C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

download C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

of 59

Transcript of C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

  • 8/3/2019 C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

    1/59

    XII O

    SIMBOLISMO DA MANDALA

    [Publicado pcla primcira vcz cm: Gestaltungen des Unbewussten (PsychologischcAbhandlungcn VII) Raschcr, Zuriquc, 1950. As imagcns foram rcunidas originariamcntc porC.G. JUNG para urn Seminrio rcalizado cm Bcrlim, cm 1930. Novc delas (imagcns 1,6, 9,25,26, 28, 36, 37 c 38) foram rcproduzidas como "excmplos dc mandalas europcias" cm:RICHARD WILHELM c C. G. JUNG, Osegredo daflorde ouro. Urn livro de vida chines. DornVcrlag, Muniquc, 1929.]

  • 8/3/2019 C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

    2/59

    Tentarei a seguir representar uma categoria especial de simbolismo, 627a da mandala, atravs de grande numero de imagens. J me manifesteivrias vezes acerca desse tema e finalmente descrevi e comentei minucio-samente essa espcie de simbolo que ocorreu no decorrer de um trata-mentoindividual, no meu livro Psicologia e alquimia, 1944. Repeti a tentativa nacontribuio precedente deste volume; neste caso as manda-las no provmde sonhos, mas da imaginao ativa. Na presente exposi-o publicomandalas da mais variadaprovenincia, a fim de fornecer ao leitor, por umlado, uma impresso da espantosa riqueza de formas da fantasia individuale, por outro, possibilit-lo a fazer uma idia da ocor-rncia recorrente doselementos bsicos.

    Em relao interpretao devo remeter o leitor literatura respecti- 628va. Neste trabalho contentar-me-ei com aluses, pois uma explicao maisaprofundada, como mostra o exemplo da mandala descrita emPsicologia e

    religio ou as descries das investigates preliminares deste volume,levariam muito longe.

    "Mandala", em snscrito, significa circulo. Este termo indiano de- 629signa desenhos circulares rituais. No grande templo de Madura (sul dandia) observei sendo feita uma imagem desse tipo. Uma mulher a dese-nhava no cho do mandapam (trio) com giz colorido. A mandala media trsmetros de dimetro. Um pandit que me acompanhava explicou-me que nada

    podia informar a respeito. Somente as mulheres que traavam tais imagens osabiam. A prpria desenhista recusou-se a comentar o que fazia. Obviamente

    no queria ser perturbada em seu trabalho. Mandalas elaboradas, executadascom argila vermelha, encontram-se tambm nas paredes externas caiadas demuitas cabanas. As mandalas melhores e mais signifcativas soencontradas no mbito do budismo tibetano . Como exemplo, pode servir aseguinte mandala tibetana , cujo conheci-mento devo a RICHARDWILHELM.

    39. V.Psicologia e alquimia [pargr. 122s.]

    40. Do China-Institut cm Frankfurt.

  • 8/3/2019 C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

    3/59

    I m a g e m1

    41.Um a m andala de ste t ipo urn assimch.ama.do yantra,de uso ri tual,i ns trumento decontemplao. E laa juda aconcent rao, d iminuindo o

    campo psiquico circular daviso, restr ingindo -o at ocentra. Hab i tual-mente a m andala te rntrs crculos,pintados de preto o u de azu l escuro,os quais devem excluir o exterior e m anter coeso o interior. Quase qu e re-gularmen te a beirada externa de fogo, isto, do fogo d aconcupiscentia,do desejo, do qualprovmos tormentos do inferno. Qu ase sempreso re-presentados na beirada mais externa os h orrores do sepul tamento. Em di-reoao interiorh um a coroa de folhas de lotus, que caracter iza o todoc o m o u mpadma,f lor deltus . Dent ro hurn t ipo deptiode m oste irocom quatro porticos. Este significa o sagrado isolam ento econcentrao.No in ter ior des teptioencont r am-se em g era l a s qua t ro coresbsicas

    vermelho, verde, branco e amarelo, representado os qu atro po ntos carde-a i s e ao mesmo t empo asfunes ps quicas ,conforme m os t rao BardoTdof t ibe tano. Segue-se o cent ro , usualmente , mais um a vez separadopor u mcrculo mgico,com o objeto essencial ou meta dacontemplao.

    42 .E s te ce n t r o t r a ta d o d e d i v e r s a s m a n e i r a s , d e a c o r d o c o m a se x i g n -c i a s r i tu a i s o u o g r a u d ei n i c i a a od o c o n t e m p l a ti v o o u d ao r i e n t a od as e i t a . E m g e r a l r e p r e se n t a - s e S h i v a e m s u a se m a n a e s c r ia d o r a sd om u n d o . S e g u n d o a d o u t r i n at n t r i c a o u n o e x i s t e n t e , o a t e m p o r a l e ms e u e s t a d o p e r f e i t o . Ac r i a o c o m e a p o i sc o m S h i v an o e x p a n d i d o ,

    s o b a f o r m a d e p o n t o- d e s ig n a d o p o r S h i v a - b i n d u- a p a r e c e n o e x t e r n oa m p l e x o d e s e u l a d o f e m i n i n o , is t o , d o f e m i n i n o e m g e r a l , d a S h a k t i .E n t oe l e s a i d o e s t a d o d o s e r - e m - s i p a r a a t in g i r o e s t a d o d o s e r - p a r a - s i ,u t i l i z a n d o a l in g u a g e m H E G E L i a n a .

    4 3 .N o s i m b o l i s m o d a i o g a k u n d a l i n i , S h a k t i r e p r e s e n t a d ac o m o s e r -p e n t e q u e s e e n r o s c at r s v e z e se m t o r n o d o l i n g a , i s to , S h i v a s o b a f o r m a d o f a l o . E s t a a r e p r e s e n t a od a . p o s s i b i l i d a d ed a sm a n i f e s t a e sd oe s p a o .D e S h a k t i p ro c e d e M a y a , o m a t e r i a l d ec o n s t r u od e t o d a s a sc o i s a s i n d i v i d u a l s d e s d o b r a d a s ; a s s i m s e n d o , e l a a g e r a d o r a d o m u n d oc o n c r e t o . E s t e c o n s i d e r a d ou m ai l u s o , u m s e r n o - s e r . E l a e n o e n t a n -t o p e r m a n e c e g u a r d a d a e m S h i v a . Ac r i a o c o m e ap o i s c o m u m a t o d ec i s o d o so p o s t o s q u es o u n i d o sn a d e i d a d e . D at e n s o e n t r ee l e s s u r g ec o m o u m a g i g a n te s c ae x p l o s od e e n e r g i a , a m u l t i p li c i d a d e d o m u n d o .

    3. [Cf. JUNG, Psychologischer Kommentar zum Bardo Todol in: Dan tibetanischer To-tenbuch,pargr. 850.]

  • 8/3/2019 C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

    4/59

    A meta da contemplao dos processos representados na mandala 633que o iogue perceba (interiormente) o deus, isto , pela contemplaao ele sereconhece a si mesmo como deus, retornando assim da iluso da exis-tnciaindividual totalidade universal do estado divino.

    Como j foi dito, mandala significa circulo. H muitas variaes do 634tema aqui representado, mas todas se baseiam na quadratura do circulo. Seutema bsico o pressentimento de um centro da personalidade, por assimdizer um lugar central no interior da alma, com o qual tudo se rela-ciona e queordena todas as coisas, representando ao mesmo tempo uma fonte de energia.A energia do ponto central manifesta-se na compulso e impeto irresistiveisde tornar-se o que se , tal como todo organismo compelido a assumiraproximadamente a forma que lhe essencialmente prpria. Este centro no pensado como sendo o eu, mas se assim se pode dizer, como o si-mesmo.Embora o centro represente, por um lado, um ponto mais interior, a ele

    pertence tambm, por outro lado, uma peri-feria ou area circundante, quecontent tudo quanto pertence ao si-mesmo, isto , os pares de opostos queconstituem o todo da personalidade. A isso, em primeiro lugar, pertence aconscincia, depois o assim chamado inconsciente pessoal, e finalmente umsegmento de tamanho indefinido do consciente coletivo, cujos arqutipos socomuns a toda humanidade. Alguns deles esto includos permanente outemporariamente no mbito da personalidade e adquirem, atravs dessecontato, uma marca individual, como por exemplo - para mencionaralgumas das figuras conheci-das - a sombra, o animus e a anima. O si-

    mesmo, apesar de ser simples, por um lado, , por outro, uma montagemextremamente complexa, uma conglomerate soul, para usar a expressoindiana.

    A literatura lamaica d prescries muito pormenorizadas sobre 635como deve ser pintado um circulo desse tipo e como utiliz-lo. Forma ecores sao estabelecidas pela tradio, motivo pelo qual as variaes semovem dentro de limites relativamente estreitos. Na verdade, o uso ritualda mandala no budista; em todo caso ele desconhecido no budis-mooriginal do hinayana, aparecendo somente no budismo mahayana.

    A mandala apresentada aqui (imagem 1) descreve o estado de uma 636pessoa transportada, a partir da contemplao, a um estado absolute porisso que nesta mandala faltam as representaes do inferno e dos hor-rores dolugar do sepultamento. O belemnite (pedra sagitiforme) dia-mantino, o dorjeno centro, manifesta o estado perfeito da unio do mas-culino e do feminino.O mundo das iluses desapareceu defmitivamente. Todas as energiasconcentraram-se novamente no estado inicial.

  • 8/3/2019 C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

    5/59

    44.Os qua t ro b e lemni tes no s por t i cos doptioin te rno parecem suger i r que a en erg ia v i ta l f lu i para dent ro ; desprendeu-se do s obje tos e vol ta aocentra . Qu ando atingida a perfei taunio detodas as energias nos qua troaspectos da totalidade, cria-se urn estadoesttico,queno est maissujei-

    t o a qua lque r m u d a n a .N a a lquim ia ch inesa , es te es tado d e n o m i n a d o"corpo de d iam ante" ; e le cor responde aocorpus incorrup t ib i leda a lqu imia med ieva l que idnt icoao corpus g lor i f ica t ioni sna acepo c r i s t ,is to , ao corpo incorrupt ivel darssjarreio. Estamand ala mos t ra ass ima uniode todos os opostos ,colocadentre yang e y in, entrecu eterra, oe s t ado do e t e rnoequ i l b r io e , conseqen t eme n te ,da du raao imutve l .

    45 .Para os nossosp rop s i t o s ps i co lg i cosm a i s m o d e s t o s , t e m o s q u ea b a n d o n a r ,porm,es sa l inguag emmeta f s i cae co lo r ida do O r i en t e . Oq u e a i o g a b u s c a c o m e s s e e x e r c i c io s e m d v i d a u m a t ra n s f o r m a o

    p s i q u i c a d o a d e p t o . O e u e x p r e s s od a e x i s t n c i ai n d i v i d u a l . N e s t eexerc ic io r i tua l, o iogue t roca seu eu por Sh iva ou Bud a; produz , por tan-to , umatransposiomu ito s ignif icat iva do centropsicolgicodo eu pes-soa l pa r a o nao -eu impessoa l , que agora expe r imen tado como o ve rda -de i ro "fundo do ser" da persona l idade .

    46 .Nesse con t ex to , que ro menc iona r umac o n c e p och inesa s imi l a r ,i s to , o s i s t ema no qua l s e b ase i a o/ C h i n g .

    Imagem 2

    640 N o c e n t r oe s t oc h ' i e n ,o c ud o q u a l p r o c e d e m a s q u a t r o e m a n a - e s ,c o m of o r a sc e l e s te s q u e s e e x p a n d e m n oe s p a o .

    c h ' i e n : e n e r g i a a u t o g e r a d o r a c r i a t i v a , c o r r e s p o n d e n t e a S h i v ah e n g :f o r aq u e p e r m e i a tu d oy u e n :f o r a g e r a d o r al i : f o r a b e n f i c ac h i n g :f o r a i n a l t e r v e l d e t e r m i n a n t e

    4 7 .E m t o r n o d e s t e c e n t r o m a s c u l i n o d ef o r ae s t e n d e - s e a t e r r a c o m

    s e u s e l e m e n t o s c o n f i g u r a d o s . a m e s m ai d i ad a u n i o S h i v a - S h a k t in ai o g a k u n d a l i n i , m a s q u e r e p r e s e n t a d ac o m oe s p a od a t e r r a , r e c e b e n d oe m s i a f o r c a c r i a ti v a d oc u .D au n i od e c h ' i e n( c u )c o m k u n , o f e m i n i -n o , s u r g e at e t r a k t y sq u ee s t b a s e d e t o d o s e r ( c o m o e mP I T G O R A S ) .

    4 8 .O " m a p a d o r io " u m d o s f u n d a m e n to sl e g e n d r i o sd o / C h i n g ,o L i -v r o d a sM u t a e s ,o q u a l e m s u a p r e s e n t e fo r m a d a t a e m p a r t e d o s e c . X I Ia C . S e g u n d o a l e n d a , u md r a g ot ro u x e d o f u n d o d e u m r io o s s i n a i sm -

  • 8/3/2019 C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

    6/59

    gicos do "mapa do rio". Nestes, os sbios descobriram o desenho e den-tro dele as leis da ordem do mundo. A representao aqui mostrada se ca-racteriza, de acordo com a sua longa idade, por cordes com ns, signifi-cando nmeros. Tais nmeros tm o carter primitivo usual de qualida-

    des, principalmente masculinas e femininas. Todos os nomes imparessao masculinos; ao passo que os numeros pares so femininos.

    Infelizmente desconheo se esta concepo primitiva da filosofia 643chinesa influenciou ou no a formao das mandalas tntricas, muito maisrecentes. Os paralelos porm saltam vista, de modo que o investi-gadoreuropeu deve interrogar-se que concepo influenciou a outra: a chinesa

    proveio da indiana, ou esta proveio da chinesa? Um indiano a queminterroguei respondeu-me: "Naturalmente a chinesa surgiu da indiana". Masno sabia determinar a antiguidade das concepes chine-sas. As raizes do

    / Chingremontam ao terceiro milnio antes de Cristo. Meu falecido amigoRICHARD WILHELM, eminente conhecedor da filosofia clssica chinesa,era da opiniao de que no haviaprovavelmente qualquer conexo direta entreambas. Apesar da similaridade fundamental das idias simblicas, no necessrio haver uma influncia direta, uma vez que as idias, como aexperincia mostra e como acredito ter de-monstrado, sempre surgemindependentes umas das outras, de modo au-tctone, a partir de uma matrizanmica geral.

    Imagem 3

    Em contrapartida mandala lamaica, reproduzo a "roda do mundo" 644tibetana que deve ser estritamente diferenciada da anterior. A roda umarepresentao do mundo. No centro, encontram-se os trs princpios: galo,serpente e porco, simbolizando a luxuria, a inveja e a inconscincia. Ela tern

    perto do centro seis raios e mais externamente doze raios. Baseia-se no sistematridico. A roda sustentada pelo deus da morte, Yama. (Mais tarde

    encontraremos outros "sustentadores de escudo": imagens 34 e 47.) compreensivel que o mundo padecente da velhice, da doena e da morte seencontre nas garras do demnio da morte. O estado incompleto do ser significativamente expresso por um sistema tridico, ao passo que o estadocompleto (espiritual), o por um sistema tetrdico. A rela-o do serincompleto com o completo corresponde portanto a uma pro-portio

    sesquitertia, isto , 3:4. Esta relao conhecida natradio alqu-

  • 8/3/2019 C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

    7/59

    m i c a o c i d e n t a l c o m oA x i o m a d e M a r i a .N o s i m b o l i s m o o n i r i c ot a m b md e s e m p e n h a u m p a p e lc o n s i d e r v e l .

    645 P a s s e m o s a g o r a s m a n d a l a s i n d i v i d u a l s , t a i s c o m os o p r o d u z i d a se s p o n ta n e a m e n te p o r p a c ie n te s e a n a li sa n d o s n o d e c o rr e r d a c o n s c ie n ti -

    z a o d o i n c o n sc i en t e . A oc o n t r r i od a s q u e a c a b a m o s d e c o m e n t a r , e l a sn o s eb a s e i a m e m q u a l q u e r t r a d i o em o d e l o , n a m e d i d a e m q u e p a r e -c e m r e p r e s e n t a r c r i a e s l iv r e sd a f a n ta s ia q u e n o e n ta n t os o d e te r m i n a-d a s p o r c e r t o s p r e s s u p o s t o s a r q u e t i p i c o s , d e s c o n h e c i d o s p o r p a r t e d es e u sa u to r es . P o r i ss o o s t em a s i m p or ta n te s e m p r in c ip io r ep e te m - s e t an - ta sv e z e s q u es e m e l h a n a s e v i d e n t esa p a r e c e m e m d e s e n h o s d o s m a i s d i-v e r s o sa u t o r e s . O s q u a d r o ss o f e i t o se m g er a l p o r p e ss o as c u l t as , q u en ot in h a m c o n he c im e n t o d o s p a ra le lo s t n i c o s e m q u es t o. C on fo rm e oe s t g i o d o p r o c e s s ot e r a p u t i c o ,o s q u a d r o s a p r e s e n t a m g r a n d e s v a r i a - v e s . N o e n t an t o , c e r t o s m o t iv o s c o r r es p o n d e m a d e t er m i n a d a s e t a p a s

    i m p o r t a n t e s d o p r o c e s s o . S e m e n t r a r e m p o r m e n o r e s d a t e r a p i a , q u e r oa p e n a s d i z e r q u e s e t r a t a d e u m a n o v ao r d e n a od a p e r s o n a l i d a d e , d ec e rt o m o d o d e u m a n o v ac e n t r a l i z a o .P o r e s t e m o t i v o a s m a n d a la s a p a-r e ce m d ep re fe rnc iad e p o i s d e e s t a d o s d ed e s o r i e n ta o , p n i c oo u c a o s p s i q u i c o . S u a m e t a , p o i s , a d e t ra n s fo r m a r ac o n f u s on u m a o r d em , s e mq u e t a li n t e n os e ja s e m p r e c o n s c ie n t e. E m t o d o c a s o , a s m a n d a la s e x - p r e s s am o r d e m ,e q u i l b r io e t o ta l id a d e . F r e q e n te m e n t eo s p a c ie n te sr e s sa l t a m o e f e i t obenf i coo u t r a n q i l i z a d o r d e u m a t a l im a g e m . E m g era l ,r e p r e s e n t a e s e p e n s a m e n t o s r e l ig i o s o s , i s t o , n u m i n o s o so u e n t a oi d i a s

    f i l o s f i c a ss e e x p r i m e ma t r a v sd a s m a n d a l a s . E l a s p o s s u e m q u a -s e s e m p r eu m c a r te r i n tu i ti v o i rr a c io n a l e a t ua m d e n o v o r e tr o a ti v am e n -t e s o b re oi n c o n sc i e n t ea t r a v sd e s e uc o n t e d o s i m b l i c o .T e r n , p o r c o n -s e g u i n t e , e ms e n t i d o f i g u r a d o , u m s i g n i f i c a d o e e f e i t o" m g i c o s " ,t al co m o o s c o n e se c l e s i s t i c o s , c u j a e f i c c i a j a m a i s t o t a l m e n t e p e r c e b i d a p e l o s p a c i e n t e s .E s t e s d e s c o b r e m d e p o i s , m e d i a n t e o e f e i t o d e s e u sp r -p r i o s q u a d ro s , oq u e o s i co n e s p o d em s ig n if ic a r. O s q u ad r osn o t m e f -c c ia p o r q u ep ro v m d e s u a p r p r i a i m a g i n a o ,m a s p or qu e o s p ac ie nt es f ic a mi m p re ss io n a do s c o m o s m o t i vo s e s im b o lo s in e sp e ra d o s o sq u a i s s o p ro d uz id o s p o r s u a f an ta si a s u bje ti va , d e a co rd o c om c e r ta sl e i s ,

    e x p r im i n d o u m ai d i a e s i t u a o ,a s q u a i s s u ac o n s c i n c i a s ap re -en dec o m m u i ta d if ic u ld a d e. E m m u i ta s p e ss o a s s u r ge d e u m a m a n d a lapela p r i m e i r a v e z a r e a l i d a d e d o i n c o n s c i e n t e c o l e t i v o c o m o u m a g r a n d e -z aa u t n o m a .M a s n o q u e r o e s t e n d e r - m e m u i t o s o b r e e s t e a s s u n t o . E m

    4. Cf. acima [pargr. 252 dcstc volume].

  • 8/3/2019 C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

    8/59

    certos quadros podemos fazer finalmente a leitura da intensidade da im-presso ou da emoo.

    Anteciparei algumas observaes acerca dos elementos formais dos 646simbolos da mandala antes de prosseguir. Trata-se principalmente de:

    49.Forma circular, esfrica ou oval.

    50.A figura circular elaborada como flor (rosa, lotus,padma emsnscrito) ou como roda.

    51.Um centra figurado pelo Sol, estrela, cruz, em geral de quatro,oito ou doze raios.

    52.Os crculos, esferas e figuras cruciformes so freqentemente re-presentadas em rotao (sustica).

    5.0 crculo representado por uma serpente enrolada circularmente(urboro) ou espiralada (ovo rfico) em torno do centro.

    53.A quadratura do circulo, como circulo dentro de um quadrado ouvice-versa.

    54.Castelo, cidade, ptio (temenos) quadrado ou circular.

    55.Olho (pupila e iris).

    56.Ao lado das figuras tetrdicas (ou em multiplos de quatro) apa-recem tambm, mas muito mais raramente, formas tridicas ou

    pentago-

    nais. Estas ultimas devem ser consideradas como imagens datotalidade"perturbada", como veremos adiante.

    Imagem 4

    A mandala foi feita por uma paciente de meia-idade, que tinha visto 647este desenho (imagem 4) pela primeira vez em um sonho. A diferenca en-treesta mandala e as orientals salta imediatamente vista. Ela essencial-mentemais pobre no tocante forma e idia, mas exprime a atitude individual daautora de forma incomparavelmente mais clara do que as imagens orientals,as quais se configuraram segundo uma tradio coletiva. O sonho em questo o seguinte: "Eu estava tentando decifrar uma amostra de um bordado dificil.Minha irm sabe comofaz-lo. Pergunto se ela de-bruara um leno. Elaresponde: 'No, mas eu sei como sefaz'. Depots vejo o leno com o desenho

    pespontado, mas o trabalho ainda no estfeito. Devemos andarmuitas vezesem torno (a partir da periferia), at aproxi-mar-nos do quadrado central,ondepassamos a caminhar em circulos ".

  • 8/3/2019 C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

    9/59

    5 7 .A e s p i r a l c o m a s c o r e s t i p i c a s : v e r m e l h o , v e r d e , a m a r e l o e a z u l . P e -l a s i n d i c a e sd a p a c i e n t e , o q u a d r a d o c e n t r a l r e p r e se n t a u m a p e d r a q u et e m a s q u a t r o c o r e s b s i c a se m s u a s f a c e t a s . A e s p i r a l n o s e g m e n t o i n t er i o r a r e p r e s e n t a od a s e r p e n t e , a q u a l , c o m o a k u n d a l i n i , se e n r o s c at r s v e z e s em e i a e m t o r n o d o c e n t r a .

    5 8 .A p r p r i a s o n h a d o r a n ot in h a a m e n o r i d i ad o q u e e s t a v a o c o r r e n -d o e m s e u n t i m o , i s to , o c o m e o d eu m a n o v ao r i e n t a o ; e l an e m p o -d e r i ac o m p r e e n d - l o c o n s c i e n te m e n t e . A l m d i s t o ,o s p a r a l e l o s c o m os i m b o l i s m o o r i e n t a l l h e e r a m t o t a l m e n t e e s tr a n h o s , d e m o d o q u e e s t a i n -f l u n c i ad e v i a s e r t o t a l m e n t e d e s c a r t a d a . Ar e p r e s e n t a o s i m b l i c a n e l as u r g i u e s p o n ta n e a m e n t e , n o in s t a n te e m q u e c h e g o u a d e t e r m i n a d o p o n -t o d e s e u d e s e n v o l v i m e n t o .

    5 9 .I n f e l i z m e n t en o p o s s v e ld i z e r d e m o d o e x a t o , n e s t e c o n t e x t o , e mq u e c i r c u n s t n c i a s p s q u i c a so s q u a d r o s f o r a m c r i a d o s . I s to n o s l e v a r i a

    m u i t o l o n g e . Ai n t e n o d e s t e e n s a i o a p e n a s a d e d a r u m a p a n h a d o g e -r a l a c e r c a d o s p a r a l e l o s f o r m a i s d a s m a n d a l a s i n d i v i d u a i s o u c o l e t iv a s .A s s i mn op o d e m o s i n t e r p r e ta r p o r m e n o r i z a d a m e n t e e d e m o d o p r o f u n -d o c a d a i m a g e m p a r t i c u l a r . S e r i an e c e s s r i op a r a i s s o u m ae x p l a n a ov a s t a d as i tu a o a n a l t i c a m o m e n t n e ad o p a c i e n t e . S e m p r e q u e p o s s -v e l i l u m i n a r o s u rg i m e n t o d e u m q u a d r oa t r a v sd e u m aa l u s os i m p l e s ,c o m o n o c a s o p r e s e n t e , i s sos e r f e i t o .

    6 0 .N o q u e d i z r e s p e i t o i n t e r p r e t a od o q u a d r o d e v e s e r r e s s a l ta d oq u e a s e r p e n t e p r i m e i r o d i s p o s t a e m n g u l o s ed e p o i s c i r c u l a r m e n t e e mt o r n o d o c e n t r a s i g n i f ic a ac i r c u m a m b u l a oe m t o r n o d o m e i o e o c a m i -

    n h o p a r a e l e . A s e r p e n t e , e n q u a n t o s e r c t n i c oe a o m e s m o t e m p o e s p i r i -t u a l , r e p r e s e n t a o in c o n s c i e n t e . ( " U m b o m h o m e m e m s e u i m p u l s o o b s -c u r oe s t p o r c e r t o c o n s c i e n t e d o c a m i n h o c o r r e t o "6. ) A p e d r a n o c e n t r a ,

    p r e s u m i v e l m e n t e u m c u b o , c o r r e s p o n d e f o r m aq u a t e r n r i ad a l a p i s p h i l o s o p h o r u m .A s q u a t r o c o r e s p e r t e n c e mt a m b ma e s t e m b i t o7 .V - s epor a q u e a p e d r a r e p r e s e n t a n e s t e c a s o o n o v o c e n t r o d a p e r s o n a -l i d a d e , i s t o , o s i - m e s m o . N o r a r o , e s t et a m b m r e p r e s e n t a d o p e l ov a s o ( a lq u i m i c o ) .

    61. O tcma 3 14 (o nmcro apocalptico dos tempos de calamidade, por ex.Apocalipse11,9e l l ) refcre-sc aodilcma alquimico: 3 ou 4? oumclhor, kpropovtiosesquitertia (3:4).Sesquitcr-ti us 3+ 1/3.

    62. [Fausto, Ia partc, Prlogo no cu.]

    63. H um paralclo indiano muito intcrcssantc a cssa mandala: uma serpente branca, que scenroscou cm torno dc um centro dividido cm cruz e dc quatro cores.NEWCOM ANDREICHARD, Sandpaintings of the Navajo Shooting Chant, quadro XIII, p. 13 c 8 7. Aobra con-

    tern um grandc nmero dc mandalas intcressantcs executadas cm cores.

  • 8/3/2019 C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

    10/59

    Imagem 5

    A autora uma mulher de meia-idade com predisposio para a es- 652quizofrenia. Muitas vezes pintou mandalas espontaneamente, pois estas

    sempre tinham um efeito ordenador sobre os seus estados psquicos ca-ticos.A imagem representa uma rosa que equivale no Ocidente flor de lotus. Nandia a flor de lotus (padtna) o colo feminino segundo a inter-pretaotntrica. Conhecemos este smbolo pelas inmeras representa-es de Buda(e de outros deuses indianos) na flor de lotus . Esta repre-sentaocorresponde "flor de ouro" dos chineses, rosa dos rosacruzes e rosamistica no Paradiso de DANTE. A rosa e a flor de ltus so em geraldispostas em quatro raios, o que indica a quadratura do circulo, isto , a uniodos opostos. 0 significado da rosa ou da flor como seio mater-no tambmno foi estranho aos misticos ocidentais; uma prece inspirada na Ladainha

    Lauretana diz:" coroa de rosas, teu florescer derrama nos homens o pranto da alegria. Sol de rosas, despertas o amor no humano corao. filho do Sol, filho da Rosa, Sol radioso.Flor da cruz, acima de todo florescer e ardor,desabrochas na pureza do seio da Rosa consagrada,Maria"9.

    Ao mesmo tempo, o tema do vaso (alqumico) um modo de expres-653 sar o contedo, semelhana de Shakti que representa a realizao de Shi-va. Como revela a alquimia, o si-mesmo um andrgino, constitudo de um

    principio masculino e um feminino. CONRADO DE WRZBURG fala deMaria, a flor no mar, que Cristo encerra em si. Em um antigo hino da Igrejalemos:

    Sob todos os cus ergue-se uma rosasempre em plena lorao, sua luz

    brilha na Trindade. e Deus com el a

    se reveste .

    64. 0 filho dc Hrus cgpcio tambcm c reprcscntado scntado sobrc a flor dc lotus.

    65. [No pudc localizar csta fontc]

    10. [No pudc localizar csta fonte.]

  • 8/3/2019 C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

    11/59

    I m a g e m6

    654 A r o sa n o ce n tr o r e p r e s e n t a d a c o m o u m r u b i , c u j ac i r c u n f e r n c i af o i c o n c e b i d a c o m o u m a r o d a o u u m m u r o c i r c u n d a n t e c o m p o r t i c o s (a

    f im de que o quees t dentro no saia enada de fora possa entrar ) . A m an-d a l a u m p r o d u t o e s p o n t a n e o d aa n l i s ed e u m h o m e m . B a s e ia - s e n u ms o n h o :O s o n h a d o r en co n t r a - s e em L i ve r p o o l co mt r s co mp a n h e i r o s d ev i a g em ma i s j o ven s. E n o i t e e ch o ve . O a r e s t en f u ma a d o e ch e i od e

    f u l i g e m . E l e s s o b e m d o p o r t o p a r a a " c i d a d e a l t a " . Os o n h a d o r d i z :" E s t t e r r i v e l m e n t e e s c u r o e d e s a g r a d v e l , m a l s ep o d e s u p o r t a r . F a l a -

    m o s s o b r e i s s o, e u m d o s m e t i s c o m p a n h e ir o s c o n ta q u e u m d e s e n s a m i -

    g o s , p o r e s t r a n h o q u eparea,r e s o lveu e s t a b e l ece r - se a q u i , o q u e n o s e s -

    p a n t a . C o n v e r s a nd o , c h e g a m o s a u m t i po d e j a r d i mp b l i co' q u e f i c a n o

    c e n t ro d a c i d a d e. O p a r q u e q u a d r a d o e e m s e u c e n t r oh u m l a g o , o um e l h o r , u m a g r a n d e l a g o a ; a c a b a m o s d e c h e g a r a e l a , A l g u m a s l a n t e r -

    n a s d e r u a ma l i l u mi n a m aescur idode breu . Ve jo , porm, nal a g o a u ma

    i l h o t a .H u m a ni c a r v o ren o l u g a r , u m a m a g n o l i a d e f lo r e s a v e r m e -

    I h a d a s , q u e m i r a cu l o s a men t e s e en co n t r a s o b u ma e t e r n a l u z s o l a r , V er i -

    f i c o q u e m e u s c o m p a n h e i r o sn o v e m e s s e m i la g r e; c o m e o e n t oa

    c o m p r e e n d e r o h o m e m q u e s e e s t a b e l e ce u n e s t e l u g a r " .

    655 O s o n h a d o r d iz : " T e n t e i pi n ta r e s te s o n h o , m a s , c o m o d e c o s t u m e ,sa iu a lgo bem d i fe ren te . A ma gnol ia to rnou-se um t ipo de rosa de v idro e

    sua cor e ra de um rub i c la ro. E la b r i lha com o um a es t r e la de qua t ro r a ios.O q u a d r a d o r e p r e s e n ta o m u r o q u e c e r c a o p a rq u e e a o m e s m o t e m p ou m a r u a q u e c i r c u n d a o p a r q u e q u a d r a d o . N e s t ec o m e a mq u a t r o r u a s

    p r i nc i pa i s e de cada um a s aem o i t o r uass ecund r i a s ,a s qua i s s e encon -t r a m n u m p o n t o c e n t r a l d e b r i lh o a v e r m e l h a d o , s e m e l h a n ad a t o i lede P a r i s . O conhec i do m enc i onado no s onho mor a em uma cas a de e s qu i -na , numa dessastoi les" .A m andala r eune , po i s, os t emasclss icos :f lor ,es t r e la ,c r cu lo , p raace r cada( t emen o s ) ,p lan ta de ba i r ro de um a c idadecom um a c idade la . "O todo m e parece uma jane la que se abre para a e te r -

    n i d a d e " , e s c r e v e o s o n h a d o r .

    11. Obscrvc-sc a insinuao dcstc nomc: Liverpool = Lcbcr-Tcich (lagoa do figado). Fi-gado c a sede da vida.

  • 8/3/2019 C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

    12/59

    Imagem 7

    Tema floral com uma cruz no centro. O quadrado tambm est dis- 656posto a modo de uma flor. Os quatro rostos nos cantos representam os

    quatro pontos cardeais, os quais historicamente so muitas vezes repre-sentados como quatro deuses. Aqui eles tm um carter demoniaco. Istopode ligar-se ao fato de a paciente ter nascido nas ndias Holandesas, ondemamou com o leite da ama nativa a demonologia da regio. Seus inumerosdesenhos tinham um carter nitidamente oriental e assim a aju-daram aassimilar influncias que a principio nao se conciliavam com a mentalidadeocidental.

    Na imagem seguinte, da mesma autora, rostos semelhantes apare- 657cem nas oito direes. O carter floral do conjunto oculta ao observadorsuperficial o demoniaco que deve ser conjurado pela mandala. A paciente

    sentia que o efeito demoniaco provinha da influncia europia, com seumoralismo e racionalismo. Criada na ndia at os seis anos, conviveu maistarde com europeus convencionais, o que teve um efeito devastador sobre adeiicadeza de flor de seu espirito oriental, causando-lhe um trauma psiquico

    persistente. No tratamento, seu mundo originrio emergiu novamente comesses desenhos e isso determinou sua cura animica.

    Imagem 8

    O tema floral vai se desdobrando e se impe ao tomar o espao das caretas. 658

    Imagem 9

    Esta ilustrao exprime um estado mais tardio. O cuidado minucioso 659do desenho compete com a riqueza de cor e forma. Reconhece-se atravsdeles no s a extraordinria concentrao da desenhista como tambm avitria do "ornamento floral" do Oriente sobre o intelectualismo, racio-nalismo e moralismo demoniacos do Ocidente. Ao mesmo tempo tor-na-se

    visvel o novo centramento da personalidade.

    Imagem 10

    Neste desenho de outra paciente jovem vemos nos quatro pontos 660cardeais cabeas bizarras, representando um pssaro, um carneiro, uma

  • 8/3/2019 C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

    13/59

    serpente e uma cabea antropomrfica de leo. Juntamente com as qua-tro cores com que so pintadas as quatro regies, so corporificadosqua-tro principios. O interior vazio. Ele abriga o nada, expressoatravs de uma quatemidade. Isto concorda com a multiplicidade

    preponderante das mandalas individuais: em regra geral encontra-se nocentro o tema do "rotundum", do redondo, que conhecemos naalquimia, ou a emanao qudrupla, ou a quadratura do circulo ou,mais raramente, a prpria forma humana em seu sentido geral, isto ,como Anthropos. Encontramos esse tema tambm na alquimia ~. Osquatro animais lembram os queru-bins da viso de Ezequiel, bem comoos simbolos dos quatro evangelis-tas e os quatro filhos de Hrus, osquais tambm podem ser representados de forma semelhante, isto , trscom cabeas de animais e urn com cabe-a humana. Os animaissignificam em geral as foras instintivas do in-consciente que se

    concentram numa unidade na mandala. Essa integra-o dos instintosconstitui uma condio prvia da individuao.

    Imagem 11

    661 N e s t a m a n d a l a d e u m a p ac ie nt e m a i s i d o s av - s ea f l o r n o e m b a i x o ,m a s n o a l to . A f o r m a c i r c u la r f o i p r e s e rv a d a d e n t r o d o q u a d r a d oa t r a v sd a s l i n h a s d i re t r iz e s d o d e s e n h o , d e m o d o q u e e s t e d e v e s e r v i s to c o m om a n d a l a a p e s a r d e s u a s i n g u la r i d ad e . A p l a n ta r e p re s e n ta o c r e s ci m e n t o ,

    i s t o , o d e s e n v o l v im e n t o , s e m e l h a n ad o b r o t o v e r d e n o c h a c r a d o d i a -f r a g m a d o s i s t e m a k u n d a l i n it n t r i c o , oq u a l s i g n i f ic a S h i v a . E l e r e p r e-s e n t a o c e n t r o e o m a s c u l i n o , a o p a s s o q u e oc l i c ed a f l o r r e p r e s e n t a o f e -m i n i n o , l o c a l d ag e r m i n a oe d o n a s c im e n t o. A s s im B u d a r e p r es e n -t a d o c o m o o d e u s e mg e r m i n a o , p o r q u a n t o e s t s e n t ad o n a f lo r d e l o-t u s . E l e o d e u s n a s c e n te , o m e s m o s im b o l o d eR c o m of a l c o ,a f n i xq u e s e e l e v a d o n i n h o , M i tr a n a c o p a d a r v o r e ,o u o f i l h o d eH r u sd e n t r od a f l o r d el t u s . T o d o s e l e s s o r e p r e s e n t a e sd o s t a t u s n a s c e n d in o l u -g a r g e r m i n a t i v o d o s o l o m a t e r n o . N o s h i n o s m e d i e v a i s , M a r i at am b m l o u v a d a c o m oc l i c ed e f l o r , so b r e o q u a l d e s c e C r i s to c o m op s s a r o , n e l er e p o u s a n d o e m a c o n c h e g o . P s i c o l o g i c a m e n t e , C r i s t o s i g n i f ic a a u n i d a-d e , a q u a l s e r e v e l aa t r a v sd o c o r p o d aM ed e D e u s , o u d o c o r p o m i s ti c od a I g r e j a , c o m o q u e e n v o l t o e m p t a l a sd e f l o r , m a n i f e s t a n d o - s e a s s i m n a

    66. Cf. minhas cxplanacs in:Psicologia e religio.

    67. Cf. WILHELM c JUNG, O segredo da flor de ouro.

  • 8/3/2019 C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

    14/59

    realidade. Cristo, como idia, um smbolo do si-mesmo14. Tal como aplanta representa o crescimento, a flor manifesta o desabrochar a partirde um centro.

    Imagem 12

    Aqui os quatro raios que emanam do centro atravessam o quadro intei- 662ro. Isto confere ao centro um carter dinmico. A estrutura de flor ummultiplo de quatro. O quadro caracterstico da personalidade marcante daautora que possui um certo talento artistico. (A imagem 5 foi criada pela mesma

    pessoa.) Alm disso, ela especialmente dotada de um sentido msticocristo que representa um grande papel em sua vida. Para ela era muitoimportante vivenciar o cenrio arquetpico dos smbolos cristos.

    Imagem 13

    Fotografia de um tapete feito por uma mulher de meia idade, em um 663periodo de grande aflio interna e externa, maneira do tecido de Penelope.Trata-se de uma mdica que, num trabalho diligente, dirio, que du-roumeses, teceu este crculo mgico como contrapeso s dificuldades de suavida. No era paciente minha, sendo portanto impossivel ter sofrido a minhainfluncia. O tapete contm uma flor de oito ptalas. Sua peculia-ridade ter

    verdadeiramente um "em cima" e um "embaixo". Em cima h luz, embaixoum relativo escuro. Dentro deste encontra-se uma esp-cie de escaravelho,representando um contedo inconsciente, compar-vel situao do Solnascente como Khepri. Nao raro, o "em cima" e o "embaixo" encontram-sefora do crculo protetor e no dentro dele. Em casos semelhantes a mandalaoferece proteao contra os opostos extre-mos, isto , toda a agudeza doconflito aindano reconhecida ou sentida como insuportvel. O circulo

    protetor guarda contra um possivel rompi-mento atravs da tenso entre osopostos.

    Imagem 14

    O desenho seguinte uma representao indiana do ponto-Shiva 664(Shiva-bindu). Ele mostra a forca divina antes da criao, nos opostos

    14. Cf.Aion, cap. 5.

  • 8/3/2019 C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

    15/59

    a i n d a u n i d o s . D e u s r e p o u s a n o p o n t o . A s e r p e n te e m t o m o s i g n if i ca a e x - p a n s o ,a m e d o v i r - a- s e r , ac o n f i g u r a od o m u n d o d a s f o rm a s . N a n d i a ,e s t e p o n t ot am b m d e s ig n a d o p o r H i r a n y ag a r b h a , o g e r m e d eo u r o o u o v o d o u r a d o . L e m o s n oS a n a t s u g t i y a :" A g r a n d e l u z p u r a q u e

    r a d i a n te ; am a g n i f l c n c i aq u e o s d e u s e s v e r d a d ei ra m e n t e v e n e r a m , q u ef a z o S o l b r i lh a r m a i s i n te n s a m e n t e- e s t e s e r e t e rn o e d i v i n o p e r c e b id op e l o f i e l . E l a v i s ta p o r u m h o m e m q u e f e z v o t o s s u p r e m o s ".

    I m a g e m1 5

    665 E s te q u ad ro , f ei to po r u m a m u lh er d e m e ia -id ad e, r ep re se nt a a q u a-d r a tu r a d o c i r c u l o . A s p l a n ta s i n d i c am n o v a m e n t e o q u e g e r m i n a e c r e s -c e . N o c e n t roh u m s o l. C o m o m o s t r a a s e r p e n te e o t e m a d a rvore , t r a -

    t a- se d e u m ar e p r e s e n t a od o p a r a i s o . U mp a r a l e o d e s t e a i d iad o d e nc o m o s q u a t r o r i o s d o p a r a is o n a g n o s e n a a s s e n a . P a r a e n te n d e r os i g n if ic a d o f u n c i o n a l d a s e r p e n te e mr e l a o m a n d a l a , v e j a o s co m e n -t r i o s a n t e r i o r e sn e s te v o l u m e.

    Imagem 16

    666 A a u to ra d e s te q u a d ro u m a m u l h e r n e u r t i c a r e la t iv a m e n t e j o v e m .A r e p r e se n t a od a s e r p e n t e a l g oi n co m u m , n a m e d i d a e m q u e s e e n -

    c o n t r a n o p rpr ioc e n t r o , e s u ac a b e ac o m e l e c o in c i d e . N o r m a l m e n t ee l a s e e n c o n t r a f o r a d o c i r c u l o i n te r io r , o u p e l o m e n o s e n r o l a d a e m t o r n od o p o n t o c e n t r a l.H u m a s u s p e i t a f u n d a d a d e q u e n o i n t e r i o r e s c u r on os e e s c o n d a a u n i d a d e b u s c a d a , o s i - m e s m o , m a s a n a t u r e z a ( v e l ad a )c t -n i c a f e m i n i n a d a p a c i e n te . E m u m q u a d r o p o s t e r io r d a m e s m a p a c i en t e , am a n d a l a e x p l o d e e a s e r p en t e v e m p a r a f o r a .

    I m a g e m1 7

    667 O q uad ro fo i fe i to po r um a jo ve m . E sta m an da la " l eg t im a"n a m e -d i d a e m q u e a s e r p e n t ees te n r o l a d a e m t o r n o d o p o n t o c e n t r a l d e q u a t ror a i o s . E l a m o v e - s e p a r a f o r a : t r a ta - s e d o d e s p e r t a r d a k u n d a l i n i , is t o , a

    68. Sacred Books of the EastVIII, p. 186.

    69. [Comcntrio s imagens 3, 4 e 5.]

  • 8/3/2019 C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

    16/59

    natureza ctnica toraa-se ativa, o que tambm indicado pelas flechasque apontam para fora. Praticamente, isto significa uma conscientizaoda natureza instintiva. A serpente personifica h muito tempo os gn-glios da coluna e da medula. Pontas dirigidas para fora podem significaro contrrio em outros casos, isto , a defesa externa do interior em perigo.

    Imagem 18

    O quadro de uma paciente mais idosa. Contrariamente ao anterior, 668este "introvertido". A serpente enrola-se em torno do centro de quatro raioscom a cabea colocada no ponto central branco (= Shiva-bindu), de modo a

    parecer um halo. como se se tratasse de uma incubao do ponto central,isto , do tema da serpente guardt do tesouro. O centro fre-qentemene

    caracterizado como o "tesouro difcil de alcanar" .

    Imagem 19

    Mulher de meia idade. Os crculos concntricos exprimem "concen- 669trao". Isto ainda sublinhado pelos peixes que circumambuam em re-laoao centro. O nmero quatro tern o significado de concentrao "total". Adireo para a esquerda mostra presumivelmente o movimento em direoao inconsciente, portanto a "imerso" no mesmo.

    Imagem 20

    um paralelo imagem 19, constituindo uma representao do 670tema do peixe que pude ver no teto da luxuosa tenda do Maraj, em Benares(um esboo).

    Imagem 21

    O peixe ocupa aqui o lugar da serpente (peixe e serpente so ao mes- 671mo tempo atributos simblicos de Cristo e do demnio!). No mar do in-

    17. Cf. Simbolos da transformao. Scgunda Parte, cap. 7.

  • 8/3/2019 C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

    17/59

    consciente ele gera um redemoinho em cujo centra deve surgir a prola.O movimento tambm sinistrogiro. Um hino doRigveda diz:

    Coberto de trevas estava o mundo,Um oceano sem luz - perdido na noite;

    Ento o que na casca se ocultavaNasceu: o Uno mediante fora e tormento de paixo.

    Dele surgiu no incio o Amor:Germe - semente do saber...

    672 A se rp en teperson f caem ge ra l o inconsc ien te , ao passo que o pe ixer e p r e s en t a u mc o n t e d od o m e s m o . T a i sd i f e r enas ,e m b o r a s u t is , d e v e ms e r l ev a d a s e m c o n t a n ain t e rp re t aod e u m a m a n d a la , p o i s o s d o i s s im -

    b o l o s c o r r e s p o n d e m p r o v a v e l m e n t e a d u a s e t a p a s d i v e r s a s d o d e s e n v o l -v i m e n t o : a s e r p e n te r e p r e se n t a ri a u m e s ta d o m a i s p r i m i t i v o e i n s ti n ti v od o q u e o p e ix e , a o q u a l c o r r e s p o n d et am b m h i s to r ic a m e n t eu m a a u to r i -d a d e s u p e r i o r d a s e r p e n t e( s m b o l o i c t l i c o ! )

    I m a g e m2 2

    673 N e ste qu ad ro de um a jo ve m , o pe ix e p ro du ziu u m ce nt r o d if er en cia -d o , n o q u a l a p a r e c e mm e ef i lh o d i a n t e d e u m arvore e s t i l i zadad a v i d ae d o n a s c im e n t o ( p a r ai so ) . O p e i x e a q u i s e a s s e m e l h a a u mdrago ; po i su m m o n s tr o d ae s p c i ed e u mL e v i a t , oq u a l o r i g i n ar i am e n t e e r a u m a

    s e rp e n t e c o m o i n d i c am o s t e x to s d e R a s S h a m r a . O m o v i m e n t o a q u it a m b ms i n i s t r o g i r o .

    I m a g e m2 3

    674 A b ola de ou ro co rr e s p o nd e a o ge rm e de ou ro( h i r a n y a g a r b h a ) .E laes te m r o ta o ea kun da l in i que en rosca em to rno dup l i ca - se . I s to ind icaa c o n s c i e n ti z a on a m e d id a e m q u e u m c o n te u d o , a o e m e r g ir d o i n c o n s-c ie n te , e m d a d o m o m e n t o s ed e c o m p ee m d u a s m e t a d esi d n t i c a s ,u m a

    d a s q u a i s c o n s c i e n te e a o u t r a , i n c o n s c ie n t e . Ad u p l i c a o n o o p e r a -d a p e l ac o n s c i n c i a ,m a s s u r g e e s p o n ta n e a m e n t e n o s p r o d u to s d o i n-c o n s c i en t e . O u t ro i n d ic i o d ac o n s c i en t i z a o om o v i m e n t o d e x t r o g i roda ro t ao , expresso a t r avsd e a s a s ( t em a d asus t ica) .As e s t r e la s ca rac -t e r iz a m o p o n t o c e n t r a l d a e s t r u t u r ac s m i c a .A m a n d a l a q u e t e r n q u a t r o

    18. DEUSSEN,Die Ceheimleltre des Veda,p. 3.

  • 8/3/2019 C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

    18/59

    raios comporta-se como um corpo celeste. O Shathapatha - Brhmanadiz: "Ele olha para cima, em direo ao Sol, pois esta a meta final, o re-fugio seguro. Assim pois ele vai rumo meta final, a esse refugio: poreste motivo ele olha para cima, em direo ao Sol. (16.) Ele olha paracima, com as palavras: 'Tu s auto-existente, o melhor raio de luz!' Osol realmente o melhor raio de luz, e por isso diz: 'Tu s auto-existente, o melhor raio de luz. s doador de luz: d-me luz!', assimfalo eu, disse Yagnavalkya, 'pois para essa meta que o brmane devetender, para ser iluminado por Brahma'. (17.) Ento ele se volta daesquerda para a direi-ta com as palavras 'Eu me movo, seguindo o

    percurso do Sol', tendo al-canado essa meta final, esse refgio seguro,ele se move agora, seguindo o percurso daqueie (Sol)" .

    Deste sol so mencionados sete raios. Um comentarista observa que 675quatro apontam para os quatro pontos cardeais; um para cima, outro para

    baixo; e o stimo, "o melhor" deles aponta para dentro. ao mesmo tempo odisco do sol, chamado hiranyagarbha . Hiranyagarbha , segundo ocomentrio de RAMANUJA aos Vedanta Stras (II, 4,17), o Eu Supremo, o"agregado coletivo de todas as almas individuais". Ele o corpo do Brahmasupremo e representa a alma coletiva. Em relao idia do si-mesmocomo um composto de muitos, compare-se "Cada um de ns no um, masmuitos", e "Todos os justos so um, aquele que obteve a palma" emORGENES21.

    A autora uma mulher de setenta anos, com dons artsticos. O pro- 676

    cesso de individuao desencadeado pelo tratamento, que esteve bloque-adopor muito tempo, mobilizou sua atividade criativa (o quadro 21 da mesmafonte), dando oportunidade ao surgimento de uma srie de qua-dros bem-sucedidos e de cores alegres, os quais exprimem eloqente-mente aintensidade da vivncia.

    70. [1,9,3,15s {Sacred Books of the EastXII, p. 271 s): "He then looks up to the sun, for thatis the final goal, that the safe resort. To that final goal, to that resort he thereby goes: for thisreason

    he looks up to the sun (16). He looks up, with the text... 'Self-existent art thou, the bestray oflight'! The sun is indeed the best ray of light, and therefore he says, 'Self-existent art thou,the bestray of light7. 'Light-bestowing art thou: give me light (varkas)'! 'so say 1', saidYagnavalkya, 'forat this indeed the Brahmana should strive, that he be brahmavarkasin' (iluminado porBrah-ma)...(17). He then turns (from left to right), with the text... 'I move along the course ofthe sun',having reached that final goal, that safe resort, he now moves along the course of that(sun)".

    71. Op. cit.72. ["Unusquisquc nostrum non est unus, sed cst multi", c "Omncs justi unus est qui acci-

    pit palmam" {In libros regnonim homiliae, I, 47).]

  • 8/3/2019 C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

    19/59

    I m a g e m2 4

    7 3 .T r a t a - s e d a m e s m a a u t o r a . Ac o n t e m p l a o , i s to ,a c o n c e n t r a oru mo ao cen t ra , p ra t i cad a p o r e l a m es ma.Ela to mo u o lu g ar d o p e ix e e

    d a s e r p e n te . U m a i m a g e m i d e a l d e l a m e s m ad i s p s - s ee m t o r n o d o o v op rec io s o . As p e rn as s ao f l ex iv e is ( s e re ia ! ) . A p s ico lo g ia d e u m a ima g emco mo es tano es t ranha t rad iod a Ig re ja . O q u e n o O r ien te Sh iv a eS h a k t i , n o O c i d e n t e c o r r e s p o n d e av i r a f e m i n a c i r c u m d a t u s ,i s to , a oCr i s to e s u a n o iv a Ig re ja ; co m p are - s et a m b mo M a tr y a na B r h m a -n a - U p a n i x a d e :"E le (o s i -mes m o )t am b m o que aque ce , o So l , ocu l to

    p e l o o v o d o u r a d o d o s m i l o l h o s , co m o u m f o g o p o r o u t r o . D e v e m o s m e -d i t a r n e le , p rocur- lo . Depoisd e d es p ed i r - s e d e to d o s o s s e res v iv o s , d e -

    p o i s d e i r p a ra a f lo res ta , r en u n c ian d o a to d o s o s o b je to s s en s u a i s , o h o -m e mp o d e r p e r c e b e r os i -m e s m o e m s e u p r p r i o c o r p o " .

    74 .A qu it a m b m s u g e r id au m ar a d i a o p r o v i n d ad o m e i o , q u e u l t ra -p as s a o c i r cu lo p ro te to r e a t in g e o d i s t an te . I s to ex p res s a aid iad e u mefe i to d i s t n c iad o es tad o in t ro v er t id o d aco n s c in c ia .Po d er - s e - i a en -t e n d - l o t am b mc o m o u m ac o n e x oi n c o n s c i e n t e c o m o m u n d o .

    Imagem 25

    679 D e o u tra p a cien te de m eia - id a d e es ta imag em . E la r ep res en tav r i -

    a s f a s e s d o p r i n c ip i o d ei n d i v id u a o . E m b a i x o ,e n c o n t r a - s e e n r o s c a d an u m e m a r a n h a doc t n icod e r a i z e s(= m u l d h r an a i o g a k u n d a l i n i) . N ocen t ra , e l a e s tu d a u m l iv ro , cu l t iv a s u ain te l igncia mul t ip l icandos ab er eco n s c in c ia .E m c i m a , e la r e c e b e c o m o"rena ta" a i lu m i n a a os o b a f o r -ma d e u m a es fe ra ce les te , q u e am p l ia e l ib e r t a a p e r s o n a l id ad e e cu ja fo r -m a r e d on d a r e p r es e nt a d e n o v o a m a n d a l a, e m s e u a s p e c to " R e i no d eDeu s " ; a m an d a la d e b a ix o , em fo rma d e ro d a , d e n a tu rezactn ica .Tra-t a - s e d e u m co n f ro n to d a to ta l id ad e n a tu ra l e e s p i r i tu a l . A man d a la in -c o m u m d e v id o sua es t ru tu ra de se is ra ios (se is p icos de m ontanhas , se is

    p s s a ro s , t r s f ig u ras h u man as ) . A lm d i s s o ,e la s e en co n t ra n i t id amen te

    e n t re u m a l to e u m b a i x o, q u e s e r e p e t em n ap rpr iam a n d a l a . A e s fe r asuper io r c l a ra e d es ce p a ra u ma es t ru tu rasenr ia(de se is un idades ) , ou

    22. [Homcm ccrcado pcla mulher. - He (the Self) is also he who warms, the Sun, hiddenby the thousand-eyed golden egg, as one fire by another. He is to be thought after, he is to besought after. Having said farewell to all living beings, having gone to the forest, and having re-nounced all sensuous objects, let man perceive the Self from his own body.

  • 8/3/2019 C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

    20/59

    seja, ternria, sendo que j transps o cimo da roda. Segundo uma antigatradio, o numero seis significa criao e devir, uma vez que representauma coniunctio de dois e trs (2 X 3), (par e impar = feminino e masculi-no). FILO JUDEU chama osenarius (6) de "numems generationi aptissi-

    mus" (o nmero mais apropriado para a gerao23

    ). Segundo uma concep-o antiga o nmero trs representa a superficie, o quarto, a altura, isto ,a profundidade. O "quaternarius solidi naturam ostendit" (mostra a nature-za do slido), ao passo que os trs primeiros caracterizam ou produzem aintelligibilia incorprea. O nmero quatro aparece como pirmide de trslados. O senrio (hexa) mostra que a mandala constituda de duas triades,sendo que a superior se completa na quaternidade, no estado da aequabili-tas e iustitia, como diz FILO. Embaixo nuvens escuras, ainda no inte-gradas, ameaam. Este quadro demonstra o fato freqiiente de que a per-sonalidade carente de ampliao, tanto para cima como para baixo.

    Imagens 26 e 27

    Estas mandalas so em parte atipicas. Ambas foram feitas pela mes- 680ma pessoa, uma mulher ainda jovem. No centra, encontra-se, como no casoanterior, uma figura feminina, igualmente encerrada em uma esfera de vidroou numa bolha transparente. Parece que um homunculus est em vias desurgir. (Compare-se com o homunculus na retorta, de Fausto, Se-gunda

    parte.) Em ambas as mandalas, alm do nmero quatro ou oito, h um centro

    de cinco raios. Existe portanto um dilema entre o quatro e o cinco. Cinco onmero do homem natural, na medida em que ele con-siste de um tronco ecinco adendos. Por outro lado, o quatro significa uma totalidade refletidaque descreve o homem ideal ("espirituar) e o formula como uma totalidadeem oposio ao pentagonal que descreve o homem corpreo. E significativoque a sustica simboliza o homem "pensante"" , ao passo que a estrela decinco pontas simboliza o homem material corpreo . O dilema de quatro ecinco corresponde ao dilema

    75.De opificio mundi, p. 2.

    76. Op. cit.,p. 79.

    77. Ncstc caso c prcciso lcvar cm conta que a sustica dcstrogira ou sinistrogira. A sinis-trogira rcprcscntaria no Tibet, Bn, a rcligio da magia ncgra, cm oposio aobudismo.

    78. O simboio da cstrcla prefcrido tanto pela Russia, como pcla America. A primeira cvcrmclha, a outra, branca. Sobrc o significado destas cores cf.Psicologia e alquimia[indice v.vcrbctc "cores"].

  • 8/3/2019 C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

    21/59

    d o h o m e m c u l tu r a l e n a t u r a l. E r a e s t e o p r o b le m a d a p a c i e n te .0 q u a d ro2 6 a p o n t a p a r a o d i le m a n o s q u a t r o g r u p o s d e e s t re l a s : d o i s d e l e sc o n t mq u a t r o e s t re l a s e d o i s , c in c o . N a o r l a m a i s e x t e r n a d a s d u a s m a n d a l a sr e p r es e n t a do " o f o g o d o d e s e j o " . N a i m a g e m2 6 a o r l a e x t e rn a c o n s t i t u -d a p o r a l g o q u e p a r e c e u m t e c id o ( p e g a n d o f o g o ) . E m c o n t r a st e c a r a c t e-r is t i c o c o m a m a n d a la " r a d ia n t e " , e st a s d u a s ( e m e s p e c ia l a i m a g e m2 7 )" a r d e m " . T r a t a - s e d o d e s e j o f l a m e j a n t e ,c o m p a r v e l s a u d ad ed o h o -m u n c u l o e n c e r r a d o n a r e t o r t a , e m F a u s t o ,S e g u n d a p a r t e , c u j ac p s u l ad ev i d r o s ed e s p e d a an o t r o n o d eG a l a t i a .T r a t a - s e r e a lm e n t e d e u m d e s e j oe r t i c o ,m a s a o m e s m o t e m p o d e u ma m o r f a t i ,q u e a r d e a p a r t i r d o m a i si n t i m o d o s i - m e s m o , q u e q u e r d a r f o rm a a o d e s t in o e a s s i m a j u d a r os i - m e s m o a r e a l iz a r - se . T a l c o m o oh o m u n c u l u se m F a u s t o ,a f i g u r a e n -c e r r a d a n o i n t e r io r q u e r " v i r a s e r " .

    681 A p r p r i ap a c i e n t e s e n t i u o c o n f l i t o , p o i s c o n t o u - m e q u en o c o n s e -

    g u i a t r a n q i l i z a r - s ed e p o i s d e p i n t a r o q u a d r o . T i n h a c h e g a d o m e t a d ed es u a v i d a , i s to , a o s t r i n t a e c i n c o a n o s , e e s t a v a e md v i d as e d e v i a t e r m a i su m f il h o . D e c i d i ut - l o . 0d e s t i n op o r m n oo p e r m i t i u , p o rq u e o d e s e n -v o l v i m e n t o d e s u a p e r s o n a l i d a d e t e n d i a p a r a o u t r o f i m , i s t o , p a r a u m am e t an o b i o l g i c a ,m a s c u l t u r a l . O c o n f l i t o r e s o l v e u - s e n e s s e s e n t i d o .

    Imagem 28

    682 T r a t a -s e d o q u ad ro d e u m h o m e m d e m e i a id a d e . N o c e n tr oh u m a

    e s t r e l a . Oc u a z u lc o m n u v e n s d o u r a d a s . N o s q u a t r o p o n t o s c a r d e a i sv e m o s f i g u r a s h u m a n a s : e m c i m a , u m v e l h o e m a t it u d e c o n t e m p l a t i v a ee m b a i x o L o k i o u H e f e s t o , c o m c a b e l o r u i v o c h a m e j a n t e , s e g u r an d o u mt e m p l o n am o . d i re i ta e e s q u e r d a h d u a s f i g u r a s f e m i n i n a s , u m a e s -c u r a e o u t r a c l a r a .S o i n d i c a d o s d e s s e m o d o q u a t r o a s p e c t o s d a p e r s o n a-l i d a d e , i s t o , q u a t r o f i g u r a s a r q u e t ip i c a s q u e p e r te n c e m p o r a s si m d i z e r

    p e r i fe r i a d o s i - m e s m o . A s d u a s f ig u r a s f e m i n i n a s p o d e m s e r l o g o r e c o -n h e c id a s c o m o o s d o i s a s p e c to s d a a n i m a . O v e l ho c o r re s p o n d e a oa r q u -t ip o d o s e n t i d o , o u s e j a , d oe s p r i to , ea f i g u rac t n i c a e s c u r an o p i a n o i n-

    f e ri o r , a o o p o s t o d os b i o ,i s to , a o e l em e n t o l u c if e r in o ,m g i c o ( e sv e -z e s d e s t r u ti v o ) . N a a l q u i m i a t r at a - se d e H e r m e s T r i sm e g i s t o v e r s u s M e r -c r i oc o m o o " t r i c k s te r " e v a s i v o ". O p r im e i ro c i rc u l o q u e c e rc a oc uc o n t m e s t r u t u r a sv i v a s s e m e l h a n t e s a p r o t o z o r i o s .A s d e z e s s e i s e s f e -

    27. V. capitulos 8 c 9 dcste volume, bcm como O espirito de Mercno.]

  • 8/3/2019 C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

    22/59

    ras de quatro cores no crculo contguo provm de um tema originrio deolhos e representam portanto a conscincia observadora e diferenciado-ra. Assim tambm os ornamentos que se abrem para dentro do circulo se-guinte significam aparentemente receptculos, cujo contedo despeja-

    do em direo ao centro . Os ornamentos no circulo mais externo abrem-se inversamente para fora, a fim de receber algo do exterior. No processode individuao as projees originrias refluem para dentro, isto , sonovamente integradas na personalidade. Em contraste com a imagem 25,o "em cima" e o "embaixo", bem como o "masculino" e o "feminino"aqui esto integrados, como no hermaphroditus alquimico.

    Imagem 29

    Aqui o centro tambm simbolizado por uma estrela. Esta represen- 683tao muito freqente corresponde s fguras precedentes nas quais, o sol estno centro. O sol tambm uma estrela, um germe radioso no oceano do cu.O quadro mostra o aparecimento do si-mesmo como estrela, a partir docaos. A estrutura de quatro raios ressaltada pelas quatro cores. Osignificativo desta imagem que a estrutura do si-mesmo colocada

    29

    como uma ordem frente ao caos . O autor o mesmo do quadro 28 (re-produo em preto e branco).

    Imagem 30

    Esta mandala de uma paciente mais idosa est novamente cindida 684em um "em cima" e um "embaixo"; em cima o cu, embaixo o mar, como indicado pelas linhas ondulantes douradas sobre um fiindo azul. Quatro asascircundam o centro para a esquerda, que apenas marcado por uma corvermelho-aiaranjada. Os opostos tambm so integrados neste caso e so

    talvez a causa da rotao do centro.

    79. Uma idia semclhante encontra-sc na alquimia, isto , na assim chamadaRipley-Scrowle c suas variantcs (cf.Psicologia e alquimia,p. 524 fig. 257). Ncla os deuscspianctriosmisturam suas qualidades ao banho do renascimento.

    80. Sobre a psicologia da meditao oriental[pargr. 942].

  • 8/3/2019 C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

    23/59

    I m a g e m3 1

    685 U ma m anda la a tip ica baseada n onmero dois (d ade).Um a lua dou-rada e out ra pra teada or lam a m andala em c ima e embaixo . O in te r ior na

    par te sup er ior urncu azu l e na i n f e ri o r, a l go pa r ec ido com um muro ne-g r o c o m a m e i a s. S o b r e e l e , d o l a do d i re i to e e x t e r n o , p o u s a u mpavocom a cauda em leque e do lado esquerdoh um ovo, t a lvez depavo.Emvis ta do pape l s igni f ica t ivo desempenhado pe lopavo eseu ovo, t an to naa l q u i m i a q u a n t o n o g n o s t i c i s m o , p o d e m o s e s p e r a r o m i l a g r e d ac a u d a

    pavonis ,i s to , o a p a r ec i m e n to d e " t o d as a s c o r e s" , o d e s d o b ra m e n t o econsc ient izaodo t odo , no momento em que t i ve r r u ido o murodiv i s-r io e sombr io . (Compare -se com a imagem32. ) A pac i en t e p r e sumia queo ovo pode r ia r om per - se , de l e s a indo a lgo de novo , t a lvez u ma se rpen t e .

    Na a lquimia , opavo s innimoda f n ix .Um a va r i ant e da l enda daF-

    n ix d i z que ops sa ro Semendaq u e im a - s e a s i m e s m o , u m v e rm e s e f o r -m a d e s u a s c i n z a s e d e le s u r g e d e n o v o opssaro .

    Imagem 32

    686 E sta im ag e m u m areproduod o C o d e x A l c h e m i cu s R h e n o v a c e n -sis da Bibl ioteca Central de Zurique. Opavo subst i tui aqui o pssaro F-n ix , o r enasc ido das c inzas. Um arepre sen t ao seme lhan t epode ser en-c o n tr a d a n u m m a n u s c r it o d o M u s e uBr i t n i co ,m a s n e s t e opavo e s t ence r r ado num a l ambique de v id ro , novas herme t i cum,c o m o oh o m u n -culus .O p av o u m a n t ig o s i m b o l o d o r e n a sc i m e n to e d aressur re io ,q u e e n c o n t r am o s c o mf r e q n c i a t a m b m n o s s a r c f a g o s c r i s t o s .N ovaso p rox imo ao dopavo aparecemas co re s dacauda pavon i scomo s i -na l de que o p roces so det ransformaose aproxima da meta . No proces-so a lqu imico aserpens mercur ia l i s ,o drago , t r ansformar -se- na guia ,n o p a v o ,n o g a n s o d e H e r m e s o u n aF n i x .

    I m a g e m3 3687 E s t a im a g e m f o i d es e nh ad a po r u m m en in o d e s e te a n o s cu jo s

    p a i s e r a m p r o b l e m t i c o s .E l e h a v i a f e i to u m as r i ed e d e s e n h o s d ec i r c u lo s c e r c a n d o c o m e l e s s u a c a m a . E l e o s c h a m a v a s e u s " a m a d o s "

    30. V. dcpoisPsicologia e alquimia [pargr. 334 c 407].

  • 8/3/2019 C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

    24/59

  • 8/3/2019 C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

    25/59

    zes em mandalas individuals. (Ver por exemplo os quadros 17 e 5 no ca-pitulo XI deste volume.) No Maitryana-Brhmana-Upanixade o ovo{hiranyagarbha = germe de ouro) descrito como se possusse "milha-res de olhos". Os olhos na mandala significam, por um lado, indubitavel-

    mente, a conscincia observadora e, por outro, podem ser atribuidos, emtexto e imagens, figura mitica de um anthropos do qual procede o ver.Isto me parece indicar o fascinio que atravs de um olhar mgico chama aateno da conscincia (cf. fig. 38 e 39).

    Imagem 36

    691 R e p r e s e n t a od e u m a c i d a d e m e d i e v a l , c o m m u r a lh a s e f o s s o s d e g u a , o r n a m e n t o s e i g r e ja s n u m a d i s p o s i od e q u a t r o r a i o s . A c i d a d e i n -

    t e r n at am b m c e r c a d a d e m u r o s e f o s so s , s e m e l h a n t e c id a d e i m p e r i a le m P e q u im . T o d a ac o n s t r u oa b r e -s e a q u i e md i r e o a oc e n t r a , r e p r e -s e n ta d o p o r u m c a s te l o c o m t e to d e o u r o . E s t e c e r c a d o t a m b m p o r u mf o s s o d e g u a .O c h oe m t o r n o d o c a s t e lo c o b e r t o d e l a d r il h o s p r e to s eb r a n c o s . E l e s r e p r e s e n ta m o s o p o s t o s q u e a s s i m s er e n e m . E s t am a n d a-l a f o i f e i ta p o r u m h o m e m d e i d a d e m a d u r a ( c f . im a g e n s2 8 e 2 9 ) .T a li m a g e mn o e s t r a n h a n a s i m b o l o g i ac r i s t .A J e r u s a l e m c e l e s t ed o A p o -c a l i p s ed e S o J o a o c o n h e c id ap o r t o d o s . N o m u n d o d a si d i a s i n d i a n a se n c o n tr a m o s a c i d a d e d e B r a h m a n o m o n t e M e ru , m o n t a n h a d o m u n d o .P o d e m o s l e r n a F l o r d e o u r o: " O l iv r o d o C a s te lo a m a r e l o d i z : 'N o

    c a m p o d e u m a p o l eg a d a q u a d r ad a d a c a s a d e u mp q u a d r a d o p o d e m o so r d e n a r a v i d a ' . A c a s a d e u mp q u a d r a d o a f a c e . N a f a ce o c a m p o d ap o l e g a d a q u a d r a d a o q u e p o d e r i a s e r s e n a o oc o r a oc e l e st e ? N o m e i od a p o l e g a d a q u a d r a d a m o r a a g l o r i a . N a s a l a p u r p u r a d a c i d a d e d e j a d em o r a o d e u s d o v a z i o s u p r e m o e d a v i d a " . O s t a o i s ta s c h a m a m e s te c e n t r ad e " t e r r a d o s a n t e p a s s a d o s o u C a s t e l o a m a r e l o " .

    I m a g e m3 7

    692 A im a g e m d a m e s m a d e s e n h is ta d a s i m a g e n s1 1 e 3 0 .A q u i o l u g a r d o g e r m e r e p r e s e n t a d o c o m o u mr e c m - n a s c i d o e n v o l v i d on u m a e s f e-r a e mr o t a o .A s q u a t r o " a s a s " t e r n a s q u a t r o c o r e s b s i c a s .A c r ia n a

    81. [SacredBooks, XV, VI, 8, p. 311.]

    82. Scgunda edio, p. 102.

  • 8/3/2019 C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

    26/59

  • 8/3/2019 C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

    27/59

    I m a g e m4 1

    696 E s ta im a g e m d e u m a p a c i e n t e j o v e m c o mp r e d i s p o s i o e s q u i z i -d e . O m o m e n to p a t o l g i c om a n i f e s t a -s e q u a n d o a s " l i n h a s q u e b r a d a s "

    a p a r e n t em e n t e c i n d e m o c e n t r e A s f o r m a s a g u d a s , p o n tu d a s d e s t a s l i-n h a s q u e b r a d a s s i g n if i c a m i m p u i s o s m a u s , a g r e s si v o s e d e s t ru t i v o s q u ep o d er iam imp ed i r a d es e j ad a s in tes e d a p e r s o n a l id ad e . Pa recepormq u ea es t ru tu ra r eg u la r q u e ce rca a man d a la es t a ri a ap ta a r es tr in g ir a ap aren tet e n d n c i a p e r i g o s a p a r a a d i s s o c i a oi n t e r n a . E s te f o i o c a s o , n o d e c u r s od o t r a t a m e n t o e n o d e s e n v o l v i m e n t o p o s t e r i o r d a p a c i e n t e .

    I m a g e m4 2

    697 M a n d ala n eu ro tic am e nte p er tu rb ad a. Fo i d es en ha da p or um a jo ve mp a c i e n te s o l te i ra n u m p e r i o d o d e e x t r e m a p e r t u r b a o :a c h a v a - s e n u md i le m a e n t re d o i s h o m e n s . A m a r g e m m a i s e x t e r aa m o s tr a q u a t ro c o r e sd i fe ren tes . O cen t ra d u p li c a do d e u m m o d o e s tr a n ho ; o s o l a p a r ec e d i -r e it a c e r c a d o d e v e i a ss an g n eas m v e i s ,e n q ua n to a o f u n do n u m c a m p oe s c u r o , i r r o m p e f o g oa t r sd e u m a e s t re l a a z u l . E s t a t e r n c i n c o r a i o s el em b r a o p e n ta g r am a s im b o l iz a n d o o h o m e m : b r a o s , p e r n a s e c a b e aco m o m es mo v a lo r . A es t r e l a d e c in co p o n tas s ig n i f ica , co moj v im os , oh o m em n a tu ra l , t e r r en o e in co n s c ien te (c f . ima g en s2 6 e 2 7 ) .A c o r d a e s-t re la a z u l e p o r ta n t o f r i a . O s o l q u e i r ro m p e a m a r e l o ev ermelh o , p o r -

    t an to co res q u en tes . Oprprios o l (q u e a q u i s e a s se m e l h a a u m a g e m a d eo v o p o d r e ) s i g n i f ic a e m g e r a lc o n s c i n c ia o u i l u m i n a o e c o m p r e e n s o .A r e s p e i t o d a m a n d a l a p o d e r i a m o s d i z e r qu e p o u c o a p o u c o u m a l u zes td e s p o n t a n d o n a p a c i e n t e ; e l a e s t a r i a d e s p e r t a n d o d e u m e s t a d oa t e n t oi n c o n s c i e n t e q u e c o r r e s p o n d i a a u m ae x i s t n c i a m e r a m e n t e b i o l g i c a er a c i o n a l . ( O r a c i o n a l i s m on o g a r a n te d e f o r m a a l g u m a u m ac o n s c i n c i as u p e r io r , m a st o - s u n i l a te r a l !) O n o v o e s t a d o s e c a r a c t e ri z a p e l o v e r -m e l h o d o s e n ti m e n t o e p e l o a m a r e lo ( o u r o ) d ain tu io .T r a t a -s e p o r c o n -s e g u in t e d e u m d e s lo c a m e n t o d o c e n t ro d a p e r so n a l id a d e p a r a ar e g i omais q u en te d oco raoe d o s en t imen to , e p e laincusod a in tu iosurge

    a m o d o d e u m p r e s s en t i m e n t o u m aa p r e e n s o i r r a c i o n a ld a t o t a l i d a d e .

    I m a g e m4 3

    698 E s te q u ad ro d e u m a m u lh er d e meia - id ad e , a q u a l , s em s e r n eu r t i -ca , t r ab a lh av a n o s en t id o d e s eu d es en v o lv im en to es p i r i tu a l , u t i l i zan d o a

  • 8/3/2019 C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

    28/59

    "imaginao ativa" para este fim. Destas tentativas surgiu a representa-ao do nascimento de uma nova viso, ou conscincia (olho) das profun-dezas do inconsciente (mar). O olho tem aqui o significado do si-mesmo.

    Imagem 44

    Esta uma representao que se encontra num mosaico de piso ro- 699mano, em Mokhnin (Tunisia), onde a fotografei. Trata-se de um expedi-enteapotropaico contra o mau olhado.

    Imagem 45

    Mandala dos ndios navajo. Eles confeccionam tais mandalas com 700areia colorida, num trabalho demorado e difcil, para fms curativos. Trata-sede uma parte do ritual do chamado Canto da Montanha (Mountain Chant), oqual entoado para o doente. Em torno do centro estende-se num amploarco o corpo da deusa do arco-iris. A cabea quadrada carac-teriza adivindade feminina, e a redonda, a masculina. A disposio dos quatro paresde deuses nos braos da cruz sugere uma sustica dextrogi-ra. A estemovimento correspondem tambm as quatro divindades mas-culinas quefecham a sustica.

    Imagem 46

    Esta imagem representa outra pintura em areia dos navajos. Ela per- 701tence cerimnia do Male Shooting Chant . Os quatro pontos cardeais sorepresentados por quatro cabeas com chifres, nas quatro cores cor-respondentes aos pontos cardeais.

    Imagem 47

    Ofereo aqui, a titulo de comparao, uma representao da me do 702cu dos egipcios, que, tal como a deusa do arco-iris, se inclina sobre a

    35. [Canto de caa dos homens.] Agradeo os dois desenhos a Mrs. MARGARETSCHEVILL. A imagem 45 c uma variante da pintura em areia publicada in: Psicologia ealqui-mia [Tig. 110, p. 234].

  • 8/3/2019 C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

    29/59

    "terra" com o horizonte circular. Por trs da mandala encontra-se(presu-mivelmente) o deus do ar, parecido com o demnio (imagens 3e 34). Embaixo, os braos em adorao do Ka com o tema do olho,seguram a mandala que poderia significar a totalidade da "terra" .

    Imagem 48

    8 5 .E s t a i m a g e m p r o v md e u r n m a n u s c r i to d e H I L D E G A R D V O NB IN G EN . R e p re se n ta a t e r r a c e r c a d a p e l o o c e a n o , p e lo r e i n o d o a r e p e l oc u e s t r e l a d o . N o c e n t ro , a e s f e r a t e r r e s t r e p ro p r i a m e n t e d i t a d i v i d i d aem qua t ro pa r i es3 7.

    8 6 . J A C O BB H M Ea p r e s e n t o u u m a m a n d a l a e m s e u l iv r oV i e r t z i g Frage n von de r See le(q u a d ro3 n o c a p i t u l o p r e c e d e n t e d e s t e v o l u m e ) . O

    c rcu lo con tmu m se m i c i rc u l o c l a ro e o u t ro e sc u ro q u e s ed o a s c o s t a s .R e p r e s e n t a m o p o s t o sn o u n i f i c a d o s . P o r e s t e m o t i v o oc o r a oq u e s ee n c o n t r a e n t re a m b o s d e v eu n i f i c - l o s .E s t a r e p r e s e n ta o i n c o m u m ,m a s e x p r e s s a a d e q u a d a m e n t e o c o n f li t o m o r a li n so l v e l n a v i s o c r i s t ." A a l m a u m o l h o/ n o a b i sm o e t e rn o : u m am e t f o rad a e t e rn i d a d e : u m af igura pe r f e it a e re t ra to do p r im ei ro P r inc ip io , e como Deus P a i de acordoc o m s u a p e s s o a ( s e a s s e m e l h a ) e t e r n a N a t u r e z a . S u ae s s n c i a es u b s -t n c i a (o n d e e s t p u ro e m s i m e sm o ) e m p r i m e i ro l u g a r a ro d a d a n a t ure z a - c o m a s q u a t ro p r i m e i r a s f o rm a s" . E m o u t ro t e x t o d o m e sm o t r a t a -d o , B H M Ed i z : " A n a t u re z a d a s a lm a s c o m su a i m a g e m/ es t na t e r ra/

    e m u m a b e l a f lo r " . O u : a a l m a " u m o l h o d e f o g o " , " q u eprovmdo e te r n o c e n t r o d a n a t u r e z a " , u m a" m e t f o r ad o p r i m e i r o P r i n c i p i o " . C o m oolho e l a " recebe a luz/ do m esmo m odo que a Lu a a ( recebe) do b r i lho doS o l , . .. p o i s a v i d a d a a l m a o r i g i n a - s e n o f o g o " . E m o u t r a p a s s a g e m : " Aa l m a a s s e m e l h a - s e a u m a e s f e r a d e fo g o/ o u a u m o l h o d e f o g o ".

    I m a g e m4 9 e 5 0

    705 A im a g em4 9 p a r t i c u l a rm e n t ei n t e r e s sa n t e , n a m e d i d a e m q u e n e l as e r e c o n h e c e c o m n i t i d e z e m q u er e l a os e e n c o n t r a c o m s e u a u t o r . A

    36.0 desenho veio s minhas mos do British Museum, Londres. O rclcvo do mesmo pa-rccc encontrar-sc cm Nova Iorquc.

    87. Lucca, Biblioteca governativa. Cod. 1942, fol. 37.

    88. [(Das umbgewandte Augc), O olho voltado para trs, p. 161s.]

  • 8/3/2019 C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

    30/59

    desenhista (a mesma da imagem 42) tern um problema com a sombra. Afigura feminina no quadro representa sua sombra, seu lado escuro ctni-co. Encontra-se diante de uma roda de quatro raios, formando com amesma uma mandala de oito raios. De sua cabea saem quatro serpen-

    tes , as quais expressam a natureza tetrdica da conscincia; fazem-noporm - concordando com o carter demonaco do quadro - num sentidomau e nefasto, na medida em que representam pensamentos maus e des-trutivos. A figura inteira est envolta em chamas, que emitem uma luzofuscante. Ela uma espcie de demnio do fogo, la salamandre, aidia medieval de um elfo do fogo. O fogo expressa um intenso

    processo de transformao. Por isso a matria-prima a ser transformadana alquimia representada por uma salamandra no fogo, tal comomostra a imagem 50 . A ponta da espada ou da flecha exprime"direo" em sentido figu-rado. Ela aponta para cima, a partir do meio da

    cabea. Tudo o que o fogo consome ascende ao trono dos deuses. Odrago arde no fogo, volatili-zado. Do tonnento do fogo gera-se auminao. O quadro deixa entre-ver algo do desenrolar no pano defundo do processo de transformao. Descreve obviamente um estadode tonnento, o qual lembra por um lado a Crucifixo e, por outro, Ixion

    preso na roda. V-se ento com clareza que a individuao, isto , arealizaao da totalidade no nem 'summum bonum', nem 'summumdesideratum', mas o processo doloroso daunifi-cao dos opostos. Este o significado da cruz no circulo. Por este moti-vo, a cruz tem um efeitoapotropaico, pois quando apresentada ao malf-co, mostra-lhe que j est

    includa e por isso perdeu seu efeito destrutivo.

    Imagem 51

    A partir de uma problemtica semelhante uma paciente de dezesseis 706anos fez este quadro: um demnio de fogo subiu atravs da noite at umaestrela, onde atado a uma situao catica passou para um estado firme eordenado. A estrela sugere a totalidade transcendente. O demnio corres-

    ponde ao animus o qual, como a anima, estabelece uma relaao entre oconsciente e o inconsciente. A imagem evoca um simbolismo antigo, porexemplo o de PLUTARCO : para este a alma est s parcialmente no cor-

    89. Cf. as quatro scrpcntes na mctadc ctnica (sombria) da mandala na imagem 9 no artigoque preccdeu cstc volume.

    90. Fig. Xextraida das figures dcLAMBSPRINCKde \611noMusaeumhermeticum [p. 361].

    91.De genio Socratis, cap. XXII {berden Damon des Sob-ates,p. 195].

  • 8/3/2019 C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

    31/59

    po, por outra parte, paira sobre o humano como uma estrela, que simboli-za seugenius. Encontramos a mesma concepo entre os alquimistas.

    lmagem 52707 E s ta im a g e m d a m e s m a p a c i en t e q u e f e z a i m a g e m5 1 . E l a r e p r e -

    s e n t a c h a m a sa t r a v sd a s q u a i s u m a a l m a s o b e , fl u tu a n d o . O m e s m o m o -t i v o - e c o m o m e s m o s ig n i f ic a d o- s e e n c o n t ra n oC o d e x A l c h em i c u s

    R h e n o v a c e n s i s( s c u l oX V ) n a B i b l i o t e c a C e n t r a l d e Z u r i q u e ( i m a g e m5 4 ) . A s a l m a s d am a t r i a - p r i m a c a l c i n a d an o f o g o e s c a p a m ( c o m o v a p o -r e s ) s o b a f o r m a d e c r i a n c a s( h o m u n c u l i ) . N o f o g o e n c o n t r a - s e od r a g oa o t r a n s f o r m a r - s e , so b a f o r m ac t n i c ad a a n i m a m u n d i .

    I m a g e n s5 3 e 5 4

    708 D e vo ob se rv ar ne ste p on to q ue ne m a pa cie nte tin ha q ua lq ue r c on he -c i m e n t o d a a l q u i m i a , e n e m e u m e s m o c o n h e c i a n e s s a p o c a om a t e r i a li m a g i s t ic o a l q u i m i c o . As e m e l h a n ae n t r e e s t a s d u a s i m a g e n s , p o r n o t -v e i s q u e s e j a m , n a d a t e r n d ee x t r a o r d i n r i o ,u m a v e z q u e o g r a n d e p r o -

    b l e m a n o q u e c o n c e r n e a l q u i m i af l o s f i c a o m e s m o q u e s u b j a z p s i c o l o g i a d o i n c o n s c i e n t e , i s t o , o d a i n d i vi d u a o ,a i n t e gr a od o

    s i -m e s m o . C a u s a s s e m e l h a n t e s t e r n e f e i to s s e m e l h a n te s , e a ss i t u a c e s p s i c o l g i c a ss e m e l h a n te s s e r v e m - s e d o m e s m o s im b o l i sm o , o q u a l p o r s u a v e ze s t a s e u l a d o n o s f u n d a m e n t o s a r q u e t i p ic o s , c o m oj i n d i q u e in o c a s o d a a l q u i m i a .

    C o n c l u s o

    709 E sp er o te r co ns e g uid o d ar ao le i to r alg um ai d i ad o s i m b o l i s m o d am a n d a l a ,a t r a v s d e s t a si m a g e n s . N a t u r al m e n t en o p r e t e nd i ad a r c o mes s ase x p l ic a e s m a i sd o q u e u m ao r ien tao ace rcad o m a t e ri a l e m p i r i -c o , q u ee s t a b a s e d e s t a si n v e s t i g a e s . A p r e s e n t e ia l g u n s p a r a l e l o s q u e

    p o d e m i n d i c a r o c a m i n h o p a r a o u t r a sc o m p a r a e s h i s t r i c o - t n i c a s ,m a s r e n u n c ie i a u m ae x p o s i om a i s c o m p l e ta e p o r m e n o r i z a d a n e s tec o n t e x t o , p o r q u e i s s o m e l e v a r i a lo n g e d e m a i s .

  • 8/3/2019 C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

    32/59

    O significado funcional das mandalas dispensa muitas palavras. J 710tratei vrias vezes desse tema. Alm disso possvel intuir com urn pou-co desensibilidade o sentido mais profundo que o autor tenta expressar atravsdessas imagens, muitas vezes pintadas com o maior amor, embo-ra com mosdesajeitadas. Trata-se deyantras no sentido indiano, isto , de instruments demeditao para mergulhar em si mesmo, de concen-trao e realizao daexperincia interior, tal como expus no Coment-rio Flor de Ouro. Aomesmo tempo, as yantras servem ao estabeleci-mento da ordem interior,encontrando-se por isso freqiientemente em series de imagens; aparecemlogo depois de estados caticos, desordena-dos, conflitivos ligados aomedo. Expressam por conseguinte a idia do refugio seguro, dareconciliao interior e da totalidade.

    Poderia mostrar um numero muito maior de imagens, das mais di- 711versas regies do mundo e o que surpreenderia seria ver como esses sim-bolos

    partem do mesmo fundamento bsico j observado nas mandalasindividuais. Em vista do fato de que em todos os casos aqui demonstra-dosh novos fenmenos independentes de qualquer influncia, somosobrigados a constatar que, alm da conscincia, deve existir uma disposi-oinconsciente universalmente disseminada, uma disposio capaz de produzirem todos os tempos e lugares os mesmos simbolos, ou pelo me-nos, muitosemelhantes entre si. Uma vez que essa disposio em geral inconsciente

    para o individuo, eu a designei inconsciente coletivo, postu-lando como ofundamento dos produtos simblicos do mesmo a existn-cia de imagensoriginrias: os arqutipos. No necessrio acrescentar que a identidadedos contedos inconscientes individuais se expressa atravs dos contedosdos paralelos tnicos, no s na configurao ima-gstica, como tambm nosentido.

    O conhecimento da origem comum do simbolismo inconsciente- 712mente pr-formado se havia perdido por completo para ns. Para traz-lo devolta luz do dia devemos ler antigos textos e investigar culturas arcai-cas, afm de poder compreender aquilo que os nossos pacientes nos tra-zem hoje

    para o esclarecimento de sua evoluo psquica. Penetrando mais profundamente nas camadas interiores da alma, deparamos com es-tratos

    histricos que no constituent letra morta, mas continuam vivos e atuantesem todo ser humano; ultrapassam nossa possibilidade de apre-enso, noestado atual de nossos conhecimentos.

  • 8/3/2019 C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

    33/59

    IMAGEM 1

    IMAGEM 2

  • 8/3/2019 C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

    34/59

    IMAGEM 3

    IMAGEM 4

  • 8/3/2019 C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

    35/59

    IMAGEM 5

    IMAGEM 6

  • 8/3/2019 C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

    36/59

    IMAGEM 7

    IMAGEM 8

  • 8/3/2019 C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

    37/59

    IMAGEM 10

    IMAGEM 11

  • 8/3/2019 C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

    38/59

    IMAGEM 12

    IMAGEM 13

  • 8/3/2019 C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

    39/59

    IMAGEM 14

    IMAGEM 15

  • 8/3/2019 C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

    40/59

    IMAGEM 16

    IMAGEM 17

  • 8/3/2019 C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

    41/59

    IMAGEM 18

    IMAGEM 19

  • 8/3/2019 C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

    42/59

    IMAGEM 20

    IMAGEM 21

  • 8/3/2019 C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

    43/59

    IMAGEM 22

    IMAGEM 23

  • 8/3/2019 C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

    44/59

    IMAGEM 24

    IMAGEM 25

  • 8/3/2019 C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

    45/59

    IMAGEM 26

    IMAGEM 27

  • 8/3/2019 C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

    46/59

    IMAGEM 28

    IMAGEM 29

  • 8/3/2019 C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

    47/59

    IMAGEM 30

    IMAGEM 31

  • 8/3/2019 C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

    48/59

    IMAGEM 32

    IMAGEM 33

  • 8/3/2019 C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

    49/59

    IMAGEM 34

    IMAGEM 35

  • 8/3/2019 C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

    50/59

    IMAGEM 36

    IMAGEM 37

  • 8/3/2019 C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

    51/59

    IMAGEM 38

    IMAGEM 39

  • 8/3/2019 C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

    52/59

    IMAGEM 40

    IMAGEM 41

  • 8/3/2019 C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

    53/59

  • 8/3/2019 C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

    54/59

    IMAGEM 44

    IMAGEM 45

  • 8/3/2019 C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

    55/59

    IMAGEM 46

    IMAGEM 47

  • 8/3/2019 C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

    56/59

    IMAGEM 48

    IMAGEM 49

  • 8/3/2019 C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

    57/59

    IMAGEM 50

    IMAGEM 51

  • 8/3/2019 C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

    58/59

    IMAGEM 52

    IMAGEM 53

  • 8/3/2019 C.G.jung - O Simbolismo Da Mandala

    59/59

    IMAGEM 54

    Texto publicado em portugus na obra de Carl Gustav Jung OsArqutipos e o Inconsciente Coletivo. - Petrpolis: Vozes,2000. Pginas 347-381