3. Leopold Von Ranke – Sobre o Carater Da Ciencia Historica. Apresentacao e Notas [Julio...

13
Pontifícia Universidade Católica o Rio Grande o Sul Chanceler Dom Dadeus Grings Reitor Joaquim Clotet Vice-Reitor E v ilázio Teixeira Conselho Editorial Ana Maria Lisboa d e M e ll o Elaine Turk Faria Érico João Hamme s Gilberto Keller de Andr a d e Helenita Rosa Fr a n co Jane Rita Caetano d a S l ve ir a Jerônimo Carlo s S ant os Br aga Jorge Campos d a Cos t a Jorge Luis Nicol as Au dy - Presidente José Antônio Poli d e F g u e ir e do Jurandir Malerba Lauro Kopper Filho Luciano Klõckn e r Maria Lúcia Ti e ll e t Nun es Marília osta M orosl nl Marlise Araújo do s nt os Renato Tetelb o m S t e ln René Ernaini G e rlz Ruth Maria Chitt 6 G au e r EDIPUCRS Jerônimo C arl os a nt os r aga - Diretor Jorge Campo s d a Cos t a Editor Chefe urandir Malerba ORG NIZ DOR .... LIÇOES DE HISTORI o c minho da ci ê ncia o longo século X X Coedição GV ediPllCR s ' ... Porto Alegre, 2010

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Pontifícia Universidade Católica

o Rio Grande

o

Sul

Chanceler

Dom Dadeus

Grings

Reitor

Joaquim

Clotet

Vice-Reitor

Ev

ilázio

Teixeira

Conselho Editorial

Ana

Maria Lisboa de Me

ll

o

Elaine

Turk Faria

Érico

João

Hammes

Gilberto Keller

de

Andrade

Helenita Rosa Franco

Jane Rita Caetano da Slve ira

Jerônimo Carlos Sant

os Br

aga

Jorge Campos

da Cos ta

Jorge

Luis

Nicolas Au dy - Presidente

José

Antônio

Poli

de Fgueiredo

Jurandir Malerba

Lauro Kopper Filho

Luciano Klõckn er

Maria Lúcia

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e

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et

Nun es

Marília osta Moroslnl

Marlise Araújo dos ntos

Renato

Tetelbom Ste

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René Ernaini Gerlz

Ruth Maria Chitt6 G

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EDIPUCRS

Jerônimo Carl

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aga - Diretor

Jorge

Campos da Cos ta

Editor Chefe

urandir Malerba

O R G N I Z D O R

....

LIÇOES DE

HISTORI

o c minho

da ciência

o

longo século X X

Coedição

GV

ediPllCRs

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...

Porto Alegre, 2010

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  eopold von Ranke

Julio Bentivoglio

Como

..é ambição

naturaLde tod

O homerrLdeixar-atráuie.

si algum registro útil a..existência,

eu

tenho alimentado

por

muito

tempo projeto de

devotar minhas

energias e

minha

capacidade a este trabalho

tão

importante

.

Ranke , História

da Reforma

na Alemanha, 1847

Parece-me risível [. ..] dizerem que não me interessam

as

questõ.es

jilosóficas

_ou

r e l i g i Q s a a m j u s t a m e n t

  s s a s u s t õ s e

..ó

que me

t ncaminharam à

históri

a...

 

Ranke

Carta

a Heinrich

Ritter,

1830

Franz Leopold von Ranke nasceu, em

21

de dezembro de 1795, em Wiehe

(atual Unstrut), na Turíngia, e morreu em 23 de maio de 1886

em

Berlim.

Casou-se em 1843 com Helena Clarissa Graves (1808-1871) quando con

tava 48 anos e já era renomado historiador. Iniciou seus estudos no ginásio

de Schulpforta

1

- onde também estudou Fichte (1762-1814) - man

tendo por toda a vida suas convicções religiosas em meio a uma família de

pastores luteranos e nutrind o desde a infância grande afeição pelo estudo

das letras clássicas.

Em 1814 entrou para a Universidade de Leipzig, onde estudou teo

logia e filologia. f1.Qreciava o estudo_de-.autores antigos,_tendo_

c QJ

1l.0ellS

prediletos Tucídides (460-400 a.c. , Iito

Lívio

(59 a.C.-17 d.C.) .ú 2ionísl2..

de Halicamasso_(54 a.C.-8 d.C.) .2 ,Entre seus contempmâneos. ap:r:eciav:a

Q

pensamento_de Barthold Georg NiebuhL(1776-1831), l mmanuel Kant

(1724-1804), Joahnn Gottlieb Fichte (1762-1814), Friedrich Schelling

(1775-1854) e.rriedrich Schl

e.ge

L(1772-1829) .

Tais

simpatias dizem muito

acerca da formação e das convicções teóricas de Ranke . Em 1817, iniciou

1 Famosa escola criada no século x:v

ond

e lecionou,

por

exemplo, Friedrich W Nietzsche entre

1858

e

1864.

2 Segundo Gay (1990 :71), foi a filologia clássica, e não a história, que atraiu Ranke .

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1 4 I

I••

1\ 1'1

', I 11111

sua carreira como professor de letras clássicas no Friedrichs Cyl1lllas

iuJ11,

de Frankfurt. Ali despertaria seu interesse pelo passado e pela hist ria.

Depois de muitos estudos e várias visitas a arquivos, redigiu sua pri

meira obra, publicada em

1825,

Geschichte

der romanischen und

germanis

chen Vólker

von 1494 bis 1514

(História

dos

povos

latinas

Lgermânicas..de.J.j94

a

1514 ,

na qual demonstrou sua capacidade de investigaçãojUstó.rica,

vsando uma variedade de fontes que_incluíam memórias, diár·os cartas

pessoais e (ormais, documentos govern-ªmentais

~ i p l o m á t i c o s t e s t t m l l .

nhos oculél,IT;;.3 De maneira semelhante a Niebuhr e Johann Gustav Droy

sen

(1808-1884),

Ranke apoiou-se na crítica documental desenvolvida

por Friedrich A Wolf (1759-1824) e pelo orientador de Droysen, August

Bóckh

(1785-1867),

e na hermenêutica romântica de Friedrich Schleier

macher (1768-1834).4 Estava aí a base do método histórico que se consti

tuiria a partir de então.

5

Esse livro, que o alçou à carreira acadêmica, trazia

em sua introdução a tão incompreendi da frase: a história esçolheu para si

o cargo de revelar o passado e instruir o futuro para o h.enefído_das_ger-ª

ções futuras. Para mostrar aos altos oficiais o que o presente trabalho não

pressupõe: ele busca apenas

mostrar

o que realmente acon e c e u ~ . 6 A despeito

de interpretações apressadas de sua obra, Ranke jamais s.eJimitmULpr:ud J

zir uma história factual,JIleramente p.olítica..ou-que..ap ego asse que os fatos

e v e r i a J I l falar}2Q si esmos;7 tampoucQafi rmou

q u e . . o . J Ü S 1 Q I Í a d Q . r

  ~

ria anular sua subjetividade, como se verá em seu texto, mais adiante.

Recém-ingresso na Universidade de Berlim, em

1825,

nomeado como

Ausserordentlicher Professor,

Ranke colocou-se ao lado de seu amigo Frie

drich Carl von Savigny

(1779-1861)

em oposição ao pensamento histórico

de Friedrich W Hegel (1770-1831). Embora não discordasse da..existênda

Qg

uma histÓri<UlIlLversal e de

c a r á ~ r

divino, Rankk p.Leleria valorizar o

3S

c

hulin, 1966:584.

4 Iggers, 1988:65.

5 Gadamer (2003:271) indica, contudo, que o caminho seguido por Ranke se inspira, mas não

se fundamenta na hermenêutica de Schleiermacher. Para ele a es colallistóri ca husco:u..ap.oiRna

~ e o r i a

romãntica da individualidade"; embora os "historicistas" tomem a realidade histórica

Ç

mo um texto a ser comp.reendido, eles procuraITLcompreender a totalidade do

s...nex

os da

história a humanidadJ:, inspirando-se em Herder e Chladenius.

6

A tão citada frase

wie es

e

igentlich gewesen .

7 Para muitos, como Fontana (2004 :225),

a

frase

foi

tirada do contexto injustificadamente e

i.nterpretada como uma declaração metodológica".

I I JI

 II

II VII II I{/ d lf I

as

pecto humano c singular na história, recusando-se a aceitar que ela fosse

apenas a realização de ideias. O adversário nessa disputa era Heinrich Leo

(1799- 1878), e o centro da discórdia residia, sobretudo, na divergência

em torno do pensamento político e da figura histórica de MaquiaveLB Em

Berlim, despertou-se a insaciável curiosidade arquivística de Ranke,9 que se

via

como um Colombo da história. O O meio universitário franqueou-lhe ar

quivos. Passou a dedicar-se_ao eSlud.o-e-à_pesquisa-delont.e.s...primárias. - não

somente em território prussiano - L a desdenhaL daqueleS-hist.oriadores

que

ainda...s.e

valiam dunemórias anais ou obrailiblio.gráficas.J,á.nastentes

_paTILproduzir- seus-trabalhas.. A Universidade de Berlim, criada em

1810,

expressava o espírito da Bíldung fundido ao de Wissenchaft.

 

Ao contrário

das universidades antigas, que priorizavam a instrução, na futura

Humboldt

Universitat priorizava-se a pesquisa como um dos pilares para a formação.

l2

Em

1825

viajou para Suíça e Itália, retornando em

1827.

Em

1831,

a pedido do governo prussiano fundou a revista Historisch-Politische Zeits

chrift 

13

Nela combateu o liberalismo e defendeu um pensamento monár

quico e conservador até meados de

1836.

Para Laue, os escritos dessa épo

ca expressam seu pensamento político, que vê de

um

lado a sociedade e de

outro os experts em governar. Outro aspecto decisivo revela a leitura que

tinha, em particular, da experiência política francesa. Emike vi a Revo -

ção Francesa como uma expressão daqlle1a..nação e seu p.rograma

é

claro e

direto:

o r g ª n i z e m o 3 1 o S - n Ó s p . r ó p r i Q s s . . . e l l i i m i t a r m o s n o s s o s - v i z j n h o s

[

..

]

mecisanlOs empreender t a r e f a

 

c a h e , m a t a r e f a h e m alemã.

"frmos que constituiL

um

verdadeiro Estado alemão,_que responda ao perfil

8

Iggers , 1988:66-69.

9

A este respeito ver Baur (1998).

10 Laue, 1950:34.

11

Bildung

significa formação e Wissenchaft, ciência. Na Alemanha do século

XIX,

ambas são a

expressão máxima do espírito que animava as artes, a cultura e o pensamento. Pressupunham

a formação plena do homem e valorizavam a pesquisa e a cultura como instrumentos decisivos

para istoVer a respeito Gilbert (1990).

12

Iggers, 1997:24.

13

Sob a iniciativa do conde von Bernstorff, ministro do Exterior, que pretendia, sobretudo,

defender a burocracia prussiana das críticas de liberais e de partidários da esquerda . Ver Iggers

(1988 :70).

14 Laue, 1950.

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  36 I I

I

I I II

111111

de nossa gente . 15 Q fato é que Rankc acompanhou lll cntus iaslllo a

po

lítica de

Quo

von Bismarck. Mesmo saudando-o como um dos fundador

do império alemão, em

1879,

o fazia somente porque aquele líder havia

defendido a Europa dos males da revolução.

16

Entre

1834

e

1836,

Ranke redigiu seu Die r6mischen Papiste, ihre kirche

und ihr

Staat im sechzehnten

und

siebzehnten

Jahrhundert

História

dos

papas,

sua Igreja e Estado no

século

XVI e XVII). A despeito de o Vaticano ter proi

bido Ranke de consultar seus arquivos em Roma, ele se valeu das corres

pondências diplomáticas privadas feitas entre Veneza e o papado para seu

trabalho. Nesse livro, formulou o conceito de contrarreforma, e sua recep

ção provocou forte polêmica com a Igreja Católica e também com os pro

testantes; para aquela, Ranke era um crítico mordaz, para estes, um crítico

muito brando do catolicismo. Essa obra complementou-se com Deutsche

Geschichte

im

Zeitalter

der Reformation História da Reforma na

Alemanha ,

escrito entre 1845 e 1847. Novamente Ranke demonstrou sua incrível ca

pacidade de pesquisa ao examinar, em menos de dois anos, os

96

volumes

da Dieta ImperiaP7 em Frankfurt para explicar a Reforma religiosa alemã,

revelando o elo que havia entre as disputas políticas e religiosas.

Em 1841, Ranke tornou-se historiógrafo real da corte prussiana.

Em

1849,

publicou Neun Bücher preussicher

Geschichte

(traduzido para

o inglês como

Memoirs

of the

House

of

Brandenburg and history

of Prussia,

during the

Seventeenth

and

Eighteenth

Centuries ,

onde examinou o Hohen-

zollern

  s

da Idade Média até Frederico, o Grande. Mas :oessa obra não

há, como nos demais historiadores da chamada escola histórica alemã

- Droysen, Maximilian Duncker (1811-1886) ou Heinrich von Sybel

(1817-1895) - , nenhuma apologia ao Estado prussiano, nem naciona

lismo exacerbado. Nela a Prússia não

é,

em momento algum, apresentada

como uma grande potência do presente e do futuro, mas apenas como

um país como outro qualquer.

15

Apud Guilland (2001:64).

16 Iggers, 1988:72.

17

Reichstag, termo que significa Dieta Imperial, é a instituição que representa o parlamento ale

mão, remontando a Carlos Magno e

ao

Sacro Império Romano-Germãnico no século

IX.

18

Dinastia real formada na região de Brandenburgo a partir de 1415 , depois sob o ducado da

Prússia a partir de 1525, originária de condes da Suábia, que governou a Prússia até o fim da

I Guerra Mundial, da qual

fazia

parte Frederico lI.

1 7

)s s l11inarios rcalizados para o

rULUro

rei Maximiliano da Baviera

em 1854 são indices preciosos a respeito do método histórico em Ranke.

Ali, como em sua preleção Sobre as afinidades e

diferenças entre história

e

polí-

tica, desenvolveu sua exposição mais sistemática e coerente dos princípios

historicistas na historiografia do século

XIX

.19 Em um deles,

12rofessou

seu histQIicism.o_de c..unho-religioso, ao_dize.r-quLcada_ép.üca-é-ime.diata

~ s

jede

Epoche

ist

unmittelbar zu

Gott),

deu ênfase às-singularidad.es

e recusolLqualqller tipü-de abordagem teleológic_.-na quaLum_

p.erio.do

_provocaria o período subsequente_Assjm, a Idade Média não_poderiaser

vista como

umlipm

inferior ao

Re

ascimeJ1lQJampilllCil..este

11m

mero

deseuyolvimenW d

quda

Após sua aposentadoria, em 1871, continuou a escrever sobre uma

variedade de assuntos e, a partir de

1880,

iniciou um ambicioso trabalho

em seis volumes sobre a história universal, o qual começou com o Egito anti

go

e com os hebreus. Até seu falecimento, em Berlim, no ano de

1886,

havia

alcançado apenas o século XII. Subsequentemente, seus assistentes e orien

tandos utilizaram suas notas e rascunhos para expandir a série até

1453.

Em 1865 Ranke recebeu o título de barão Freiherr) e em 1882 se tornou

membro do Conselho Prussiano. Em

1884

foi escolhido como membro de

honra da American Historical Association, o que indica sua larga aceitação e

posterior influência nos países anglo-saxões.

  o

Esses breves apontamentos biográficos talvez não façam justiça àquele

que, para muitos, é considerado o maior historiador do século XIX.

21

Leo

pold von Ranke foi cçmsagrado

em

vida_como um _dos fundadores_da-Ciên

cia..hislórica m o_derna, eclipsando c ontemporâneos talentosos como Droy

sen ou o

g n h ~ d o r

do prêmio Nobel Theodor Mommsen (1817-1903). In

fluenciou toda uma geração de historiadores alemães, ingleses e franceses.

Lamentável é ver que ainda hoje paira uma incompreensão a respeito de

sua obra

-já

várias vezes refutada

-

onde se demonstra que Ranke não

era_nenuLUncaJoi

um

historiadoLpositivi,.S.ta

22

Esse mal-entendido procu-

19

Iggers, 1988:70.

20

Gildherhus, 2007:47; Iggers, 1962.

21 Vierhaus, 1987.

22

Não foram poucos a desmitificar o equívoco: Iggers (1962); Braw (2007); Holanda (1979);

Vierhaus (1987).

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  38

111111 , J

 

"

ra reduzi-lo

à

visão caricata da tão incompreendida ,'x im<l W C C i clg('I1I i(

h

gewesen   Grosso modo, o fragmento refere-se ao fato de que p historiador

.não deve louvar nem julgar. Um dos mais influentes teóricos do século XX,

Robin G. Collingwood 0889-1943), afirma que Ranke empregava a crítica

histórica como cerne de seu trabalho, mas não realizava uma segunda etapa

cara

à

filosofia positiva ,

ou

seja, localizar uma lei geral de desenvolvimento

histórico.

23

Para G. P Gooch essa incompreensão teve um efeito benéfico:

separou,

em alguma medida, o estudo do passado das paixões políticas do

presente.

24

Assim, o que pode parecer ingenuidade epistemológica era, na

verdade, uma postura desafiadora para os demais historiadores alemães,

da escola histórica ou da esquerda, que desejavam uma história mais ou

menos comprometida com o poder. Marrou acertadamente observou que

a frase não significava a defesa, por parte de Ranke, da promoção de uma

ressurreição integral do passado.

25

De qualquer modo, Hans-Georg Gada

mer defende que esse autoapagamento proposto por Ranke não excluía,

em absoluto, a participação no

real,26

Ou seja, o historiador p ode ter cons

ciência de seus pré-julgamentos e da interferência de sua subjetividade em

suas escolhas e ações, tanto em seu trabalho quanto na vida pública, mas

seu engajamento, ou não, é uma questão de opção. _Ranke 12referiu a discri

ção e o r ~ c o l h i m e n L O , d e d i c a n d o . sobretudo,

--ª,-

pesguisa.

Ranke...é_herdeiro intelectual de Wilhelm von

Humboldt

0767

-1835)

e de Banhold Niebuhr,

.a...s

_lLlllodo_pmpagadoLes

..-

:lcu:ecurso-imp.eratiYo

das fon

e ~ p r i m á r i a s 2 7

em pes.quisa históLica,.-do..JJ.so_da-q:itica histÓrica

documental,

hem.

cQIlli1_

dandesa

de uma esnita.-ruLhist6J.:ia_compmmis

sada_corn...aserdadcdos_fatQS.,-Clb;i-eti..\m...e..-áparlid.ária. Isso não significou,

em nenhum momento, a recusa da imaginação em Ranke, a presença da

subjetividade ou a rejeição de uma poética da história.

28

Afinal, ele via com

23

Para Collingwood

(1989:133),

os historiadores do século XIX teriam aceitado a primeira eta

pa do método positivo, a recompilaçãO de fatos, mas não a segunda, o descobrimento de leis.

24 Gooch, 1935:97.

25

Marrou [s.d.]

:37.

26 Para Gadamer

(2003:287),

uma vez que todos os fenômenos históricos são manifestaçôes do

todo da vida, participar deles é participar da vida .

27 Para Gay

(1990:75),

esse é um de seus méritos: com seus esforços, não deixou dúvidas quan

to ao fato de que os documentos detêID --ª--Chaye-da-verdade h i s 1 Ó . r i c a e m h o r a ~ e c e s s i t e I I L d a

in.Lem:nção

p Q L p a r t e

h i s t Q r i a d Q os a c o l h e . . s . e k ~ n a l i s a .

28

Ver o brilhante ensaio de Rüsen

(1990).

I

) 1 J V I I

 

H

I

tt' '> t :; O

)

prccl1 'hil1l ento de

la

cunas, mas não o recurso

à

imaginação.

29

Valorizava, igualmente, a narrativa do. historiadoL

30

Para ele, a história era,

ao m smo tempo, uma ciência e uma--ªI1.e, e o

h i s t o r i a d o . L l ã O - C i ~ a i n

culcar nela suas posiç.ões_políticas.

3

Nesse sentido, afastava-se radicalmen

te

de seus contemporâneos, como Droysen, e de seus próprios discípulos

Sybel, Duncker e Heinrich von Treitschke

0834-1896).

Evidentemente,

Ranke sabia da impossibilidade de uma escrita neutra, mas preconizava a

recusa a tomar-se partido.

32

Para Ranke, a.me la.da história.:serÜLconbecer as tendência dominaD.:

Jes de

uma

época; entretanto, negava a filosofia da história de Hegel

por

não ver nela nada de humano, apenas a ideia divina desprovida de qual

quer traço concreto. Apreciava ainda os romances de Walter Scou e o his

toricismo de Herder

(1744-1803) . E

defendia o estudo..dus e . ~ ~ , dos elos

que artic1JlillILqllaisquer

wnstelaç.õ..e.s

_

d..e....e..v.entos..:

3

Por fim, n ~ Q se. pode

çlescuidar do_conteúdo religios_o_de s . e u s s c r i ~ , mencionado

por

inúme

ros intérpretes há mais de

um

século. Para Ranke, dar..-vida-aG-passado seria

uma

forma de encontrar-se com Deus;34 porém, se a históri e

x

pressª-1

Qbra

divina, não há nele o fervor do pre.gadoL Sua históri

conferia.:.ê.nfase

ª olítica, sobretud o à política internacional

Aussenpolitih).

E, embora não

tenha sido o primeiro, pode-se atribuir a Ranke a institucionalização do

seminário como moderno meio de ensino universitário, disseminado pelas

universidades alemãs a partir de seus

cursOS.

35

29 "E.m.Ranke.._a.mãCLill.ooeladora_do..artistaliteráriQlluuc.a..se..distancia.doJahor..c.ons.tru.ti=-do

bistoriadoJ (Gay,

1990:63).

30 Para Guilland

(2001:13),

Ranke conferia extrema importância

à

forma e escrevia com viva-

cidade e graça.

31 Conta-se a anedota de que, num congresso, um colega teria dito a Ranke que, como ele,

era historiador e cristão; ao que retrucou Ranke: sou historiador, não apologeta (Holanda,

197913)

32

A este respeito ver, sobretudo, Vierhaus

(1990:64-65).

33 Não resta dúvida quanto

à

influência da.apreensãO_QIganici.sJ:a,..rclaçionaLdo...processo-

hist.Q.H

Ç.O tal como proposta por Herder. Maior discussão a respeito em Baur

(1998) .

34 Sobre tudo flutua a ordem divina das coisas, difícil por certo de demonstrar, mas que sempre

se pode intuir. Dentro da ordem divina, assim como na sucessão dos tempos, os individuos

importantes ocupam seu lugar; assim é como os há de conceber o historiador (apud Fontana,

2004:227).

35 Nestes seminários notabilizou seu

m é t o d o d ~ s t l l d c r í t j c Q

das fontes

Quel

lenhritih) , ao

formar duas geraçôes de historiadores alemães .

Ver

Stern (1973:54) .

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14

li 111,111 I

)II

I A

Para Ranke, um historiador precisa de lI'

S

qualidad

es

l'a r 

ll:lI

is: h O lll

e n s o coragem e honestidade. Figura ao lado d e Droy

sen

com um aluno

ideal de Humboldt, como indicou Georg Iggers, pois tem posição seme

lhante às

do

mestre em relação a temas como a natureza

do

pe

ns

amento

histórico, o Estado, a cultura e a dificuldade de se encontrarem leis univer

sais para o estudo do passado. E cada um, a seu

modo,

enfatiziLane.c.e.ssi

dade

do

realis o histórico e do se O - . d a l i d a d e . Tinha Herder como

referência-chave, pois este

pensador

forneceu

um

modelo para

um

modo

de escrever a história que pode ser desprendido de sua base teórica formal

e julgado

em

seus próprios termos,

como

um

protocolo metodológico

que

pode

ser partilhado por românticos, realistas e historicistas indistintamen

te .3?

.5-

wL co

.lJ1

]2reensão a i tória co uma Clenci gorosa

exp.res.sg.

uma tensão entre

um demanda

_explícita

por

o ·.etÜd.da

ci L

c

ient

ífica e a

r-ejeição aos julgamentos de valoLe e S J l e c u l a ç ô e s m e t a f í s i c a s e ~

intromissão de questões

12

0líticas

ou fil

os_óficas na esquisa.

38

Igualmente

reJeitaYa s o r t e de positivisillCLqllc r.eÚd.ndicassL1 Le.stabelecimento

dos fatos como a tarefa essencial

do

_

trabalho....do

_his.to.riaclru::'.

39

Amigo de Frederico Guilherme da Prússia e de Maximiliano da Bavie

ra, Ranke publicou a partir

de 1865

suas obras completas, atualmente

com

quase 60 volumes, e

pôde

ver seus discípulos ocuparem cadeiras de his

tória nas principais universidades alemãs.

Comba ell

_

aL

ey cluç

.ã.o

.

 ....o

lumi

nisrno,_o_rornantismo e o

h e . g e l i a n i s m o e m b o r

r e j e i t a s s e

a

id

_eia d e_p

ro

gresso, não deixava de cO

.ID

p.ar..úlh

ar

ce to-º-tirnisrno....crn..s.U4-é.poca , o qll e

. n ã o j d a . e u l O . J l l s . . t ó r i L J . . e . L u

validade universal_pois,_p.ara_ele, cad

<Lcr

ã.CLh

ist

ór i

c

<Ler

a

l1L

prod

UtQ

genuíno do espírito de uma n a ç ã o . ~ a r a a n k e e . a l i d a d ü : :

(ID'

a

I1os

_e

y.cntoilistóric

Qs,_e a  

g n i f i c a v a

reconhecer sua

.

o s i ç

. ã o . . . . d i a n t e . . J i a . 1 o . r .

em

estudo.

41

Aproximar-se de u a_ép..Qfa

seria

uma

percepção espirifual, e não somente uma constataç-ª.o construída

a partir dos dados enco trados

na

pesquisa .

36

Gilbert, 1990.

37 White, 1995:91.

38

Iggers, 1988:25.

3

9

Ibid.

40 Para uma síntese de suas principais concepções, ver Braw (2007) .

41

Iggers, 1988:77.

11111

 111 I

VII II I

AII

I I

141

Pr ill

cipais ob r

as

c I

' Ra ll

k :

.. Geschichte der romanischen

und

germanisc

h

en Vó

l

ke

r von

1494

bis

1514

(1824).2v.;

..

Die

ser

b

isc

he Re

volution

.

Aus serbischen Papieren

und Mittheilungen

(1829);

..

Die

rómischen Papste in den letzten vier

jahrhunderten

(1834-1836). 2v.;

.. Deutsche G eschichte im

Zeitalter

der

Reformation

(1839-1847). 2v.;

.. Neun Bücher preussischer

Geschichte

(1847-1848) . 3v. ;

..

Franzósische Geschichte,

vornehmlich

im

sechzehnten und siebzehnten jahr-

hundert

(1852-1861). 5v.;

..

Englische

Geschichte,

vornehmlich

im

sechzehnten und siebzehnten jahrhun- .

dert (1859-1869) . 3v.; .

.. Die deutschen Machte

und der

Fürstenbund

(1871-1872);

.. Ursprung

und

Beginn der Revolutionskriege 1791

und

1792 (1875); .

..

Hardenberg

und die

Geschichte

des

preussischen Staates von 1793

bIS

1813

(1877);

.. Serbien

und die

Türkei im

neunzehntenjahrhundert (1879);

.. Weltgeschichte

-

Die Rómische Republik und ihre Weltherrschast

.

(1886) 2v.

SOBRE O CARÁTER DA CIÊNCIA HISTÓ RICA

42

A história distingue-s

.e t Q . d a s c i a s

ser também

uma r t e . 4 3 A história é uma ciência ao coletar, blls.car,i Q

y.

esügar.;..cla..Lu IDa

-arte p o r ~ u e recria e retrata aquilo que encontrou e reconhece_ . Outras

ciências satisfazem-se simplesmente registrando o que foi encontrado;

história requer a habilidade para

rec

ri r

Çomo dêD.c.ia, a hiSlÓr.

ia

é_pa

r.

ecida com a filosofia;_e como arte, com

a poesia. A diferença é que, de acordo com suas naturezas, filosofia e poesia

( 42

O texto

Id

ee

der Universalhistori e  foi

pela primeira vez editado por Eberhard Kessel e pu

blicado na

Historische

Zeitschrift,

CLXXVm em 1954. A versão aqUl traduzida

fOI

pubhcada em

Iggers e Moltke (1973:33-46).

43

Não há dúvida quanto

à

influência decisiva de Humboldt nesta sentença (ver Humboldt,

2001). Compartilha dessa opiniãO Gervinus (2010). (N . do T.)

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  42

I

I'

I 1 1 111

1111(

IA

lidam c

om

o reino do id

ea

l, enqua

nt

o a

hi

slOria d

evc

all'l'

S ( ' :\

rcahdad

. 11

Se

alguém designasse à filosofia a tarefa de penetrar a imagem que apar'ceu

no tempo, isso implicaria descobrir a causalidade e conceituar o âmago da

existência: então, a filosofia da história não seria também história? Se a fi

)Qsofia

da história p.lldesse-atribuil:-à_poesia a tarefa de repro_duzir..o_

vi\li..dQ

,

s.eria

então..histá.ria.

A história distingue-se da poesia e da filosofia não em consideração

a sua capacidade, mas pelo objeto abordado, que lhe impõe condições e

a sujeita à empiria.

45

A história traz ambas juntas em um terceiro elemen

to

peculiar somente para si. Ela não é

nem

uma nem outra, porém exige

l,Jma união das forças intelectuais ativas

e r n a ~

2 o e s i a e fi sofia, sob a

condição de que est-ªS..Últimas..sejam_dirigidas..at.ra41és..d.e..s.ua...relaç.ãru;..Qffi..Q

ideaLem..direção aQI.eal.

Existem nações que não têm a habilidade de controlar esse elemento.

A Índia teve filosofia, mas não teve história .

É

estranho como entre os gregos a história d e s e n v o l v e u ~ s e quando

se emancipou da poesia. E os gregos tiveram uma teoria da história que,

conquanto marcadamente desigual à sua prática, era, não obstante, signi

ficativa. Alguns destacaram mais o caráter científico, outros, o artístico,

mas ninguém negava a necessidade de unir os dois. Suas teorias movem-se

entre esses elementos e não se pode decidir

por

nenhum. Quintiliano ainda

disse:

historia est

proxima

poetis et quodammodo carmen solutum .

  6

Nos tempos modernos, nos casos de dúvida, tem-se lidado somente

com os elementos de realidade ou então insistido na ciência 'como único

princípio. Têm-se ido tão longe a ponto de fazer a história diluir-se como

uma parte da filosofia.

47

De

qualquer modo, como foi dito, a..históri

a...pr.e.ci

sa ser ciência e arte ao mesmo tem l2Q, A história nunca é uma sem a outra.

44

A esse respeito, há..profunda semelhan a do pensamento de Rank.es.om o de Gervinus, que

escreveu seu Grundzüge em 1837. N. do

T

45 É este também o pensamento de Droysen 2009). Lembro, contudo, que Banke via no fenô

me. 1Q...uma totalidade ,uma..r.ealidade esptitu.aL N. do

T

6 Instituto oratoria

X,

I,

31:

a história é aparentada ao poema;

é,

por assim dizer, um poema

em prosa . Solutum nesse contexto significa liberdade das restrições métricas (nota de Iggers e

Moltke,

1973).

47 Há aqui uma critica direcionada a Kant e, em maior grau , a Hegel, pois Ranke tinha restrições

em relação a uma filosofia da história que procur asse aprisionar a história como também um

domínio do pensamento especulativo. Cf. Iggers , 1988. N. do

T

11111  111 1 Vlill II Allf I

4

Ma,> ( p llSSIVcI que

um

a ou oul ra seja mais pro nun ·iada. Em cursos a histó

I

ia

po

de, claro, aparec r somenL  orno ciên

cia.

por

esse motivo

fa

z-se

necessário compreender o mome

nt

o para lidar com a ideia de história .

A arte repou

sa

em si mesma: sua existência prova sua validade. Por

outro lado, a ciência pode ser totalmente desenvolvida fora de sua verda

deira concepção e ser clara

em

seu núcleo.

Consequentemente, eu gostaria de iluminar a ideia de história do

mundo em algumas leituras preliminares - tratando sucessivamente do

princípio histórico, do alcance e da unidade da história mundial.

obre o princípio histórico

Pergunta-se sobre o que justifica os esforços dos historiadores em

si.

Seu esforço é reconhecido como necessário, e pode ser vão falar a respeito

de sua utilidade, já que ninguém duvida disso.

h sod.e-dade. ,..a..i

nteI=.J:elação.

das coisas

ige.m

, Mas nós precisamos nos situar

em

um nível mais ele

vado. Para justificar nossa ciência contra as reivindicações da filosofia, pre

cisamos nos reportar ao sublime; procurar um princípio do qual a história

receberia uma vida única, própria. Para encontrar esse princípio devemos

considerar a história em sua luta com a filosofia . Estamos falando daquele

tipo de filosofia que alcançou seus resultados mediante especulaçãO e que

afirma dominar a história.

Mas

quais são essas reivindicações? Fichte,48 entre outros, expres

sou-as assim: se

fi

,losofar é deduzir os fenômenos que são possíveis na

experiência da unidade de seu conceito pressuposto, então está claro que

não se necessita da experiência para tudo em seu trabalho. Permanecendo

livremente dentro dos limites da filosofia sem considerar qualquer experi

ência, deve-se estar apto

a priori

para descrever todos os tempos e épocas

possíveis

a priori . Ele

exige da filosofia uma ideia unificada de toda a vida

que está dividida em várias épocas, cada qual compreensível abstratamente

ou através das outras, assim como cada uma dessas épocas especiais é no

vamente

um

conceito unificado de uma era especial - que manifesta a si

mesma em um fenômeno mimético e plural.

48 Johann Gottlieb Fichte

1762-1814),

filósofo alemão, um dos representantes do romantismo.

N. do T.)

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  44

I11

111

111 111 , 11111111

[Fichte] investe contra o fil ó

or

1 1 que, p'lrlindo de ul a v ' rcl aclc 11

contrada em algum outro lugar e em um caminho peculiar para ele C0 111

pensador, constrói toda a história para si: como isso deve ter ocorrido de

acordo com seu conceito de humanidade. Não satisfeito em verificar se

sua ideia está correta ou incorreta, se m se iludir sobre o curso dos eventos

que realmente ocorreram, ele intenta subordinar os múltiplos eventos à

sua ideia. Certamente, ele reconhece verdade da história somente até

çerto ponto enquanto a subordina à sua ideia . Esta é um mero

constructo

de história .

Se

f o s s ~

correto esse_pr.oce_ imento

-).JLh

istária_perderia toda sua inde-

endência. Ela seria governada simplesmente por uma proposição deriva

da da filosofia pura e sucumbiria como a verdade desta. Tudo aquilo que

é peculiarmente interessante a respeito da história universal desapareceria.

Tudo que é digno_de c o n h e c i m e n t Q S

r e d . u z i r i < L ª - S . a b e r

em que extensão os

-princípios filosófic<lli..podem ser _demonstrados na história: em que exten

são o progresso da humanidade, visto

priori

tem lugar. Mas não haveria

interesse algum em investigar os eventos que aconteceram ou mesmo.-eJ l

desejar saber como os homellS v i \ l e r a n L ~ p e n s a r a m em determinado tem

po. Somente a totalidade do conceito que esteve uma vez vivo na história

observável do homem poderia ser importante. Dbter certe.za..sob.re...ü-CllISO.

<;la

história universal através do estudo-da...história não seria mais_p.DssNel

As únicas variações possíveis estariam em conceitos distorcidos 50 deduzin-

  ,

do-se o menor do maior. Isso é suficiente para dizer que a história se tornar

dependente, sem

um

objeto inerente e específico, e que sua fonte secaria.

Dificilmente valeria a pena devotar estud.o_à-.história, JeLque....esta estaria

implícita

nQ....CQnceito

filos.ótico.

Estas alegações foram levantadas em outras épocas pela teologia, que ,

também com base naquilo que era inquestionavelmente uma incompreen

são, queria dividir toda a história humana em poucos períodos baseados

no pecado, salvação, milênios, ou nas quatro monarquias profetizadas por

Daniel. Desse modo, procurou capturar a totalidade dos fenõmenos em

49

Hegel é este filósofo. (N . do

T)

50 No original, splitting

concepts.

(N. do T)

11 111 11111 V I I I H 11f I

45

poucas proposiçe cs CO llt id a no

i\pon

di I

se

-

C0

111 a teologia interpreta-

va

·vangelh

o.

51

De qualquer forma, a

hi

stória perderia todu base caráter cien-

tificos: seria impossRel falar de um p.rincípiQ.prQ.prio do qual a história

derivaria sua vida.

Mas, adiantamos quca...história

p e r . m a n e . c ~

m . abalável oj:2osicão

a essas reivindicações. Realmente, até mesmo a filosofia nunca foi hábil o

suficiente para exercitar essa regra. Até onde vão os trabalhos impressos a

respeito, nã o encontrei filosofia alguma que tenha dado o menor sinal de

ter controlado ou que tenha sido bem-sucedida em deduzir a diversidade

de fenõmenos a partir de um conceito especulativo; para a realidade dos

fatos, escapa e ilude o conceito da especulação em todos os aspectos.

Além do mais, descobrimos que a história sempre se opõs a essas

reivindicações com força plena e crescente. Assim prova o caráter único do

.princípio inerente à história, oposto_ao da_ilosofia.

Antes de conferir expressão a esse princípio, perguntamo-nos primei

ro com que leis ele se manifesta.

Antes de tudo, a filosofia sempre volta-nos para a afirmação da ideia

suprema. Ahistória, por outro lado,_traz- pAra as coudiç.õ.es-da-e.x.is-

tência_A primeira conkre

 m

pQrtânc

ia ao

interesse universal; a última, ªº -

12articular.52

A primeira considera o desenvolvimento essencial e vê cada

particular somente como

uma

parte de

um

todo. A história volta-se

co.ll1

simpatia_também...par o ];larticular.

5

A filosofia constantemente o rejeita:

estabelece a c o n d i ç ~ o com a qual ela o aprovaria no futuro remoto. Por sua

natureza, a filosofia é profética, dirigida adiante. A história vê b e r r L

benefício na,quilo que existe Ient:2-CD.Illpreendê-lose olha para o passado.

Certamente, nessa oposição Uma

i a c.a....diretamente a outra .

Q..llw.do

cOmO

vimos,

.a

filos.ona-pretende..t.Q.);.nar a história subjetiva a si,

ª

história , pQLSua 2,..faz....afumaç.ães similares. Ela não quer considerar

51

Como se teologicamente a história já estivesse dada e cujo fim seria algo conhecido, tal como

na escatologia de João em seu Apocalipse. (N. do

T)

52 É evidente o afastamento em relação ao idealismo de Hegel nesse ponto . Sem contar que

f ill

~ ã o . - b . á ~ i l l J U Q I D . e n t O - - l . . a p . e . l - º - . a o

con

c i t o ~ d e s t i n Q ( v e r

Hyppolite, 1970:48-

62). (N.

doI.)

53 Ranke aqui quase reproduz o pensamento de Herder a respeito da historicidade, em contra-

posição ao de desenvolvimento teológico e necessário da humanidade. (N. do T)

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  46

11 11 111 ', 111

111

11

os result ados da filosofia como absolutos, mas SO tn c nl •

CO

I]l O /('11 111 t llll S

uQ_

emp.D

. Assume

qu

e a m ais exata filoso fia está

contida na

história da

filosofia, isto é, que a verdade absoluta reconhecível pela

hu m

a

nid

ade

é inerente às teorias que aparecem de

tempo em

tempo,

não import

a

como elas se contradizem. A-h istória vai ainda além aqJJi., pois  

Que

a filosofia, especialme nte

quando

se engaja

em

definiçôes,.é SÇl

me

n -

a manifestaçãO-dO-conhe.ci.rne.nt.o....n.acionaLine.rente à 1 i n g u  

assim nega à filoso.fi.a-.alg.u.ma-v-a.l.i.dade e a compreende em  

manifestaçãQ, 54 Nisso, tanto os filósofos como os historiadores, em regra,

aceitam todos os sistemas anteriores

somente como

passos, apenas como

fenômenos relativos, e atribuem validade absoluta somente para seus

próprios sistemas.

Não pretendo dizer que o historiador está certo em sua visão da filo

sofia; só quero mostrar que,

ª

ar ir de u a

pe.rs

,p.e..c.tiya..histárica,-illUurJ.

12r·n ípio atiYo_que se   o l h a r . J i l o s ó f i c

o . . . . ~

constantemente se

ex

pressa. A questão é que esse princípio é o que permanece na base daquilo

que se expressa.

Enquanto o filósofo vê a história de seu ponto privilegiado e busca a

infinitude do ser meramente em progressão, desenvolvimento e totalidade;

ª história reconhece aI .o infinito em da exis ência em cada condi ão ,

W1-cada-ser;_alg ete no vind e.Deus

  ....e....e

s.te...é...

Se.1.Lp.riru:i12io

vital. 55Como

. poderia qualquer coisa existir sem

uma

base divina?

Consequentemente, como dissemos, a.histó_dLv:olta=s

e..

cOIILSimpatia

J2ara o individuo· ortanto, insiste na ali a de d ·m12or ãncia do particu

lar. Reconhece o benefício, o ser e resiste a mudanças que negam o existir.

Até no erro ela admite uma parcela da verdade . Por esse motivo, vê nas

filosofias anteriormente rejeitadas uma parte do conhecimento eterno.

Não nos é necessári pm \TaLqllLO-et

cr:

no reside no indivíduo Esse

é-o fundamento religiusQ...

s:ob...n...

quaLr.epousam nossos esforços.

&;L

edita

mos que não há nada sem Deus e nada ·y..e...senão...poLIDeiD....d.eJ:2e1 s .

li

vrando-se das exigências de uma determinada teologia estreita, queremos,

54

No original,

begreift

sie

unt r

der ander

 n

r

s

cheinung

-

sentido pouco claro (nota 6 de Iggers

e Moltke, 1973:38).

55 A iufluência-da...teologi

a...e

m Ranke

é

inegável, _.u a...he

rm

enêutica...glo

sa

.

c.

oIIL.o...d

iY:i.no-

Mais a

respeito, ver Gay (1990). (N. do T.)

11 11 1 ' 1

11 V l

ll

IL

1

1f

I

47

11

:\n

nh  > l   ll l', p

rok

ssar que todo  > os 11

0 5S 0 S

csl

or

ços prov m de uma fonte

ma ior, r c l i . ~ l

Deve ser rejeitada a ideia de que mesmo os esforços históricos são

dirigidos unicamente para a busca desse princípio maior nos fenômenos.

Ass

im, a

hi

st

ór

ia aproximar-se-ia demasiado da filosofia ,

já qu

e pressuporia

antes de tudo contemplar esse princípio. A história eleva, confere signifi

cado e abarca o mundo dos fenômenos, em e

por

si mesma, devido àquilo

que contém. 8 a..deyota seus

es iQrÇD

a Q C Q t . r ~ t . Q . - t l apena 5. ao abstrato

que pode s:staL.contidQ nisso,

{\gora que justmc amos

..n.

osso princípio supremo, temos de considerar

~

m c t a 5 . -

e . . . r e m - Q i ~ : r , a . . . a t i c a histórica.

1. A primeira eitigên cia é o_puro amo.

Là..Y

er.dade 57Reconhecendo algg

.sublime no eYe.ntQ,_na.condiçã

o.,...o.u...na..:p

essoa a m o s investigar, ad

q irimos c apre,ÇQ...pill....aquilo....qllLa

Cont

eceu, passou ou surgi  . O pri

meiro propósito é reconhecer isso .

Se

procurássemos antecipar esse reco

nhecimento com nossa imaginação , contrariaríamos nosso propósito elevado

e investigaríamos somente o reflexo de nossas noçôes e teorias subjetivas.

Com isso, entretanto, não queremos simplesmente dizer que o indivíduo

deva permanecer atrelado à aparência, ao seu quando, onde ou como. Pois,

assim, somente tomaríamos o domínio de algo externo, apesar de nosso pró

prio princípio nos dirigir para o interior

2. Consequentemente,

u m . . . . . . e

. o - d Q G u m ~ n t

l . . . . . . . p e n e . t r a ~

0

fu

nd o....faZ=S.e....necessário Antes de tudo   essL estudo......d e...v.e....se u a l ado a

fenômeno In:esmo, à sua ndição, se ambiente, princ·palmente

pela razão de que nós, de outra maneira, seríam..QS.Jncapazes de conhecer

a

sua seu co teúdo; pois, em última análise, como cada u n i d a

.de é uma unidade espiritual, ela pode s o m e n t a p r e e n d i d a através da

percepção espirituaP8 Essa percepção clara repousa sobre a aceitação das

leis , de acordo com o que a m ente observadora procede com aquelas que

determinam o surgimento do objeto em observação. Aqui,

é possível ser

56 Holanda (1979) e Gay (1990) são categóricos em afirmar a influência da religiosidade no

pensamento de Ranke. (N. do

T.)

57 Ranke disting), e a história_da_ficção , a na tiva histórica como antagQni.ca Lfrc.cional em

relaç-ªº-ªº...princípio daJe li rência ao real, semelhantemente a Humboldt. (N. do T.)

58

Fritz

Stem

(1973:56-57) analisa essa questão, relacionando-a com o círculo hermenêutica .

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  48

I 1 ,111 111 I1I 111111 A

mais ou menos talentoso.

To

do gênio repousa sobre a · 'I U

' i

;.

'

 

[ IT

o

individual e a espécie. º

l 2

rincípio produtivo que formou e criou a natureza

[h.umanaLmanifesta-se no indiYíduu,-que-a reconhece, e\d.denciando-su

alcançando a autocom

pr

eensão.

Esse_dollLLp.ossível em maioL

QUJUeno

LgralLe,_ellLCeLtaJUe-,ií.cla..J.Q

P Q S S l l

Inteligência, coragem e honestidade para contar a verdade

são suficientes. Qualquer um espera descobrir e investigar, desde que a isso

tenha devotado seu esforço e se

em

seus estudos permanecer livre de pre

conceitos, mantendo sua humildade. Mas o que é ausência de preconceito?

Essa questão leva-nos à terceira exigência que emite nosso princípio.

3. Um n t e r s s u n i y c r s a l Existem aqueles que estão interessados so

mente nas instituições cívicas , nas constituições, no progresso científico, na

criação artística, ou apenas em enredos políticos. A mai QLparte da

his1.Ó.ria

fl té

aqu

Llratoll_de_guerra e azo Mas já gue esses

asp..ecLO

da..soci.edade

e

1KQD.traffi=SC

_pLesentes nãQ.s.eparadamente.,JUas

-.i

llnto - a r o . e

 

terminando um ao Qutro - e

e m p l o a t i t u d e s c i ê ~ c i a 5 9

(requentementej nfluenciallLa_pulitica_doméstica

  j

nteresse igual deve ser

votado a todos esses

f

tores. Do contrário nos tornaríamos incapazes de

compreender

um

aspecto sem o outro e trabalharíamos ao contrário da

finalidade da cognição. Nisso reside a liberdade de preconceitos que dese

jamos. Isso não é uma falta de interesse, mas sim um interesse em cognição

pura, despida de noções preconcebidas . Mas como? Poderia esse esforço

penetrante e ~ s a busca da verdade apenas dissecarem a unidade do campo

em partes individuais, e com isso não nos ocuparíamos somente com séries

de fragmentos?

4. l m:e

mga.

ção do nexo caus

ru

. Basicamente, deveríamos estar satis

feitos com uma informação simples - satisfeitos que elas correspondam

meramente ao objeto. Nossa exigência original teria sido satisfeita se exis

tisse ao menos uma sequência entre os vários eventos. Mas há uma conexão

entre eles . EY..E:IJ.lQ.s-qllc5 ão simultâneos tocam e etam uns aº s_Cllltr.os. ;....os

p . r e . . c e

d e m

determinanLQs-Que se seguem; há uma conexão interna de

causa e efeito. Embora esse nexo causal nâo seja designado por datas, ele

59

No original,

die wissenschaftlichen ichtungen -

sentido não muito claro nesse contexto (nota

9 de Iggers e Moltke, 1973:40).

11 11111' VIIII IL III I

4

l X

ISll , : n n s l al ll l'. Ele ex isle, e porque ele existe devemos tentar_eoxga

Jlizn l

o.

Esse Lipo de observação da história, que de.ri.ya efeitos de causas,

hama-se pragmática;60m

as

gostaríamos de compreendê-la não na maneira

usual, mas de acordo com nossos conceitos.

Desde o desenvolvimento da historiografia contemporânea, a escola

pragmática de pensamento, tal como aplicada

às

ações, tinha introduzido ·

um

sistema de acordo com o qual egoísmo e sede de poder seriam a mola

principal de todas as ações.

61

O que é usualmente requerido é explicar

as

ações observáveis dos indivíduos como o resultado de paixões que deriva

mos dedutivamente do nosso conceito de homem. O ponto de vista resul

tante tem uma aparência de aridez, irreligiosidade e falta de sensibilidade

que nos conduz ao desespero. Não posso negar que o egoísmo e a sede de

-p.Qde

p.Qde

Ill-ser- mQ.i:v.Qs-muit

o d e m s

  grande influência,

mas nego que_

eleS-Sejam

_os-

Úni.co

s.

62

Antes de mais nada,1emo

s...

q e inves

tigar a n f o r m a ç

~ - º - g

e n u í n a tão precisamente quan possíyel para determi

nar se d e m o r . i r . . . o S I D . O   l O . S . . I . e a i s . Fazer isso é bem possível, mais

do que frequentemente se pode pensar. Somente quando esse caminho não

nos conduz mais além, é-nos permitido conjecturar. Que ninguém acredite

que essa limitação pode restringir a liberdade de observação. Não Quant o

mais documentada, mais exata e mais frutífera a pesquisa, mais livremente

pode se desdobrar a nossa arte, q.ue sÓ floresce DO elemento da jmediata-e

irrefutáyel :ll.erdadel .MQtbms-apenas inventados são estéreis. Os verdadei

ros, derivados de observações pontuais

ç

o . ersos e profundos. Assim

como o conhecimento em geral, _mesmo nosso ragmatismo é documen

tal. Ele pode mesmo ser muito reticente e ainda muito essencial. Onde os

eventos falam por si, onde a composição pura manifesta a conexão, não é

necessário falar dessa vinculação detalhadamente.

63

60

Ranke

faz

a distinção que também será feita posteriormente

por

Bernheim (1903) entre his

tória genética e história prática. (N.

do

T.)

61

De certo modo, há

uma

referência implícita aos historiadores iluministas, como Voltaire,

adeptos desse

modo

de pensar a história. (N. do

T)

62

Agentes da história. (N. do

T)

63 Aqui fica claro onde u g e r e Que os fatos p_Qs.saIIÚalaLJ2QLSi.e.,- como se pode ver, não

.

pareCLS.CI-.a

lgo..amplo, mas

m u i t o c í f u : . o . . - q u

O l I  

s Q s

particulares_de_grancl com

J 2I O v

ação-empírica_

e..

d

e..

e'lidência.espirituaL (N. do

T)

1 O

11 1   1 1 1 III IIIIIIA

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5.

lmp

arcialidad

e.

Como uma regra, doi pa rri düs

II

V, lIS a p a l l l l II1 lI a

história mundial

64

As

disputas em

qu

e esses partidos estão engajados são,

com certeza, muito diferentes, mas relacionadas intimamente. Nós sempre

vemos uma desenvolver-se da outra. Que ninguém acredite que eles serão

tão facilmente esquecidos no curso

do

tempo.J:Iá no hQmeIILuma.co.nfian

ça

Je

liz.-n Jolga.tIll to da ·stóri.a.e.da-poste.Iida.de-qu&.é..-apelada mil vezes.

Mas.. raramente esse julgamento é transmi tido ohjethl3mente Não sobre

vi

ve conQsco um interesse similar àquele do passad<L.illlgamos o passado

muito mais, repetidas vezes, pela situação p re sente Talvez esse traço nunca

tenha sido pior que

no

presente, quando alguns interesses que permeiam

toda a história mundial ocupam a opinião geral e, mais do que nunca, a

dividem em muitos prós e contras.

Esse pode ser o caminho do proceder na política, mas não é verda

deiramente histórico.

N.ó.s.,...q

ue-huscam..os a verdade. r.IJJi\S

IDG-em..e.n

o, qlJe

'lemos cada-existência como ermeada de Yi.da...originaL d

e.v.

e_mos_acima.de

tl. .dQe-Yitar esse erro

Ond

e.hollYer conflito similar, ambos partidos devem

s'eL.

\dstos sobre seu próprio terreno, em seu P.TI2 2 rio desenvolvi mento, por

. dIZer, rtLe.u próprio estado pa..r.tic..ular interim:...Nós devemos com

pre dê-los ntes ue s

Poder-se-á levantar a objeção de que o escritor, também aquele que des

creve, deve ter sua opinião, sua religião, das quais não pode se desvencilhar.

Essa objeção seria justificada se nós presumíssemos dizer

quem

está

correto em caqa disputa.

65

É muito possível que, mesmo calor de uma

disputa ,

saibamos claramente que lado apoiaríamos,

em

favor de qual

opinião decidiríamos. Também é possível que aquela imparcia lidade que,

em um conflito entre duas opiniões divergentes, geralmente vê a verdade

no meio-termo torne-se impossível para o historiador,

que ele é defini

tivamente muito devotado a sua própria opinião . Mas isso não é tudo que

importa. Podemos ver o erro, mas

ond

e não

erro? Isso não

nos

levará a

64 Partidos q ue expressam as forças da ordem e da desordem, "que constituem as condições

primeiras do processo do mundo" (White, 1995:181). (N. do T.)

65 Aqui se evidencia uma defesa..radical pela.não tomada de P

osição.,...

pelo...nã.Qjulgamenro , peja

,ªusência de · u í z

Q S . . . .

a l o . r . . .

e m r e   a ç . õ e s human

as no passado, expressão da imparciali

dade rankiana.

(N

. do

T.)

I I

111'"

I \/1 H ..111 I

1'

Iu'ga l : l ~ ICallda k s da CXIS   nela . Pe rt o do bem, nós reconhecemos o mal,

mas

es

te um mal que in

ren

te à situação.

N

os

o op ini es que nós examinamos . J:iLós lidamos com a exis

I ncia que tem reiteradas vezes a m eQs'va influência e disputas

politicas e i o s a s L e . r g u e m o n o s para contemplar o caráter essen

cial d as oposi ões,_dos..cleJnentos

em

conflito,

vendo

quão complexos e

n t r e l a ç a d   j . J ão..no. cabe-j.ulgaLeJ:I:íLe...y..er.dade-enquanto_tais.

Nós meramentL oosenzamos

umaJigura

surgindo lado a lado

com

outra

figura; vida, lado a lado com vida, efeito, lado a lado com efeito contrário.

N.QS.5.a-

ta

tefa.-é.in..'le.stigá-Ios

na

base de sua existência e retratá-los

com

..cnmpleta-o.b3.e.tUzida.Qg.

Até o presente, dois grandes partidos engajaram-se em

uma

batalha

para a qual a resistência e o movimento das palavras tomaram-se um lema.

A história posiciona-s

a:a

do partido que deseja a preservação eterna,

assim como do movimento contínuo avante. Alguns consideram ser a pre

servação o legítimo princípio. Esses encontram uma legalidade na preser

vação de certo

status quo

de

uma

lei definitiva. Eles não querem perceber

que O que existe deriva da reforma pelos conflitos q le destDlíram O que

exis.tia-an.tes .

Mas,

por

outro lado, a história cessaria. Ela alcançaria

em

algum ponto o seu objetivo. Não deveria haver, por assim dizer, nenhuma

condição ilegal, nada que a razão pudesse confrontar com

uma

conclusão

impossível. Mas a história t ampouco aceitaria a

s u p l a n t a ~ . ã 0

do_v

elho.,

_cmno.

â,e fosse algos.ompletamente...m

urJ

o 'nutili zável se ider.aç

ão..

p..aDU:.Q.lIL

interesses lQQti,s .ou..par.ticular.es .5.e..

aJÜstória..eYi.ta-a

yjolência na obseryaç.ãQ,

violência a execu ão. Este destruir

mudar

e

U Y < M ç U J ~ d & . l " . i l l . . . ~ ~ ~ " " " , ~ Ela é a condição de uma

ruína interior que

se

manifesta dessa maneira. Ela é um organismo

em

con

flito consigo mesmo, certamente curioso de se observar, mas não agradável.

histó 'a, é laro, eco.nh.ece o_prindpioJio...rn.ovim.e as como evolu-

çãQ,_eJIão_como_]:g.volução Esta é a verdadei a azã

c . . o . n h .

 

princípio da resistência. Somente..on

d.e...m

o.Yi.mcrllil e resistênci e . i.br.arn.

U

J:I?-3 Olltro e

m..

se_e  Yolvere ssas atalhas violentas e vorazes

120de

a

umanidade prospera..Ó.omente_porque a histÓria reconhece a ambos, pode

ser

j1lS1a

com

amboS-Não....c..abe

à

história sequer julgar em teoria o conflito

história sabe muito bem que o conflito será decidido

1 2

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7/25/2019 3. Leopold Von Ranke – Sobre o Carater Da Ciencia Historica. Apresentacao e Notas [Julio Bentivoglio]

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1 " " I 1 , 111

'

1 A

6.

C.Q gpção de totalidade; . Assim co mo exisle

o j)  

lr l icul ar,

a

l ll

l

xão entre um e outro, há ta

mb

ém fina

lm

ente a tota

lida

de. Se iSLO

é

uma

vida, portanto alcançamos sua aparência. Percebemos a sequência pela

.Qual

um

f a t o

O l l t r o . Mas não é o bastante. Há també 19o de.J.Q.taL

em cada vida; ela começa ,....ex.crc.

e...

efeitos adquire..influ.ência, ela pross.e.g.u.e .

Essa totalidade é tão certa em cada momento--.qllamo...enL toda...expressã.o..

Ere.cisamos dev

otar

toda nossa atenção a isso. Se estamos tratando com

um ];lovo, não estamos somente interessados

nos momentos

individuais de

suas ex;wessões

de

vida. De ];lreferência, tratam os

da

totalidade de seu de

g nvolvimento, de suas a ões,

suas

instituições e

sua

literatura, a ideia

nos

faléLtant

que

sim]2lesmente não ];lodemos e"gaL

noss

a...at.ençãQ.

Quanto

mais longe vamos, mais...d ifícil é, claro , chegaLà-i

dei

- pois..aq.ui.l.amb.ém.

- podemos...realizar:..alg o...so.ment

e...

através

da

pes.qllis

a....

exata.,-atra'léS-de...u.ma

ompr.e.ensã.Q..pass.

o..a...passo

.,-

e..

a.

t.

r:a..

\l

és-cto...estudo_do..s..-.do_c.ume.mos. Se esse

processo

procede

através

da indução do

já sabido, ele é um

conhecimen

to intuitivo

divination ;

  se procede de uma prenoção, toma a forma

de proposições filosóficas abstratas . Vê-se

quão

infinitamente difícil são

os objetos da história universal. Que quantidade infinita de fontes Que

diversidade de esforços

Como

é difícil trabalhar

apenas com

o

parti

cular

. Afinal, há muitas coisas que desconhecemos; então ,

como

vamos

entender

o

ne

xo causal em

todo

lugar

ou ir

ao

fundamento

essencial

da

totalidade?

Considero

impossível resolver esse

problema

inteiramente.

2Q.

D..e

us

conhece a história universal. Reconhecemos as

contra

,d iç õe s - "as

harmonias", como disse

um

poeta indiano: "conhecido pelos deuses, ig

norado

pelo

homem

",

nós

pod e

mos apenas

intuir,

somente nos apro

ximar

à distância. para nós , existe claramente uma unid

de

_ uma

progressão, um desenvolvimento .

Entã - P.el

o....

c.aminho-d

a-l

listória che.gamos_até...a.....de.finiÇãO da tarefa

da filosofia. Se a filosofia é o que devia ser, se a história fosse perfeitamente

clara e completa, então elas

poderiam

coincidir completamente

uma com

a outra. A ciência

h i s t ó r i c

u i r i s e . . J . L S . U .

a n á l i s .

e . . c 0 1 : r U L e p í r l l i >

da

filos..o.fi.a . Se a arte bis.tórica-po.ck.e.n

QSllrgir ao

dar

vi

da

ao su 'eito con

creto e ao

rep

m

duzi

d o

com

aquela part e de força poética

  p . e n s

66

a 5 . . Q õ e s

iniciais...do método comp.r.e..e.nsiYQ, tal como se apresenta na

hermenêutica de Schleiermacher. (N . do T.)

1111111 1 11 VIIII

I AIII

I

III IV:I1 P I,:I ' IlIat> <\11

ç ;, Jl l' la

('

111 seu t arau: r veruaueiro aqullo que conse

gui u apr 'cnucr c . mprec

nd

c

r,

la i ia, c omo disse.mos-n.o.J.ní.c:i.o.,_ ir de

man ira

pec uliar ciê

nc

ia e arte ao...mesm<Uem]2..o.

o alcance da história mundial

Em

três ca

minhos

- corruespeit.cLa...(l)..s.e.quê.ru:ia.,i 2) simultaneida

çie d

3)

des_

ll.

voMme.ntosJndÜd.d.U..ais.-

67

1.

SeÇ[uência - Em-resuma a.his.tó.ria.ahrangeria toda a vida da hu

  J.anidade surgida.

no

t e m p o M a s . . m u i d e s . t a . . L t a

bém

perdida e desco

nhecida. O primeiro período de sua existência e seus elos estariam perdi

 

u a l q u

s p e . r a n ç a . d

e . . . s e . r e l l L e n w n t r a d o s novamente.

Podemos perceber

que

significado a história tem.

Se

autores de outro

tipo estão p.e..r.d · f : . r . c k : : s ~ a . . e . x p r . . e s s ã o

do

individual.

Em

_umlivn histó-

ico e n t r e t a n t o

~ p r . e . s .

5 . a l l b S . e . . n ã O - S Q . o olhar de um au

tºr; o ivro.-histál:ic interess -nº poL causa_d

CL

qlle_Lun.té d s .das os

outros .Muito

que

era descrito foi perdido, algo

que pode

ter sido descrito.

Tudo isso é ameaçado pela

morte

s..mnente aqueles

que

ó r i a relembra

não e s t ã c . o m p l e t a m e n t e J l l . Q t l . O . 5 . ; - S . e . l L C a r á t   M l o o i l l . . . ' ~ . J d " ' - . \ d

a existir

na . d i d a e I i l l a n e . c e m

consciência dos homens.

omente

com..a

extin

ç

ão da

e ória e tt.ahelece-se a mort e.

68

Somos afortunados quando vestígios documentais

permanecem

. Pelo

menos eles podem .ser compreendidos. Mas o que acontece quando não

existe nenhum , como, por exemplo, na.-pr.é.::histó.riaL.Esl

ou

a c o r d Q em

x . c . l u i I : - e o d . u . . história por í:[ue ele

contrad

ÍZ-.O...princípio histórico,

gue é a pesquisa QocumentaL

Alguém poderia excluir

por

completo aquilo

que comumente

é to

mado

sobre a história

mundial da

dedução geológica e dos resultados

da

história natural a respeito

da

primeira criação

do

mundo, o sistema solar e

67

Esta é uma sentença incompleta no original

al

emão. Nota 14 de 19gers (1988:45) .

68

Passagem que evoca a abertura das

i

s

tórias

de Heródoto: "Heródoto de Halicarnasso apre

senta aqui sua historie para impedir que o que fizeram os homens, com o tempo, se apague

da memória e para que grandes e maravilhosas obras, produzidas tanto pelos bárbaros, quanto

pelos gregos, não cessem de ser retomadas" (apud Hartog, 1999:17).

(N.

do T.)

  54

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a Terra. Em nosso método, não revelamos nada sobre esses lópi os; pcrmi .

tamo-nos confessar nossa ignorância

  9

Como_

p.ara-.as..mito.s.

,.n

ào-.q

ero

egar...c.a.tegOJic.amente...q.ue

des sequer

c.Qntenha um elemento histórico ocasion . Mas a

c o ~ a i s J m p o r t a n t e

é Q1 l e eles exgressam o olhar de um ovo sobre si mesm

.-S.llil

atitude dian

te do mundo etc Eles são

imgonantes, s.Qb.r..e.tlldo,

comQ..uma.caracterfstica

subjetiva de um 12ovo ou como seus gensamentos foram eX12ressos n e l e

 

não....p..o causa de algum fato objetivo que gossam conter. Em um rimei o

§ ecto eles j2.QSSl.le1lL.unL.f:ir..rneJiento e são mllito C Q n f i á v e i ~ a

pesquisa histórica, mas

não em

última instância  

Finalmente, não podemos deYo..taLmaior atenção àQueles povos

que

.ainda

e r m a n e c e m em

um tipo de estado de natureza e que nos le

v am a s up

QI..J:[ue a uilo

Q ~ s i o r a m

de o início

manti

era-se,

ql l l

condiçãD.....p.ré-histórica tinha sido reservad a neles. Índia e China reivindi

cam uma era de ouro e têm uma longa cronologia. Mas até o mais arguto

cronologista não pode compreendê-la .sua antiguidadLé len dária,...mas...s..ua

çondição é antes um caso pªI.a....a.his..tória natural.

69

Ranke prenuncia a distinção feita por Wilhelm Windelband (1848-1915) que, em discurso

famoso de 1894, insistiu...Ila...separação....entre..história e a história natma

1

 aproximando esta -lti

ma das ciências naturais, deyjdo

ao...seu

caráter nomotético. (N. do

T.)

Gervinus

Julio Bentivoglio

A história

em

suas relações c

a.m..a-v.ida...i..tiCíl,

é inim

ig.cuta1:U.WI

de todo o i Q I a m e J 1 t o e d e t a d a a v i r : t u d e d c . é l u l a . ela

no

ensina

a no:; obse

 

as

...s.emp

re em comunhão com o todo em nossas

relações

sociais. Ela tira dc

nás

o pJ oY e i.t

a....pLápLi..a. o

egoísmo

e

tod.o

o....1echamento

aristocrático

e

orienta-nos

no

sentido

dos

anti

gQ.S. ª.

gv.roveitar a

vida

presente.

Gervinus,

Fundamentos de teoria

da

história,

837

o século XIX mostrou se

notável

na produção

de grandes

historiadores e

foi,

de

fato, o século da história.

1

Naquele

momento, graças aos esforços

de

intelectuais

dotados de

sólida

erudição

e

de aguda

sensibilidade

epistemo

ló gica,

. c o . n s . t i t u i u . . . s e a G i ê n c i ~ i S 1 . ó r i c a

com u:oLd.o.rníni.cLa:u.tô.nilln.o..-do

s..aber,

a12artada dQs_estudQs..1ilQsófiGos...eJitcrários} Essa árdua tarefa foi le

vada

adiante na

Inglaterra e

na

França,

mas

foi

particularmente na

Prússia

que encontrou seu

maior

desenvolvimento, graças a

nomes como

Wilhelm

von

Humboldt

1767

1835),

Barthold Niebuhr 1776

1831), Leopold von

Ranke 1795 1886), Johann G. Droysen 1808

1884)

e Georg

Goufried

GeLY.inu5.,-qlle,....s:n.tr..e

tros e.sme.ra se na c nSlru ç ão do dis c u rso do

méto.d.o

_

pa

o

a-ess ;....campCLdr-..eslll.d.QS É por

esse

motivo que Jorn

Rüsen,

entre outros,

identifica esse momento

como

o de fundação

da

ciência

his

tórica moderna.

3

Aq.uela...primeira ge.m..ção

de

historiador:es alemães

formulou

propnstas.

~ a G @ } : a e GJ

 :iginais

...a..r.e.s..pdto

do

mé tod

o l:íistóricü, da....crítica....d.o.Cllill.e.ll

taL do papel do is .

ado

e aceIC d es.cri1Lda história , produzindo fe-

1 É

o que afirmam, entre outros, Reis (2007:36) e

Iggets 1988).

2 Iggers, 1988, esp. capo 5.

3 Rüsen, 2001:27; Blanke, Fleisher e Rüsen, 1984.