MÍDIAS NA EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE PROFESSORES: … · a tecnologia como um esforço dos seres...
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Mdias na educao e formao de professores: poruma convergncia dialgicaRosa, Ana Claudia Ferreira; Silva, Maiara Sobral
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Empfohlene Zitierung / Suggested Citation:Rosa, Ana Claudia Ferreira ; Silva, Maiara Sobral: Mdias na educao e formao de professores: poruma convergncia dialgica. In: Revista Desafios 2 (2016), 1, pp. 67-78. URN: https://doi.org/10.20873/uft.2359-3652.2015v2n1p67
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DESAFIOS: Revista Interdisciplinar da Universidade Federal do Tocantins V. 2 n. 01. p. 67-78, jul/dez. 2015. DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.2359-3652.2015v2n1p67
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MDIAS NA EDUCAO E FORMAO DE PROFESSORES: POR UMA
CONVERGNCIA DIALGICA1
MEDIA IN EDUCATION AND TEACHER TRAININ : FOR A CONVERGENCE DIALOGIC
Ana Claudia Ferreira Rosa
Maiara Sobral Silva
Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia do Tocantins - IFTO
Universidade Federal de Santa Maria - UFSM
RESUMO
O artigo apresenta uma anlise das mdias na educao a partir de um olhar que busca a
convergncia dialgica na relao dos professores com os recursos miditicos. Com este
estudo, objetiva-se problematizar os saberes necessrios formao de professores com vistas
utilizao intencional, consciente e mediadora das mdias na educao escolar, considerando
a tecnologia como um esforo dos seres humanos em sua autoproduo para alm dos meios
biolgicos de que so providos, mas neste esforo a tecnologia assume nuances que se
associam aos fins de seu uso. Portanto, sua utilizao no neutra, antes, cumpre os
propsitos de quem as utiliza, ou ainda de que planeja seu uso. O estudo se pautou pela
pesquisa bibliogrfica entre outras referncias, nos estudos de Pierre Levy (1999; 2011), nas
reflexes sobre a tecnofilia e a tecnofobia de Pedro Demo (2009), no dilogo como processo
de historizao e base da formao de professores a partir de Paulo Freire (1991; 1996), nas
imerses sobre a mudanas ocorridas com a acelerao tecnolgica e a necessidade da crtica
como contraponto da tcnica, proposta por Nicolau Sevcenko (2001), no ensino como
trabalho interativo a partir de Tardif (2010) entre outras referncias. Os resultados apresentam
possibilidades de convergncias dialgicas na utilizao dos recursos tecnolgicos pelos
professores.
Palavras-chave: Tecnologia. Dilogo. Recursos miditicos.
ABSTRACT
The article presents an analysis of media in education from a gaze that seeks convergence in
dialogic relationship between teachers and the media resources. This study objective is to
question the knowledge necessary to teacher training with a view to intentional use, conscious
and mediator of media in education, considering technology as an effort of human beings in
their self-production in addition to the biological resources that are provided, but this effort
the technology assumes nuances that are associated with the purpose of its use. Therefore, its
use is not neutral, rather, meets the purposes of those who use them, or that it plans to use.
The study was guided by the literature among other references, the studies of Pierre Levy
(1999, 2011), contributing to generating technophilia and technophobia of Pedro Demo
(2009), dialogue as historicizing process and basis for teacher training from Paulo Freire
(1991; 1996), the immersion of the changes with the technological acceleration and the need
1 Artigo apresentado na disciplina Cultura Digital, Formao Humana e Saberes da/na Docncia, ministrada pela professora Dra. Adriana Moreira da Rocha Maciel e pelo professor Dr. Celso Ilgo Henz, no Programa de Ps
Graduao em Educao (PPGE), Mestrado em Educao da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) no
2 semestre de 2013.
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for critical counterpoint technique, proposed by Nicholas Sevcenko (2001), teaching as
interactive work from Tardif (2010) among other references. The results show convergences
dialogic possibilities in the use of technological resources by teachers.
Key words: Technology. Dialogue. Media resources.
Recebido em 04/12/2015. Aceito em 16/12/2015. Publicado em 18/01/2016.
INTRODUO
Historicamente, a conquista do espao geogrfico e de populaes diversas se deu
como resultado do domnio que os seres humanos imprimiram em suas relaes com o meio
natural. Ao impulso inicial de sobrevivncia que se tornou motor para o desenvolvimento
tecnolgico se somou a vontade de conquistar mais terras, mais povos, ampliando os
domnios e as riquezas de povos e naes. Neste contexto, a tecnologia ressalta como meio
para atingir aos fins propostos. Ela potencializa os limitados recursos fsicos dos seres
humanos e promove a mobilidade no espao em tempos cada vez menores, amplia a viso e
realiza operaes e clculos precisos impossveis de serem realizados diretamente pelos
maiores gnios j conhecidos pela histria. Contudo, a tecnologia uma produo humana.
Um recurso a servio de um fim. E qual deveria ser esse fim seno aquele que exaltasse o ser
humano e o elevasse em sua condio de sujeito de sua histria, ressaltando o seu
protagonismo? Mas, a utilizao da tecnologia pode atender a vieses diversos, sob a ao
dos sujeitos pensantes e de seus desgnios. Sua utilizao, portanto no est dado em si, mas
no uso que cada projeto pessoal e/ou social tem como proposta.
No bojo da utilizao da tecnologia como meio, neste estudo se problematiza a
insero dos recursos miditicos na educao escolar considerando os saberes necessrios
formao de professores com vistas utilizao intencional, consciente e mediadora desses
recursos, com nfase para a compreenso de que diferentes percepes de mundo definem
diferentes formas de utilizao dos meios tecnolgicos.
Compreende-se que a utilizao dos recursos miditicos, oriundos do
desenvolvimento tecnolgico no seria diferente no mbito da educao escolar. Os projetos
de seres humanos mediatizados pela educao escolar condicionam a utilizao desses
recursos. Contudo, a intencionalidade do fazer pedaggico nem sempre se faz claro, os
currculos escolares no raro se apresentam como territrio em disputa tal qual intitulou seu
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livro Miguel Arroyo - referimo-nos obra currculo, territrio em disputa, publicada pela
editora Vozes em 2011 interesses divergentes mobilizam diferentes currculos e subjazem
aos saberes eleitos os poderes dominantes em voga. Por isso a atividade docente requer a
conscincia, posicionamento crtico, utilizao racional e mediadora dos saberes e dos meios,
como os recursos miditicos.
A compreenso que se tem de educao e de seu poder na construo de pessoas e de
sociedades constituem linhas definidoras desse fazer. Neste aspecto os recursos miditicos,
tais como a insero dos computadores, de programas de softwares, da internet tero papis
definidos de acordo com os planejadores das polticas educacionais, mas, sua concretizao se
faz na execuo, no campo da ao de professores e alunos.
Neste sentido, importa a formao dos professores e com esta formao a superao
dos aspectos considerados perniciosos para a utilizao dos recursos miditicos: a ausncia do
equilbrio, do justo termo na utilizao dos recursos tecnolgicos, que podem assumir a forma
de paixo pelo meio ou fobia destes. Para tanto, a formao dos professores contextualizada
com as questes da atualidade, com responsabilidade pelo fazer pedaggico crtico e
transformador do status quo que mantem a sociedade em classes de oprimidos e opressores,
ainda que se denomine democrtica, essa formao para ser necessria precisa ser reveladora
e visar a conscientizao.
Problematizando as questes supramencionadas, o artigo apresenta os seguintes
assuntos: Inicialmente apresenta a tecnologia como suporte da supremacia do ser humano,
trazendo baila a potencializao dos recursos biolgicos pelo desenvolvimento das tcnicas;
na sequncia so apresentadas reflexes sobre as mdias, a educao e os saberes da docncia,
neste nter so evidenciados aspectos relevantes do estudo que visam a convergncia
dialgica da formao dos professores para a utilizao consciente dos recursos tecnolgicos;
na sequencia, e como corolrio do estudo, se encontra a discusso sobre a necessidade da
superao da tecnofilia e da tecnofobia para se chegar a um equilbrio na utilizao dos
recursos miditicos. Nas consideraes finais so perfiladas algumas concluses que no
intentam encerrar a questo, antes, visam constiturem-se novos pontos de partidas.
1 A TECNOLOGIA COMO SUPORTE DA SUPREMACIA DO SER HUMANO
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A concepo de dominao do espao fsico e natural como condio primeira de
sobrevivncia da espcie humana constituiu motor para o desenvolvimento das ferramentas
que ampliaram o poder dos seres humanos, potencializando suas limitadas capacidades
biolgicas.
Desde o perodo paleoltico o esforo para produzir a existncia humana tem
mobilizado conhecimentos, alterado paisagens e delimitado culturas. Imprimiram-se
categorias a estas culturas: as separaes dos povos que se denominaram civilizados de outros
considerados brbaros. Colaborou para esta demarcao o desenvolvimento tecnolgico e
industrial entre outros aspectos. Definiram-se ndices de desenvolvimento das naes, umas se
denominaram desenvolvidas e outrora chamaram as outras subdesenvolvidas a partir da viso
de evoluo que se fez emergente na anlise dos povos e que tinha por fundamento o
darwinismo social.
Pierre Lvy ao tratar da economia na introduo de sua obra A inteligncia coletiva:
por uma antropologia do ciberespao, ressalta a relao entre a gesto do conhecimento e a
prosperidade das naes. Neste sentido profere que:
A prosperidade das naes, das regies, das empresas e dos indivduos
depende de sua capacidade de navegar no espao do saber. A fora conferida de agora em diante pela gesto tima dos conhecimentos, sejam
eles tcnicos, cientficos, da ordem da comunicao ou derivem da relao
tica com o outro (LVY, 2011, p. 19).
Decorrido o tempo, a dialtica do processo histrico fez emergir, em prol de uma viso
menos etnocntrica a conscincia do processo de excluso advindo com esses termos,
portanto, tornou-se politicamente incorreto, para a literatura com fulcro nos princpios
democrticos, a utilizao dos termos opostos supracitados, outros termos mais adequados a
esta literatura ocuparam as posies antagnicas como pases desenvolvidos e pases em
desenvolvimento.
Nicolau Sevcenko (2001) analisando o desenvolvimento tecnolgico da humanidade,
utiliza-se da metfora da montanha-russa para descrever o fascnio e a entrega dos sujeitos
imersos no tempo e espao dessa produo tecnolgica acelerada. O autor organiza suas
reflexes em trs fases: na primeira fase, sinaliza com a ascenso na montanha russa (sc.
XVI sc XIX). A subida faz referncias Europa Ocidental, com o domnio sobre as foras
naturais que garantiram domnios sobre territrios e pessoas.
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A Segunda fase: caracterizada pela queda vertiginosa. Por volta do ano de 1870,
marcada pelas novas tecnologias, nos transportes (exemplo: carros e transatlntico),
comunicao, recursos energticos, lazer (como a montanha russa). Mas a Primeira Guerra
Mundial com os recursos tecnolgicos provocaram mortes em escalas nunca dantes
presenciadas. Sendo ainda seguida pela Segunda Guerra Mundial. O desenvolvimento
tecnolgico seguiu paralelo sensao de apocalipse iminente.
Na terceira fase, a fase do loop, da acelerao extrema - na sociedade equivale
Revoluo microeletrnica.
A sndrome do loop caracterizada na metfora como a entrega ao destino pela
desistncia da luta. Incapacidade de resistir. Caracteriza precisamente a passagem do sculo
XX ao sculo XXI. A velocidade das transformaes tecnolgicas paralisa, a crtica subsumi
tcnica.
O estudo de Sevcenko (2001) colabora com o esforo para a elucidao do fascnio e
do medo que provocou o acelerado desenvolvimento tecnolgico e a ausncia da crtica em
alguns momentos da histria. Ausncia que se constata, mas que se busca refutar, em prol de
uma sociedade consciente de suas potencialidades e limitaes e pela conscincia que no se
pode controlar a utilizao dos recursos tecnolgicos para servir a um nico fim, seu uso
definido pelos desgnios de quem quer que os utilize.
Se, se pode afirmar que o desenvolvimento tecnolgico potencializa os recursos
limitados dos seres humanos, no se pode dizer que elas servem a todos,
indiscriminadamente, neste sentido, corrobora Arroyo,
As cincias no subordinaram suas descobertas e avanos emancipao
humana nem sequer s necessidades humanas, felicidade, erradicao da misria, garantia dos direitos, ao que a grande maioria pensa ser seu direito
como seres humanos. A lgica do saber tecnolgico e cientifico no se
inspira na lgica da universalizao nem sequer do prprio saber, nem na universalizao de seus benefcios, que estaria na base da educao universal
como direito [...] (ARROYO, 2004, p.109).
O acesso aos recursos a um nmero cada vez maior de usurios das tecnologias
consiste em um dos aspectos da idiossincrasia do sculo XXI, contudo, a crtica ao uso
inadequado e ao sem nmero de sujeitos que sequer conseguem manter um padro mnimo de
subsistncia no podem ser olvidados. O educador Paulo Freire ressaltou sua postura crtica
diante dos recursos de seu tempo: Mas essa minha forma de ser: eu analiso os comerciais e
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descubro neles, imediatamente o corte de classes, por exemplo, o corte de sexo, o corte de
raa; s vezes os trs juntos, entendes? ( in FREIRE & GUIMARES, 2011, p.32)
A viso que temos do mundo circundante prpria de cada um com sua bagagem
cultural, com as experincias que como veculos de informaes chegam at cada sujeito e so
percebidas individualmente e absorvidas ou no, compreendidas, apreendidas ou refutadas,
neste aspecto a educao meio primordial para as impresses que marcam e fixam moradia
em cada ser pensante. Se a tecnologia meio para promover os sujeitos, pela educao que
ela pode ser melhor utilizada.
2 MDIAS, EDUCAO E SABERES DA DOCNCIA
Com Lvy (1999, p. 61) definimos mdia como [...] o suporte ou veculo da
mensagem. O impresso, o rdio, a televiso, o cinema ou a internet, por exemplo, so mdias.
Segundo essa tica, pode-se observar que j existe a insero de algumas mdias no
mbito educacional, o que faltam so atividades que integrem as disciplinas e saberes dos
sujeitos desta relao. Nesse sentido, agregar educao a utilizao das mdias torna o
ambiente escolar mais atrativo, interativo e dinmico. Sendo que:
O ensino uma atividade humana, um trabalho interativo, ou seja, um trabalho baseado em interaes entre pessoas. Concretamente, ensinar
desencadear um programa de interaes com um grupo de alunos, a fim de
atingir determinados objetivos educativos relativos aprendizagem de conhecimentos e socializao. Consequentemente, a pedagogia, enquanto
teoria do ensino e da aprendizagem, nunca pode colocar de lado as condies
e as limitaes inerentes interao humana, notadamente as condies e as limitaes normativas, afetivas, simblicas, e tambm, claro, aquelas
ligadas s relaes de poder. Em suma, se o ensino mesmo uma atividade
instrumental, trata-se de uma atividade que se manifesta concretamente no
mbito de interaes humanas e traz consigo, inevitavelmente a marca das relaes humanas que a constituem (TARDIF, 2010, p. 118).
No que diz respeito ao uso das tecnologias na Educao preciso pensar a forma
com que esta ocorre, pois se elas forem subutilizadas no tero o efeito desejado, desta forma
repensar a forma com que se valida as aprendizagens torna-se necessrio, pois segundo Lvy
(1999, p. 175):
A evoluo do sistema de formao no pode ser dissociada da evoluo do
sistema de reconhecimento dos saberes que a acompanha e a conduz. Como exemplo, sabido que so os exames que, validando, estruturam os
programas de ensino. Usar todas as novas tecnologias na educao e na
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formao sem mudar em nada os mecanismos de validao das
aprendizagens seria o equivalente a inchar os msculos da instituio escolar
bloqueando, ao mesmo tempo, o desenvolvimento de seus sentidos e de seu crebro (LVY, 1999, p. 175).
Desta forma, hoje, surge uma nova docncia, que exige mais do professor, uma vez
que o modelo tradicional baseado na transmisso do contedo est sendo superado por uma
nova forma de interao. Nos dias atuais, os alunos participam mais, questionam mais e se
contentam menos, o que leva o docente a buscar uma nova postura, mais de mediador e
interlocutor do que de detentor do conhecimento.
Com o uso das tecnologias, por consequncia das mdias, o ambiente escolar ganha
outro significado, e passar a fazer uma nova leitura do mundo, uma vez que nem sempre o que
est escrito e divulgado a verdade absoluta, nesse sentido, preparar os alunos para uma
leitura das tecnologias e mdias faz-se necessrio para a formao de pessoas mais crticas.
Pois preciso destacar que:
A mdia no s diz o que existe e, consequentemente, o que no existe, por no ser veiculado, mas d uma conotao valorativa, de que algo bom e
verdadeiro, realidade existente. As coisas veiculadas pela mdia so boas e
verdadeiras, a no ser que seja dito expressamente o contrrio. O que est na mdia no s, ento, o existente, mas contm igualmente, algo de positivo
(GUARESCHI & BIZ. In HENZ & ROSSATO, 2007, p. 101).
Em meio cultura digital nasce uma nova gerao de aprendizes, os quais podem,
com apenas, marcar encontros, namorar via computador e ler livros digitais. Estes j so
comportamentos habituais, mas a reside um dos grandes dilemas do ensino nessa nova onda,
a escola, em muitas vezes, no acompanhou o ritmo da evoluo. Para lidar com esse avano,
preciso que todos os envolvidos nesse processo estejam abertos e dispostos ao dilogo e ao
novo, pois no h mais a deteno do conhecimento, o livro j no supre mais todas as
dvidas, hoje com um clique o aluno est conectado ao mundo, informa-se, sem, contudo,
formar-se, necessariamente. Como o professor se encontra nesse panorama? Para Tardif
(2010, p. 240), [...] se os professores so efetivamente, sujeitos do conhecimento, devem
fazer ento, o esforo de agir como tais, ou seja, o esforo de se tornarem atores capazes de
nomear, de objetivar e de partilhar sua prpria prtica e sua vivncia profissional. Sendo
assim, a aproximao das mdias e das tecnologias com a Educao traz um novo modelo para
o momento da aprendizagem, que supera o fluxo de comunicao emissor mensagem
receptor e torna o processo mais dinmico e interativo. Ainda, com Charlot concordamos
que: A relao com o saber relao de um sujeito com o mundo, com ele mesmo e com os
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outros. relao com o mundo como conjunto de significados, mas, tambm, como espao de
atividades, e se inscreve no tempo. (CHARLOT, 2000, p.78)
Mdias, educao e saberes da docncia so aspectos que convergem para uma
relao dialgica e producente.
3 SUPERAO DA TECNOFILIA E DA TECNOFOBIA: EM BUSCA DO
EQUILBRIO
Tecnofilia e tecnofobia constituem plos opostos na relao com os recursos
miditicos, enquanto o tecnfilo compreende a tecnologia como a panaceia para os problemas
da humanidade, o tecnfobo, ao contrrio, atribui a esta muitos dos problemas da
humanidade. A utilizao dos termos que tecnofilia e tecnofobia so utilizados a partir do
estudo de Pedro Demo. Com o autor definimos que:
Pode-se usar o termo tecnofilia para quem aprecia em excesso, e o termo
tecnofobia para quem aprecia de menos. A questo mais rdua ser definir o que seria excesso, bem como o que seria uma posio equilibrada. No
pretendo resolver essa pendenga, mas apenas discutir posicionamentos mais
e menos oportunos perante as novas tecnologias, em especial no campo da
educao (DEMO, 2009, p. 5).
A proposta que se insere neste ponto da discusso faz referencia superao dos
aspectos considerados perniciosos na relao com as tecnologias. Mas superao em nome de
qu? Para que a superao no seja mera negligncia aos aspectos da tecnofilia e da
tecnofobia faz-se recurso necessrio e complementar apontar as possibilidades que a
tecnologia traz para vrias reas, neste caso especifico para a Educao. Para discutir essa
relao necessrio compreender os significados dos termos tecnfilo e tecnfobo:
Os tecnfilos acreditam que os recursos da tcnica e da tecnologia so os
principais incitadores do avano da Humanidade. Os seus adeptos pouco problematizam o capitalismo financeiro, apoiando-o e s suas demandas
ideolgicas sem dificuldade. A tecnofilia adoptada por indivduos com
conhecimentos tcnicos, tantas vezes concentrados na especializao do saber tecnolgico, que chegam a desenvolver uma tremenda alienao da
cultura em relao mquina. Julgam que a soluo para todos os problemas
implica pens-los tecnologicamente, demonstram uma f cega nos feitos e
nas promessas da tecnologia, sem grande olhar crtico sobre os seus impactos.
Por seu lado, os tecnfobos avaliam os diversos aspectos contraproducentes
da tcnica e da tecnologia e enfatizam sobretudo a passividade do Homem perante as mesmas. Alguns dos seus defensores demonstram realmente uma
averso incontrolvel evoluo tecnolgica, que chega ao ponto de
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considerarem o desenvolvimento tecnolgico como fonte de diversos
problemas sociais na actualidade. Esta postura, por vezes, to radical, acaba
por perder-se na irracionalidade, pois dificilmente teramos como travar as inovaes tecnolgicas que nos acompanham desde os primrdios da
Humanidade (FURTADO, 2009).
Como destaca Demo a questo sobre o uso das tecnologias no campo da Educao j
passou do bom ou mau, agora se discute a metodologia, o saber e como fazer, visto que
um recurso tecnolgico digital utilizado de maneira analgica no se faz necessrio. Nesse
panorama surge um dos diferenciais: a postura do docente. Se este sujeito for aberto ao novo e
ao dilogo promover uma nova forma de saber, uma vez que:
Em toda disputa por conhecimentos esto em jogo disputas por projeto de
sociedade. Deve-se questionar os conhecimentos tidos como necessrios, inevitveis, sagrados, confrontando-os com outras opes por outros mundos
mais justos e igualitrios, mais humanos, menos segregadores dos coletivos
que chegam s escolas pblicas, sobretudo. Tambm preciso repor nos currculos o embate poltico no campo do conhecimento assumido no como
um campo fechado, mas aberto disputa de saberes, de modos de pensar
diferentes (ARROYO, 2011. p.p. 38-39).
A educao no uma entidade refratria, cujos aspecto da sociedade em que est
imersa no atingem ou influenciam, antes fruto das produes humanas, como a tecnologia.
Ambas so utilizadas para promover os sujeitos, mas ao mesmo tempo, segregam, excluem.
Por isso est nas mos dos professores definir a quem servir a educao mediada pela
tecnologia. Cabe ao educador promover a criticidade, conforme defendia Freire:
O educador democrtico no pode negar-se o dever de, na sua prtica docente, reforar a capacidade crtica do educando, sua curiosidade, sua
insubmisso. Uma de suas tarefas primordiais trabalhar com os educandos
a rigorosidade metdica com que devem se aproximar dos objetos
cognoscveis (FREIRE, 1996, p.26).
Pedro Demo (2009, p. 11) ressalta que Seria mais pedaggico educar para o uso
adequado e responsvel da internet, assim como seria tolo proibir o uso da internet nas
pesquisas e elaboraes dos jovens estudantes. Enquanto Pierre Lvy (1999, p. 26) ressalta
que Uma tcnica no nem boa, nem m (isso depende dos contextos, dos usos e dos pontos
de vista), tampouco neutra (j que condicionante ou restritiva, j que de um lado abre e de
outro fecha o espectro de possibilidades). Resta ressaltar a responsabilidade social dos
sujeitos diante da tcnica. No o meio e sim o produtor que se utiliza dele.
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A crtica, portanto, a contrapartida cultural diante da tcnica, o modo de a
sociedade dialogar com as inovaes, ponderando sobre seu impacto,
avaliando seus efeitos, e perscrutando seus desdobramentos. A tcnica nesse sentido, socialmente consequente quando dialoga com a crtica
(SEVCENKO, 2001, p. 17).
Em Sevcenko (2001), O estudo prope a crtica como contrapartida da tcnica. Para
tanto apresenta trs movimentos da crtica: 1- desprendimento e distanciamento do ritmo
acelerado das mudanas; 2- avaliao das estruturas e dos efeitos das mudanas; 3- sondar o
futuro em perspectiva histrica para definir como a tcnica pode beneficiar a maioria das
pessoas. Neste aspecto vislumbramos o caminho para a superao da tecnofobia e da tecnofia.
4 CONSIDERAES FINAIS
Atravs do capital cultural que possumos fazemos as leituras dos contextos a que
assistimos ou participamos, por isso so diferentes as vises que se tem das mdias como
instrumento mediador da educao. Segundo Freire ao se referir televiso e as mensagens
que subjazem ao aparelho, trata-se afinal de contas, de envolver o corpo inteiro do educando
e do educador como corpo consciente, e no puramente justapor os instrumentos a esses
corpos ( in FREIRE & GUIMARES, 2011, p.55). Neste sentido, pensar na mdia, na
educao em meio cultura digital uma necessidade do presente, preciso discutir a
aproximao dessas reas em favor do conhecimento. A gerao do agora busca um novo
formato de escola, um novo modelo de professor, para isso, torna-se imprescindvel analisar
como as tecnologias interferem no cotidiano do aluno do sculo 21.
No preciso defender bandeira x ou bandeira y, a realidade que qualquer
instrumento, ferramenta, dispositivo tem dois lados, o que vai diferenciar sua caracterstica
ser o uso. Sendo assim, a utilizao das tecnologias na sala de aula pode contribuir para a
criticidade dos estudantes, se elas fizerem parte de uma proposta educativa integrada e
planejada e no uma ao individual e isolada.
Por isso, importante pensar na formao de professores na cultura digital, assim
como na atualizao daqueles que j esto em sala de aula, a palavra de ordem do momento
estar aberto ao novo. E isso no significa que deve-se concordar com tudo, mas sim que
preciso estar disponvel para outras possibilidades que vo alm daquelas j conhecidas.
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REFERNCIAS
ARROYO, Miguel G. Ofcio de Mestre: imagens e auto-imagens. 7 ed. Petrpolis, RJ: Vozes,
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Ana Claudia Ferreira Rosa
Possui mestrado em Educao pelo Programa de Ps-Graduao em Educao da
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), especializao em Educao Tcnica de Nvel
Mdio Integrada ao Ensino Mdio Modalidade de Educao de Jovens e Adultos - PROEJA,
pelo Centro Federal de Educao Tecnolgica do Par, graduao em Pedagogia-Licenciatura
pela Universidade Federal do Par. Professora do Instituto Federal de Educao, Cincia e
Tecnologia do Tocantins (IFTO).
E-mail: [email protected]
Endereo: Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia do Tocantins /Paraso.
Distrito Agroindustrial, BR 153, KM 480, Vila Santana. CEP: 77600000 - Paraso do
Tocantins, TO - Brasil Caixa Postal: 151
mailto:[email protected]
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DESAFIOS: Revista Interdisciplinar da Universidade Federal do Tocantins V. 2 n. 01. p. 67-78, jul/dez. 2015. DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.2359-3652.2015v2n1p67
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Maiara Sobral Silva
Mestre em Educao pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Especialista em
Docncia do Ensino Superior pelo Instituto Tocantinense de Ps - Graduao (ITOP).
Graduada em Comunicao Social com habilitao em Jornalismo pela Universidade Federal
do Tocantins (UFT). Jornalista no Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia do
Tocantins (IFTO).
E-mail: [email protected]
Endereo: Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia do Tocantins, Instituto Federal
de Educao, Cincia e Tecnologia do Tocantins. 101 Sul Av. Teotnio Segurado 3- CEP:
77020-014 - Palmas, TO - Brasil
mailto:[email protected]