HERMENÊUTICA BÍBLICA ELEMENTAR
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JETHRO INTERNACIONAL
THEOLOGICAL SEMINARY
320 Revere Beach Pkwy, Chelsea, MA. 02150
HERMENÊUTICA BÍBLICA
ELEMENTAR
Princípios de Interpretação Bíblica
ATENÇÃO
Esta apostila de Hermenêutica Bíblica Elementar é de autoria do professor Alfredo Lima. Este material
não deve distribuído sem a prévia autorização do autor. Uso autorizado ao SETEJI - Seminário
Teológico Jetro Internacional.
"UM TEXTO NÃO PODE SIGNIFAR AQUILO QUE NUNCA SIGNIFICOU" Gordon Fee (Entendes o que lês - Pg 26)
POR QUE PRECISAMOS INTERPRETAR A BÍBLIA1?
Introdução
Nem todos se apercebem do fato de que toda leitura de um texto envolve um
processo de interpretação do mesmo. Não existe compreensão de um texto sem que haja
interpretação, mesmo que esta leitura seja do jornal e o processo de interpretação
aconteça inconscientemente. Sendo um texto, a Bíblia não foge a esta regra. Cada vez
que a abrimos e lemos, buscando entender a mensagem de Deus para nós, engajamo-nos
num processo de interpretação. Como Palavra de Deus, a Bíblia deve ser lida como
nenhum outro livro. Mas, tendo sido escrita por homens, ela deve ser interpretada como
qualquer outro livro. Além disto, a Bíblia está distante de nós em diversos aspectos,
como veremos adiante, o que faz com que nossa leitura dela exija um esforço consciente
de interpretação.
Há muitas pessoas que ficam desanimadas com as controvérsias e as polêmicas
que existem nos meios intelectuais onde se estuda a Bíblia. Elas consideram
desnecessário o estudo mais sério da Bíblia. Alguns até pensam que estudos acadêmicos
da Bíblia são uma barreira à espiritualidade e ao crescimento da Igreja. Podemos
entender a atitude de pessoas assim, pois realmente existe muito academicismo e
intelectualismo árido e infrutífero em muitos círculos evangélicos. Por outro lado,
rejeitar o estudo da Bíblia não vai resolver o problema, pois continuamos diante de um
texto antigo, distanciado de nós, escrito em outras línguas e que precisa ser interpretado
para poder ser entendido. Alguns dizem: "Vamos deixar de lado estas questões e
simplesmente ler a Bíblia como ela é". Infelizmente, uma leitura assim não é possível.
Não existe leitura e entendimento de um texto sem que haja interpretação, mesmo que
esta interpretação se processe de forma inconsciente. O objetivo desta aula é levantar
alguns aspectos da natureza da Bíblia que tornam indispensável um esforço consciente
para interpretá-la.
1 Disponível: Artigo Augustus Nicodemos Lopes http://www.monergismo.com/textos/hermeneuticas: Acesso 10 de outubro de 09
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A BÍBLIA COMO LIVRO HUMANO
O fato de que a Bíblia não caiu pronta do céu, mas que foi escrita por diferentes
pessoas em diferentes épocas, línguas e lugares, alerta-nos para o que alguns estudiosos
têm chamado de distanciamento. O fenômeno do distanciamento aparece em diversas
áreas:
• Distanciamento temporal -- A Bíblia está séculos distante de nós. Seu último
livro foi escrito pelo final do século I da Era Cristã, o que nos separa temporalmente em
cerca de dois milênios. A distância temporal, num mundo em constantes mudanças, faz
com que a maneira de encarar o mundo, os aspectos culturais e lingüísticos dos
escritores da Bíblia se percam no passado distante. Portanto, como qualquer documento
antigo, a Bíblia precisa ser lida levando-se isto em conta. Os princípios de interpretação
da Bíblia procuram condições de transpor este abismo temporal.
• Distanciamento contextual -- Os livros da Bíblia foram escritos para atender
a determinadas situações, que já se perderam no passado distante. É verdade que ao
serem incluídos no cânon bíblico, eles passaram a ser relevantes para a Igreja universal.
Por outro lado, recuperar o contexto em que estes livros foram escritos é essencial para
entendermos melhor a sua mensagem. As cartas de Paulo foram escritas visando atender
às necessidades de igrejas locais. Não posso entender corretamente o ensinamento do
apóstolo sobre o uso do véu pelas mulheres (1 Coríntios 11) se não estiver consciente do
problema que estava acontecendo na Igreja relacionado com a participação das
mulheres no culto. Igualmente, 1 João toma outra relevância quando fico consciente de
que João estava escrevendo contra a influência de uma forma incipiente de gnosticismo
nas igrejas da Ásia Menor. Ou ainda, que o livro de Habacuque foi escrito num contexto
de iminente invasão por potências estrangeiras. A mensagem do evangelho de Marcos
fica mais clara quando descobrimos que Marcos escreveu provavelmente para ajudar os
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crentes romanos a enfrentar as provações que sofriam por causa de Cristo. E o livro de
Jonas -- especialmente a atitude de Jonas contra os Ninivitas – ganha maior clareza
quando descubro que havia uma antipatia natural dos judeus contra os Ninivitas por
causa dos seus grandes pecados. Os princípios de interpretação da Bíblia procuram
transpor as dificuldades criadas pela distância contextual.
• Distanciamento cultural -- O mundo em que os escritores da Bíblia viveram
já não existe. Está no passado distante, com suas características, costumes, tradições e
crenças. Muito embora a inspiração das Escrituras garanta que sua mensagem seja
relevante para todas as épocas, devemos lembrar que esta mensagem foi registrada
numa determinada cultura, da qual traços foram preservados na Bíblia. Os princípios de
interpretação da Bíblia devem levar em conta o jeito de escrever daquela época, a
maneira de expressar conceitos e ilustrar as verdades, para poder transpor a distância
cultural.
• Distanciamento lingüístico -- As línguas em que a Bíblia foi escrita também
já não existem. Não se fala mais o hebraico, o grego e o aramaico bíblicos nos dias de
hoje, mesmo nos países onde a Bíblia foi escrita. Como cada língua tem seu jeito
próprio de comunicar conceitos (apesar de uma estrutura comum a todas), princípios de
interpretação da Bíblia devem levar em conta estas peculiaridades. O conhecimento do
paralelismo hebraico certamente nos ajuda a entender os Salmos melhor, bem como os
profetas.
• Distanciamento Autorial -- Devemos ainda reconhecer que teríamos uma
compreensão mais exata da mensagem de alguns textos bíblicos reconhecidamente
obscuros se os seus autores estivessem vivos. Poderíamos perguntar a eles acerca destas
passagens complicadas que escreveram e que continuam até hoje dividindo os melhores
intérpretes quanto ao seu significado. Por exemplo, Pedro poderia nos esclarecer o que
ele quis dizer com "Cristo foi e pregou aos espíritos em prisão". Ou ainda, Paulo
poderia nos dizer o que ele quis dizer com "o que farão os que se batizam pelos
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mortos?". Mateus poderia finalmente tirar a dúvida sobre o sentido da frase de Jesus
"não terminarão de percorrer as cidades de Israel até que venha o Filho do Homem".
A razão é que a intenção deles sobrevive no que escreveram. Mas certamente a
ausência do autor faz com que a interpretação de textos obscuros seja necessária.
Princípios de interpretação devem levar em conta o distanciamento autorial, e buscar
meios de recuperar a intenção deles nos próprios textos que escreveram. O
distanciamento, portanto, exige de nós a tarefa de interpretar. Interpretar é exatamente
tentar transpor o distanciamento em suas várias formas, como mencionadas acima, e
chegar ao sentido exato do texto. De forma geral, o ponto central da mensagem da
Bíblia é tão claro que pode ser entendido por todos, mesmo os que não estão
conscientes do distanciamento. A prova disto é que a Igreja vem se mantendo viva e
ativa através dos séculos, sendo composta em sua quase absoluta maioria de pessoas
que não têm treinamento teológico, histórico e lingüístico que permitiriam uma leitura
mais informada das Escrituras. Por outro lado, uma maior exatidão e clareza acerca de
todos os aspectos da mensagem bíblica não poderá ser alcançada sem interpretação
consciente. Seria importante perguntar até que ponto o lado humano das Escrituras
possibilitaram a entrada de erros na mesma. Esta é uma questão bastante controversa e
certamente não poderemos abordá-la de forma exaustiva aqui.
A BÍBLIA COMO LIVRO DIVINO
Por outro lado, o fato de que a Bíblia foi inspirada por Deus, sendo assim a Sua
Palavra, deve ser levado em conta por aqueles que desejam interpretá-la corretamente.
A divindade e a humanidade das Escrituras devem ser mantidas em equilíbrio. Quando
enfatizamos uma em detrimento da outra, acabamos por cair em algum dos erros
hermenêuticos que caracterizam a história da interpretação cristã das escrituras. Este foi
o grande problema do método histórico-crítico de interpretação, que surgiu com o
Iluminismo, adotando os pressupostos racionalistas quanto às Escrituras, contrários à
sua origem divina. Ao tratar a Bíblia exatamente como qualquer outro livro de religião,
deixando de levar em conta sua inspiração e divina autoridade, os estudiosos e
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professores cristãos influenciados pelo racionalismo acabaram por desenvolver um
método de interpretação que não aceitava o conceito de revelação, inspiração e
providência de Deus. Como resultado, a Bíblia passou a ser vista, não como Palavra de
Deus em sua inteireza, mas como o registro da fé de comunidades religiosas, primeiro a
judaica e depois a cristã. Continha erros crassos, e seus livros individuais eram trabalhos
compostos de retalhos de fontes contraditórias e refletiam mais o pensamento dos que a
escreveram do que as realidades históricas e espirituais que pretendiam transmitir. Mas,
uma atitude oposta é igualmente perigosa. Muitos movimentos e grupos religiosos
esquecem o fenômeno do distanciamento e encaram a Bíblia como se fosse um livro
caído do céu, e cuja interpretação depende somente de oração, jejum e plenitude do
Espírito Santo. Evidentemente, sendo a Palavra de Deus, precisamos de comunhão com
Deus e da iluminação do Espírito para o conhecimento salvador das Escrituras. Porém, a
utilização consciente de princípios de interpretação compatíveis com a natureza da
Bíblia fará com que este conhecimento nos chegue de forma mais exata e completa.
Precisamos ter cuidado, porém, para não cairmos no erro de pensar que somente aqueles
que têm treinamento profissional em princípios de interpretação poderão chegar ao
conhecimento da mensagem das Escrituras. Muitos dos princípios de interpretação
bíblicos, praticados diariamente por todos os leitores da Bíblia, são simples, lógicos e
evidentes, como por exemplo, a interpretação de uma palavra à luz do seu contexto. Isto
fazemos diariamente, na leitura do jornal, de notícias pela Internet e lendo um email.
Num certo sentido, ler a Bíblia envolve as mesmas regras que ler estas coisas. A
natureza divina da Bíblia, por sua vez, provoca outro tipo de distanciamento, que
expressa-se nestas áreas:
• Distanciamento natural -- a distância entre Deus e nós é imensa. Ele é o
Senhor, criador de todas as coisas, do céu e da terra. Somos suas criaturas, limitadas,
finitas. Nossa condição de seres humanos impõe limites à nossa capacidade de entender
e compreender as coisas de Deus. Não impede a possibilidade deste conhecimento, com
certeza, mas o limita. O fato de sermos seres humanos tentando entender a mensagem
enviada pelo Deus criador em si só representa um distanciamento. A distância entre a
criatura e o Criador, tão freqüentemente mencionada nas Escrituras, tem seus efeitos
também na nossa hermenêutica. Princípios de interpretação não podem ignorar isto e
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pensar que bastam ferramentas hermenêuticas corretas para que possamos entender a
Deus. O distanciamento provocado pela nossa humanidade deve procurar ser transposto
por princípios de interpretação que reconheçam a necessidade da iluminação do
Espírito.
• Distanciamento espiritual -- o fato de que somos pecadores impõe ainda mais
limites à nossa capacidade de interpretação da Bíblia. Somos seres afetados pelo pecado
tentando entender os desígnios do Deus puro e santo. A Queda é um conceito espiritual,
mas com certeza não pode ser deixado de lado em qualquer sistema interpretativo das
Escrituras. Transpor o abismo epistemológico causado pela Queda é certamente o ponto
de partida. A regeneração e a conversão são a resposta de Deus a esta condição.
• Distanciamento moral -- é a distância que existe entre seres pecadores e
egoístas e a pura e santa Palavra que pretendem esclarecer. A corrupção de nossos
corações acaba por introduzir na interpretação das Escrituras motivações incompatível
com o Autor das mesmas. Infelizmente a história da Igreja mostra como diferentes
grupos manipulam as Escrituras para defender, provar e dar autoridade a seus pontos de
vista. Certamente existem pessoas sinceras, embora equivocadas. Mas não podemos
negar que o distanciamento moral acaba nos levando a torcer o sentido das Escrituras,
procurando usá-la para nossos fins nem sempre louváveis. No parágrafo seguinte
mencionamos alguns exemplos. A Bíblia tem sido usada como prova das mais
conflitantes teorias e idéias, o que mostra que ler e entender imparcialmente a sua
mensagem não é tão fácil e costumeiro assim. A Bíblia foi usada pelos protestantes de
países colonizadores para justificar a escravidão, usando textos do Antigo e Novo
Testamentos que falam da escravidão sem, contudo aboli-la (Ex. 21.2-6). Os seus
opositores usaram também a Bíblia para defender as idéias abolicionistas, usando a
parábola do bom samaritano e "amarás o teu próximo como a ti mesmo".
A Bíblia também foi usada para provar que os judeus deveriam ser perseguidos,
que a guerra santa contra os muçulmanos era a vontade de Deus, que os protestantes
brancos são uma raça superior, para executar as bruxas, para impedir o casamento dos
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padres, para defender a masturbação, para justificar o aborto e a eutanásia, para regular
o tamanho das saias e do cabelo das mulheres cristãs, para prover aceitação e
fortalecimento dos homossexuais, para proibir ingerência de qualquer tipo de bebida
alcoólica, para proibir transfusão de sangue, para proibir o serviço militar, para defender
a poligamia nos dias de hoje, para defender o suicídio religioso em massa, etc. O
catálogo é imenso.
Tudo isto mostra que não é tão fácil "simplesmente ler a Bíblia e fazer o que ela
diz". Nunca desanimemos da possibilidade (muito real!) de entendermos com clareza o
ensinamento das Escrituras, mas reconheçamos humildemente que nunca poderemos ter
uma compreensão unânime de todas as suas passagens complicadas. Sabendo que a
Bíblia vem de Deus, temos ânimo para buscá-lo em oração, suplicando a Sua graça e
Sua iluminação em nossa tarefa como intérpretes.
Muitos estudiosos modernos, cansados do método histórico-crítico, têm proposto
novos métodos de interpretação que levem em conta o caráter divino das Escrituras.
Defendem princípios de interpretação que estejam atentos não somente aos aspectos
humanos da Bíblia como literatura religiosa, mas especialmente às implicações da sua
divina origem e natureza, bem como da nossa dupla condição de humanos e pecadores.
Conclusão
Conforme vimos acima, a dupla natureza da Bíblia provoca um distanciamento
temporal e espiritual que precisa ser transposto, para que possamos chegar à sua
mensagem. Pela Sua misericórdia, Deus tem guiado e abençoado a Igreja através dos
séculos, mesmo quando ela esqueceu-se de levar em conta estes aspectos. Porém, isto
não nos isenta de buscarmos compreender de forma mais exata e completa a revelação
que Deus fez de si mesmo. E nisto, o uso consciente de princípios de interpretação
compatíveis com a natureza das Escrituras é de inestimável valor.
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1. Introdução á Hermenêutica
De muitas maneiras os homens se diferem entre si e esse fato, naturalmente, faz
com que eles distanciem mentalmente uns dos outros na capacidade intelectual, no
gosto estético, na qualidade moral e etc. Alguns foram instruídos em conhecimentos
intelectuais e outros não tiveram estas oportunidades e isto provoca divergências de
interpretação. Apesar destas divergências entre os homens, Deus tem um plano para os
mesmos e este está revelado na Bíblia Sagrada. Este plano de Deus traça um mesmo
caminho para reunir uma grande família em Cristo Jesus, com a unificação dos povos
sem distinção de cor, raça, sexo, nacionalidades, condições sociais e econômicas. (Gl
3.28; Cl 3.11). Diante deste quadro a aplicação da hermenêutica será imprescindível a
unificação do conhecimento do Plano da Salvação para com todos os homens da terra.
1.1 Origem
A palavra HERMENÊUTICA é derivada do termo grego HERMENEUTIKE e o
primeiro homem a empregá-la como termo técnico foi o filósofo Platão.
1.2 Definição
É a ciência e arte de interpretar, é ciência porque postula princípios seguros e
imutáveis; é arte porque estabelece regras práticas.
A hermenêutica bíblica ou sagrada é o estudo metódico dos princípios e regras de
interpretação das Sagradas Escrituras.
Ela se distingue da critica textual em que esta procura determinar quais as
palavras exatas do texto original, ao passo que aquela procura descobrir qual o sentido
dessas palavras no citado texto.
Em outros termos, a critica tem em vista a pergunta: Que é, e o que está escrito? E
a hermenêutica ocupa-se de outra coisa: O que queria dizer o autor?
A hermenêutica é a ciência que estabelece os princípios, leis e métodos de
interpretação. Em sua abrangência trata da teoria da interpretação de sinais, símbolos de
uma cultura e leis.
Assim, a Hermenêutica é tanto ciência como arte. Na qualidade de Ciência, enuncia princípios, investiga as leis do pensamento e
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da linguagem e classifica seus fatos e resultados. Como arte, ensina como esses princípios devem ser aplicados e comprova a validade deles, mostrando o valor prático que têm na elucidação das passagens, mais difíceis. Portanto a arte da hermenêutica desenvolve e constitui um método exegético válido (TERRY Apud. Zuck (1994 p.21)
1.3 Divisão
A divisão da hermenêutica é reconhecida como geral e específica. A geral é
aquela que se aplica à interpretação de qualquer obra escrita. A específica é aquela que
se aplica a determinados tipos de produção literais tais como: Leis, histórias, profecias,
poesias, etc e que será tratada neste estudo por estar dentro do campo de aplicação a
literatura sacra – A BÍBLIA como inspirada Palavra de Deus. (II Tm 3.16)
2. A NECESSIDADE DA HERMENÊUTICA
O pecado obscureceu o entendimento do homem e exerce influência perniciosa
em sua mente e torna necessário o esforço especial para evitar erros. (II Pd 3.16 e De
7.10). A aplicação e a conservação do caráter teológico da hermenêutica estão
vinculadas ao recolhimento do princípio da inspiração divina da Bíblia Sagrada.
3. DISPOSIÇÕES NECESSÁRIAS PARA O ESTUDO DAS ESCRITURAS
Assim como para apreciar devidamente a poesia se necessita possuir um sentido
especial para o belo e poético, e para o estudo da filosofia é necessário um espírito
filosófico, assim é da maior importância uma disposição especial para o estudo
proveitoso da Sagrada Escritura.
3.1. Necessita-se de um espírito respeitoso.
Um filho que não respeita que caso fará dos conselhos, avisos e palavras de seu
pai? A Bíblia é a revelação do Onipotente. "O homem para quem olharei é este: o aflito
e abatido de espírito, e que treme da minha palavra." (Is 66.2)
3.2. Necessita-se de um espírito dócil.
Isto significa ausência de obstinação e teimosia diante da revelação divina. É
preciso receber a Palavra de Deus com mansidão. (Tg 1.21)
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3.3. Necessita-se de um espírito amante da verdade.
Um coração desejoso de conhecer a verdade (Jo 3.19-21)
3.4. Necessita-se de um espírito paciente.
Como o garimpeiro que cava e revolve a terra, buscando com diligência o metal
precioso, da mesma maneira o estudioso das Escrituras deve pacientemente, buscar as
revelações que Deus propôs e que em algumas partes são bastantes profundas e de
difícil interpretação.
3.5. Necessita-se de um espírito prudente.
Iniciando a leitura pelo mais simples e prosseguir para o mais difícil. "Se,
porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus... e ser-lhe-á concedida."
(Tg 1.5)
4 IMPORTÂNCIA DA INTERPRETAÇÃO BÍBLICA (VALOR DA
HERMENÊUTICA)
x Aproxima-nos do texto e do seu sentido e significados corretos
x Fortalece a nossa convicção na pessoa de Deus- Deus revelou a eternidade
x Enaltece a Soberania de Deus que preservou a escrita até hoje
x Coloca-nos na linha da história da igreja
x Traz equilíbrio entre o conteúdo (revelação) e comportamento (ética, exigência)
x Confirmação da credibilidade da revelação. Homens falaram à tantos e tão distante de nós
x Auxilia-nos para determinar o permanente e o temporário
x Base “cientifica” a vida devocional.
x Válida a encarnação do Filho de Deus. O texto inserido na história e cultura de um povo. “teologia da terra”
x Evita o desvio (sensus plenior)
x Descobre-se a unidade da revelação
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5. RELAÇÃO COM AS OUTRAS MATÉRIAS
De acordo com Virkler (1987:10) a Hermenêutica não se encontra isolada do
outros campos de estudo Bíblico.
DEFINIÇÕES DE HERMENÊUTICA E DE TERMOS CORRELATOS2
HERMENÊUTICA
Ciência (princípios) e arte (tarefa) de apurar o sentido do texto Bíblico.
EXEGESE
Verificação do sentido do texto Bíblico dentro de seus contextos históricos e literários.
EXPOSIÇÃO
Transmissão do significado do texto e de sua aplicabilidade ao ouvinte moderno.
HOMILÉTICA
Ciência (princípios) e arte (tarefa) de transmitir o significado e a importância do texto Bíblico sob forma de pregação
PEDAGOGIA
Ciência (princípios) e arte de transmitir o significado e a aplicação do texto Bíblico sob forma de ensino.
6. A HISTÓRIA DA INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA
Por que uma visão panorâmica da História?
No transcurso dos séculos, desde que Deus revelou as Escrituras, tem havido
diversos métodos de estudar a palavra de Deus. Os intérpretes mais ortodoxos Têm
encarecido a importância de uma interpretação literal, pretendendo com isso interpretar
a palavra de Deus da maneira como se interpreta a comunicação humana normal. Outros
têm empregado um método alegórico, e ainda outros têm examinado letras e palavras
tomadas individualmente como possuindo significado secreto que precisa ser decifrado.
2 Zuck. Roy B. A interpretação Bíblica. São Paulo: Ed. Vida Nova, 1994
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Uma visão geral histórica dessas capacitar-nos-á a vencer a tentação de crer que
nosso sistema de interpretação é o único que já existe.
6.1. EXEGESE JUDAICA ANTIGA
Um estudo da história da interpretação Bíblica começa, em geral com a obra de
Esdras. Visto que, durante o período do exilo, os israelitas provavelmente tenham
perdido sua compreensão do hebraico, a maioria dos estudos Bíblicos supõe que Esdras
e seus ajudantes traduziam o texto hebraico e o liam em voz alta em aramaico,
acrescentando explicações e arte da interpretação Bíblica. Os escribas que vieram a
seguir tiveram grande cuidado em copiar as escrituras, crendo que cada letra do texto
era a palavra de Deus inspirada. Uma grande vantagem é que os textos foram
cuidadosamente preservados através dos séculos. Uma grande desvantagem foi que os
rabinos logo começaram a interpretar a Escritura por outros métodos.
Os rabinos pressupunham que sendo Deus o autor da Escritura, (1) o intérprete
poderá esperar numerosos significados em determinado texto, (2) cada detalhe
incidental do texto possuía significado.
No tempo de Cristo, a exegese judaica podia classificar-se em quaro tipos
principais: Literal, Midráshica, pesher e alegórica. O método literal de interpretação
referido como peshat, servia de base para outros tipos de interpretações.
A interpretação midráshicca incluía uma variedade de dispositivos
hermenêuticos que se haviam desenvolvido de maneira considerável no tempo de Cristo
e continuaram a desenvolver-se ainda por diversos séculos. O rabino Hillel, é
considerado como o elaborador das normas básicas da exegese rabínica que acentuava a
comparação de idéias, palavras ou frases encontradas em mais de um texto, a relação de
princípios gerais com situações particulares, e a importância do contexto na
interpretação.
Contudo, teve continuidade a tendência no sentido de uma exposição mais
fantasiosa em vez da conservadora. Isto resultou numa exegese que (1) dava significado
a textos, frases e palavras sem levar em conta o contexto no qual se tencionava fossem
aplicados, (2) combinava textos que continham palavras ou frases semelhantes, sem
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considerar se tais textos referiam-se á mesma idéia, e (3) tomava aspectos incidentais de
gramática e lhes dava significação interpretativa.
A interpretação Pesher – Existia particularmente entre a comunidade de
Qumram. A comunidade acreditava que tudo quanto os antigos profetas escreveram
tinha significado profético velado que devia ser iminentemente cumprido por intermédio
da comunidade do pacto. É uma interpretação apocalíptica. Muitas vezes a interpretação
pesher era denotada pela frase “este é aquela”, indicando que “este presente fenômeno é
o cumprimento daquela antiga profecia”.
A exegese alegórica baseava-se na idéia que o verdadeiro sentido jaz sob o
significado literal da Escritura. Historicamente alegorismo foi desenvolvido pelos
gregos para reduzir a tensão entre a sua tradição de mito religioso e sua herança
filosófica. Desta feita, Filão acreditava que o significado literal da Escritura
representava um nível imaturo de compreensão; o significado alegórico era para os
maduros. Devia usar a interpretação alegórica nos seguintes casos: (1) se o significado
literal diz algo indigno de Deus, (2) se a declaração parece ser contraditória a outra
declaração da Escritura, (3) se o registro alega tratar-se de uma alegoria, (4) se as
expressões são duplas ou se há emprego de palavras supérfluas, (5) se há repetição de
algo já conhecido, (6) se uma expressão é variada, (7) se empregam sinônimos, (8) se
for possível um jogo de palavras, (9) se houver algo normal em número ou tempo
verbal, ou (10) se há presença de símbolos.
Como se poder ver, os critérios (3) e (10) são indicações válidas de que o autor
tencionava que seu escrito fosse entendido como alegoria. Contudo, o alegorizar de
Filão e seus contemporâneos foram muitos, além disto, amiúde atingindo proporções
fantásticas. Citamos apenas um exemplo:
“A Viagem de Abraão para a palestina é realmente a história de um filósofo
estóico que deixa a caldeia (entendimento sensual) e se detém em Harã, que quer dizer
buracos, e significa o vazio de conhecer as coisas pelos buracos, isto é, os sentidos. Ao
tornar-se Abraão, ele se torna um filósofo verdadeiramente esclarecido. Casar-se com
Sara é casar-se com a sabedoria abstrata”
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Resumindo: Durante o primeiro século da era cristã os intérpretes judaicos
concordaram em que a Escritura representa as palavras de Deus, e que essas palavras
estão cheias de significados para crentes. Empregou-se a interpretação literal nas áreas
de interesses judiciais e práticos. Em sua maioria, os interpretes empregaram práticas
midráshicas, especialmente as regras desenvolvidas por Hillel, e a maior parte deles
usou suavemente a exegese alegórica.
Os fariseus continuaram a desenvolver a exegese midráshica a fim de vincular
sua tradição oral mais intimamente com a Escritura.
A comunidade de qumran, crendo que eles próprios eram o remanescente fiel e
beneficiário dos mistérios proféticos, continuou a usar os métodos midráshico e pesher
para interpretar a Escritura. E Filão e os que desejavam conciliar a Escritura Judaica
com a Filosofia grega continuaram a desenvolver métodos exegéticos alegóricos.
6.2 O USO QUE JESUS FAZ DO ANTIGO TESTAMENTO
Jesus sempre Foi uniforme no tratar as narrativas históricas como registros fiéis
do fato. As alusões a Abel, Noé, Abraão, Isaque, Jacó, e Davi, por exemplo, parecem
todas intencionais e foram entendidas como referências a pessoas de carne e osso e a
eventos históricos.
Outro elemento importância é que quando Jesus fazia aplicação do registro
histórico, ele o extraía do significado normal do texto, contrário ao sentido alegórico.
Jesus denunciou o modo como os dirigentes religiosos haviam desenvolvido
métodos casuísticos que punham á parte a própria palavra de Deus que eles alegavam
estar interpretando, e no lugar dela colocavam suas próprias tradições (Marcos 7.6-13;
Mat 15.1-9).
Os escribas e fariseus, por mais que quisessem acusar a Cristo do erro, nunca o
acusaram de usar qualquer Escritura de modo antinatural ou ilegítimo.
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6.3 A INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA NO PERÍODO PÓS-
APOSTÓLICO
Após a morte dos apóstolos, inicia-se a chamada era pós-apostólica, que vai do
século II até IV, época dos grandes concílios ecumênicos na Igreja. No período pós-
apostólico, a igreja de Cristo era liderada por pastores e bispos que vieram a exercer
considerável influência sobre a cristandade daquela época. São os chamados “pais a
Igreja”. É uma época de intensos debates teológicos sobre questões doutrinárias vitais
para a sobrevivência da Igreja. Os pais da Igreja procuravam entender qual a verdade de
Deus examinando as Escrituras. Debates vigorosos acontecem quanto ao sentido exato
das palavras dos apóstolos e profetas. Uma as questões hermenêuticas centrais era como
a igreja cristã poderia interpretar as profecias, instituições, personagens e eventos do
Antigo Testamento de forma a refletir a Cristo.
Duas linhas nítidas e diferentes de interpretação surgem nessa época. A primeira,
mais alegórica, está relacionada com a cidade de Alexandria. A outra, que surge depois
em Antioquia em reação á primeira, é mais voltada para o sentido literal do texto
Bíblico. Os problemas que enfrentaram de certa forma anteciparam as questões de
interpretação que a Igreja iria encarar através da sua história, até o dia de hoje.
6.3.1 A ESCOLA DE ALEXANDRIA (EGITO)
6.3.1.1 Raízes históricas
O sistema interpretativo que veio a associar-se com a cidade de Alexandria tem
suas raízes históricas nas idéias de dois importantes filósofos gregos.
O primeiro é Heráclito (Éfeso, 540?- 475?). Ele estabeleceu o conceito de
huponóia, ou sentido mais profundo, como uma nova abordagem ás obras de Homero.
Nessas obras, os deuses gregos são descritos cometendo traição, imoralidades, vigança,
mentindo e praticando outros vícios. Para fugir das implicações obvias de se interpretar
literalmente o que Homero escreveu acerca dos deuses, Heráclito sugeriu que o
verdadeiro sentido estava além das palavras (Huponóia). Os escritos de Homero não
eram para ser entendidos literalmente, como estavam escritos, mas como apontando
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para conceitos mais profundos, além da letra. Assim ele salvou os deuses da acusação
de “imorais”...
O segundo é Platão (Atenas, 427-347). Ele formou o conceito de que o mundo
em que vivemos é apenas uma representação do que existe no mundo perfeito das
realidades imateriais, o “mundo das idéias”. Uma cadeira, por exemplo, é apenas o
reflexo da cadeira perfeita que existe nesse mundo ideal. Conceitos e verdade
espirituais, próprios do “mundo das ideais”, são representados por alegoria.
O conceito de que a verdade se encontra alegoricamente oculta além da letra e
da realidade visível, como haviam ensinado Heráclito e Platão, influenciou mais tarde
um Judeu de Alexandria, chamado Filo (também chamado de Filo Judeu, viveu entre 20
AC e 50 DC). Filo tinha uma formação judaica e era leal ás instituições e costumes de
seu povo. Era um estudioso das Escrituras do Antigo Testamento traduzidas para o
grego (A Septuaginta). Tinha também uma formação filosófica, especialmente no
platonismo.
Moisés e Platão eram os dois heróis de Filo. Ele dedicou sua vida a reconciliar o
ensino de Moisés nas Escrituras com as idéias de Platão. O método que ele empregou
para isso foi alegorese. Esse termo vem da palavra grega “alegoria”, que significa dizer
uma coisa em termos de outra. Filo escreveu diversas obras e comentários sobre a lei de
Moisés interpretando as Escrituras alegoricamente, em termos das idéias, virtudes e
moralidade do platonismo.
Eis alguns exemplos da interpretação de Filo em seus comentários sobre
Gênesis:
A criação do jardim do Éden (Gn 2.8-14)- O rio Gion (2.13) significa “coragem”
e circunda a terra de Cuxe, que significa “humilhação”, o sentido alegórico é que a
coragem dá demonstrações de bravura diante da cobardia. Já o rio tigre (2.14) significa
temperança, pois como um tigre, resiste resolutamente ao desejo. Eufrates (2.14) não se
refere ao rio. O sentido alegórico é justiça. O rio pisom (2.11) significa “mudança na
boca” e Havilá “tagarelar”, que Filo interpreta como significando insensatez. A
interpretação alegórica da passagem é que a insensatez é destruída pela mudança na
boca, que é o falar com prudência.
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A criação e queda do homem (G 2-3)- Filo considera fábula a narrativa da
criação da mulher da costela de Adão, após o mesmo haver adormecido. Ele rejeita a
interpretação literal da passagem. O sentido verdadeiro é que Deus tomou o poder dos
sentidos externos (Eva) e o conduziu á mente (Adão). Esse poder é sempre ameaçado
pelo prazer (a serpente). A promessa messiânica, “ este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás
o calcanhar” (3.15) é interpretada como Deus dizendo ao prazer (serpente) que a mente
(o homem) vai vigiá-la e que em troca , prazer (serpente) vai atacar a mente (homem)
oferecendo os prazeres mais básicos (morder o calcanhar)!
6.3.1.2 Surgimento da Escola Catequética de Alexandria
Quando o Evangelho alcançou Alexandria, muitos se tornaram cristãos. Uma
forte comunidade floresceu rapidamente naquela cidade. Um dos líderes foi Barnabé
que ficou conhecido por ter escrito carta de Barnabé, onde interpreta alegoricamente o
Antigo Testamento seguindo os métodos de Filo. O exemplo mais famoso da carta PE a
interpretação que ele faz de Gênesis 14.14 (onde se mencionam os 318 homens de
Abraão) para provar que Abraão sabia não somente o nome de Cristo, mas até que ele
haveria de morrer na Cruz.
Barnabé 9.6- portanto, filhos do amor, aprendam abundantemente a respeito de
Abraão. Ele, que primeiro estabeleceu a circuncisão, olhava em espírito para Jesus
quando circuncidou a sua casa. Pois a Escritura diz “Abraão circuncidou 318 homens da
sua casa” (ouvindo Abraão que seu sobrinho estava preso, Fez sair trezentos e dezoito
homens dos mais capazes, nascidos em sua casa, e os perseguiu até Dã, Gn 14.14). Que
conhecimento lhe foi dado naquela ocasião? Compreendam: Ele (Deus) disse primeiro
18 e depois do intervalo, 300. No 18, o numero 10 equivale a “I” (no alfabeto grego) e 8
a “H”. Aqui tu tens JESUS (IHSOYS). 300 equivale a “T” e aqui tens a cruz. Então, Ele
(Deus) revelou Jesus nas duas letras e a cruz na ultima. Barnabé entendia que “318”
dizia outra coisa que não um numero fixo. Para ele, era uma referencia proposital que
Deus havia feito a Abraão acerca de Jesus, e que só poderia ter sido decifrada
“espiritualmente”, interpretando-se a passagem alegoricamente.
Outro líder foi Pantenus. Inicialmente um filósofo estóico, Pantenus converteu-
se e fundou uma escola crista catequética em Alexandria no século II. O sistema
utilizado na escola para interpretar a Bíblia era alegórico.
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6.3.1.3 Principais representantes da escola de Alexandria
Um dos convertidos de Pantenus foi Clemente de Alexandria (150-215 AD), de
quem alguns escritos foram preservados. Clemente substituiu Pantenus na direção da
escola em 180 AD. Ele foi um dos primeiros a lidar seriamente com questões de
interpretação bíblica. Usava a interpretação alegórica característica da escola para
descobrir o sentido oculto das passagens bíblicas e para harmonizar os dois
Testamentos. Para ele, a alegoria revelava a verdade ao verdadeiro discípulo mas a
escondia dos outros.Ele insistia especialmente que o objetivo de Deus em revelar-se
alegoricamente era ocultar a verdade dos incrédulos em geral e descortiná-la apenas
para os espirituais.Clemente interpretava a parábola do filho prodigo alegoricamente,
atribuindo a cada detalhe da parábola ( por exemplo, o anel, o manto, as sandálias, etc.)
um significado espiritual.
Origines (185-253 AD) e a mais importante figura nesse período. Era um
estudioso muito respeitoso, muito capaz e provavelmente o mais erudito de sua época.
Sua abordagem da escritura pode se resumir em alguns pontos essenciais:
A melhor maneira de se entender a Bíblia e através da perspectiva platônica.
Nesse sentido, Origines e um verdadeiro discípulo de Filo de Alexandria. A
Bíblia contém segredos que somente a mente espiritual pode compreender. O sentido
literal e valioso, mas algumas o espiritual e para os maduros na fé. Se Deus e o autor da
Bíblia, ela deve ter um sentido mais profundo. A interpretação literal e própria dos
judeus e não dos cristãos. A esses foi revelado o sentido mais profundo das Escrituras,
que havia sido ocultado dos judeus incrédulos.
Há três níveis de sentido nas Escrituras correspondentes as três dimensões da
personalidade humana:
1) Carne – a interpretação literal e obvia corresponde a carne ou ao corpo
humano, que e visível e evidente a todos que o vêem. Esse tipo de interpretação e para
os indoutos.
2) Alma – aquelas que já fizeram algum progresso na vida cristã começam a
discernir sentidos mais alem do obvio.
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3) Espírito – a interpretação alegórica, própria dos que são espirituais.
Alguns exemplos de sua interpretação das Escrituras:
Rebeca vem tirar água do poço e encontra os servos de Abraão (Gn 24.15-17)
– significa que diariamente devemos vir aos poços da Escritura para ali nos
encontrarmos com Cristo.
Farao mandando matar os meninos e preservando as meninas hebréias (Ex
1.15-16) – os meninos significam paixões carnais.
As seis talhas de pedra, que os judeus usavam para as purificações (Jô 2.6),
significam os sentidos moral e literal das Escrituras e as vezes, o espiritual.
O sentido verdadeiro ( alegórico) da passagem sobre o divorcio (Mt 19.9) e a
separação da alma do seu anjo da guarda.
Conclusão
Origines influenciou muitos pais da Igreja como Dionísio o Grande, Eusébio de
Cesárea, Didimo, o Cego, e Cego, Cirilo de Alexandria, que seguiram sua interpretação
alegórica. Embora Originess tivesse um alto apreço pelas Escrituras (que ele como
Palavra de Deus inspirada) e reconhecesse a presença de Cristo nas Escrituras do
Antigo Testamento, defendeu, sistematizou e promoveu um sistema de interpretação
que ao fim diminuía o caráter histórico de algumas passagens e que não dispunha de
controles adequados contra o subjetivismo. Entretanto, a reação viria alguns séculos
depois, em Antioquia.
Implicações práticas
Podemos nos perguntar em que conhecer a historia das interpretações de
Alexandria nos afeta hoje. No mínimo, nos faz entender que o tipo de interpretação que
prevalece na igreja evangélica brasileira de hoje segue o mesmo caminho de
Alexandria, mesmo sem ter a sofistificaçao e a erudição de um Origines, por exemplo. E
somente atravez de uma interpretação altamente “espiritualizante” das Escrituras que
muitos mestres, pastores e lideres evangélicos conseguem convencer seus rebanhos de
que estão ensinando a verdade da Palavra de Deus. Em termos práticos, Alexandria nos
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ensina a ter cautela com a idéia de que a verdade da Bíblia só pode alcançada por
“espirituais” que tenham acesso privilegiado a um conhecimento que esta alem do
sentido simples, claro e evidente das Escrituras.
6.4 A ESCOLA DE ANTIOQUIA
6.4.1 INTRODUÇÃO
Como vimos anteriormente, a interpretação dos pais da Igreja seguia duas linhas
distintas. A primeira, maus alegórica, relacionada com a cidade de Alexandria. A outra,
que surgiu depois em Antioquia em reação á primeira, mais voltada para o sentido
literal do texto Bíblico.
6.4.1.1 A escola de Antioquia (Síria )– surgimento
A escola de Alexandria foi fundada por Luciano de Samosata (240-312 AD),
Teólogo cristão que deu origem a uma tradição de estudos bíblicos que ficou conhecida
pela erudição e conhecimento das línguas originais. Atribui-se a Luciano (embora sem
evidências concretas) uma recensão e uniformização dos textos gregos da sua época,
dando origem ao texto Bizantino ou sírio, que foi o texto grego do Novo Testamento
adotado pela igreja até meados do século passado. Luciano era um cristão de profundas
convicções. Morreu martirizado por torturas e fome, por se negar a comer carnes
sacrificadas aos deuses romanos.
Luciano fundou em Antioquia da Síria uma escola de estudos Bíblicos em
oposição consciente ao método alegórico ligado a Alexandria, particularmente ao
método de Orígenes. Essa escola tornou-se famosa por sua abordagem literal das
Escrituras. Foi formada no início do século IV, embora já no século Ii houvesse em
Antioquia estudioso como Teófolo, com uma interpretação mais sóbria das Escrituras.
6.4.1.2 Principais representantes
O sistema de interpretação adotada por Antioquia teve muitos ilustres defensores
entre os pais da Igreja. Alguns dos mais conhecidos e importantes foram:
x Deodoro de Tarso
x Teodoro de Mopsuéstia
x João Crisóstomo
Os grandes Antioquianos não forma contemporâneos de Orígenes mas dos
Alexandrinos posteriores como Atanásio e Dídimo. De muitas formas, o próprio Cirilo
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de Alexandria demonstrou perceptividade para com a exegese literal, o que o coloca
talvez entre duas escolas.
6.4.1.3 Princípios de Interpretação
Podemos resumir os princípios de interpretação desenvolvidos e utilizados pela
escola de Antioquia e por seus representantes da seguinte forma:
1. Sensibilidade e atenção ao sentido literal do texto. Era uma abordagem que
poderia ser chamada de “Gramático-Histórica”. Esse termo só apareceu após
a reforma, mas os princípios que caracterizavam esse tipo de interpretação já
estavam presentes em Antioquia: procurar alcançar o sentido do texto através
da busca da intenção do seu autor (daí estudar-se o sentido óbvio das
palavras considerando o contexto histórico em que foi escrito.
2. Desenvolvimento do conceito de Theoria. Esse termo designava o estado
mental dos profetas em que recebiam as visões, em oposição á alegoria. Era
uma intuição ou visão pela qual o profeta podia ver o futuro através das
circunstâncias presentes. Depois da visão, era possível para ele descrever em
seus escritos tanto o significado contemporâneo dos eventos bem como seu
cumprimento futuro. A theoria era o principio usado pelos antioquianos para
se descobrir um sentido mais literal nas palavras dos profetas do Antigo
Testamento, permanecendo0se fiel ao seu sentido literal. Entretanto, embora
reconhecessem que havia um sentido mais profundo e completo nas palavras
dos profetas, estavam bem distantes da alegorese alexandrina.
3. Não negavam o caráter metafórico de algumas passagens: reconheciam que
havia tipologias, como a que Paulo fez em Gálatas 4.21-31. Entretanto,
afirmavam a historicidade da narrativa vétero-testamentária e procuravam
em seguida descobrir o sentido Teológico da mesma.
4. Buscavam determinar a intenção do autor, pela atenção cuidadosa ao sentido
histórico das palavras em seu contexto original.
5. Os antiquianos eram contra descobertas arbitrárias de Cristo no Antigo
Testamento, como as feitas pela alegorese alexandrina. Concordavam que
Cristo esta presente nas Escrituras do Antigo Testamento, mas reagiam
contra a idéia de que cada palavra, evento, número, personagem ou
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instituição das mesmas poderia ser interpretada de forma alegórica de modo
a sempre encontrar-se a Cristo nelas.
6.4.1.4 Exemplos de Interpretação
x Teólofo de Antioquia, um dos precursores da escola de Antioquia, numa
obra intitulado “ A Autólico”, enfatiza que o Antigo Testamento é um
livro histórico contendo a história autêntica dos atos de Deus para co
Israel. Ele esforça-se para traçar uma cronologia Bíblia, da criação até
seus dias. A mensagem do Antigo Testamento é que o Deus de quem ele
dá testemunho é o criador dos céus e da terra. Isso é possível porque os
autores humanos forma inspirados por Deus e podiam portanto escrever
sobre coisas que aconteceram antes e depois de sua época. Lembramos
que muitos intérpretes alexandrinos tendiam a rejeitar a importância da
historicidade do relato da criação (Gn 1 e 2), valorizando o sentido
profundo ou espiritual do mesmo.
x Deodoro de Tarso, que viveu 200 anos após Teófilo, deixou-nos um
comentário dos Salmos onde a interpretação Cristológica moderada de
Antioquia reflete-se claramente. Ali vemos em ação o princípio
Antioquiano de não atribuir a um texto do Antigo Testamento uma
interpretação Cristológica que não possa ser provada e demonstrada
pelo Novo Testamento (grifo meu). Comentando o salmo 22, Deodoro
nega que o mesmo seja messiânico, pois a descrição literal dos
sofrimentos do autor do salmo não combina com os sofrimentos de
Cristo. O salmo 24 também não é messiânico, mas refere-se aos judeus
que voltaram do cativeiro.
x Teodoro de Mopsuétia é provavelmente o intérprete que seguiu mais
rigidamente os princípios de interpretação da escola de Antioquia quanto
á abordagem Cristológica do Antigo Testamento. Para ele, uma
passagem no Antigo Testamento só pode ser considerada messiânica se
for usada como tal no Novo Testamento. Meras alusões não são
suficientes. Assim passagens como o sacrifício de Isaque, que nunca são
referidas no Novo Testamento como se referindo a Cristo, não são
consideradas messiânicas.
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6.4.1.5 Influência e fracasso
Podemos perceber vários aspectos positivos na obra dos antioquianos. A
escola de Antioquia adotou uma leitura das Escrituras que pode ser chamada
de Gramático-histórica (esse termo, na verdade, só surgiu após a reforma,
mas os seus princípios estavam presentes em Antioquia, em grande medida),
pois buscava descobrir intenção do autor humano (que seria idêntica á do
autor divino) como meio de determinar-se o sentido de uma passagem
Bíblica. Os antioquianos procuravam fazer justiça ao caráter da escritura.
RESUMO:
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7. PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO
Introdução: O cristianismo é peculiarmente religião de um só livro. Elimine a Bíblia, e
você terá destruído o meio pelo qual Deus decidiu apresentar Sua relevação ao homem
através de sucessivas eras. “Segue-se, pois, que o conhecimento da Bíblia é requisito
indispensável para o crescimento da vida cristã”. (Frank E. Gaebelein) Uma vez que a Hermenêutica Bíblica é a ciência que procura descobrir qual é o verdadeiro significado de um texto bíblico, torna-se necessário fornecer alguns princípios por meio dos quais a interpretação de um texto deve ser feita. Abaixo, cito resumidamente 4 princípios de interpretação com os seus respectivos subitens (24, ao todo): 7.1 PRINCÍPIOS GERAIS DE INTERPRETAÇÃO 1. Trabalhe partindo da pressuposição de que a Bíblia tem autoridade; A primeira lei da interpretação diz que a Bíblia é o supremo tribunal de recursos. Textos Mt 7.29; João 7.17 2. A Bíblia é seu intérprete; a Escritura explica melhor a Escritura; Textos: Gn 3.1-5; Gn 2.16-17; 2.17; 3.4; Is 7.14; Mt 1.23; Gl 5.3. Deixe a Escritura explicar a Escritura. A Bíblia se interpretará a si mesma, se for estudada apropriadamente. 3. A fé salvadora e o Espírito Santo são-nos necessários para compreendermos e interpretarmos bem as Escrituras; Textos: Mt 13.9; 2 Cor 4.4; ICor 2.14; 2.12; João 16.13 4. Interprete a experiência pessoal à luz da Bíblia, e não a Escritura à luz da experiência pessoal; Textos: Atos 2.7,8; 8.17; 9.17-19; 19.6; I Cor 14; 12.14. A experiência pessoal é parte da vida Cristã, mas você deve ter o cuidado de mantê-la em seu lugar o próprio. Permite que a palavra de Deus interprete e molde as suas experiências, em vez de você interpretar a Escritura a partir das suas experiências. 5. Os exemplos bíblicos só têm autoridade quando amparados por uma ordem; Textos: Mc 1.35; 1Ts 5.17; Col 3.16. A Bíblia estabelece limites sobre o que não se pode fazer, não sobre o que se pode. Todas as coisas são lícitas, a menos que especificamente proibidas.
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6. O propósito primário da Bíblia é mudar nossas vidas, não aumentar o nosso conhecimento; Textos: I Co 10.6; Salmos 91.11-12; Mat 4.1-11. Satanás conhece a Bíblia, poderia passar em um exame de Teologia, porém reprovada na aplicação da mesma. Chamamos atenção na aplicação da passagem, pois deve estar em conformidade com o ensino geral das Escrituras. 7. Cada cristão tem o direito e a responsabilidade de investigar e interpretar pessoalmente a Palavra de Deus; Textos: João 5.39; João 8.31; 2 Tm 2.15 8. A história da igreja é importante, mas não decisiva na interpretação da Escritura; Textos: João 1.1,14. Devemos à história da Igreja o fato em que essa doutrina foi resolvida. A igreja não determina o que a Bíblia ensina; a Bíblia determina o que a igreja ensina. Aprenda da História e reconheça a sua importante contribuição, lembrando-se no entanto de que a Bíblia é o árbitro final em todas as questões pertencentes á fé e á prática. 9. As promessas de Deus na Bíblia toda estão disponíveis ao Espírito Santo a favor dos crentes de todas as gerações. Textos: Is 30.21; Ex 14.14; 2 Pe 1.3,4. Vale considerar dois tipos de promessas que se acham na Bíblia. 1. Promessas gerais (I João 1.9); 2. Promessas específicas Is 60.11; At 13.47; 42.6,7. ANOTAÇÕES:________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
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7.2 PRINCÍPIOS GRAMATICAIS DE INTERPRETAÇÃO Os princípios gramaticais tratam das palavras do texto propriamente ditas. Como você deverá entender as palavras e frases das passagens em estudo? Que regras devem ser lembradas no trato do texto? Estes princípios respondem a essas questões. 1. A Escritura tem somente um sentido, e deve ser tomada literalmente (exceto se o contexto indicar o contrário); Textos: 2 Reis 2.23,24. (...) A sua reação imediata talvez seja que jamais Deus poderia permitir que ocorresse um incidente dessa espécie. 2. Interprete as palavras no sentido que tinham no tempo do autor; Determine o correto sentido das palavras da bíblia não e particularmente difícil hoje em dia. Muitas excelentes traduções está há disposição, e quando o sentido de uma palavra não ficar claro com elas, um bom dicionário bíblico será proveitoso. Textos: Mateus 25.1-13; João 2.14; João 2.19-21; Romanos 7.18 Quando estudar uma passagem, nunca pule palavras que não compreende. Quando você estudar uma palavra particular, devera determinar quatro coisas:
1.O uso que o autor fez dela; 2. Sua relação com o seu contexto imediato; 3. Seu uso corrente na época em que foi escrita; 4. Seu sentido etimológico.
3. Interprete a palavra em relação à sua sentença e ao seu contexto; Textos: Gálatas 1.23; Romanos 14.23; 1 Timóteo 5.11,12; Atos 17.24-26; Efésios 1.7; Hebreus 9.6,7; 1 Coríntios 7.1 Os manuscritos antigos dos quais fazemos nossas traduções da bíblia, não tem sinais de pontuação. Não há pontos, vírgula, parágrafos, versículos e capítulos. Estes foram introduzidos depois pelos tradutores, para clareza e facilidade do estudo. 4. Interprete a passagem em harmonia com o seu contexto; Textos: 1 João 3.6-10; João 1.2. Você precisa encontrar o propósito global do livro a fim de determinar o sentido de palavras ou passagens particulares no livro. Estas quatro perguntas o ajudarão:
1. Como a passagem se relaciona com o material circunvizinho? 2. Como se relaciona com restante do livro? 3. Como se relaciona com o livro com o todo? 4. Como se relaciona com a cultura e o quadro de fundo em que foi escrita?
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5. Quando um objeto inanimado é usado para descrever um ser vivo, a proposição pode ser considerada figurada; Textos: João 6.35; Salmo 92.12; Salmo 51.7; Mateus 26.26-28; 1 Coríntios 11.23-26. Quando se atribuem vida e ação a objetos inanimados, a proposição pode ser considerada figurada. 6. Quando uma expressão não caracteriza a coisa descrita, a proposição pode ser considerada figurada; Textos: Fl 3.2,3; Lc 13.32; João 1.36; Is 53.7; Ap 5.5. Para Deus falar conosco, precisa usar figuras e imagens humanas a fim de comunicar a verdade divina (HENRICHSEN 1980 P.49) Em conclusão, observe duas coisas importantes:
1. Uma palavra não pode significar mais de que uma coisa de cada vez. Não pode ter sentido figurado e literal ao mesmo tempo. Quando dá um sentido figurado, cancela-se o sentido literal e vice-versa.
2. Sempre que possível, a passagem deve ser interpretada literalmente. Só se o sentido literal da palavra não se enquadrar é que deverá ser interpretada figuradamente. É sempre preferível o sentido literal da palavra, a menos que o contexto o impossibilite.
7. As principais partes e figuras de uma parábola representam certas realidades. Considere somente essas principais partes e figuras quando estiver tirando conclusões; Textos: Lc 8.4-15. Divisão da passagem: 1. Parábola propriamente dita (VV 4-9); 2, Interpretação dada por Jesus (VV 10-15). O propósito da parábola é ilustrar os diferentes tipos de respostas que a palavra recebe quando é proclamada. Vide o sermão do professor Lima3: Introdução: A parábola mostra quatro Corações: O Messias objetivava classificar o
coração pela receptividade, desprendimento e disposição para aprender.
Tema: OBTENDO ÁGUA NO TEMPO DA SEQUIDÃO
1. Primeiro solo: Ouvinte com a mente fechada
As sementes que foram lançadas não penetraram nele, e, portanto, não
encontram as condições mínimas para germinar. Representam as pessoas que têm o seu
próprio caminho, as que não estão dispostas para as novas experiências. Elas se
fecham no seu mundo. Elas são vulneráveis no que refere as coisas de Deus. Nenhuma
pregação encontra espaço para penetrar e transformar - levar essas pessoas a serem o
3 Sermão pregado na Igreja Evangélica de Araçariguama –Setembro 2009
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que deveriam ser. São alienados, faltos o comprometimento e a coragem de dizer que
precisam de Deus. Infelizmente a boa semente lançada não pode germinar.
2. O segundo solo: Ouvinte com a mente Emocional
Era um solo melhor do que o que estava á beira do caminho. As sementes nele
lançadas encontraram condições mínimas para germinar. Elas logo nasceram, visto
que a terra era boa. Porém, logo veio o calor do sol e elas não suportaram, já que suas
raízes eram superficiais. As raízes dão sustentabilidade ás plantas, suprem-nas com
nutrientes e água. Mostra a superficialidade da vida Cristã. Se não preocuparmos em
cultivar raízes internas, não espere encontrar águas profundas nos dias de aridez. Se
uma planta não alongar as suas raízes, ela não pode esperar os nutrientes de
qualidade. As plantas que suportam a angústia do sol e os períodos de sequidão não
são as mais belas, mas as que têm raízes mais profundas. Elas atingem o lençol. A
Bíblia traz um relato interessante: O discurso de Jesus após a multiplicação de pães,
não agradou a muitos quando o Mestre disse que deveriam comer a sua carne e beber o
seu sangue- querendo dizer que a suas palavras eram um verdadeiro alimento para
nutrir os solos do espírito e da alma humana. Pedro entendeu a lição e disse: Para
onde iremos se só tu que tens a palavra da vida eterna.
3. Segundo solo: Ouvinte com a mente inconstante
O solo era adequado. Não era compactado, não havia pedras no seu interior.
As sementes encontraram um excelente clima para crescer. Lançaram raízes profundas,
conseguiram águas submersas, suportaram o calor do sol. Os problemas exteriores não
conseguiram destruí-las. Nesse crescimento, sutilmente cresceram espinhos. No início
os espinhos eram insignificantes, mas a medida que vai passando o tempo, a história
vem se mudando. São os espinhos que agora comanda e sufoca o coração. Os espinhos
começaram a competir com as plantas pelos nutrientes, oxigênio, água e raios solares.
Como eram mais adaptados, deram um grande salto. Cresceram rapidamente e
começaram a sufocar as plantas. As plantas clamavam pelos nutrientes e pelos raios
solares para fazer a fotossíntese, mas os espinhos controlavam seu desejo de viver. As
plantas não frutificaram, não sobreviveram. Os espinhos são a preocupação
existencial, os cuidados do mundo, as ambições a fascinação pelas riquezas. Eu não
disse que não devemos nos preocupar, mas o mal é deixar que essas preocupações nos
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controlem, roubando a nossa tranqüilidade. Eu disse que houve a competição entre
espinho e as plantas: No nosso coração a arrogância compete com o perdão, à
intolerância com a compreensão, a necessidade de poder compete com o
desprendimento, o ódio com a maior. Eu diria ainda se o sucesso espiritual,
profissional, intelectual se não forem bem administrados, vão competindo com a
simplicidade da vida.
4. Terceiro Solo: Ouvinte com a mente firme e compreensiva
Finalmente chegamos ao último coração representado da semente que caiu em
boa tarde. Este coração removeu as pedras, suportou as dificuldades da vida, laçou
raízes profundas nos tempos de aridez, assim criou um clima favorável para frutificar
com abundância. Jesus disse são todos aqueles que compreenderam a sua palavra,
refletiram sobre e permitiram que ela habitasse no seu ser. Comportou-se como sedento
e ansioso pela água. Não era movido apenas pelo entusiasmo das boas novas, mas pela
disposição desesperada para aprender
8. Interprete as palavras dos profetas no seu sentido comum, literal e histórico, a não ser que o contexto ou a maneira como se cumpriram indiquem claramente que têm sentido simbólico. O cumprimento delas pode ser por etapas, cada cumprimento sendo uma garantia daquilo que há de seguir-se. Textos: Malequias 4.5,6; Mateus 11.13,14; 17.10-13; Joel 2.28-32; Atos 2.15-21. A profecia deve ser interpretada literalmente, a menos que o contexto ou alguma referência posterior na Escritura indique outra coisa. O texto abaixo não pode ser tomado literalmente. Malequias 4.5,6 (“ Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível dia do SENHOR; E ele converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos a seus pais; para que eu não venha, e fira a terra com maldição)”. Diz Malequias que Deus enviará “o profeta Elias”. Quando apareceu João Batista como o precursor de Jesus Cristo, gerou-se muita confusão, o que mostra que o povo daquele tempo esperava que a profecia fosse cumprir-se literalmente.
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7.3 PRINCÍPIOS HISTÓRICOS DE INTERPRETAÇÃO Os princípios históricos tratam do cenário histórico do texto. Para quem e por quem foi escrito o livro? Por que foi escrito e que papel desempenhou o cenário histórico na formação da mensagem do livro? São desse tipo as perguntas que você procura responder quando considera o aspecto histórico do seu estudo. 1. Desde que a Escritura originou-se num contexto histórico, só pode ser compreendida à luz da história bíblica; Textos: Atos 15 2. Embora a revelação de Deus nas Escrituras seja progressiva, tanto o Velho como o Novo Testamento são partes essenciais desta revelação e formam uma unidade; Textos: João 14.6; Hb 10.4. A revelação que Deus faz de si é progressiva, à medida que você vai lendo a Bíblia, mas o seu caráter é imutável. O grandioso plano divino de redenção é o mesmo em ambos os testamentos. Ao estudar a Bíblia, você pode considerá-los duas partes do mesmo livro, não dois livros separados. 3. Os fatos ou acontecimentos históricos se tornam símbolos de verdades espirituais, somente se as Escrituras assim o designarem; Textos: 1 Coríntios 10.1-4; Números 20.11; Gálatas 4.22-24. Estudo de caso: O livro de Filemom- sem nenhuma razão aparente, muitos alegorizam esse livro, identificando Filemom com Deus, Onésimo com a Humanidade e Paulo com Cristo. Cristo (Paulo) intercede junto ao Pai (Filemom) em favor do fugitivo que se converteu (Onésimo). Paulo não estabelece esta analogia, nem aqui, nem em nenhuma outra passagem. Tampouco você deve fazê-lo. Esta espécie de alegorização é diferente de fazer aplicação. Por exemplo, podemos dizer que Paulo pediu a Filemom em favor de Onésimo é o que Cristo nos pede. Da mesma maneira devemos perdoar os que nos tenham lesado. Nossa aplicação é extraída do acontecimento ou fato histórico, sem alterar o sentido visado no referido fato.
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7.4 PRINCÍPIOS TEOLÓGICOS DE INTERPRETAÇÃO Teologia é o discurso acerca de Deus e de sua relação com o mundo. O livro-fonte deste estudo é a Bíblia. A Teologia procura tirar conclusões sobre vários tópicos, amplas e importantes na Bíblia. A que se semelha Deus? Qual é a natureza do homem? Qual é a doutrina da salvação realmente válida? São estes tipos de assuntos de que trata a teologia. Os princípios teológicos são aquelas regras que tratam da formulação da doutrina. 1. Você precisa compreender gramaticalmente a Bíblia, antes de compreendê-la teologicamente; Textos: Romanos 5.15-21; Hebreus 10.26 Com base em Romanos podemos tirar algumas conclusões: A imputação não afeta o seu caráter moral, mas sim, a sua posição legal. Quando você considerado justo graças à obra de Cristo, o seu caráter moral não foi alterado; você não se tornou moralmente justo e perfeito, só legalmente justo e perfeito à vista de Deus. Após a leitura do texto de Hebreus 10.26, deve estar a pensar, o crente pode perder a salvação. Definitivamente está passagem não serve como base. Ouviu o que eu disse: Não é intenção do autor falar sobre esse assunto. Porém, o escritor expõe o fato do sacrifício de Jesus. Esta sua afirmação diz que, uma vez que esses judeus compreenderam a razão da morte de Jesus e deliberadamente a ignoraram, se retornassem aos seus sacrifícios, não haveria nenhum sacrifício futuro provido por Deus. Você terá de compreender o que uma passagem diz, antes de extrair dela quaisquer conclusões doutrinárias. 2. Uma doutrina não pode ser considerada bíblica, a não ser que resuma e inclua tudo o que a Escritura diz sobre ela; Textos: Romanos 3.28; 6.1-6; Gálatas 5.18. Ao ler tais declarações, pode concluir que a graça de Deus o livra de qualquer obrigação de viver uma vida disciplinada, santa? 3. Quando parecer que duas doutrinas ensinadas na Bíblia são contraditórias, aceite ambas como Escrituristicas, crendo confiantemente que elas se explicarão dentro de uma unidade mais elevada; Existem nas escrituras certo número de aparentes contradições ou paradoxos. “aparentes” porque na realidade não o são. Parecem contraditoras porque a mente finita do homem não pode compreender a mente infinita de Deus. Eis alguns dos conhecidos paradoxos para a mente humana:
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1. A Trindade. Não servimos a três deuses, mas sim, a um só Deus; contudo, cada pessoa da divindade é plena e completamente Deus, e não apenas um terço Deus.
2. A dual natureza de Cristo. Jesus Cristo é Deus completo e homem completo. Não é meio Deus e meio homem; todavia, Ele não é duas pessoas, mas somente uma.
3. A origem e existência do mal. Em termos lógicos, a mente humana deduz que de duas coisas, uma deve ser verdadeira. Ou Deus criou o mal, ou este lhe é coeterno. A Bíblia nos induz a crer que nenhuma destas é verdadeira. É um mistério.
4. A soberana eleição de Deus e a responsabilidade do homem. Vide: (Efésios 1:4) - Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor; (II Pedro 3:9) - O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo para conosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se. (Romanos 10:13) - Porque todo aquele que invocar o nome do SENHOR será salvo. De todas as dificuldades, nenhuma causa tanta controvérsia emocional como à última. Quando a Bíblia deixa duas doutrinas “conflitantes” sem as conciliar, você deve ter o mesmo. Viver em tensão não é agradável, mas você deve ter cuidado para não perder o equilíbrio Bíblico ao procurar aliviar a tensão. Não arranque partes da Escritura na tentativa de forçar acordo entre as duas doutrinas “conflitantes”
4. Um ensinamento simplesmente implícito na Escritura pode ser considerado bíblico quando uma comparação de passagens correlatas o apóia. Texto: Êxodo 3.5 A comunidade religiosa judaica do tempo de Jesus estava dividida em vários grupos: Herodianos, essênios, zelotes, saduceus, e fariseus. Estes dois últimos grupos divergem sobre certos pontos doutrinários, notadamente a ressurreição dos mortos. Os fariseus criam nisso; os saduceus o negava. Certa ocasião Jesus se viu numa discussão com os saduceus sobre esta questão da vida além desta. Será que o Antigo Testamento a ensina de fato? Resposta de Jesus: “ quanto à ressurreição dos mortos, não tendes lido no livro de Moisés, no trecho referente à sarça, como Deus falou: Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó? Ora ele não é Deus de mortos, e, sim, de vivos. Esse raciocínio é dedutivo, e pode ser delineado da seguinte forma:
x Primeira premissa- Deus é Deus de vivos x Segunda premissa – Deus é o Deus de Abaão, Isaque e Jacó. x Conclusão – Abraão, Isaque e Jacó estão entre os que vivem.
A doutrina da ressurreição é implícita no Antigo Testamento, arrazoou Cristo. O Antigo Testamento não afirma expressamente que há uma ressurreição dos mortos, mas quando você compara passagens correlatas sobre o assunto, deduz que é verdade.
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Anotações: ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 8. APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS AOS DIFERENTES TIPOS DE TEXTOS
Linguagem figurada não quer dizer linguagem sem sentido, nem linguagem
ininteligível. Muito ao contrário, as figuras dão maior realce ao pensamento, tornando a
linguagem enfática; e o sentido de tal linguagem, se bem que menos claro que na literal,
é perfeitamente acessível e certo.
Devemos sempre ler a Bíblia deixando-a significar o que quer dizer. Sua
linguagem figurada é geralmente indicada pelo contexto; seus símbolos e tipos são
explicados por outras passagens, quando não o são no próprio texto ou no contexto
imediato. Fora disso, sua linguagem deve ser entendida literalmente, a não ser que o
sentido requeira interpretação figurada.
Agora vamos fazer um estudo das figuras de linguagem, procurando nos
ocuparmos daquilo que interessa mais diretamente ao texto bíblico e a sua exegese.
Parábolas
É uma narrativa de acontecimento real ou imaginário em que tanto as pessoas
como as coisas e as ações correspondem a verdades de ordem espiritual e moral.
Exemplo: O Semeador (Mt 13.3-8); Ovelha perdida, dracma perdida e filho pródigo
(Lc. 15), etc.
Metáforas
É a figura em que se afirma que alguma coisa é o que ela representa ou
simboliza, ou com que se compara.
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Ela só se distingue do símile por lhe faltar o elemento de comparação que há
neste. Quando Isaías, por exemplo, falando do Messias, diz: “Foi subindo como
renovo”, emprega um símile, uma comparação, em que não há figura. Quando, porém, o
Senhor diz por Zacarias: “Eis que aqui farei vir o meu servo, o Renovo”, temos uma
verdadeira metáfora.
Provérbios Walter C. Kaiser descreveu provérbios como ditos “concisos, breves, com um
pouco de estimulante, e uma pitadinha de sal também”. Muitos consideram os
provérbios como bonitos slogans – bons motos pata se pendurar na parede. Poucos
reconhecem a excelente beleza e sabedoria que, muitas vezes, esses ditos contém.
Um dos maiores problemas da religião é a falta de integração prática entre
nossas crenças teológicas e nosso viver diário. Os provérbios podem proporcionar um
importante antídoto, pois demonstram a verdadeira religião em termos específicos
práticos e significativos.
O foco geral do livro de provérbios é o aspecto moral da lei- regulamentos éticos
para a vida diária redigidos em termos universalmente permanentes. Os focos
específicos incluem sabedoria, moralidade, castidade, controle da língua, associações
com outras pessoas, indolência e justiça.
Muitos dos provérbios se relacionam com a sabedoria, um conceito que proporciona o contexto para todos eles. Sabedoria, na escritura, não é sinônimo de conhecimento. Ela começa com o temor do senhor. “O temor do Senhor não é o medo normal, ou mesmo aquele tipo mais profundo conhecido como reverência numerosa”, mas é basicamente uma postura, uma atitude do coração que reconhece nosso relacionamento legítimo com o Deus Criador. A vida de sabedoria e prudência procede desta postura de Deus. Dentro deste contexto, os provérbios já não permanecem como motos piedosos para serem pendurados na parede, mas se tornam meios intensamente práticos, significativos, de inspirar um andar íntimo com o Senhor (VIRKLER 1987 P.125
Alegorias
É uma figura retórica que geralmente consta de várias metáforas unidas,
representando cada uma delas realidades correspondentes.
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Exemplo: "Eu Sou o Pão Vivo que desceu do céu, se alguém dele comer, viverá
eternamente; e o pão que eu darei pela vida do mundo, é a minha carne... Quem comer a
minha carne e beber o meu sangue tem a vida eterna", etc. Esta alegoria tem sua
interpretação nesta mesma passagem das Escrituras. (Jo 6.51-65)
Profecias
Segundo Virkler (1987:146-147), a interpretação de profecia é um assunto
sumamente completo, não tanto em virtude da discordância concernentes aos princípios
interpretativos corretos, mas por causa das diferenças de opinião sobre como aplicar
esses princípios. No Antigo Testamento, assim como no Novo Testamento, “profeta é
um porta-voz de Deus que declara a vontade de Deus ao povo”. Acordo com Autor, a
profecia refere-se a três coisas: (1) predizer eventos futuros (Ap 1.3; 22.7, 10; João
11.51); (2) revelar fatos ocultos quanto ao presente (Lc 1.67-79; At 13.6-12 e (3)
ministrar instrução, consolo e exortação em linguagem poderosamente arrebatada (At
15.32; I Co 14.3, 4, 31).
Símile: também afirma que alguma coisa é o que ela representa ou simboliza,
sendo que apresenta um elemento comparador. (Is.53.2).
Metonímia: o emprego do nome de uma coisa pelo de outra com que tem certa
relação (Gn.25.26; Lc.16.29; Gn.41.13; Jó.32.7)
Sinédoque: a substituição de uma ideia por outra que lhe é associada (Mt.3.5;
6.11; Gn.3.19; 19.20).
Hipérbole É a afirmação em que as palavras vão além da realidade literal das
coisas (Dt.1.28).
Ironia: É a expressão dum pensamento em palavras que, literalmente
entendidas, exprimem sentido oposto (Gn.3.22;Jz.10.14; Jó.12.2; Mt.27.40).
Prosopopeia: É a personificação de coisas ou de seres irracionais (Sl.35.10;
Jó.12.7; Gn.4.4).
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Antropomorfismo: É a linguagem que atribui a Deus ações e faculdades
humanas, e até órgãos e membros do corpo humano (Gn.8.12; Sl.74.11).
Enigma: É a enunciação duma idéia em linguagem difícil de entender.
(Jz.14.14)
Tipos: É uma classe de metáforas que não consiste meramente em palavras, mas
em fatos, pessoas ou objetos que designam fatos semelhantes, pessoas, ou objetos no
porvir (Hb.9.8,9; Jo.3.14; Mt.12.40).
Símbolos: É uma espécie de tipo pelo qual se representa alguma coisa ou algum
fato, por meio doutra coisa ou fato conhecido, para servir de semelhança ou
representação. É diferente do tipo por não prefigurar a coisa que representa. Ele
simplesmente representa o objeto (Ap.5.5; I Pe.5.8; Js.2.18). Os símbolos podem ser
apresentados na forma de objetos (sangue, ouro, etc.); nomes (Abraão, Israel, Jacó,
etc); números (seis, sete, oito, etc.) e cores (púrpura, escarlate, etc.).
Poesia: é a mensagem de Deus revelada através do lirismo da poesia judaica.
Está presente desde Génesis até o Apocalipse. A poesia hebraica não possui rima.
Composta por paralelismo: sinonímico – o segundo verso repete com sinônimos
(Sl.20.2,3; Pv.23.24,25); antitético – o segundo verso é uma antítese ao primeiro.
(Sl.1.6; 71.7; Pv.12.1,2) e sintético – o Segundo verso
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HENRICHSEN. Walter A. Princípios de Interpretação da Bíblia. São Paulo:
Mundo Cristão, 1980
SCHOLS. Vilson. Princípios de Interpretação Bíblica. RS: Ulbra, 2006
SILVA, Moisés e KAISER, Walter. Introdução à Hermenêutica Bíblica. São Paulo:
Cultura Cristã, 2002.
ZUCK, Roy B. A interpretação bíblica. São Paulo: Edições Vida Nova 2002.
DORDON D. FEE, DOLGLAS STUART. Entendes o que lês.Ed. Nova Vida.
2º edição. 2005.
HENRICHSEN, WALTER A. Métodos de Estudo Bíblicos. Ed. Mundo Cristão. 4º edição. 1989
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APOSTILA DE HERMENÊUTICA BÍBLICA PROF. ALFREDO LIMA
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