede de transporte de So Paulo em 2009. Corredores de nibus.

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    21/84

    19A RED E |

    A distncia mdia entre estaes de 1,61 km. No entanto, a distncia entre conexes de 2,8 km, ou seja, estao sim, estao no, possvel mudar de direo para fazer caminhos mais diretos.

    Conexes da Rede intermodal de Barcelona.

  • 5/21/2018 TFG Daniella Lima - VLT

    22/84

    20 | RED E INTERMODALDE TRANSPORTEEM S O P AULO- UMESTUDOSOBREOVLT

    Rede ferroviria integrada central de Barcelona. FONTE: Autoritat del Transport Metropolit, 2009.

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    23/84

    21A RED E |

    12DEK, Csaba. Elementos de uma polticade transportes para So PauloinDEK,C.; SCHIFFER, S. (org.). O Processo deUrbanizao no Brasil. So Paulo: Edusp,1999. p.339.

    13A Rede 90 foi proposta pela equ ipe tc-nica do Metr de So Paulo nos anos 1980e tinha como horizonte de implantao o anode 2002. Ela foi publicada por Csaba Dek

    em Elementos de uma poltica de trans-portes para So Paulo, inRevista Espao &Debates, n. 30, 1990, p. 42-55.

    A REDE PROPOSTA_ O ENSAIO | Dadas as questes le-vantadas at aqui, pareceu-nos oportuna a realizao de

    um ensaio de rede intermodal para a Regio Metropo-

    litana de So Paulo. Ensaio e no plano, pois este traba-

    lho no tem condies de propor um plano adequada-

    mente; no possumos a equipe competente, o tempo

    necessrio e nem as ferramentas adequadas para tarefa

    de tal complexidade. Assim sendo, a seguinte proposta

    um primeiro ensaio sobre como poderia organizar-se

    a rede intermodal segundo critrios de abordagem quenos parecem importantes para a proposio de um pla-

    no deste tipo.

    A rede intermodal para uma metrpole do porte

    de So Paulo, como j foi dito, precisa ser estruturada

    apoiando-se em uma rede de transporte de massa, ou

    seja, uma rede de metr. O principal requisito desta

    rede que ela seja ampla e homognea, para que possa

    subsidiar novos padres de organizao espacial de pro-

    duo e reproduo social, apontando para as condies

    de superao do estgio extensivo de acumulao.

    O desenho das linhas dessa rede deve buscar a trans-

    posio de barreiras formadas por rios e vales e a cone-

    xo de equipamentos importantes12. As redes de metr

    que foram pensadas com a escala adequada de inves-

    timento e com uma distribuio mais homognea no

    espao so a Rede 9013 e posteriormente a do PITU

    2020. Note-se aqui, que a Rede 90 possui uma grande

    vantagem de traado em relao rede do PITU 2020,

    pois se d com liberdade em relao aos espaos dispo-nveis junto aos leitos ferrovirios. Isto , a concepo

    de suas linhas, ao invs de buscar vazios ou reas fa-

    cilmente disponveis e menos dispendiosas ao lado das

    linhas frreas organizadas em outra poca e segundo

    outros princpios segue, de fato, a lgica dos fluxos e

    dos eixos presentes na cidade. Contudo, o presente tra-

    balho no pretende propor uma nova rede a partir da

    Rede 90 ou da rede do Rede PITU 2020. O objeto aqui

    um ensaio de rede intermodal apoiada em um planode rede de metr j estruturado em outra oportunidade.

    Desta forma, no nos cabia atualizar a Rede 90, tendo

    como base a rede existente, j que este seria um novo

    Rede 90. FONTE: DEK, 1990.

    Rede proposta por Moreno para 2027. FONTE: GARCIA, 2007.

    Rede proposta por Celina para 2028. FONTE: FUJI, 2008.

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    24/84

    | RED E INTERMODALDE TRANSPORTEEM S O P AULO UMESTUDOSOBREOVLT22

    14O traado da Linha 2, segundo o PITU 2020,deveria passar por So Caetano, mas estsendo construdo passando pela Vila Pru-

    dente, o que muda o traado do trecho lesteda mesma linha e por consequncia afeta otraado de todas as outras.

    15Moreno apresentou seu trabalho emdezembro de 2007 e Celina em dezembro de

    2008, ambos sob orientao da professoraKlara Kaiser.

    16Os dados sobre os modos de transporte,explorados nesse trecho do trabalho, so

    extrados de Urban Transit: operations, plan-ning and economics. Fonte: VUCHIC, Vukan.

    Idem, 2005.

    17VUCHIC, Vukan. Idem.

    trabalho, posto que a modificao no traado de umalinha afeta a rede como um todo, impondo a necessi-

    dade de rediscuti-la integralmente. A Rede PITU 2020

    muito importante do ponto de vista institucional pois,

    sendo oficial, tornou-se uma referncia de poltica de

    transporte do Estado e ganhou espao de discusso no

    mbito acadmico. Assim, a rede escolhida para estru-

    turar o seguinte ensaio surge das reflexes e atualiza-

    es14 sobre o PITU 2020 feitas nos Trabalhos Finais de

    Graduao de Moreno Zaidan Garcia e Celina Fuji15

    .Definida a rede de metr estruturadora, fez-se ne-

    cessrio o estudo dos modos de transporte de mdia

    capacidade para a escolha de um que pudesse ser em-

    pregado em grande escala, gerando ganhos no desen-

    volvimento tecnolgico e economia de escala na sua

    implantao e operao.

    _ DEFINIO MODAL | Atualmente os modos de

    transporte considerados de mdia capacidade so o

    VLT (Veculo Leve sobre Trilhos ou LRT, Light Rail

    Transit), o VLP (Veculo Leve sobre Pneus ou BRT, Bus

    Rapid Transit) e o AGT (Automated Guided Transit)16.

    Em cidades de mdio porte, eles podem ser o estrutu-

    rador da rede de transporte, pois sua configurao mais

    extensa oferece mais vantagens que a alta performance

    dos meios de trnsito rpido. Entretanto, em uma me-

    trpole complexa como So Paulo, evidente a neces-

    sidade de um modo de transporte de alta capacidade,

    alto desempenho e excelente confiabilidade atravs doisolamento das interferncias externas. Assim sendo,

    o nico modo de transporte que pode responder a tais

    requisitos o metr. A rede de mdia capacidade ser

    tratada aqui, portanto, conforme dito anteriormente,

    como alimentadora e distribuidora da rede de alta ca-

    pacidade, aumentando ainda mais a eficincia e a con-

    fiabilidade desta.

    O projeto da rede de mdia capacidade depende das

    caractersticas do modo escolhido para desempenhartal papel. Esta escolha no depende apenas das carac-

    tersticas tcnicas de cada opo, mas tambm das pos-

    sibilidades que este oferece na transformao da cidade

    j concretizada e na estruturao da cidade no consoli-dada. Estudaremos, a seguir, os modos de transporte de

    mdia capacidade.

    O AGT um modo de transporte que pode ser

    apoiado em trilhos ou pneus de borracha. Sua principal

    caracterstica a automao, ou seja, a ausncia de con-

    dutores e portanto o completo controle do regime de

    viagens e do consumo de energia. Para funcionar com

    tal grau de automao e segurana ele necessita de vias

    completamente segregadas, seja em tneis, seja em ele-vados que so mais impactantes, mas mais baratos de

    se construir. De todas as formas, os custos relacionados

    segregao completa de sua via so altssimos da or-

    dem de duas a trs vezes o custo de implantao do VLT

    e portanto muito difceis de serem justificados para

    um meio que, apesar de toda a tecnologia aplicada, no

    chega a ser um modo de alta capacidade. O custo final

    de implantao e manuteno por passageiro do AGT

    alto demais para ser aplicado em linhas regulares de

    mdia capacidade de uma cidade inteira.

    A principal vantagem operacional da automao

    que os headwayspodem ser facilmente adequados s

    variaes de demanda ao longo do dia ou em eventos

    especiais, posto que dividir, por exemplo, uma unida-

    de de transporte de seis carros que passam a cada nove

    minutos em unidades de dois carros com headwaysde

    trs minutos no implica em novos custos, nem requer

    o triplo de mo de obra. Desta forma, o AGT tem sido

    mais utilizado em aeroportos, parques de diverso ecomo shuttles(comutadores) em campus universitrios

    e complexos hospitalares. Em comparao ao VLT e ao

    VLP, o AGT oferece ainda a menor capacidade porque

    seus carros so menores ainda mais quando funcio-

    nam em tneis, em que carros mais estreitos costumam

    ser empregados e, apesar de ser tecnicamente possvel,

    no comum operar com mais do que trs carros por

    unidade de transporte, com headwaysde trs minutos,

    o que gera uma capacidade real de apenas nove mil pas-sageiros por hora sentido17.

    As vantagens do AGT no so indispensveis para

    uma rede regular de transporte urbano de mdia capa-

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    25/84

    23A RED E |

    18VUCHIC, Vukan. Idem.

    19ARDILA-GMEZ, Arturo. Bogot andTransmilenio: Urban transformation based ona new transit system in Sustainable Urban

    Regeneration: Learning from Latin America,vol. 4, p.32-33, 2007.

    20O corredor de nibus Santo Amaro-Novede Julho opera desde 1987. Hoje, seu en-torno encontra-se degradado e com muitosedifcios vazios.Ainda que isto no possa seratribudo integralmente ao corredor, fatoque sua implantao no contribuiu para aadequao da avenida a novas demandas lin-deiras. Sua implantao diminuiu caladas eestreitou faixas na busca por uma capacidadeque nunca suprir a demanda existente nopercurso.

    21O prefeito Gilberto Kassab assinou, em,2005 a Portaria 72 que permite a circulaodos txis com passageiros nos corredoresde nibus. Desde ento, esta portaria vemsendo renovada, a cada seis meses, sob ajustificativa de que os txis no prejudicam acirculao dos nibus mas so beneficiados

    pela circulao nos corredores exclusivos.Em paralelo a essa Portaria, foi criada,tambm em 2005, a Portaria 88 que permitea circulao de veculos de passageiros emistos nas faixas exclusivas nos finais de

    cidade; desta forma, no so suficientemente significan-tes para justificarem os altos investimentos e a alta com-

    plexidade de sua operao. Assim sendo, fica descartada

    a utilizao deste modo na rede intermodal para a me-

    trpole de So Paulo. Passemos ao estudo do VLT e do

    VLP, cujos dados comparativos so apresentados na ta-

    bela da pgina a seguir.

    O VLP um modo de transporte de mdia capacida-

    de que surgiu do aprimoramento dos servios regulares

    de nibus, que circulam em vias de trfego misto, comparadas muito prximas, linhas extensivas e sobrepos-

    tas e headwaysirregulares. O sistema de nibus comum

    pouco eficiente e confivel e, por isso, no consegue

    competir com os automveis privados na atrao por

    passageiros. Ele costuma padecer com uma imagem fra-

    ca devida alta complexidade de seus trajetos, flexibi-

    lidade com que se mudam seus percursos, frequncias e

    quantidade de linhas e a escassez de informaes como

    mapas e horrios.

    O VLP surge ento para melhorar esse servio. O

    principal componente desse aprimoramento a provi-

    so de faixas nas vias com prioridade ou exclusividade

    para corredores de nibus. Contudo, a faixa exclusiva

    pouco eficiente se os nibus no tiverem prioridade nas

    interseces com os carros, o que nos parece bastante

    adequado, considerando-se que um nibus comporta

    oitenta pessoas e um carro transporta em mdia 1,3 pes-

    soas e tem capacidade para apenas cinco18.

    O aprimoramento dos sistemas de VLP de algumascidades como Bogot e Curitiba elevou suas capacida-

    des, com at quatro faixas exclusivas de nibus paralelas

    em uma mesma via, e com a possibilidade de ultrapas-

    sagem nas estaes. Tal desenho da rede de VLP per-

    mite que os dados sobre velocidade e capacidade do

    sistema sejam iguais aos do VLT e comparveis aos do

    metr, como no caso de Bogot onde o Transmilenio

    transporta at 45 mil passageiros por hora sentido19.

    Mesmo assim, hoje so recorrentes as notcias de super-lotao e ineficincia do sistema. Alm disso, a presena

    fsica deste sistema no espao urbano bastante forte;

    ele cria uma barreira que corta a cidade e acaba com

    sua fluidez, destruindo vias que antes apresentavam in-tensa dinmica urbana. Apesar do investimento inicial

    superior, este mais um caso em que o sistema de metr

    deveria ser o estruturador da rede. relevante conside-

    rar que, alm da qualidade urbanstica muito superior,

    ele seria mais eficiente no longo prazo, sendo tambm

    mais econmico, posto que a manuteno do sistema de

    VLP tem se mostrado mais cara do que a do metr. Em

    alguns casos, como o da avenida Santo Amaro em So

    Paulo onde, h anos, est prevista uma linha de me-tr , o VLP contribuiu para a deteriorao do entorno,

    mesmo tendo apenas uma faixa de trnsito exclusivo de

    nibus em cada sentido20. O barulho, a poluio e a se-

    parao fsica dos dois lados da via mantm o carter

    deteriorado do corredor. A economia atingida com um

    sistema mais barato custou muito caro para a cidade.

    Nesse processo de aprimoramento do sistema o de-

    senho dos carros tambm mudou. Os nibus com piso

    baixo facilitaram o acesso e os espaos para cadeiras de

    roda e carrinhos de beb democratizaram, em parte, o

    uso do transporte coletivo. Contudo, os nibus mais

    confortveis perderam em torno de dezessete assentos,

    o que aumenta os custos de investimento e operao. As

    estaes tambm foram redesenhadas para comportar

    ultrapassagens e a parada de mais de um nibus por vez,

    o que permite a operao com headwayscurtos.

    Todas essas modificaes aproximam mais o sistema

    de nibus do VLT, inclusive nos custos de implantao.

    Apesar disso, os sistemas de nibus sempre tero umaimagem mais fraca e um desempenho pior que o dos

    sistemas sobre trilhos, alm de estarem mais sujeitos a

    presses para dividirem suas faixas reservadas com ou-

    tros modos de transporte, tais como os txis, como j

    ocorre em So Paulo21, diminuindo a eficincia e con-

    fiabilidade do sistema.

    O VLT nada mais do que o desenvolvimento do

    bonde at sua forma atual, que o tornou mais parecido

    com o metr. Os veculos do VLT tm propulso eltri-ca, so espaosos e funcionam prioritariamente em vias

    exclusivas o que permite considervel aumento na sua

    velocidade , podendo ter trechos de uma mesma linha

    Horrio de pico no Transmilenio.FONTE: El Tiempo, 11 de setembro de 2008.Foto de Claudia Rubio.

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    | RED E INTERMODALDE TRANSPORTEEM S O P AULO UMESTUDOSOBREOVLT24

    250-1000

    FONTE: VUCHIC, 2005.

    Comparao das caractersticas dos Veculos Leves sobre Trilhos e dos Veculos Leves sobre Pneus

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    25A RED E |

    semana das 15h de sbado s 04h de segun-da, nos feriados das 00h s 04h e em todosos dias teis das 23h s 04h. As ltimasPortarias assinadas em 31 de maro de 2009tm validade at 30 de setembro de 2009.

    22Bons exemplos de urbanizao dequalidade, ligada s exigncias do sistemade transporte, so a terraplanagem e ospontilhes da rua Teodoro Sampaio, obra feitapara a passagem de bondes.

    23Por no ser poluente, o VLT pode operar emtneis; entretanto o investimento necessriopara a construo destes torna os custos deimplantao do transporte de mdia capaci-

    dade comparveis aos de alta capacidade, oque dificilmente justificvel, a no ser emtrechos curtos onde a priorizao do sistemavirio tenha em vista os pedestres.

    circulando em tneis ou estruturas totalmente segre-gadas e em via compartilhada com pedestres e outros

    veculos. Os trilhos e a faixa separada do uma imagem

    mais forte ao VLT do que a que possuem os sistemas

    sobre pneus, atraindo, desta forma, mais passageiros. A

    infraestrutura necessria para o funcionamento do sis-

    tema sobre trilhos mais permanente que a do VLP e,

    conseqentemente, influencia mais a intensificao do

    uso do solo e o desenvolvimento do entorno das suas

    estaes. Em reas consolidadas, ele funciona ocupando

    uma ou mais faixas de uma via j existente; em reas

    no consolidadas, as vias podem ser desenhadas para o

    seu melhor funcionamento e para a melhor estrutura-

    o destas zonas, podendo, por vezes, ser necessrio o

    movimento de terras, que adeque as declividades e que,

    por conseguinte, gere condies de ocupao de maior

    qualidade22. Em centros urbanos densos, o VLT pode

    operar em reas de uso exclusivo para pedestres ou em

    tneis, pois no produz fumaa nem rudos incmodos.

    Assim como o VLP, o VLT deve contar com prioridadenas interseces com outros veculos, de forma a no

    afetar seu headway. O acesso aos corredores de mdia

    capacidade deve se dar preferencialmente de forma di-

    reta, pois estas prioridades geram atrasos nos sistemas

    alimentadores que trafegam em ruas sem prioridade. O

    embarque nas unidades de transporte tambm deve ser

    feito rapidamente, para evitar atrasos, o que gera a ne-

    cessidade de carros com muitas portas e de um sistema

    de cobrana de tarifas eficiente, antes ou depois da en-trada dos passageiros nas unidades de transporte.

    Em resumo, em muitas cidades, o VLP promovido

    como uma alternativa barata ao VLT ou at mesmo ao

    metr, mas em nenhum dos dois casos a propaganda

    verdadeira. O VLP no possui a mesma capacidade

    do metr a no ser em casos extremos, quando ento

    o estrago na paisagem urbana, na fluidez do espao e

    na qualidade de vida do seu entorno imediato so for-

    temente afetados. O VLP realmente pode atingir nveisde eficincia e conforto muito parecidos com os do

    VLT, mas, para tanto, so necessrios investimentos da

    mesma ordem de grandeza, o que deixa de ser positivo

    quando pensamos que, pelo mesmo custo, o VLT apre-senta mais vantagens quanto organizao da cidade,

    aos impactos no uso do solo e a atrao de passageiros.

    A implantao de um sistema VLT pode contribuir

    tambm para a ruptura da poltica brasileira que busca

    apenas melhorias a curto prazo e que opta por abando-

    nar aes com efeitos a longo prazo, sempre em prol da

    manuteno do status quo e de resultados que possam

    ser obtidos dentro dos perodos de mandato dos par-

    tidos polticos. O tempo e o custo de implantao do

    VLT podem ser maiores que o do VLP mas, alm dos

    melhores impactos que ele causa na cidade, ao longo

    dos anos, esta diferena se dilui porque a vida til de

    seus carros maior e o custo de manuteno do sistema

    muito menor.

    Justamente por ter uma infraestrutura menos per-

    manente, o VLP s consegue ser mantido em cidades

    com forte comprometimento com a promoo do trans-

    porte coletivo em detrimento do individual, ou que

    considerem as facilidades do nibus permanentes, eadotem, por isso uma poltica efetiva de sua priorizao

    nos diversos aspectos de sua insero no tecido urbano,

    tais como leitos virios adequados, implantao de fai-

    xas exclusivas, prioridade assegurada nos cruzamentos,

    garantia de boa acessibilidade dos pedestres ao sistema,

    semforos regulados a favor do trnsito de pedestres e

    coletivos e similares.

    por todos os motivos explicitados acima que, no

    presente trabalho, faremos uso da tecnologia do VLTpara o ensaio da rede de transporte de mdia capacida-

    de da Regio Metropolitana de So Paulo.

    _O DESENHO DA REDE | O desenho da rede de m-

    dia capacidade buscou obter: um funcionamento como

    galhos, que concentram fluxos mdios em um tronco

    de alta capacidade, no caso, o metr; a possibilidade

    de servir trajetos perifricos importantes, mas que no

    apresentam demanda suficiente para serem providos demetr; e o adensamento da malha. Um determinante do

    desenho foi o sistema virio, que o suporte do VLT23.

    Em reas consolidadas sua implantao se d, em ge-

  • 5/21/2018 TFG Daniella Lima - VLT

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    | RED E INTERMODALDE TRANSPORTEEM S O P AULO UMESTUDOSOBREOVLT26

    ral, em vias j existentes; entretanto, em reas que aindadispem de pouca infraestrutura, devemos considerar

    a possibilidade de construir ou alargar vias para que

    o transporte possa cobrir de forma homognea toda a

    rea urbana e ainda sirva como elemento estruturador

    dessas regies.

    Em So Paulo, a infraestrutura viria est bastante

    concentrada na zona sudoeste, para atingirmos o obje-

    tivo de configurar uma rede extensa, ampla e homog-

    nea propomos a implantao do VLT tambm em vias

    que hoje no possuem calhas suficientemente espaosas

    para receber tal infraestrutura, bem como, em alguns

    trechos, propomos a abertura de vias que se conectem

    a trechos j existentes. A proposta de abertura e alar-

    gamento das vias leva em conta apenas as necessidades

    encontradas no traado das linhas de VLT e algumas

    propostas do Plano Diretor, portanto, no pode ser en-

    tendida como um plano virio para So Paulo, o que

    estaria muito longe das possibilidades deste trabalho.

    Entretanto, esta proposta tem a importncia de alertarpara a necessidade de se adequar o sistema virio aos

    sistemas de transporte pblico e no o contrrio, como

    vem sendo feito: adequar os sistemas de transporte, a

    todo custo, ao sistema virio existente, gerando uma

    economia inicial na implantao, mas tambm uma

    ineficincia no longo prazo. Em todos os casos, as de-

    clividades tambm devem ser adaptadas para o adequa-

    do funcionamento do VLT, o que, na verdade, beneficia

    todo o desenho urbano da rea, posto que declividadesacentuadas podem ser vencidas por carros e pedestres,

    mas so desconfortveis e, com muita freqncia, ge-

    ram ocupaes com pouca qualidade.

    O traado do sistema de VLT tambm obedece

    demanda encontrada nos sistemas de transporte hoje

    existentes, a saber, o metr, os trens, os nibus e os au-

    tomveis. importantssimo que as linhas de VLT se-

    jam projetadas apenas em trajetos cuja demanda seja

    compatvel com a sua capacidade, o que evitar obrasfadadas ao fracasso. Os dados sobre a demanda podem

    ser encontrados em diversos mapas de carregamento de

    vias. Estes mapas so construdos considerando-se ape-

    nas os deslocamentos entre pares de pontos importan-tes em redes simplificadas, conformando fluxos gerais e

    no especficos por vias. Assim, por vezes, foi necessria

    a escolha de uma via, entre duas ou trs, que receberia o

    VLT e concentraria tal fluxo.

    A imagem mais emblemtica da simplificao ine-

    rente aos mapas de carregamentos a do eixo composto

    pelas ruas Cardeal Arcoverde e Teodoro Sampaio e a ave-

    nida Rebouas. No mapa, o carregamento destas trs vias

    aparece como uma nica barra, que representa o deslo-

    camento total entre as avenidas Doutor Arnaldo e Faria

    Lima no perodo considerado. A escolha de uma entre as

    trs vias levou em conta, sobretudo, o fluxo de pessoas

    nas ruas, influenciado principalmente pela presena de

    um eixo comercial forte. Tanto a rua Cardeal Arcover-

    de como a Teodoro Sampaio poderiam abrigar o sistema

    Estrutura viria principal: fluxos de automvel, hora pico da manh.FONTE: LANDMANN, Marcelo, 2004.

    Demanda de passageiros nos nibus no pico da manh.FONTE: Interligado, 2004.

  • 5/21/2018 TFG Daniella Lima - VLT

    29/84

    27A RED E |

    24Considerando-se apenas a demanda depassageiros de nibus divulgada pela SPTrans no livro So Paulo Interligado: O Planode Transporte Pblico Urbano Implantado na

    Gesto 2001-2004, publicado em 2004 pelaPrefeitura Municipal de So Paulo. O carrega-mento de carros nessas vias incrementa aindamais este nmero e a implantao do sistema

    tende tambm a atrair mais passageiros.25O Expresso Tiradentes ter 31,8 km e ligar

    o parque Dom Pedro Cidade Tiradentes. Aprimeira fase das obras foi inaugurada em 9de maro de 2007, e tem 8 km que ligam oparque ao terminal Sacom.

    com qualidade, o que no ocorreria na avenida Rebou-as. As duas ruas ofereceriam a possibilidade de integra-

    o com as estaes Sumar e Clnicas da Linha 2 do me-

    tr e ainda, de diviso em duas linhas de VLT, sendo uma

    pela avenida Sumar e outra pela avenida Pacaembu. A

    opo pela rua Cardeal Arcoverde deveu-se unicamente

    maior distncia desta em relao Linha 4 do metr,

    o que propicia uma maior rea de alcance da rede, posto

    que esta distncia, ainda assim, de aproximadamente

    novecentos metros ou, no mximo 450 metros at um

    dos modos, o que facilmente percorrido a p.

    Outros casos semelhantes a esse so os das avenidas

    Radial Leste e Celso Garcia na zona leste, da Marginal

    Pinheiros e avenida Faria Lima e da avenida Nove de

    Julho e rua Augusta, ambos na zona sudoeste. Os mapas

    de carregamento de vias indicaram ainda a necessida-

    de de mais uma linha de metr no eixo das avenidas

    Anhaia Melo e Sapopemba onde h uma demanda da

    ordem de dezessete mil passageiros por hora e sentido

    nas horas de pico24, demanda esta que no pode ser su-prida adequadamente nem pelo VLT nem pelo Expres-

    so Tiradentes25atualmente em implantao.

    Assim, o primeiro critrio para o desenho da rede

    de mdia capacidade foi a identificao de vias que

    poderiam servir de suporte para o sistema, ainda que

    necessitando de alargamentos ou prolongamentos. O

    segundo critrio foi a busca por uma maior cobertura

    da rede estrutural de metr, atravs da redundncia de

    percursos e da diminuio das reas sem acesso diretoao transporte de massa, por meio de uma cobertura in-

    tensa de linhas de mdia capacidade que aproximam as

    pessoas de seus destinos, reduzindo os percursos a p e

    o tempo total de viagem. O terceiro critrio foi consi-

    derar a possibilidade de algumas linhas de VLT darem

    lugar a linhas de metr no futuro, quando uma segunda

    fase da rede viesse a ser implantada e quando se inten-

    sificasse a reorganizao dos deslocamentos e da distri-

    buio das atividades.Observe-se que a linha de VLT no pode ser conver-

    tida em linha de metr, pois est apoiada diretamente na

    rede viria e convive com pedestres e automveis. Sua

    transformao em linha de metr instalaria uma barrei-ra urbana precisamente em rea de intenso e crescente

    uso, devida necessidade da segregao completa des-

    ta. Entretanto, uma vez que a instalao do VLT impe

    desapropriaes necessrias, tanto para a insero das

    linhas quanto para a construo das estaes, sua pre-

    sena facilitar a implantao da futura linha de metr,

    sem mencionar a reordenao urbana engendrada pela

    acessibilidade privilegiada no entorno das estaes.

    Outras diretrizes de desenho adotadas esto direta-

    mente relacionadas com a eficincia do sistema proposto

    e a qualificao do VLT como rede. A primeira delas foi

    voltar as linhas do VLT a direes que cruzassem com

    estaes do metr, para que a integrao pudesse ser fei-

    ta no s atravs das tarifas, mas tambm fisicamente,

    aumentando o nmero de ns da rede e, consequente-

    mente, o nmero de percursos possveis e a acessibilida-

    de como um todo posto que a facilidade de integrao

    e a diversidade de percursos possveis so um grande

    atrativo para os passageiros. Outra diretriz foi a extensodas pontas das linhas de alta capacidade por meio de ra-

    mificaes, dividindo-as em linhas de menor capacida-

    de, quando estas se mostravam mais ajustadas s deman-

    das locais, configurando assim linhas de alimentao do

    metr, evitando-se a ociosidade do sistema. A terceira

    diretriz de traado objetivou a conexo direta das peri-

    ferias, evitando percursos longos demais para se atingir

    reas intimamente relacionadas, como o ABC.

    Posteriormente, analisando as redes de VLT de Ber-lim e Milo, conclumos que dificilmente uma linha

    de VLT tem mais do que dez quilmetros de extenso.

    Vukan Vuchic confirma este dado alegando motivos

    operacionais. A rede proposta tem claramente muitas

    linhas com mais de dez quilmetros e portanto um es-

    tudo cuidadoso de suas divises precisaria ainda ser fei-

    to, levanto em conta, alm do limite de comprimento,

    a necessidade de manter as ligaes entre estaes de

    metr. Outro ponto para o qual um aprofundamento dotrabalho deveria atentar a possibilidade de concentrar

    linhas nos eixos de maior demanda, a fim de que ali o

    sistema pudesse operar com headwaysmenores.

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    | RED E INTERMODALDE TRANSPORTEEM S O P AULO UMESTUDOSOBREOVLT28

    Rede de alta capacidade estruturadora da rede intermodal proposta.

    29A R |

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    29A RED E |

    Rede intermodal proposta e conexes entre as linhas de mdia e alta capacidade.

    | RED E INTERMODAL DE TRANSPORTE EM S O P AULO UM ESTUDO SOBRE O VLT30

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    | RED E INTERMODALDE TRANSPORTEEM S O P AULO UMESTUDOSOBREOVLT30

    _ FASESDE IMPLANTAO DO SISTEMA| Como expostoanteriormente, a rede de metr ser a espinha dorsal da

    rede intermodal de transporte da Regio Metropolitana

    de So Paulo, uma vez que, sem sua estrutura, nenhuma

    outra rede capaz de funcionar adequadamente, sus-

    tentando os deslocamentos de uma regio do porte e da

    complexidade de So Paulo. Assim sendo, a lgica nos

    diz que, em regies onde os modos de mdia capacida-

    de no so suficientes para estruturarem o transporte,

    a implantao do metr deve ocorrer antes da implan-

    tao dos modos que o alimentam. Tambm podemos

    concluir que nenhuma linha de mdia capacidade deve

    ser implantada onde j se verifica uma demanda que s

    possa ser suprida adequadamente por modos de alta

    capacidade. A substituio de algumas linhas de mdia

    capacidade por outras de alta capacidade pode e deve

    ocorrer no futuro, quando mais passageiros forem atra-

    dos pela rede e quando as funes da cidade se redis-

    triburem, incrementando consequentemente alguns

    fluxos. Entretanto, implantar uma linha que, j a priori,esteja com capacidade insuficiente para cumprir suas

    funes desperdiar dinheiro pblico.

    As fases de implantao da rede de metr sero segui-

    das tal como definidas no TFG de Moreno Zaidan, ante-

    riormente referenciado. A priorizao das linhas nestas

    fases pode ser questionada, pois deixa para fases muito

    adiantas ligaes importantes das linhas existentes, que

    poderiam antecipar a conformao de uma rede mais

    abrangente. Os casos mais emblemticos so a extensoda Linha 3 (verde) para leste at cruzar com a Linha 2

    (vermelha) e a extenso da Linha 5 (lils) at a conexo

    com a Linha 1 (azul). Mudanas nas fases de implanta-

    o da rede no foram propostas pois necessitariam de

    um estudo que est fora do mbito deste trabalho.

    Como, na Regio Metropolitana de So Paulo, a rede

    de metr em funcionamento muito exgua26, longe de

    suprir a demanda encontrada, propomos a implantao

    da rede de mdia capacidade conjuntamente amplia-

    o do metr, seguindo suas etapas e sua lgica de im-

    plantao. Apesar de pequena, a rede de metr j existe,

    enquanto a rede de mdia capacidade pode ser conside-

    rada praticamente inexistente, pois os corredores de ni-bus implementados esto longe dos parmetros de orga-

    nizao descritos acima, deixando de ser considerados

    como uma rede confivel de mdia capacidade. Alm

    disso, os corredores atuais no funcionam como parte de

    uma rede intermodal, conjugada com o metr; so raros

    os pontos de conexo entre as duas, pouco contribuindo

    para a alimentao e para a distribuio dos fluxos. Eles

    funcionam, em sua maior parte, como paliativos onde

    deveriam existir linhas de alta capacidade.

    Assim sendo, as primeiras fases de implantao do

    VLT buscaro qualificar as novas linhas de metr, alm

    de integrar as linhas j existentes daquela rede. Nas pr-

    ximas pginas mostraremos imagens das fases de im-

    plantao explicadas a seguir.

    Imagem 1:a primeira fase de implantao do siste-

    ma de mdia capacidade ter como suporte as quatro

    linhas de metr existentes, alm das linhas que estaro

    em funcionamento em breve, a saber, a Linha 4 (Ama-

    rela, trecho Luz-Vila Snia) e as linhas C e E do trem daCPTM que sero colocadas em condies adequadas de

    funcionamento para integrao rede. Assim sendo, as

    linhas de VLT propostas para esta fase tm relao dire-

    ta com a rede existente e visam aliment-la em suas ex-

    tremidades ou conect-la [extenso da fase:116,9 km].

    Imagem 2: a segunda fase de implantao contar

    com mais duas linhas de metr paralelas ao leito ferro-

    virio existente; como no haver novas reas providas

    de linhas, o VLT se limitar a incrementar as conexese reduzir as reas sem infraestruturas de transporte, au-

    mentando a rea de atuao da rede[extenso da fase:

    102,1 km].

    Imagem 3: a terceira fase contar, alm do prolon-

    gamento em dois ramais da Linha 4 (Amarela) e da sua

    expanso at Taboo da Serra, com a implantao da Li-

    nha 7 (Cinza). As linhas de VLT propostas para esta fase

    buscam principalmente alimentar estas novas linhas,

    criando transversalidades ao norte e conexes diretas

    ao sul [extenso da fase: 187,8 km].

    Imagem 4:na quarta fase de implantao teremos a

    expanso da Linha 2 (Verde) em dois ramais, um para So

    Comprimento mdio das linhas de VLT deBerlim, Alemanha, em 2006.FONTE: SORT, 2006.

    Comprimento mdio das linhas de VLT deMilo, Itlia, em 2006.FONTE: SORT, 2006.

    26Cidades europias como Berlim, Madrid eLondres possuem uma extenso per capita de

    metr de 33,5, 40,8 e 35,7 quilmetros pormilho de habitantes, respectivamente, en-

    quanto So Paulo possui apenas 3,2. Mesmocidades de pases ditos em desenvolvimento,

    como Cidade do Mxico, apresentam rede

    mais extensa, com 11 quilmetros por milhode habitantes. Fonte: SORT, Jordi Julia.Redes

    metropolitanas. Barcelona: Gustavo Gili,2006.

    31A RED E |

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    31A RED E |

    Imagem 2.

    Imagem 3.

    Imagem 1.

    Imagem 5.

    Imagem 6.

    Imagem 4.

    | RED E INTERMODALDE TRANSPORTEEM S AO P AULO- UM ESTUDOSOBREOVLT32

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    27Segundo projeo da SEADE (FundaoSistema Estadual de Anlise de Dados).

    28PORTELA, Fernando.Bonde: SaudosoPaulistano. So Paulo: Editora Terceiro Nome,

    2006, p.144.

    |

    rea coberta pela rede proposta.

    Imagem 7.

    Configurao final.

    Miguel e outro para Cidade Tiradentes com o mesmopercurso do Expresso Tiradentes, proposto hoje como

    VLT, cuja capacidade no ser adequada para a demanda

    da rea. Linhas de VLT que conectam a Linha Verde com

    outras linhas, produzindo novas triangulaes sero im-

    plantadas nesta fase [extenso da fase: 70 km].

    Imagem 5:na quinta fase a Linha 5 (Lils) ser ex-

    pandida at a zona norte, cruzando com boa parte das

    outras linhas; os alimentadores do seu extremo norte

    agora podero ser construdos. Como boa parte das

    conexes j construdas serve tambm Linha 5, apro-

    veitaremos para construir conexes que no cruzam a

    Linha 5, mas seguem adensando a malha [extenso da

    fase: 91,2 km].

    Imagem 6:a sexta fase prolongar a Linha 1 (Azul)

    at Diadema, substituindo finalmente o carregado tre-

    cho do corredor da EMTU. Tambm ser construda a

    Linha 6 (Marrom). Seus alimentadores de mdia capa-

    cidade sero construdos, com especial ateno para a

    parte sul da metrpole [extenso da fase: 87,6 km].Imagem 7:a Linha 2 (Verde) ser prolongada at So

    Domingos. Com sua extremidade definida, os alimen-

    tadores podero ser construdos nesta fase, alm de ou-

    tras linhas importantes para o quadrante noroeste que

    seguiro adensando a rede [extenso da fase: 41,4 km].

    Extenso total da rede de VLT: 697 km.

    Por fim, mostramos, na pgina seguinte, as possveis

    linhas de metr a serem construdas futuramente em lo-

    cais j preparados pelo VLT.A rede de VLT, aps sua implantao completa, con-

    taria com 697 km de trilhos e, algo em torno de 4.015

    carros considerando-se a operao com headwaysde

    2,5 minutos, velocidade mdia de 25 km/h e uma m-

    dia de trs carros por composio. Se estes nmeros im-

    pressionam, em um primeiro momento, com algumas

    comparaes nota-se que chegamos apenas a uma rede

    preliminar. Em 1936, quando So Paulo ainda no ti-

    nha atingido um milho de habitantes isto menos de

    cinco porcento da populao da Regio Metropolitana

    de So Paulo em 201027 , os trilhos de bonde somavam

    301 km28, o equivalente a mais de quarenta porcento da

    33|A RED E |

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    Linhas de VLT substitudas pelo metr.

    presenta a rea de alcance do sistema, facilmente per-corrida a p: o equivalente a quinhentos metros. A faixa

    em vermelho mais plido indica uma distncia de um

    quilmetro at as linhas; esta distncia ainda pode ser

    percorrida a p em aproximadamente 15 minutos ,

    de bicicleta ou em pequenos trajetos de nibus. Poucas

    so reas da mancha urbana sem cobertura direta. Des-

    ta forma, possvel afirmar que o tratamento prioritrio

    do VLT nos cruzamentos reduzir o tempo total de via-

    gem, posto que o nmero de deslocamentos compos-

    tos quando necessrio acessar as estaes atravs do

    sistema de nibus que circula pelas vias sem tratamento

    prioritrio ser bastante reduzido.

    rede de VLT proposta, e os carros eram 523, treze por-cento dos carros necessrios para a operao desta rede.

    Se considerarmos o papel fundamental que os bondes

    desempenhavam para o transporte da poca, seria mais

    plausvel compar-lo com toda a rede sobre trilhos esbo-

    ada neste trabalho. Tal rede composta por aproxima-

    damente quatrocentos quilmetros de metr e 140 km

    de trens, num total de 1.237 km de trilhos. Ainda assim,

    os trilhos teriam aumentado numa proporo muito

    menor que a populao: enquanto a populao cresceu

    vinte vezes, os quilmetros de trilhos aumentariam com

    a construo de tal rede pouco mais que quatro vezes em

    relao a 1936. Se considerarmos que cada composio

    de trs carros do VLT comporta at 170 passageiros e

    que cada trem do metr e da CPTM transporta mil

    sendo utilizado um trem para cada quilmetro de trilhos

    de trem e metr a rede teria a capacidade de carregar,

    ao mesmo tempo, at 767 mil passageiros aproximada-

    mente. Para o planejamento das redes, considera-se que

    dez porcento das viagens totais do dia ocorrem na horapico da manh que as simulaes consideram como

    duas horas e que esta porcentagem deve ser absorvi-

    da pela rede. A pesquisa Origem Destino 2007 verificou

    que o total de viagens dirias na Regio Metropolitana

    de 38,2 milhes. Imaginando que tal rede reduzisse o

    tempo mdio das viagens por modo coletivo, dos atu-

    ais 67 minutos para meia hora, seriam necessrias ainda

    duas horas e meia para que os dez porcento das viagens

    dirias pudessem ocorrer. Assim, mesmo com a redeproposta em funcionamento, os deslocamentos da hora

    pico ainda no seriam completamente absorvidos.

    O ano meta para concluso da construo da rede

    fica determinado como 2029, posto que as modificaes

    feitas na rede do TFG de Moreno Zaidan, com meta

    para 2027, somam mais 22 km de linhas de metr.

    O mapa ao lado mostra a rea coberta pela rede. Tal

    rea deve ser considerada a partir das estaes, que so

    onde, de fato, possvel ter acesso ao sistema. Como a

    distncia entre as estaes de em mdia um quilme-

    tro, podemos considerar a abrangncia das linhas como

    uma faixa contnua. A faixa em vermelho mais forte re-

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    I I . A L INHA

    ESCOLHA DA L INHA| A segunda fase do trabalho con-siste no projeto de uma das linhas de VLT propostas, at

    ento, apenas como parte integrante da rede de trans-

    porte coletivo da Regio Metropolitana de So Paulo.

    Cabe nesta fase o estudo de implantao da linha, sua

    insero urbana e localizao e implantao das esta-

    es. A linha a ser projetada deveria apresentar questes

    diversas para que se caracterizasse como um estudo de

    caso mais abrangente, que pudesse antecipar parte das

    questes encontradas, de maneira, nas linhas sugeridasna rede. Desta forma, alguns critrios para a escolha da

    linha a ser projetada foram estabelecidos. So eles:

    - cumprir, desde sua implantao, a funo alimen-

    tadora e distribuidora dos fluxos da rede de alta capaci-

    dade, atravs de articulaes com as estaes de metr

    e/ou trem;

    - situar-se fora do centro expandido, em rea, com

    potencial de se reestruturar e ganhar qualidade urbana

    atravs da melhoria de sua infraestrutura de transporte;

    - percorrer rea com suporte virio incompleto, que

    oferea a possibilidade de desenho de trecho do siste-

    ma virio;

    - apoiar-se em suporte virio de padro heterogneo,apresentando vias com larguras distintas e situaes va-

    riveis de uso e ocupao do solo nos lotes lindeiros;

    - que permita implantar estaes de cruzamento e/

    ou bifurcao do sistema de VLT e trecho com circula-

    o de mais de uma linha; e

    - ter potencial de ampliao em fases posteriores

    de estruturao da rede e que contemple consequente-

    mente uma estao terminal preparada para tornar-se

    de passagem;A partir desses critrios, duas possibilidades foram

    vislumbradas no esboo de rede elaborado na etapa

    precedente: Linha Iguatemi-Comendador Ermelino

    (via avenida Jacu-Pssego, com 13,5 km) e Linha Vila

    Andrade-Rio Pequeno (via avenidas Giovanni Gronchi,

    Jorge Joo Saad e Corifeu de Azevedo Marques, com

    11,5 km). Aps um breve estudo das possibilidades a

    primeira opo foi descartada, pois a avenida Jacu-Ps-

    sego, que seria o suporte virio para a linha, est com-

    pleta em todo o percurso, alm de ser plana e apresentar

    largura constante. Alm disso, a vasta discusso j acu-

    mulada em torno desta avenida e a existncia de um n-

    | RED E INTERMODALDE TRANSPORTEEM S O P AULO UMESTUDOSOBREOVLT36

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    mero considervel de projetos para ela entre eles, o de

    transform-la no trecho Leste do Rodoanel foram de-

    terminantes na rejeio desta alternativa. A Linha Vila

    Andrade-Rio Pequeno compreende todos os quesitos

    listados como desafios importantes a serem enfrentados

    em projeto. Entretanto, os dois ltimos no sero de

    fato abordados neste TFG, pois necessitariam de estu-

    do em escala muito maior sobre a estao de bifurcao

    na avenida Giovanni Gronchi e as estaes terminais na

    avenida Escola Politcnica e Joo Dias.

    Por outro lado, a inexistncia de uma conexo en-tre as avenidas Jorge Joo Saad e Corifeu de Azevedo

    Marques que pode configurar uma das necessrias co-

    nexes norte-sul da regio , a grande variabilidade da

    geometria das vias de suporte da linha, a diversidade de

    ocupaes lindeiras ocupaes verticais e horizontais

    de alto e baixo padro, sem qualidade urbana, alm de

    trechos comerciais e o percurso por um relevo aci-

    dentado, reforaram a escolha pela segunda alternativa:

    Linha Vila Andrade-Rio Pequeno.

    CARACTERIZAO DA REA_ O PERCURSO | A Linha Vila

    Andrade-Rio Pequeno ter um de seus extremos no ter-

    minal Joo Dias e estao Giovanni Gronchi da Linha

    5 (lils) do metr, no encontro da estrada de Itapece-

    rica com a avenida Joo Dias. Acompanhar a avenida

    Alberto Augusto Alves at alcanar a avenida Giovanni

    Gronchi, por onde seguir at a praa Roberto Gomes

    Pedrosa, onde a avenida Giovanni Gronchi sofre umainflexo para leste. Acompanhar ento a avenida Jorge

    Joo Saad at o cruzamento com a avenida Francisco

    Morato onde, em breve, ser implantada a estao So

    Paulo-Morumbi da Linha 4 (Amarela) do metr. Segue

    a avenida Deputado Jacob Salvador Zveibil at a aveni-

    da Eliseu de Almeida de onde dever cruzar o espigo

    da rodovia Raposo Tavares para chegar avenida Co-

    rifeu de Azevedo Marques. Este trecho hoje percor-

    rido de forma indireta pela rua Domingos Barbieri, no

    trecho sul, e pela avenida Benjamim Mansur, no trecho

    norte, ambas de carter local. O outro extremo da li-

    nha percorrer a avenida Corifeu de Azevedo Marques

    Alternativa 1: Linha Iguatemi - Comendador Ermelino.

    Alternativa 2: Linha Giovanni Gronchi - Rio Pequeno.

    37A L INHA |

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    at o cruzamento com a avenida Politcnica, onde estprevista uma estao da Linha 7 (Cinza Arco Norte).

    O trajeto compreende duas favelas o complexo Parai-

    spolis e a So Remo , tangencia trs equipamentos

    urbanos de grande porte Estdio Ccero Pompeu de

    Toledo, Parque Previdncia e Cidade Universitria ,

    alm de conectar trs estaes de metr.

    _ A ZONA SUDOESTE | A linha est inserida na zona

    sudoeste da cidade de So Paulo, na margem oeste do

    rio Pinheiros. Esta regio teve sua ocupao expandida

    durante os anos 1960, graas industrializao e a cons-

    truo da marginal Pinheiros e do ramal de Santos da es-

    trada de ferro Sorocabana. At esta dcada, a rea estavainserida em um subrbio entre a mancha urbana de So

    Paulo e os povoamentos bandeiristas de Embu e Itapece-

    rica da Serra. Este espao era cortado por caminhos ru-

    rais que partiam dos cruzamentos do rio Pinheiros, onde

    hoje esto as pontes Eusbio Matoso e Joo Dias.

    Atualmente os principais eixos virios seguem a

    orientao radial. A estrutura de circulao perdura na

    forma de eixos de entrada e sada da regio, que conec-

    tam So Paulo s comunidades de Embu, Itapecerica,

    Taboo e Cotia, atravs das estradas de Campo Limpo

    e Embu, da avenida Francisco Morato e da rodovia Ra-

    poso Tavares. A rea hoje densamente habitada for-

    O percurso da Linha Giovanni Gronchi-Rio Pequeno.

    Localizao da Linha na Regio Metropolitana.

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    mando a conurbao entre So Paulo e os j citados

    municpios vizinhos, mas sua estrutura viria aindacarece de ligaes importantes entre bairros e distritos

    no sentido norte-sul. A estrutura radial, por si s, no

    seria um problema, no fosse tal falta de amarrao em

    anel, que ocorre apenas na marginal Pinheiros e mais

    recentemente no trecho oeste do Rodoanel Mrio Co-

    vas, distantes aproximadamente dez quilmetros um

    do outro. A falta de investimento em infraestrutura

    impediu durante todos esses anos que o caminho mais

    acidentado, de transposio mais complicada e portan-

    to mais custosa, fosse construdo no sentido norte-sul,

    de modo que as vias acabaram por seguir os caminhos

    mais fceis do relevo.

    O percurso da linha passa por trs vales que abrigam

    afluentes do rio Pinheiros onde se localizam as avenidasde fundo de vale: Escola Politcnica, Eliseu de Almeida,

    Francisco Morato e estrada de Itapecerica. Entre estes

    vales, encontramos duas cumeeiras, sendo uma percor-

    rida pela rodovia Raposo Tavares e outra, em parte, pela

    avenida Giovanni Gronchi. A partir desta anlise do

    terreno, podemos dividir a linha em dois compartimen-

    tos com questes bastante distintas.

    Compartimento 1: Sai do vale da estrada de Itape-

    cerica, sobe obliquamente o espigo da Giovanni Gron-

    chi, percorre-o por um trecho de aproximadamente

    cinco quilmetros e desce suavemente at a avenida Jor-

    ge Joo Saad. Neste compartimento, a linha passar no

    So Paulo em 1941, mapa de Aroldo de Azevedo. FONTE: BARAVELLI, 2002.Vales e espiges.

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    topo do morro e a questo tcnica principal ser assegu-

    rar o acesso da populao das encostas ngremes a esta

    infraestrutura de transporte. portanto um estudo a serenfrentado com base em sucessivas sees transversais

    ao longo da via.

    Compartimento 2: Passa pelo vale onde se encontram

    as avenidas Jorge Joo Saad, Francisco Morato e Eliseu de

    Almeida; sobe bruscamente em direo ao espigo da ro-

    dovia Raposo Tavares e desce, tambm de forma acentu-

    ada, at a avenida Corifeu de Azevedo Marques e depois

    at o vale da avenida Escola Politcnica. O foco principal

    deste compartimento est na forma como o percurso do

    VLT ocorrer em meio aos acidentes geogrficos respei-

    tando as limitaes tcnicas do sistema. um trecho da

    via a ser estudado sobretudo em sua seo longitudinal.

    Durante todo o percurso visvel o contraste so-

    cioeconmico da regio, que abriga favelas, como a So

    Remo e o complexo Paraispolis, e bairros de alto pa-

    dro como Vila Andrade e Morumbi este ocupado por

    empreendimentos horizontais e aquele, por empreendi-

    mentos verticais. Tanto as ocupaes de baixa como as

    de alta renda da regio carecem de qualidade urbana, o

    simples arruamento e ocupao no foram capazes de

    urbanizar de fato a rea. Faltam equipamentos e espaospblicos de qualidade, sobram oportunidades para pro-

    jetos. O transporte de mdia capacidade pode ser a um

    forte gerador do espao urbano e cabe ao Estado aprovei-

    tar a oportunidade de constru-lo, gerando centralidades

    significativas, mesmo que atravs de desapropriaes.

    _ V IS ITA DE CAMPO | Em um percurso por toda a li-

    nha possvel identificar trechos distintos da via quanto

    sua ocupao e carter. Agrupando as quadras seme-

    lhantes, foi possvel dividir o percurso em dez trechos

    que sero descritos a seguir e ilustrados com algumas

    fotos do local, indicadas no mapa da prxima pgina.

    Avenidas de fundo de vale e de cumeeira.

    Compartimentos do percurso.

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    Anlise do percurso por trechos.

    Trecho A: composto por ter-renos grandes, ocupados por lojas

    especializadas concessionrias,

    postos de gasolina, material de

    construo acessadas em sua

    maior parte por automveis. H

    pouco movimento de pedestres.

    Trecho A: Lojas especializadas. Trecho A: Pouco movimento de pedestres.

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    Trecho B: Os lotes deste trecho

    tm seus acessos virados para as

    ruas transversais e so ocupados

    por edifcios residenciais de alto

    padro, o que gera grandes muros

    nos limites das caladas da Gio-

    vanni Gronchi. Existem alguns

    centros comerciais planejados,

    acessados pela populao de alta

    renda em automveis particula-

    res. Tambm h lojas de diferen-tes portes espalhadas no trajeto.

    As ruas transversais so bastante

    inclinadas, algumas do acesso

    para o Complexo Paraispolis.

    Trecho C: Alguns lotes e ter-

    renos deste segmento esto vagos

    e outros, ocupados com constru-

    es e novos empreendimentos.

    Trecho D: Este trecho com-posto por casas de alto padro

    com frentes para as ruas transver-

    sais, gerando muros contnuos na

    avenida; o bairro do entorno bas-

    tante arborizado. Seu fim d-se no

    Estdio do Morumbi, ponto que

    atrai muitos carros e pedestres.

    Trecho E: A via neste trecho

    comercial, mas est inserida emuma zona exclusivamente resi-

    dencial, que abriga habitaes ho-

    rizontais de alto padro. A avenida

    bastante larga e arborizada, com

    algumas praas no entorno.

    Trecho F: Este segmento

    composto por terrenos muito

    grandes e com pouco dilogo

    com a rua; em um lado h um

    shopping center e no outro, um

    conjunto residencial fechado com

    muros, com apenas uma entrada.

    Trecho B: Ruas transversais inclinadas.

    Trecho C: Lotes Vagos. Trecho D: Muros contnuos na avenida.

    Trecho B: Muros no limite das caladas.

    Trecho F: Terrenos grandes sem relao com a rua.Trecho E: Avenida comercial, larga e arborizada.

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    Trecho G: Este o trecho com

    menos vida urbana. Na avenida

    Eliseu de Almeida h terrenos

    grandes e imveis vagos, comer-

    ciais e residenciais. A rua Domin-

    gos Barbieri tem porte de via local,

    com largura limitada e declivida-

    de bastante acentuada, entretanto

    utilizada como via troncal por

    nibus e veculos particulares, na

    falta de outra conexo norte-sul.O uso intenso e inadequado ao

    porte da via levou degradao

    de muitos imveis do entorno.

    Trecho G: Via local utilizada como troncal.

    Trecho H: Via larga beirada por praas. Trecho I: Comrcio vivo.

    Trecho G: Transposio da rodovia Raposo Tavares.

    Trecho J: Via acompanhada por longos muros.

    Trecho J: Este trecho tem umcomrcio decadente e longos tre-

    chos acompanhados por muros.

    Trecho H: Via bastante larga

    beirada por pracinhas e casas de

    mdio padro.

    Trecho I: Via ocupada por co-

    mrcio vivo de diversas escalas.

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    29VUCHIC, Vukan. Idem, p.276-280.

    PROJETO DE IMPLANTAO | Tecnicamente o VLT tem

    a capacidade de vencer inclinaes de at quinze por-

    cento. Entretanto como o percurso no ser feito de

    forma segregada, isto , ele compartilhar a via com

    pedestres e automveis, o limite utilizado ser de nove

    porcento conforme descrito nas Especificaes Tc-

    nicas, em anexo , para que no seja to penoso para

    os pedestres. Verificando o corte longitudinal das vias

    por onde passar o VLT, nota-se que alguns trechos da

    avenida Giovanni Gronchi e a transposio do espigo

    da rodovia Raposo Tavares superam tal inclinao. Ostrechos demasiadamente inclinados na avenida po-

    dem ser resolvidos com pequenos cortes e aterros que

    variam de cinco a quarenta centmetros. J o trecho da

    transposio da rodovia possui inclinaes muito mais

    acentuadas, que, por vezes, superam os cem porcento.

    O tratamento deste trecho claramente mais complica-

    do e precisa se valer de outros instrumentos que no s

    a terraplanagem e a terraplenagem. Tneis, elevados e

    trincheiras sero obras mais eficientes neste caso. Comotodos estes elementos segregam a circulao do VLT, ele

    poder operar em inclinaes de at quinze porcento

    nestas vias. Devido a isso, o percurso de pedestres ser

    tratado separadamente, podendo utilizar elevadores e/

    ou escadas e esteiras rolantes. A proposta para este tre-

    cho est desenhada no Captulo 3, O Projeto. Outra

    limitao tcnica importante do VLT o raio de cur-

    vatura horizontal, que deve ser de no mnimo trinta

    metros. Em toda a extenso da linha, as vias possuem

    curvaturas iguais ou maiores que isto, no tendo sido

    este um fator limitante.

    O posicionamento das estaes foi definido por

    pontos importantes do trajeto, como grandes equipa-

    mentos, cruzamentos com vias principais e cruzamen-

    tos com vias importantes de ligao com os bairros do

    entorno. A presena de pontos de nibus e converses

    esquerda de carros foram usados por vezes para definir

    com mais preciso a localizao das estaes. impor-

    tante lembrar que a distribuio homognea de estaesao longo da linha raramente a forma mais eficiente

    de determin-las. O ideal que depois da primeira dis-

    posio das estaes seja feito um grfico baseado na

    demanda, relacionando os embarques e desembarques

    em cada uma das estaes. Em locais onde o nmero de

    passageiros que no desejam que haja uma parada ali

    ou seja, o nmero de passageiros dentro das compo-

    sies que no querem a descer ou embarcar supera

    em muito o nmero de passageiros que desejam uma

    parada ali a estao deve ser suprimida, pois aumenta o

    tempo de viagem da grande maioria dos passageiros, o

    que no desejvel. Vale destacar que quando a diferen-

    a no chega a ser to grande a estao deve existir, poiso acesso dos passageiros ao sistema de extrema impor-

    tncia29. Como o presente trabalho no tem condies

    de simular o embarque e desembarque de passageiros

    nas estaes selecionadas, o critrio utilizado foi alocar

    estaes nos pontos de relevncia comprovada, atual-

    mente e adicionar mais estaes apenas em reas onde

    a distncia entre elas se tornaria maior que 1,5 km. Nes-

    tes pontos, sem uma grande referncia que determine a

    localizao da estao a ser adicionada, foram utiliza-dos como parmetro os pontos de nibus. Desta forma,

    evita-se que existam grandes reas sem cobertura do

    sistema ou, no outro extremo, que o tempo da viagem

    se alongue desnecessariamente. Nas pginas seguintes

    apresentamos os estudos para a implantao da linha e

    o mapa de localizao das estaes.

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    Anlise do percurso para proposta de estaes | Pontos de interesse e densidades de ocupao 1:20000

    0 0.1 0.5 1 km

    Perfil longitudinal da linha _escala horizontal 1:20000 | e scala vertical 1:20000 0.1 0.5 1 km

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    Estaes propostas 1:20000

    METR G. GRONCHI_integrao

    com metr Linha 5 e terminal JooDias

    SHOP. JARDIM SUL_acesso aoshopping e lojas de grande portecomo C&C e Carrefour

    PARAISPOLIS_segunda estao

    de acesso ao complexo, coincidecom o atual ponto final de nibuse tambm serve o colgio Nossa

    Senhora do Morumbi

    MORUMBI_localizada entre duasestaes muito distantes, d

    acesso ao bairro do Morumbiem local com muitos pontos de

    nibus, cruzamentos e conversespara carros

    JOS R. URTIZA_acesso rua demesmo nome, principal ligaocom a Vila Andrade

    CEU PARAISPOLIS_primeiradas trs estaes de acesso aocomplexo Paraispolis e ao CEUParaispolis

    JARDIM COLOMBO_terceiraestao de acesso ao complexo,est na esquina com a rua dasGoiabeiras, principal entrada comunidade Jardim Colombo e ruaDr. Francisco T. de Carvalho, queliga a avenida Giovanni Gronchi avenida Morumbi

    B

    B

    A

    A

    0 0.1 0.5 1 km

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    MIGUEL DE CERVANTES_d aces-

    so ao colgio e instituto Miguel deCervantes

    ELISEU DE ALMEIDA_loca-lizada no cruzamento com aavenida Eliseu de Almeida,serve o Shopping Butant

    VILA INDIANA_no

    cruzamento com a ave-nida Corifeu de AzevedoMarques serve o bairro daVila Indiana

    CIDADE UNIVERSITRIA _dacesso portaria 3 da CidadeUniversitria

    METR ESCOLA POLITCNICA_in-

    tegrao com o metr Linha 7 nocruzamento das avenidas Corifeude Azevedo Marques, Jaguar eEscola Politcnica

    ESTDIO DO MORUMBI_localizadaentre os portes de pblico eimprensa, serve ainda o porto depblico da avenida Jules Rimet

    METR SO PAULO-MORUMBI_integrao com o metrLinha 4 no cruzamento com aavenida Francisco Morato

    RAPOSO TAVARES_faz a transposioinferior da avenida,no se limitandoapenas aos usuriosda estao,alm deservir o Parque Pre-vidncia e os bairrosJardim Ademar deBarros e ConjuntoResidencial Butant

    ENG. H. A. EIRAS GARCIA_na es-quina da avenida de mesmo nomee a avenida Corifeu de AzevedoMarques, serve o importante eixocomercial do Jardim Bonfiglioli

    RIO PEQUENO_serve o bairro RioPequeno, a avenida comercial demesmo nome e a favela de SoRemo

    C

    C

    D

    D

    E

    E

    G

    G

    H

    H

    F

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    As vias por onde passa a linha de VLT possuem calhas

    bastante distintas, algumas abrigariam com facilidade as

    estaes e os seis metros necessrios para a via de mo

    dupla do VLT, enquanto outras necessitariam de desa-

    propriaes. A implantao intercalada das plataformas

    de sentido oposto das estaes reduz a rea necessria.

    Entretanto em alguns pontos a desapropriao pode ser

    feita de forma mais extensa, liberarando reas para equi-

    pamentos pblicos como escolas, bibliotecas, postos de

    sade e praas, bastante escassos na regio.

    O estudo da implantao do VLT em vias de calhasdistintas atravs dos seus cortes transversais levou de-

    finio de alguns padres de urbanizao que poderiam

    ser empregados de forma abrangente na cidade. So eles:

    - utilizao de piso gramado ao longo da via da linha

    de VLT, para que a rea permevel seja aumentada, para

    desencorajar a invaso da faixa por automveis e para

    melhorar visualmente as ruas por onde ele passar;

    - determinao de uma faixa de servio ao longo de

    todas as vias onde se localizaro rampas de acesso, rvo-res, mobilirio urbano como lixeiras, telefones pbli-

    cos e sinalizao e onde ser enterrada a fiao, com

    as tampas para visitao deste sistema;

    - liberao de, no mnimo, dois metros de calada

    totalmente livres de qualquer mobilirio urbano, de ca-

    rter pblico ou privado, e declividades transversais no

    superiores a dois porcento ;

    - tratamento de todas as caladas de forma homog-

    nea, pela conservao por parte do poder pblico, aca-

    bando com o mosaico de revestimentos, e eliminando

    os desnveis abruptos que resultam do controle privado

    das frentes de lotes; e

    - concentrao do desnvel das entradas de carros

    no meio fio e dentro dos lotes, no permitindo que as

    rampas sejam feitas nas caladas.

    O trecho que passa na avenida Alberto Augusto Al-

    ves possui hoje doze metros de leito carrovel e 2,35 e

    trs metros nas caladas. Como a via de mo nica,

    duas das suas faixas de automveis podem ser facilmen-te substitudas pelo VLT; entretanto no possvel au-

    mentar a largura das ca