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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL
AVALIAÇÃO DO AMBIENTE TÉRMICO E DE VARIAVÉIS
FISIOLÓGICAS DE FRANGOS DE CORTE CRIADOS EM
GALPÕES COMERCIAIS
Raphaela Christina Costa Gomes
Orientador: Dr. Marcos Barcellos Café
GOIÂNIA
2013
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL
AVALIAÇÃO DO AMBIENTE TÉRMICO E DE VARIAVÉIS
FISIOLÓGICAS DE FRANGOS DE CORTE CRIADOS EM
GALPÕES COMERCIAIS
Raphaela Christina Costa Gomes
Orientador: Dr. Marcos Barcellos Café
GOIÂNIA
2013
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RAPHAELA CHRISTINA COSTA GOMES
AVALIAÇÃO DO AMBIENTE TÉRMICO E DE VARIAVÉIS
FISIOLÓGICAS DE FRANGOS DE CORTE CRIADOS EM
GALPÕES COMERCIAIS
Tese apresentada para obtenção do grau de
Doutor em Ciência Animal junto à Escola de
Veterinária e Zootecnia da Universidade
Federal de Goiás
Área de Concentração:
Produção Animal
Linha de Pesquisa:
Manejo e avaliação de sistemas de produção
Orientador:
Prof. Dr. Marcos Barcellos Café – UFG/EVZ
Comitê de Orientação:
Profa. Dra. Sandra Regina Pires de Moraes – UEG/UnUCET
Prof. Dr. Tadayuki Yanagi Junior – UFLA/DEA
GOIÂNIA
2013
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AGRADECIMENTOS
À Deus, pelo dom da vida, exemplo de amor, proteção e simplicidade,
sempre me guiando e me amparando, em tudo que faço e onde quer que eu
vá.
Aos meus pais Pedro e Alba e a minha irmã Pollyana, pelo carinho,
amor, confiança e por acreditarem na realização de mais este sonho. Por
suportarem minhas ausências, mas estarem sempre presentes em meus
projetos, meus ideais e principalmente, na minha vida.
Ao meu companheiro Flávio Faria de Souza, pelo amor, apoio e
compreensão ao longo deste trabalho, obrigada por atravessar comigo este
caminho cheio de adversidades, mas engrandecedor.
À Universidade Federal de Goiás (UFG), por meio do Departamento de
Ciência Animal por me conceder a oportunidade de aprendizado profissional e
pessoal.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Marcos Barcellos Café, pela paciência,
competência, companheirismo, amizade, dedicação e oportunidades de
aprendizado.
Aos meus co-orientadores, Prof. Dr. Tadayuki Yanagi Júnior
(DEA/UFLA) e Profa Dra. Sandra Regina Pires de Moraes (UEG/UnUCET),
pelas sábias palavras e pelo companheirismo, que mesmo distantes estavam
sempre a disposição, vocês são meus maiores e melhores exemplos de caráter
e dedicação ao trabalho.
Aos professores José Henrique Stringhini e Nadja Susana Mogyca
Leandro, pelos sábios conselhos e correções na qualificação e durante minha
jornada no Departamento de Produção Animal.
À professora Roberta Passini e ao professor João Teodoro Pádua por
aceitarem o convite de participarem da banca de defesa.
À empresa SuperFrango pela disponibilização dos galpões e apoio
constante ao projeto. Ao Dr. Roberto Moraes Jardim Filho, por todo o apoio
concedido no desenvolvimento deste experimento e pela amizade conquistada.
A todos os amigos que lá conquistei.
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À amiga Elisa dos Santos Schütz, na qual vi transparecer todo esforço e
dedicação ao projeto, fazendo com que o experimento fosse além de um
projeto de mestrado e doutorado, fosse uma experiência de vida, que estará
presente em todos os momentos de nossas vidas. Espero encontrar mais
profissionais com este mesmo potencial e dedicação e pessoas tão amáveis
quanto à ‘florzinha’.
Aos amigos conquistados nesta etapa, Maria Juliana Lacerda (MaryJu),
Aline Luciana Rodrigues (Avatar), Januária Silva Santos (Janu), Elisa dos
Santos Schütz (florzinha) e todos os que faziam parte dos churrascos de
departamento ou que nos faziam rir de nossos desesperos.
A amiga sempre presente, mesmo estando a mais de mil quilômetros de
distância, Adriana Garcia do Amaral, pequena em tamanho, mas enorme de
coração e competência.
A todos os funcionários e acadêmicos da UEG/Unidade de Santa Helena
de Goiás, pelo apoio e compreensão durante esta fase de aperfeiçoamento
profissional. Espero retribuir com trabalho e dedicação muito mais do que me
foi concedido, de experiências, oportunidades, descontração, conhecimento e
de convivência fraterna.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pesquisa de Nível Superior
(Capes), pela concessão da bolsa de estudos.
À Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG), pelo
financiamento deste projeto.
A todos aqueles que, de maneira direta ou indireta, prestaram auxílio e
não foram citados neste trabalho, não por esquecimento, mas por falta de
espaço e tempo. Sem vocês nada teria sido possível.
A todos os momentos que me foram proporcionados, os bons e os ruins,
que sirvam de pontes e esteios ao longo dessa jornada e que Deus me permita
permanecer ao lado de tantas pessoas maravilhosas.
vi
EPÍGRAFE
"Desistir... eu já pensei seriamente nisso, mas nunca me levei realmente a
sério; é que tem mais chão nos meus olhos do que o cansaço nas minhas
pernas, mais esperança nos meus passos, do que tristeza nos meus ombros,
mais estrada no meu coração do que medo na minha cabeça."
Cora Coralina
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SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS......................................................................................... viii
RESUMO .......................................................................................................... xiv
ABSTRACT ....................................................................................................... xv
CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS ................................................... 16
1 INTRODUÇÃO ................................................................................ 16
2 FISIOLOGIA DO ESTRESSE POR CALOR .................................... 17
3 AMBIENTE TÉRMICO DE PRODUÇÃO ......................................... 18
4 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DO AMBIENTE DE PRODUÇÃO ...... 19
5 REFERÊNCIAS ............................................................................... 22
CAPÍTULO 2 – RESPOSTAS FISIOLÓGICAS E PRODUTIVAS DE FRANGOS
DE CORTE NA FASE DE CRESCIMENTO EM INSTALAÇÕES AVÍCOLAS
COMERCIAIS CLIMATIZADAS ........................................................................ 26
RESUMO .......................................................................................................... 26
ABSTRACT ...................................................................................................... 27
1 INTRODUÇÃO ................................................................................ 28
2 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................ 29
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................... 33
4 CONCLUSÕES ............................................................................... 69
5 REFERÊNCIAS ............................................................................... 69
CAPÍTULO 3 – AMBIENTE TÉRMICO DE PRODUÇÃO DE FRANGOS DE
CORTE PARA AS ESTAÇÕES DO ANO EM GRANJAS AVÍCOLAS
COMERCIAIS ................................................................................................... 72
RESUMO .......................................................................................................... 72
ABSTRACT ...................................................................................................... 73
6 INTRODUÇÃO ................................................................................ 74
7 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................ 75
8 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................... 79
9 CONCLUSÃO .................................................................................. 98
10 REFERÊNCIAS ............................................................................... 98
CAPÍTULO 4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................... 102
viii
LISTA DE FIGURAS
CAPÍTULO 2
Figura 1 Esquema ilustrativo das seções predeterminadas, das posições
dos sensores de temperatura e umidade e das aves
selecionadas aleatoriamente para determinação das
temperaturas superficiais. .................................................................. 31
Figura 2 Barreiras físicas utilizadas para a delimitação das seções no
interior dos galpões. .......................................................................... 31
Figura 3 Gráficos Box-plot dos dados de temperaturas de bulbo seco
(tbsint, ºC) distribuídas nas seções, em função das idades de 23º
(A), 27º (B), 32º (C) e 36º (D) dias de vida dos frangos de corte
alojadas no galpão de machos (G1). ................................................. 35
Figura 4 Distribuição das (A) temperaturas de bulbo seco (tbsint, ºC) e (B)
umidade relativa (URint, %) no galpão com machos alojados (G1)
durante o período experimental. ........................................................ 36
Figura 5 Correlação dos resultados da análise das temperaturas das
superfícies corporais, massa corporal e frequência respiratória
com o ambiente de produção dos frangos de corte machos. ............ 37
Figura 6 ITGU observados e estimados pelos modelos, nas seções 1ª
(A); 2ª (B); 3ª (C); 4ª (D) e 5ª (E) no galpão com machos
alojados (G1), durante o período experimental. ................................ 39
Figura 7 Gráficos Box-plot dos valores de ITGU distribuídos nas seções,
em função das idades de 23º (A), 27º (B), 32º (C) e 36º dias (D)
de vida dos frangos de corte alojados no galpão de machos
(G1). .................................................................................................. 40
Figura 8 Temperaturas das superfícies corporais observadas e
simuladas pelo modelo, para frangos de corte machos na seção
‘1ª’ do galpão. .................................................................................... 41
Figura 9 Temperaturas das superfícies corporais observadas e
simuladas pelo modelo, para frangos de corte machos na seção
‘2ª’ do galpão. .................................................................................... 42
ix
Figura 10 Temperaturas das superfícies corporais observadas e
simuladas pelo modelo, para frangos de corte machos na seção
‘3ª’do galpão. ..................................................................................... 43
Figura 11 Temperaturas das superfícies corporais observadas e
simuladas pelo modelo, para frangos de corte machos na seção
‘4ª’ do galpão. .................................................................................... 44
Figura 12 Temperaturas das superfícies corporais observadas e
simuladas pelo modelo, para frangos de corte machos na seção
‘5ª’ do galpão. .................................................................................... 45
Figura 13 Massa corporal e frequência respiratória observadas e
simuladas pelos modelos, para frangos de corte machos na
seção ‘1ª’ (A), ‘2ª’ (B), ‘3ª’ (C), ‘4ª’ (D) e ‘5ª’ (E) do galpão. ............... 47
Figura 14. Superfície de resposta das massas corporais em função das
seções e ITGU observados para frangos de corte machos aos
23 (A), 27 (B), 32 (C) e 36 (D) dias de vida. ...................................... 50
Figura 15 Gráficos Box-plot dos dados de temperaturas de bulbo seco
(tbsint, ºC) distribuídas nas seções, em função das idades de 23º
(A), 27º (B), 32º (C) e 36º (D) dias de vida dos frangos de corte
alojadas no galpão de fêmeas (G2). .................................................. 53
Figura 16 Distribuição das (A) temperaturas de bulbo seco (tbsint, ºC) e
(B) umidade relativa (URint, %) no galpão com fêmeas alojadas
(G2) durante o período experimental. ................................................ 54
Figura 17 Correlação dos resultados da análise das temperaturas das
superfícies corporais, massa corporal e frequência respiratória
com o ambiente de produção dos frangos de corte fêmeas. ............. 55
Figura 18 ITGU observados e estimados pelos modelos, nas seções ‘1ª’
(A); ‘2ª’ (B); ‘3ª’ (C); ‘4ª’ (D) e ‘5ª (E) no galpão com fêmeas
alojadas (G2), durante o período experimental. ................................ 56
Figura 19 Gráficos Box-plot dos valores de ITGU distribuídos nas
seções, em função das idades de 23º (A), 27º (B), 32º (C) e 36º
dias (D) de vida dos frangos de corte alojados no galpão de
fêmeas (G1). ...................................................................................... 57
x
Figura 20 Temperaturas das superfícies corporais observadas e
simuladas pelo modelo, para frangos de corte fêmeas na seção
‘1ª’ do galpão. .................................................................................... 59
Figura 21 Temperaturas das superfícies corporais observadas e
simuladas pelo modelo, para frangos de corte fêmeas na seção
‘2ª’ do galpão. .................................................................................... 60
Figura 22 Temperaturas das superfícies corporais observadas e
simuladas pelo modelo, para frangos de corte fêmeas na seção
‘3ª’ do galpão. .................................................................................... 61
Figura 23 Temperaturas das superfícies corporais observadas e
simuladas pelo modelo, para frangos de corte fêmeas na seção
‘4ª’ do galpão. .................................................................................... 62
Figura 24 Temperaturas das superfícies corporais observadas e
simuladas pelo modelo, para frangos de corte fêmeas na seção
‘5ª’ do galpão. .................................................................................... 63
Figura 25 Massa corporal e frequência respiratória observadas e
simuladas pelos modelos, para frangos de corte fêmeas na
seção ‘1ª’ (A), ‘2ª’ (B), ‘3ª’ (C), ‘4ª’ (D) e ‘5ª (E) do galpão................. 64
Figura 26 Superfície de resposta das massas corporais em função das
seções e ITGU observados para frangos de corte fêmeas aos 23
(A), 27 (B), 32 (C) e 36 (D) dias de vida. ........................................... 68
CAPÍTULO 3
Figura 1 Cortina e vegetação circundante da instalação. .............................. 76
Figura 2 Sistema de ventilação em túnel e pressão negativa da
instalação para frangos de corte. ...................................................... 76
Figura 3 Esquema ilustrativo das seções predeterminadas e das
posições dos sensores de temperatura de bulbo seco e umidade
relativa do ar localizados ao longo do galpão. ................................... 77
Figura 4 Distribuição dos valores de ITUint e ITUext durante as estações
do ano e ao longo das seções predeterminadas, na fase inicial
de produção (mapa de contorno). ..................................................... 84
xi
Figura 5 Distribuição dos valores de tbsint e tbsext durante as estações do
ano e ao longo das seções predeterminadas, na fase inicial de
produção (mapa de contorno). .......................................................... 85
Figura 6 Distribuição dos valores de ITU durante o Outono, Inverno,
Primavera e Verão ao longo das instalações para frangos de
corte, na fase inicial de produção (mapas de contorno). ................... 86
Figura 7 Distribuição dos valores de ITUint e ITUext durante as estações
do ano e ao longo das seções predeterminadas, na fase final de
produção (mapa de contorno). .......................................................... 92
Figura 8 Distribuição dos valores de tbsint e tbsext durante as estações do
ano e ao longo das seções predeterminadas, na fase final de
produção (mapa de contorno). .......................................................... 93
Figura 9 Distribuição dos valores de ITUint durante o Verão, Primavera,
Outono e Inverno ao longo das instalações para frangos de
corte, na fase final de produção (mapa de contorno). ....................... 95
Figura 10 Normal dos resíduos de ITUint e equações de regressão
múltipla para inverno, outono, primavera e verão no interior dos
galpões. ............................................................................................. 97
xii
LISTA DE TABELAS
CAPÍTULO 2
Tabela 1 Estatística descritiva dos fatores do ambiente térmico para o
galpão 1, desvio padrão, valores médios, mínimos e máximos
encontrados. ...................................................................................... 34
Tabela 2 Resultados significativos do Teste de Correlação de Pearson
entre as variáveis ambientais e fisiológicas, para frangos de
corte machos. .................................................................................... 38
Tabela 3 Médias de massa corporal (MC,g), frequência respiratória,
(FR, resp.min-1), índice de temperatura de globo negro e
umidade (ITGU, adimensional) e temperatura média da pele
(TMP, ºC) para frangos de corte machos. ......................................... 48
Tabela 4. Estatística descritiva dos fatores do ambiente térmico para o
galpão 2, com fêmeas alojadas ......................................................... 52
Tabela 4 Resultados significativos do Teste de Correlação de Pearson
entre as variáveis ambientais e fisiológicas, para frangos de
corte fêmeas. ..................................................................................... 55
Tabela 5 Médias de massa corporal (MC,g), frequência respiratória,
(FR, resp.min-1), índice de temperatura de globo negro e
umidade (ITGU, adimensional) e temperatura média da pele
(TMP, ºC) para frangos de corte fêmeas. .......................................... 66
CAPÍTULO 3
Tabela 1 Médias das temperaturas de bulbo seco interna (tbsint, ºC) e
temperaturas de bulbo seco externa (tbsext, ºC) para frangos de
corte na fase inicial nas estações do ano .......................................... 80
Tabela 2 Médias da umidade relativa interna (URint, %) e umidade
relativa externa (URext, %) para frangos de corte na fase inicial
nas estações do ano.......................................................................... 81
Tabela 3 Médias do índice de temperatura e umidade interna (ITUint,
adimensional) e índice de temperatura e umidade externo
xiii
(ITUext, adimensional) para frangos de corte na fase inicial nas
estações do ano. ............................................................................... 82
Tabela 4 Médias das temperaturas de bulbo seco interna (tbsint, ºC) e
temperaturas de bulbo seco externa (tbsext, ºC) para frangos de
corte na fase final nas estações do ano. ........................................... 87
Tabela 5 Médias da umidade relativa interna (URint, %) e umidade
relativa externa (URext, %) para frangos de corte na fase inicial
nas estações do ano.......................................................................... 89
Tabela 6 Médias do índice de temperatura e umidade interna (ITUint,
adimensional) e índice de temperatura e umidade externo
(ITUext, adimensional) para frangos de corte na fase final nas
estações do ano. ............................................................................... 90
xiv
RESUMO
Foram conduzidos dois experimentos para avaliar as condições térmicas oferecidas à frangos de corte, alojados em dois galpões avícolas, localizados em Itaberaí, GO. No primeiro experimento, objetivou-se avaliar o efeito do ambiente térmico sobre as respostas fisiológicas e produtivas das aves, para tanto foram alojados frangos de corte machos e fêmeas nos galpões G1 e G2, respectivamente. Os galpões foram divididos internamente em seções, utilizando contenções para evitar que aves mudassem de seção. Em cada seção foram determinados os parâmetros: temperatura superficial corporal (crista, cabeça, pé, asa e dorso); massa corporal; frequência respiratória; temperatura e umidade relativa do ambiente interno e externo; e índice de temperatura de globo negro e umidade (ITGU) do ambiente interno. As avaliações foram realizadas nas idades de 23, 27, 32 e 36 dias de vida das aves. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado (DIC) em esquema de parcelas subdividas, sendo as seções as parcelas e as idades, subparcelas. Para caracterização do ambiente térmico foi utilizado analise descritiva. Realizou-se também a análise de componentes principais e calculou-se o coeficiente de correlação de Pearson (r) entre as variáveis ambientais e fisiológicas. Foram ajustadas equações múltiplas para as temperaturas das superfícies corporais das aves, massa corporal e frequência respiratória, em que estas variaram de acordo com as condições ambientais no interior e ao redor da instalação (ambiente externo). O ambiente térmico nas seções próximas as entradas de ar proporcionaram maior conforto térmico as aves, atuando sobre a frequência respiratória e massa corporal em frangos de corte machos e fêmeas. Desta forma, em regiões de clima quente, devem-se aprimorar o projeto das instalações e equacionar os manejos para superar os efeitos prejudiciais provenientes de alguns fatores ambientais críticos, propiciando ao animal ambiente confortável. No segundo experimento, estudou-se o efeito das estações do ano sobre o ambiente térmico. Foram analisados oito lotes de produção ao longo do ano. O ambiente interno e externo foi monitorado por meio de sensores/registradores que coletavam simultaneamente os dados de temperatura de bulbo seco (tbsint, ºC), temperatura do ponto de orvalho (tpo, ºC) e umidade relativa (URint, %). Os dados foram utilizados para calcular o índice de temperatura e umidade interno e externo (ITUint e ITUext, respectivamente). Para a análise estatística utilizou-se um delineamento em blocos inteiramente casualizados (DBC) com esquema em parcelas subsubdivididas, sendo cada galpão um bloco (G1 e G2), as parcelas as estações do ano (verão, outono, inverno e primavera), a subparcela representada pelas seções analisadas (inicio, terço-inicial, centro, terço-final, final) e a sub-subparcela representada pelos horários (10, 12, 14, 16 e 18h). Durante a primavera o valor de ITUext foi 15% menor que o valor do ITUint, na fase final este valor foi superior, chegando a 21%. As estações do ano que apresentaram as piores condições de produção para frangos de corte foram verão e primavera, com elevadas temperaturas, umidade relativa e ITU no ambiente interno. As seções mais próximas à entrada de ar apresentam as melhores condições de conforto, quando comparadas as demais, nos horários e estações avaliadas. PALAVRAS-CHAVE: estresse térmico, homeotermia, temperatura corporal,
termoneutralidade
xv
ABSTRACT
Two experiments were conducted to evaluate the thermal conditions offered to broilers, housed in two poultry houses, located in Itaberaí, GO. In the first experiment aimed to evaluate the effect of thermal environment on the physiological and productive in the shed that G1 and G2 were housed males and females, respectively. The sheds were internally divided into sections, using restraints to prevent birds change their section. In each section were determined the body surface temperature (crest, head, foot, wing and back), body weight, respiratory rate, temperature and relative humidity of the internal and external environment, and black globe temperature and humidity index (BGTI) of the internal environment. Evaluations were performed at ages 23, 27, 32 and 36 days old birds. The experimental was completely randomized design (CRD) in a subdivided parcel, being sections and ages the plots, subplots. To characterize the thermal environment was used descriptive analysis. We also conducted a principal components analysis and calculated the Pearson correlation coefficient (r) between environmental variables and physiological. Multiple equations were fitted to surface temperatures the bird body, body weight and a respiratory rate in these varied according to the environmental conditions in and around the facility (outdoor). The thermal environment in the sections near the vents provided greater thermal comfort birds, acting on the respiratory rate and body weight in broiler males and females. Thus, in warm climates, one must enhance the design of facilities and managements equate to overcome the harmful effects from some critical environmental factors, leading to the animal comfortable. In the second experiment, we studied the effect of the seasons on the thermal environment. Eight were analyzed production batches throughout the year. The internal and external environment was monitored by sensors / registrars who collected data simultaneously dry bulb temperature (tbsint, ºC), dew point temperature (tpo, ºC) and relative humidity (RHint, %). The data were used to calculate the temperature and humidity index inside and outside (THIint and THIext, respectively). For statistical analysis we used a completely randomized block design (RBD) with schema split plots, each shed a block (G1 and G2), plots the seasons (summer, autumn, winter and spring), the subplot represented by the sections analyzed (first, third-starter, center, third-final, final) and the sub-subplot represented by times (10, 12, 14, 16 and 18h). During the spring of THIext value was 15% less than the value of the THI, in the finals this value was higher, reaching 21%. The seasons that had the worst conditions of production of broilers were spring and summer, with high temperatures, humidity and THI in the indoor environment. The sections closest to the air intake featuring the best conditions of comfort, when compared to others at the times and seasons evaluated.
KEY-WORDS: thermal stress, homeothermy, body temperature,
thermoneutrality
CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS
1 INTRODUÇÃO
A produção de frangos de corte é uma das atividades agropecuárias de
maior destaque no cenário nacional e o país ocupa atualmente a terceira
posição em produção de carne (UBABEF, 2012). O crescimento populacional e
consequentemente, o aumento no consumo de alimentos, tem levado as
cadeias de produção a adotarem tecnologias que possibilitem atingir uma
máxima produtividade, reduzindo tempo e espaço.
Aspectos termodinâmicos do ar, referentes ao ambiente que envolve os
animais de produção, influenciam no conforto térmico, bem-estar e
produtividade e seu entendimento é fundamental para a utilização de
tecnologias que aumentem a eficiência do sistema produtivo. Desta forma, há
necessidade de ajustes no ambiente térmico, acústico, luminoso e na
adequação das instalações para que atuem em conjunto, a fim de obter
resultados que justifiquem os investimentos.
Considerando que as instalações avícolas brasileiras apresentam
temperaturas elevadas, principalmente no verão, as condições térmicas são
desfavoráveis às aves. As interações com o ambiente e as respostas
fisiológicas de adaptação e de tolerância, auxiliam na avaliação dos sistemas
de produção. Dentre os diversos sistemas de criação de frangos de corte no
Estado de Goiás, os mais utilizados são o sistema convencional e o sistema
em modo túnel negativo, que têm sido objeto de pesquisa sobre ambiente de
produção (DAMASCENO et al., 2010 e GOMES et al., 2011).
O clima é um dos principais fatores que afetam a produção animal,
sendo estratégico o seu conhecimento para o projeto de instalações e de
sistemas de arrefecimento e para o manejo dos animais. Assim, para que os
animais possam exprimir todo o seu potencial produtivo, torna-se necessário
considerar a interação entre genética, nutrição, sanidade e ambiente térmico
(OLIVEIRA et al., 2006).
Para obter informações sobre o ambiente térmico de produção, os
métodos não invasivos surgem como instrumentos para avaliação das
respostas dos animais ao ambiente, compreendendo assim as variáveis
17
térmicas: temperatura, umidade, radiação e velocidade do ar. Para frangos de
corte, as temperaturas corporais superficiais, frequência respiratória e suas
correlações surgem como informações importantes de monitoramento não
invasivo e podem ser utilizadas como resposta rápida ao ambiente.
As pesquisas em ambiência vêm se aprimorando a fim de se obter mais
subsídios científicos sobre ambientes que sejam apropriados às condições
ambientais de cada região durante todo o ano. Neste sentido, pretende-se com
este trabalho, caracterizar e avaliar o ambiente de produção de frangos de
corte em dois galpões avícolas climatizados, localizados no Noroeste do
Estado de Goiás, equipados com sistemas de ventilação em modo túnel e
nebulização.
2 FISIOLOGIA DO ESTRESSE POR CALOR
As aves, por serem animais homeotérmicos, necessitam manter a
temperatura interna do corpo em níveis relativamente constantes por meio de
mecanismos fisiológicos e comportamentais. Quando submetidas a altas
temperaturas, as aves apresentam maior dificuldade em manter sua
temperatura corporal, pois não possuem glândulas sudoríparas e a camada
isolante da cobertura de penas dificulta a troca de calor com o meio (WELKER
et al., 2008).
Em altas temperaturas, as aves afastam as asas do corpo e as penas
são eriçadas para permitir o resfriamento corporal. Internamente, a corrente
sanguínea é desviada de órgãos como fígado, rins e intestinos para regiões
periféricas do corpo, permitindo melhor troca de calor. A perda de calor
sensível (gradiente de temperatura) pode também ocorrer com o aumento da
produção de urina, se essa perda de água for compensada pelo maior
consumo de água fria (BORGES et al., 2003).
LIN et al. (2006) observaram que além das reações comportamentais, há
um aumento significativo da temperatura retal, da temperatura da plumagem
nas costas e da pele do peito em frangos com quatro semanas de idade
expostos a temperaturas acima de 35°C. Perdas significativas de calor são
alcançadas com o aumento da frequência respiratória (hiperventilação). No
18
entanto, exige esforço da musculatura, resultando em um maior aporte de
energia e geração de calor (YAHAV et al., 2005).
O corpo do frango produz calor sensível e latente de um modo contínuo,
como consequência de um metabolismo ativo que varia segundo as diferentes
condições fisiológicas: movimento, repouso, alimentação, digestão, produção
de ovos, atividade reprodutora, entre outros. A temperatura normal do corpo se
mantém por meio de um mecanismo hipotalâmico que regula a perda e
conservação de calor. A maior parte do calor é perdida por radiação, condução
e convecção a partir da superfície corporal, mas quando esses mecanismos
não são suficientes, ocorre aumento no ritmo respiratório e consequentemente,
perda de calor latente (RESTELATTO et al., 2008).
Portanto, o período de exposição às condições de altas temperaturas e
umidade, influenciam negativamente os parâmetros fisiológicos e as
características de carcaça nos frangos de corte, comprovando o efeito do
estresse térmico no metabolismo e no equilíbrio térmico corporal (SILVA et al.,
2007).
3 AMBIENTE TÉRMICO DE PRODUÇÃO
O ambiente térmico envolve os efeitos da radiação, temperatura (tbs),
umidade relativa (UR) e velocidade do ar (v), sendo a combinação tbs - UR o
principal condicionante para o conforto térmico, não havendo dispêndio de
energia para dissipação ou produção de calor, o animal mantém praticamente
constante a temperatura corporal, com o mínimo de esforço dos mecanismos
termorregulátorios, assim o desempenho do animal em qualquer atividade é
otimizado (BAÊTA e SOUZA, 2010).
O ambiente térmico influencia o desempenho zootécnico, sendo um dos
principais responsáveis pelas perdas produtivas nas regiões de climas
tropicais, que são potencialmente de elevada magnitude, pois abrangem
perdas diretas e indiretas (SALGADO & NÄÄS, 2010). Assim, nos climas
tropical e subtropical, é indispensável o estudo das características ambientais
sobre os animais de produção (WELKER et al., 2008).
A suscetibilidade das aves ao estresse calórico aumenta à medida que a
umidade relativa e a temperatura ambiente ultrapassam os limites de conforto
19
térmico, dificultando a dissipação do excesso de calor e incrementando, como
consequência, a temperatura corporal da ave (BORGES et al., 2003).
Se o conforto térmico não é atingido e a ave é exposta ao estresse por
calor, situação frequente em boa parte do ano, principalmente no verão,
ocorrerá redução no consumo de ração e no ganho de peso, além de levar a
piores valores de conversão alimentar e maior mortalidade, tornando
necessário o desvio de energia da produção para promover a perda de calor
(DOZIER III et al., 2006; LU et al., 2007).
As características climáticas das regiões do Brasil apresentam influencia
direta sobre o microclima das instalações zootécnicas. Em Goiás, Estado com
tipologia climática tropical de verões chuvosos e invernos secos, apresenta no
mês mais frio temperatura média superior a 18 ºC (TORRES & MACHADO,
2011). Desta forma, o conhecimento do microclima de galpões permite avaliar
o efeito dos atributos como temperatura, umidade relativa, luminosidade e
ventilação natural e artificial sobre o comportamento, bem-estar e produtividade
dos animais confinados (FARIA et al., 2008).
Nesse sentido, é importante considerar a temperatura ambiente como
um dos principais elementos climáticos, não só por causa do efeito direto sobre
a intensidade das trocas térmicas corporais como indiretamente, pela influência
que exerce sobre os demais componentes do bioclima (BRÊTAS et al., 2011).
4 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DO AMBIENTE DE PRODUÇÃO
É importante destacar que o uso isolado de indicadores ambientais
como a temperatura do ar para acionar equipamentos de climatização, acarreta
quase sempre em desperdício de energia elétrica e metabólica. Neste sentido,
diversos pesquisadores têm usado parâmetros inerentes às aves, como índices
de conforto e de produtividade, para a estimativa do conforto e bem estar
(PEREIRA et al., 2008; PEREIRA et al., 2011; NASCIMENTO et al., 2011a).
De acordo com OLIVEIRA et al. (2006), na tentativa de estabelecer
critérios para a classificação dos ambientes, foram desenvolvidos diversos
índices de conforto térmico que visam englobar, em um único parâmetro, o
efeito conjunto dos elementos meteorológicos e do ambiente construído sobre
o indivíduo estudado, homem ou animal. Exemplos de índices térmicos
20
desenvolvidos para animais são: índice de temperatura e umidade - ITU
(THOM, 1959), índice de temperatura do globo negro e umidade - ITGU
(BUFFINGTON et al., 1981), índice de desconforto térmico - IDT (YANAGI
JÚNIOR et al., 2001), índice de temperatura, umidade e velocidade do ar -
ITUV (TAO e XIN, 2003).
O Índice de Temperatura e Umidade (ITU), desenvolvido por THOM
(1959), se destaca por englobar apenas os efeitos da temperatura e umidade
relativa do ar. Assim, o ITU tem sido usado como forma de avaliar a condição
de conforto de animais criados em ambientes protegidos ou não, alertando os
produtores quanto às condições climáticas desfavoráveis ou que tragam risco
aos animais. Apesar de não englobar outras variáveis importantes na
quantificação do ambiente térmico, tais como radiação solar e velocidade do
vento, este índice é amplamente usado por envolver apenas informações
meteorológicas normalmente disponíveis em estações meteorológicas e em
outros bancos de dados obtidos a partir de imagens de satélite (SOUZA et al.,
2010).
5,41t.36,0t ITUpobs [1]
em que,
tbs - temperatura de bulbo seco (°C), e
tpo - temperatura do ponto de orvalho (°C).
BUFFINGTON et al. (1981) desenvolveram o índice de globo negro e
umidade, o ITGU.
41,5 0,36.t t ITGUpogn [2]
em que
tgn = temperatura de globo negro (ºC)
A temperatura de globo negro é uma maneira de se indicar os efeitos
combinados de radiação, convecção e sua influência no organismo vivo (BOND
e KELLY, 1955).
Em ambientes considerados frios, ITGU < 69, verificou-se redução de
14% no ganho de peso diário em frangos de corte e aumento de 12,1% da
mortalidade, além de alterações consideráveis nos parâmetros fisiológicos. Em
ambientes considerados confortáveis, ITGU de 69 a 77, as aves mantiveram-se
bastante tranquilas com frequência respiratória (FR) considerada normal. Nos
ambientes considerados quentes, ITGU > 77, apesar de não haver mortalidade,
21
observou-se redução de 67% no ganho de peso diário (MEDEIROS et al.,
2005).
Os índices destinados à classificação dos ambientes envolvem efeitos
dos elementos climáticos em um único valor e a utilização desses índices
bioclimáticos permite uma avaliação mais precisa da situação ambiental na
produção animal.
Além do uso de índices bioclimáticos, a utilização de ferramentas
computacionais auxilia no processo de caracterização dos ambientes de
produção. O desenvolvimento de modelos matemáticos, a aplicação de
simulações computacionais, o uso de equipamentos para monitoramento do
ambiente e animal e o uso da geoestatística permitem reduzir o tempo, os
custos de desenvolvimento e adaptação de projetos. Nesse contexto, diversos
modelos têm sido propostos para solucionar problemas de campo e para
facilitar o entendimento de diversos processos físicos, como por exemplo,
modelos para predizer a transferência de calor entre o animal e o ambiente que
o circunda (AERTS & BERCKMANS, 2004) e modelos de predição de índices
bioclimáticos (MEDEIROS et al., 2005; GOMES et al., 2011), dentre outros.
SILVA et al. (2009) desenvolveram um modelo matemático empírico
para estimar a área superficial (As) de frangos de corte utilizando a sub-rotina
PROC REG do SAS (SAS, 2001). GOMES et al. (2011) utilizaram a análise de
regressão múltipla para ajustar equações de temperaturas das regiões de um
galpão climatizado. NÄÄS et al. (2008) utilizaram análise multivariada para
identificar como as variáveis ambientais nas incubadoras influenciavam a
eclodibilidade.
A espacialização das variáveis do ambiente térmico é uma ferramenta
que possibilita entender a relação existente entre estes fatores do ambiente
produtivo e sua variação espacial (MIRAGLIOTTA et al. 2006). Algumas
pesquisas têm utilizado a geostatística como metodologia para avaliar
condições de transporte de frangos de corte para o abate (BARBOSA FILHO et
al., 2009) e avaliações do ambiente produtivo (DAMASCENO et al., 2010).
CARVALHO et al. (2011) avaliaram as condições iniciais de alojamento de
aves utilizando a geoestatística, auxiliando na identificação de pontos críticos
no controle dos ambientes.
PEREIRA et al. (2010) e VALE et al. (2010) desenvolveram modelos de
previsão de mortalidade de poedeiras e frangos de corte, respectivamente,
22
utilizando datamining - técnica de mineração dos dados, utilizado para extração
de conhecimento de uma grande base de dados – a partir de dados do
ambiente externo dos galpões de produção. PERISSINOTTO & MOURA (2009)
utilizaram esta mesma ferramenta para modelar e avaliar o impacto do estresse
térmico em vacas leiteiras.
A lógica fuzzy – ferramenta linguística de suporte a decisão – foi
utilizada por PEREIRA et al. (2008) e NASCIMENTO et al. (2011a) no
desenvolvimento de modelos matemático-computacionais para estimar o bem
estar de frangos de corte. NASCIMENTO et al. (2011b) utilizaram as
temperaturas superficiais das penas e da pele das aves para fazer a estimativa
do conforto térmico. Para medir as temperaturas de superfície das áreas
cobertas com penas (CP) e sem penas (SP) das aves e também utilizaram uma
câmera termográfica.
Além destas ferramentas apresentadas, outras podem ser utilizadas
para realizar o monitoramento do ambiente de produção e simular possíveis
situações críticas, auxiliando o produtor nas tomadas de decisões. Desta
forma, inúmeras pesquisas buscam conhecer melhor os efeitos do ambiente no
desempenho das aves, isolada e conjuntamente, para que a produtividade seja
maximizada.
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26
CAPÍTULO 2 – RESPOSTAS FISIOLÓGICAS E PRODUTIVAS DE FRANGOS
DE CORTE NA FASE DE CRESCIMENTO EM INSTALAÇÕES AVÍCOLAS
COMERCIAIS CLIMATIZADAS
RESUMO
Objetivou-se avaliar o efeito do ambiente térmico sobre as respostas fisiológicas e produtivas em dois galpões avícolas climatizados (G1 e G2), localizados no município de Itaberaí – GO, em que no galpão G1 e G2 foram alojados machos e fêmeas, respectivamente. Os galpões foram divididos internamente em seções, utilizando contenções para evitar que aves mudassem de seção. Em cada seção foram determinados os parâmetros: temperatura superficial corporal (crista, cabeça, pé, asa e dorso); massa corporal; frequência respiratória; temperatura e umidade relativa do ambiente interno e externo; e índice de temperatura de globo negro e umidade (ITGU) do ambiente interno. As avaliações foram realizadas nas idades de 23, 27, 32 e 36 dias de vida das aves. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado (DIC) em esquema de parcelas subdividas, sendo as seções as parcelas e as idades, subparcelas. Para caracterização do ambiente térmico foi utilizado analise descritiva. Realizou-se também a análise de componentes principais e calculou-se o coeficiente de correlação de Pearson (r) entre as variáveis ambientais e fisiológicas. Foram ajustadas equações múltiplas para as temperaturas das superfícies corporais das aves, massa corporal e frequência respiratória, em que estas variaram de acordo com as condições ambientais no interior e ao redor da instalação (ambiente externo). O ambiente térmico nas seções próximas as entradas de ar proporcionaram maior conforto térmico as aves, atuando sobre a frequência respiratória e massa corporal em frangos de corte machos e fêmeas. Desta forma, em regiões de clima quente, devem-se aprimorar o projeto das instalações e equacionar os manejos para superar os efeitos prejudiciais provenientes de alguns fatores ambientais críticos, propiciando ao animal ambiente confortável.
PALAVRAS-CHAVE: frequência respiratória, massa corporal, temperatura corporal
27
CHAPTER 2 – SURFACE TEMPERATURE, RESPIRATORY RATE, WEIGHT
AND THERMAL COMFORT OF INSTALLATIONS IN BROILER POULTRY
BUSINESS ACCLIMATIZED
ABSTRACT
This study aimed to evaluate the effect of thermal environment on the physiological and productive in two acclimatized broiler houses (G1 and G2), located in the municipality of Itaberaí - GO, where the shed G1 and G2 were housed males and females, respectively. The sheds were internally divided into sections, using restraints to prevent birds change their section. In each section were determined the body surface temperature (crest, head, foot, wing and back), body weight, respiratory rate, temperature and relative humidity of the internal and external environment, and black globe temperature and humidity index (BGHI) of the internal environment. Evaluations were performed at ages 23, 27, 32 and 36 days old birds. The experimental was completely randomized design (CRD) in a subdivided parcel, being sections and ages the plots, subplots. To characterize the thermal environment was used descriptive analysis. We also conducted a principal components analysis and Pearson’s linear correlation (r) tests between environmental variables and physiological. Multiple equations were fitted to surface temperatures the bird body, body weight and a respiratory rate in these varied according to the environmental conditions in and around the facility (outdoor). The thermal environment in the sections near the vents provided greater thermal comfort birds, acting on the respiratory rate and body weight in broiler males and females. Thus, in warm climates, one must enhance the design of facilities and managements equate to overcome the harmful effects from some critical environmental factors, leading to the animal comfortable.
KEY-WORDS: respiratory rate, body mass, body temperature
28
1 INTRODUÇÃO
Na produção avícola intensiva, objetiva-se alcançar condições ideais no
ambiente interno para que os frangos de corte estejam na zona de conforto
térmico, que pode ser indicada como sendo a faixa de temperatura ambiente
em que a taxa metabólica é mínima e a homeotermia é mantida com menor
gasto energético (CURTO et al., 2007).
O conforto térmico para frangos de corte ocorre quando as variáveis
ambientais (temperatura de bulbo seco, umidade relativa, radiação, velocidade
do ar e outros) proporcionam condições ótimas de produção, sem que haja
dispêndio de energia metabólica para a produção ou dissipação de calor. A
sensação de conforto também depende do tipo de alimentação, linhagem,
ambiência e da fase de produção.
Um dos importantes limitadores de produção é a temperatura ambiente e
deve ser fornecida em função da idade das aves. Nos primeiros dias, é
imprescindível uma fonte de calor, que consiga manter a temperatura do
ambiente em torno de 32 ºC. Com a idade essa necessidade vai diminuindo e à
medida que o frango vai crescendo essa temperatura reduz, em média, 3 ºC
por semana (RESTELATTO et al., 2008). Desta forma, nas regiões com clima
tropical e subtropical, onde as temperaturas, em grande parte do ano,
alcançam altos valores, é indispensável o estudo das características
ambientais da região (WELKER et al., 2008).
Os frangos de corte, desprovidos de glândulas sudoríparas, não têm a
capacidade de transpirar; liberam o excesso de calor pela respiração e pelas
superfícies desprovidas de penas como cristas, barbelas e área sobre as asas
(CARR & CARTER, 1985). CANGAR et al. (2008) consideram que o estudo da
temperatura superficial das aves auxilia no entendimento da transferência de
calor para o ambiente, sendo um dos principais parâmetros para se ter
eficiência no controle climático, eficiência no uso de energia e melhor projeto
de alojamento de frangos de corte.
Em situações de estresse térmico ocorre também aumento da
frequência respiratória, com consequente efeito no metabolismo, para estimular
a perda evaporativa de calor (ofegação) e para manter o equilíbrio térmico
corporal (MACARI et al., 2004).
29
Outro método de avaliação indireta e relativamente prática são os
índices de conforto térmico, que podem ser utilizados para quantificar e
qualificar o ambiente em que o animal está inserido e estão relacionados às
respostas fisiológicas e desempenho produtivo das aves (DAMASCENO et al.,
2010). Os índices de conforto térmico são indicadores de estresse, sendo o
índice de temperatura de globo negro e umidade (ITGU), desenvolvido por
BUFFINGTON et al. (1981) considerado o mais preciso, pois incorpora em um
único valor, os valores de temperatura de bulbo seco (tbs), umidade relativa
(UR), velocidade do ar (v) e radiação solar na forma da temperatura de globo
negro (tgn), podendo ser calculado de acordo com a equação 1, onde tpo é a
temperatura de ponto de orvalho.
ITGU = tgn + 0,36.tpo + 41,5 [1]
Neste contexto, o conhecimento do ambiente térmico, acústico e de
iluminação no interior do galpão é de suma importância para que os frangos de
corte atinjam todo o seu potencial produtivo (YANAGI JÚNIOR et al., 2011).
Desta forma, objetivou-se com este trabalho registrar perfis das temperaturas
superficiais; massa corporal e conforto térmico através do índice de
temperatura de globo negro e umidade (ITGU) de frangos de corte, machos e
fêmeas, em galpões comerciais climatizados e a influência do ambiente de
produção sobre os parâmetros fisiológicos.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado no Município de Itaberaí – GO, Zona Rural
(16º01’ S de latitude, 49º48’ W de longitude, 722 m de altitude e pressão
atmosférica de 929 hPa), em dois galpões comerciais climatizados para
produção de frangos de corte, entre os dias 5 a 18 de fevereiro de 2010.
Galpões
Os galpões estavam equipados com sistema de ventilação em modo
túnel, pressão negativa e nebulização que era composto por 164 bicos
30
nebulizadores dispostos em 16 linhas transversais, distribuídas ao longo do
galpão. O sistema de ventilação contava com sete exaustores. Os exaustores
eram ligados em grupos, sendo dois grupos de dois exaustores e um grupo
com três. Os exaustores succionavam o ar externo, forçando-o a passar por
aberturas laterais, localizadas no inicio do galpão.
O acionamento do sistema de climatização era definido pela
temperatura, que era registrada por um sensor posicionado no centro do
galpão. O painel de controle era programado de acordo com a idade do lote,
tendo como referencia a temperatura do ar. Em função das temperaturas
registradas pelo sensor, o sistema era programado para que ao atingir a
temperatura limite, o primeiro grupo de exaustores fosse acionado, não sendo
suficiente, acionavam-se os demais. Caso a temperatura permanecesse acima
do limite, o sistema de nebulização era então ligado, sendo o tempo definido no
painel de controle. No período noturno apenas o sistema de ventilação mínima
(ventilação higiênica) era ativado, onde um grupo de exaustores funcionava a
fim de eliminar o excesso de poeira e amônia.
As dimensões dos galpões eram de 12,0 x 125,0 x 2,5 m (largura x
comprimento x pé-direito, Figura 1). Cobertura com telhas de cimento amianto
(espessura 4 mm), muretas laterais de 0,45 m de altura, piso de concreto,
cama de palha de arroz reutilizada, tela de arame para fechamento lateral de
malha de 0,03 m, cortinas laterais de cor azul, forro amarelo Durante a fase
experimental, as aves tiveram acesso ad libitum à água, por meio de 4 linhas
de bebedouros tipo nipple, com cerca de 11 aves por bebedouro, e à ração por
meio de 3 linhas de comedouros automáticos, sendo cerca de 43 aves por
comedouro. Orientação no sentido leste-oeste e presença de vegetação
circundante.
31
Entradas de ar Exaustores
25 25 25 25 25125
12
Sensores
- Aves escolhidas aleatoriamente
1 2 5 - Seções: Inicio, Terço inicial, Centro, Terço final e Final, respectivamente3 4
1 2 3 4 5
Figura 1 Esquema ilustrativo das seções predeterminadas, das posições dos
sensores de temperatura e umidade e das aves selecionadas aleatoriamente para determinação das temperaturas superficiais.
Foram alojados no Galpão 1 (G1) frangos de corte machos e Galpão 2
(G2) frangos de corte fêmeas, totalizando 21.000 aves em cada galpão, ambos
da linhagem Cobb.
Os galpões foram analisados separadamente e subdivididos em seções.
Para delimitar as seções utilizaram-se divisórias, confeccionadas com canos de
PVC e tela plástica perfurada (Figura 2), com altura de 0,60m, dispostas na
largura do galpão. Foram definidas cinco seções, equidistantes 25m no sentido
longitudinal do galpão e denominadas: 1ª, 2ª, 3ª, 4ª e 5ª.
Figura 2 Barreiras físicas utilizadas para a delimitação das seções no interior
dos galpões.
Medição e instrumentação
Para caracterizar o ambiente térmico interno, foram tomadas medidas de
temperatura de bulbo seco (tbsint), temperatura de ponto de orvalho (tpoint),
umidade relativa (URint) e temperatura de globo negro (tgnint), sendo as três
primeiras variáveis medidas por sensores/registradores (precisão ± 3 %),
programados para coletar os dados em intervalos de 1 minuto. A tgnint foi
32
medida por meio de termômetros de vidro, instalados no interior de globos
negros de plástico, pintado de preto fosco, confeccionados a partir do modelo
padrão de globo negro. Os sensores/registradores foram instalados no centro
das seções a uma altura de 0,3m, a fim de efetuar as leituras nos mesmos
horários de coleta das variáveis fisiológicas e temperaturas superficiais das
aves.
O ambiente térmico externo foi caracterizado a partir de medidas de
temperatura de bulbo seco (tbsext), temperatura de ponto de orvalho (tpoext) e
umidade relativa (URext) . Foram medidas por meio de um sensor/registrador
(precisão ± 3 %), programado para coletar os dados em intervalos de 1 minuto.
O sensor/registrador foi instalado entre os dois galpões a uma altura de ± 0,3m.
Foram retiradas cinco aves por seção em cada dia de coleta para:
determinação da massa corporal (MC, g) utilizando uma balança digital de
precisão (± 20g); mensuradas as temperaturas das superfícies das aves: crista
(tcrista, ºC), dorso (tdorso, ºC), asa (tasa, ºC), cabeça (tcab, ºC) e pé (tpé, ºC), foram
realizadas a partir de um termômetro infravermelho com regulagem de
emissividade (precisão ± 1%); a avaliação da frequência respiratória (FR,
resp.min-1) foi determinada por meio da contagem das movimentações do
flanco com o auxílio de um cronômetro, monitorada por 15 segundos e o valor
encontrado, extrapolado posteriormente, para um minuto.
As temperaturas das superfícies das aves foram utilizadas para realizar
o cálculo da temperatura média da pele (TMP, ºC), calculada de acordo com a
equação 1, proposta por RICHARDS (1971):
pécabasadorsocrista
t0,09t0,06t0,12t0,70t0,03 TMP [1]
As coletas de dados foram realizadas nas idades de 23, 27, 32 e 36 dias
de vida das aves, entre as 7h às 11h, sendo a sequência de coleta
aleatorizada, tanto para as seções quanto para os galpões.
O ambiente térmico foi analisado de forma descritiva, utilizando-se
gráficos Box-plot dos valores observados de temperatura de bulbo seco interno
e externo durante período experimental. Também foram utilizadas medidas de
posição e dispersão, como média, máximo, mínimo e desvio padrão para
complementar as informações obtidas.
33
As respostas fisiológicas foram avaliadas utilizando-se a análise de
variância e, em função dos resultados dos testes F, foram realizadas análises
de regressão e aplicado o teste Tukey, quando necessários. O delineamento
experimental utilizado para análise das temperaturas das superfícies das aves,
massa corporal, frequência respiratória e índice de temperatura de globo negro
e umidade (ITGU) foi o inteiramente casualizado (DIC) em esquema de
parcelas subdividas, sendo as seções as parcelas e as idades, subparcelas.
Para as análises de variância, teste de médias e regressão foi utilizado o
software SISVAR (FERREIRA, 2011).
Os resultados das análises foram divididas em galpões de machos (G1)
e fêmeas (G2), além da análise do ambiente de produção. Foi realizada análise
de componentes principais utilizando o software MINITAB. Esta análise
permitiu a quantificação do efeito de cada variável ambiental nas equações das
estimativas das temperaturas das superfícies das aves, destacando assim, as
de maior importância. Calculou-se também o coeficiente de correlação de
Pearson (r) entre as variáveis ambientais e fisiológicas.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 Análise do Galpão 1 (machos)
Caracterização do ambiente térmico de produção
Durante os dias de coleta dos dados, avaliou-se o ambiente de produção
a partir dos dados de temperatura de bulbo seco (tbsint e tbsext) e umidade
relativa (URint e URext), internas e externas, respectivamente, durante os dias
de avaliação (23º, 27º, 32º e 36º dia de vida das aves) com o objetivo de
verificar a eficiência do sistema de climatização neste período.
No galpão (G1), por meio da Tabela 1, observou-se que nas idades
avaliadas, as variáveis temperatura e umidade, interna e externa,
apresentaram valores próximos, principalmente nos primeiros dias de
avaliação. Apesar do sistema de climatização, nesta fase, ter sido pouco
utilizado nos galpões, percebe-se que as temperaturas encontradas estão fora
34
do recomendado pelo manual da linhagem (COBB, 2008), as temperaturas
ideais para esta fase de produção de 24 a 26ºC aos 23 dias e de 21 a 23ºC aos
27. Nas demais idades, aos 32º e aos 36º dia, a temperatura externa
apresentou valores inferiores aos da temperatura interna, demonstrando que o
sistema de climatização não estava sendo eficiente quanto ao arrefecimento do
ambiente interno.
A umidade relativa interna média (Tabela 1) apresentou valores
próximos ao recomendado por COBB (2008), que na idade de 23 e 27 dias
deve estar entre 50% a 65% e de 50% a 70% nas demais idades. A umidade
relativa externa, no entanto, apresentou valores elevados, principalmente aos
32º e 36º dias, o que explica as baixas temperaturas encontradas no ambiente
externo.
Tabela 1 Estatística descritiva dos fatores do ambiente térmico para o galpão 1, desvio padrão, valores médios, mínimos e máximos encontrados.
Variável Desvio Padrão
Média Mínimo Máximo
tbsint23 1,58 30,36 27,80 32,30 tbsext23 2,15 31,23 27,10 33,70 URint23 9,93 68,50 53,60 83,20 URext23 6,41 52,29 44,20 63,60
tbsint27 0,96 28,22 27,00 29,70 tbsext27 0,35 27,10 26,40 27,50 URint27 3,61 72,20 67,30 79,40 URext27 1,59 68,12 65,80 71,80
tbsint32 0,31 25,78 25,50 26,40 tbsext32 1,38 23,71 21,40 25,40 URint32 1,36 74,42 72,40 76,20 URext32 4,20 87,15 82,50 93,30
tbsint36 0,22 27,58 27,40 28,00 tbsext36 0,42 21,73 21,20 22,50 URint36 0,89 70,96 69,40 71,80 URext36 0,40 91,90 91,20 92,50
Para comparação visual das distribuições das temperaturas de bulbo
seco (tbsint, ºC) nas seções durante o período experimental, estão apresentados
os gráficos Box-plot (Figura 3). Nos gráficos, as linhas pontilhadas na horizontal
na cor preta expressa os valores mínimos e máximos da temperatura externa.
A linha pontilhada na cor vermelha representa o intervalo de temperatura ideal
35
recomendado pelo manual da linhagem (COBB, 2008) para cada idade de
produção.
Nos gráficos a menor dispersão dos dados é explicada pelo reduzido
intervalo de coleta dos dados, sendo 5 repetições para cada temperatura nas
seções, sendo estas temperaturas coletadas durante o período de coleta dos
dados fisiológicos.
Por meio da Figura 3A, 23º dia, é possível observar que as temperaturas
coletadas nas seções encontram-se dentro dos limites inferior e superior de
temperatura do ambiente externo, no entanto, todos os valores estão fora do
recomendado por COBB (2008). Na Figura 3B, 27º dia, apenas as duas últimas
seções, terço final e final, encontram-se no intervalo de temperatura externa,
mas, assim como nas demais idades, não apresentam temperaturas ideais nas
seções avaliadas. Nas Figuras 3C e 3D, 32º e 36º dia, respectivamente, todos
os valores de temperatura estão fora do intervalo de temperatura externa.
t bsin
t (ºC
)
A
5ª4ª3ª2ª1ª
32
30
28
26
2424
26
B
5ª4ª3ª2ª1ª
30
28
26
24
22
20
21
23
C
5ª4ª3ª2ª1ª
26
25
24
23
22
21
20
1919
21
D
5ª4ª3ª2ª1ª
28
26
24
22
20
18
19
21
Seção Figura 3 Gráficos Box-plot dos dados de temperaturas de bulbo seco (tbsint, ºC)
distribuídas nas seções, em função das idades de 23º (A), 27º (B), 32º (C) e 36º (D) dias de vida dos frangos de corte alojadas no galpão de machos (G1).
36
Além da percepção da ineficiência do sistema de climatização, é
possível observar a distribuição heterogênea das temperaturas ao longo do
galpão. As mesmas respostas foram observadas por DAMASCENO et al.
(2010), a utilização do sistema de resfriamento evaporativo nos galpões, não
garantiu condições de conforto ideais aos frangos de corte.
A Figura 4 ilustra a distribuição das médias das temperaturas de bulbo
seco (tbsint, ºC) e umidade relativa (URint, %) internas no G1 durante o período
experimental. Observa-se a redução da tbsint ao longo do período experimental,
este fato deve-se as necessidades de ajuste térmico para que os frangos de
corte possam expressar todo o potencial de produção. A URint manteve-se, em
grande parte, acima de 70%, o que para MEDEIROS et al. (2005) e COBB
(2008) seria considerado desconforto térmico, sendo que a capacidade dos
frangos de corte em suportar o calor é inversamente proporcional ao teor de
umidade relativa do ar, comprometendo seu desempenho (OLIVEIRA et al.,
2006).
Ida
de
A
1ª 2ª 3ª 4ª 5ª
24
26
28
30
32
34
36
B
1ª 2ª 3ª 4ª 5ª
24
26
28
30
32
34
36
Seção
Figura 4 Distribuição das (A) temperaturas de bulbo seco (tbsint, ºC) e (B) umidade relativa (URint, %) no galpão com machos alojados (G1) durante o período experimental.
37
Ambiente de produção x respostas fisiológicas
Após a análise de componentes principais foram gerados os gráficos
que estão apresentados na Figura 5. A partir dos gráficos, é possível observar
que para os frangos de corte machos, observa-se forte correlação positiva
entre a massa corporal e a umidade relativa do ambiente externo (URext).
Observa-se também a relação positiva entre a temperatura média da pele
(TMP) e a temperatura de bulbo seco (tbsint) no interior do galpão, ambas estão
correlacionadas negativamente com a umidade relativa (URint) no ambiente
interno.
Primeira componente
Segunda c
om
ponente
1.00.50.0-0.5-1.0
0.50
0.25
0.00
-0.25
-0.50
-0.75UR
URext
tbsext
tbs
ITGUFR
TMPMassa corporal
Figura 5 Correlação dos resultados da análise das temperaturas das superfícies corporais, massa corporal e frequência respiratória com o ambiente de produção dos frangos de corte machos.
A frequência respiratória (FR), índice de temperatura de globo negro e
umidade (ITGU) e a temperatura de bulbo seco do ambiente externo (tbsext)
apresentam forte correlação positiva. Entretanto, estas variáveis apresentam
forte correlação negativa com a MC e URext, desta forma, estima-se um
aumento da MC dos frangos de corte machos com a redução da FR, ITGU e
tbsext, condições estas que caracterizam ambiente de conforto,
consequentemente, permitindo a este animal desempenhar sua máxima
produtividade.
38
Os resultados dos testes de correlação de Pearson (P-valor < 0,05)
estão apresentados na Tabela 2. É possível observar que a idade dos frangos
mostra-se correlacionada positivamente com a massa corporal (MC) e a
umidade relativa do ambiente externo (URext) e correlacionada negativamente
com a temperatura de bulbo seco externa (tbsext) e o índice de temperatura de
globo negro e umidade (ITGU), ratificando a influencia do ambiente externo
sobre o ambiente de produção, principalmente pelo fato do sistema de
climatização do galpão utilizar as variáveis externas (tbsext e URext) diretamente
sobre o ambiente interno, sem nenhum tipo de resfriamento do ar que é
succionado pelos exaustores para o interior do galpão.
Tabela 2 Resultados significativos do Teste de Correlação de Pearson entre as variáveis ambientais e fisiológicas, para frangos de corte machos.
Idade MC TMP FR tbsext URext tbs UR ITGU
Idade 1,000
MC 0,941 1,000
TMP -0,455 -0,374 1,000
FR -0,754 -0,724 0,409 1,000
tbsext -0,931 -0,879 0,490 0,826 1,000
URext 0,953 0,894 -0,523 -0,806 -0,985 1,000
tbs -0,652 -0,581 0,546 0,682 0,779 -0,803 1,000
UR 0,193 0,180 -0,375 -0,405 -0,392 0,363 -0,660 1,000
ITGU -0,841 -0,781 0,536 0,727 0,876 -0,887 0,808 -0,353 1,000
Os valores de massa corporal (MC) mostraram-se correlacionados
negativamente com a tbsext e positivamente com a URext. Houve forte correlação
negativa com a frequência respiratória (FR) e ITGU. Evidenciando que para
frangos com menor FR e em ambientes com menores valores de ITGU, há uma
maior probabilidade da MC ser superior.
Realizou-se então a análise de regressão linear múltipla para determinar
as equações de estimativa dos valores de ITGU nas seções avaliadas. As
equações para cada seção e seus respectivos coeficientes de determinação da
regressão (R2) encontram-se nos gráficos da Figura 6.
As equações ajustadas apresentaram coeficiente linear e angular
significativos (P<0,05). A seção ‘4ª’ (Figura 6D) apresentou o melhor ajuste,
com R² próximo de 1, tendo em sua equação a influência da temperatura de
bulbo seco interna (tbsint) e umidade relativa externa (URext).
39
ITG
U e
stim
ad
o
(A)
ITGUest= 146 - 1,12*tbsext - 0,484*URext
R² = 0,8570
72
74
76
78
80
82
72 74 76 78 80 82
(B)
ITGUest= 46,8 + 0,633*tbsint + 0,562*tbsext -0,0447*URint
R² = 0,949
74
76
78
80
74 75 76 77 78 79 80
(C)
ITGUest= 91,5 + 0,0269*tbsint - 0,147*URext -0,159*URint
R² = 0,984
72
74
76
78
80
72 74 76 78 80
(D)
ITGUest= 87,6 + 0,0716*tbsint - 0,165*URext
R² = 0,997
73
75
77
79
81
83
73 75 77 79 81 83
(E)
ITGUest= 8,1+ 1,52*tbsext + 0,32*URext
R² = 0,89570
72
74
76
78
80
82
84
72 74 76 78 80 82 84
ITGU observado
Figura 6 ITGU observados e estimados pelos modelos, nas seções 1ª (A); 2ª (B); 3ª (C); 4ª (D) e 5ª (E) no galpão com machos alojados (G1), durante o período experimental.
As distribuições dos valores de ITGU nas idades de avaliação estão
ilustradas nos gráficos Box-plot (Figura 7). Nos gráficos, as linhas pontilhadas
na horizontal, delimitam o intervalo de valores considerado por MEDEIROS et
al. (2005) como dentro da zona de conforto, sendo de 69 a 77.
40
ITG
U
(A)
5ª4ª3ª2ª1ª
84
82
80
78
76
74
72
70 69
77
(B)
5ª4ª3ª2ª1ª
80
78
76
74
72
7069
77
(C)
5ª4ª3ª2ª1ª
78
76
74
72
70
68
69
77
(D)
5ª4ª3ª2ª1ª
78
76
74
72
70
68
69
77
Seção
Figura 7 Gráficos Box-plot dos valores de ITGU distribuídos nas seções, em função das idades de 23º (A), 27º (B), 32º (C) e 36º dias (D) de vida dos frangos de corte alojados no galpão de machos (G1).
Analisando os gráficos Box-plot, verifica-se que no primeiro dia de
avaliação, ao 23º dia (Figura 7A), as aves permaneceram em estresse por
calor em quase todo o galpão, sendo a seção ‘3ª’ a única que esteve dentro
dos limites considerados de conforto. No 27º dia (Figura 7B), as aves da seção
‘5ª’ ficaram dentro da zona de conforto. Nas demais idades, 32 e 36 dias
(Figuras 7C e 7D) as aves, em todo o galpão, estavam submetidas a condições
de conforto térmico, considerando o ITGU.
Respostas fisiológicas
De acordo com a análise estatística não foram observadas diferenças
significativas (P<0,05) na interação idade e seção sobre a tasa. As demais
variáveis analisadas (tcrista, tasa, tcab, tdorso, TMP, FR, MC e ITGU) apresentaram
efeito da interação idade e seção, destacando a diferença das seções entre as
idades de avaliação. Desta forma, após a análise de componentes principais,
41
foram ajustadas equações de regressão linear múltipla para determinar as
equações de estimativa das temperaturas das superfícies corporais das aves
em função das variáveis selecionadas, para cada seção do galpão.
Nas Figuras 8 a 11 estão apresentadas as relações funcionais entre as
temperaturas das superfícies das aves observadas e estimadas, sendo
ajustadas equações de estimativas das temperaturas para cada seção. Na
Figura 8 estão apresentadas as relações funcionais e equações de regressão
linear múltipla para a seção ‘1ª’ e seus respectivos coeficientes de
determinação.
Te
mp
era
tura
s e
stim
ad
as (
ºC)
tcristaest= -2,47 + 0,0549*URext + 1,12*tbsint
R² = 0,753
30
32
34
36
38
28 30 32 34 36 38
tdorsoest= - 7,5 + 0,0644*URint + 1,32*tbsint
R² = 0,784
30
32
34
36
38
40
30 32 34 36 38 40
tasaest= 6,29 + 0,155*URint + 0,793*tbsint
R² = 0,621
36
38
40
42
36 38 40 42
tcabeçaest = - 22,1 + 0,104*URext + 1,68*tbsint
R² = 0,738
28
30
32
34
36
38
26 28 30 32 34 36 38
tpéest = - 33,5 + 0,191*URext + 1,88*tbsint
R² = 0,672
30
32
34
36
38
28 30 32 34 36 38
TMPest = - 4,53 + 0,118*URext + 1,19*tbsint
R² = 0,898
26
28
30
32
34
36
28 30 32 34 36 38
Temperaturas observadas (ºC)
Figura 8 Temperaturas das superfícies corporais observadas e simuladas pelo modelo, para frangos de corte machos na seção ‘1ª’ do galpão.
42
Ao avaliar os gráficos da Figura 8, nota-se que para o ajuste das
equações, as temperaturas superficiais tiveram como variáveis explicativas as
variáveis referentes ao ambiente interno e externo, sendo, portanto, na
avaliação do sistema de climatização utilizado, ineficiente no processo de
controle do ambiente interno. Fato observado, principalmente na seção inicial
do galpão, visto que os galpões não apresentam sistema de resfriamento
evaporativo, corroborando com CARVALHO et al. (2009) e DAMASCENO et al.
(2010).
Na Figura 9 estão apresentadas as relações funcionais e equações de
regressão múltipla para a seção ‘2ª’ e seus respectivos coeficientes de
determinação linear, relacionando a equação de estimativa das superfícies das
aves com as temperaturas observadas.
Te
mp
era
tura
s e
stim
ad
as (
ºC)
tasaest= 88,7 - 0,285*URext - 1,08*tbsext
R² = 0,403
36
38
40
42
34 36 38 40 42
tdorsoest= 216 - 0,899*URint + 1,57*tbsext
R² = 0,531
30
32
34
36
38
40
28 30 32 34 36 38 40
tpéest= 3,2 + 0,101*URext + 0,855*tbsint
R² = 0,39
32
34
36
38
32 34 36 38
TMPest= 171 - 0,698*URint + 1,17*tbsint
R² = 0,51
28
30
32
34
36
28 30 32 34 36 Temperaturas observadas (ºC)
Figura 9 Temperaturas das superfícies corporais observadas e simuladas pelo modelo, para frangos de corte machos na seção ‘2ª’ do galpão.
Na seção ‘2ª’, as equações das temperaturas da crista (tcrista) e cabeça
(tcab) não foram significativas (teste F, P≤0,05), onde as variáveis observadas
não explicaram a variabilidade dos dados. Observa-se que os coeficientes de
determinação da regressão das equações ajustadas e significativas também
tiveram baixos valores, este fato deve-se a dispersão dos dados observados.
43
Na Figura 10 estão apresentadas as relações funcionais e equações de
regressão múltipla para a seção ‘3ª’ e seus respectivos coeficientes de
determinação linear, relacionando a equação de estimativa das superfícies das
aves com as temperaturas observadas.
Te
mp
era
tura
s e
stim
ad
as (
ºC)
tcristaest= - 86 - 0,423*URext - 3,75*tbsext -5,04*tbsint
R² = 0,551
28
30
32
34
36
38
40
28 30 32 34 36 38 40
tdorsoest= 45,7 - 0,305*URint + 0,47*tbsext
R² = 0,226
28
30
32
34
36
38
40
28 30 32 34 36 38 40
tasaest= 36,9 + 0,176*tbsext
R² = 0,30
38
39
40
41
42
38 39 40 41 42
tcabest= 31,3 + 0,0477*URext + 0,251*tbsint
R² = 0,41
32
33
34
35
36
32 33 34 35 36 37
tpéest= 189 + 2,07*tbsext + 3,68*tbsint
R² = 0,537
30
32
34
36
38
32 34 36 38
TMPest = 40,5 + 0,371*tbsext - 0,231*URint
R² = 0,252
30
32
34
36
28 30 32 34 36 Temperaturas observadas (ºC)
Figura 10 Temperaturas das superfícies corporais observadas e simuladas pelo modelo, para frangos de corte machos na seção ‘3ª’do galpão.
Na Figura 11 estão apresentadas as relações funcionais e equações de
regressão múltipla para a seção ‘4ª’ e seus respectivos coeficientes de
determinação linear, relacionando a equação de estimativa das superfícies das
aves com as temperaturas observadas.
44
Te
mp
era
tura
s e
stim
ad
as (
ºC)
tcristaest= 99,5 - 0,412*URext - 1,34*tbsext
R² = 0,766
30
32
34
36
38
28 30 32 34 36 38
tdorsoest= 153 - 0,719*URext - 2,48*tbsext
R² = 0,682
28
30
32
34
36
38
40
26 28 30 32 34 36 38 40
tasaest= 102 - 0,359*URext - 1,34*tbsext
R² = 0,551
38
39
40
41
42
43
44
36 38 40 42 44
tcabest= -61,5 + 0,551*URint - 1,99*tbsint
R² = 0,789
38
40
42
44
36 38 40 42 44
tpéest= 144 - 0,620*URext - 2,37*tbsint
R² = 0,359
32
34
36
38
40
26 28 30 32 34 36 38 40
TMPest= 145 - 0,674*URext - 2,37*tbsext
R² = 0,808
28
30
32
34
36
38
26 28 30 32 34 36 38 Temperaturas observadas (ºC)
Figura 11 Temperaturas das superfícies corporais observadas e simuladas pelo modelo, para frangos de corte machos na seção ‘4ª’ do galpão.
As equações da tasaest e tpéest foram as que apresentaram menores
valores de coeficientes de determinação na seção ‘4ª’, fato explicado pela
variabilidade dos dados coletados. Na Figura 12 estão apresentadas as
relações funcionais e equações de regressão múltipla para a seção ‘5ª’ e seus
respectivos coeficientes de determinação linear, relacionando a equação de
estimativa das superfícies das aves com as temperaturas observadas.
45
Te
mp
era
tura
s e
stim
ad
as (
ºC)
tcristaest= 109 - 0,523*URext - 1,65*tbsext
R² = 0,404
30
32
34
36
38
30 32 34 36 38
tdorsoest= 33 + 0,035 * tbsint
R² = 0,351
32
34
36
38
32 34 36 38
tasaest= 6,29 + 0,155*URint + 0,793*tbsint
R² = 0,621
36
38
40
42
36 38 40 42
tcabest= - 22,1 + 0,104*URext+ 1,68*tbsint
R² = 0,789
28
32
36
40
32 34 36 38
tpéest= -33,5 + 0,191*URext + 1,88*tbsint
R² = 0,38
30
32
34
36
38
32 34 36 38
TMPest= 145 - 0,674*URext - 2,37*tbsext
R² = 0,808
26
30
34
38
26 30 34 38 Temperaturas observadas (ºC)
Figura 12 Temperaturas das superfícies corporais observadas e simuladas pelo modelo, para frangos de corte machos na seção ‘5ª’ do galpão.
Verifica-se que temperaturas das superfícies corporais variaram de
acordo com as condições térmicas externas e internas da instalação,
resultados similares aos obtidos por WELKER et al. (2008), os mesmos autores
afirmam que mesmo apenas o ventilador sendo utilizado como método de
controle ambiental, pode-se reduzir a temperatura média corporal das aves.
A suscetibilidade das aves ao estresse calórico aumenta à medida que a
umidade relativa e a temperatura ambiente ultrapassam a zona de conforto
térmico, dificultando assim a dissipação de calor, incrementando
consequentemente a temperatura corporal da ave, com efeito negativo sobre o
desempenho (BORGES et al., 2003). Desta forma, o aumento na temperatura
superficial corporal pode servir como resposta fisiológica da ave a condições
inadequadas de alojamento, como também o empenamento, que é uma
46
resposta adaptativa ao ambiente e que influencia na perda de calor
(NASCIMENTO et al., 2011).
Ainda segundo SHINDER et al. (2007), as diversas regiões corporais
das aves podem contribuir, de maneira distinta, no balanço de calor corporal
podendo, ainda, ser feita a classificação de regiões consideradas
vasorregulatórias conservadoras como, por exemplo, as regiões cobertas por
penas e as regiões desprovidas de penas, que têm maior contribuição nas
trocas entre a superfície corpórea e o ambiente circundante.
Na Figura 13 estão apresentadas as relações funcionais entre a massa
corporal (MC, g) e frequência respiratória (FR, resp.min-1) observada das dos
frangos de corte machos, as equações estimadas pelo modelo e seus
respectivos coeficientes de determinação linear para cada seção.
A relação entre estas variáveis era esperada, visto que, sob temperatura
ambiente elevada, os frangos de corte aumentam a perda de calor por
evaporação na tentativa de manter a homeotermia e os frangos de corte
quando estão sob condições adequadas de temperatura e umidade, atingem
seu potencial produtivo, ou seja, resultando num maior ganho de massa
corporal (MARCHINI et al., 2007).
47
Va
lore
s e
stim
ad
os
A
MCest = 21988 - 194*tbsint - 26,1*URint
- 322*tbsext - 59,7*URext
R² = 0,9641000
1400
1800
2200
2600
1000 1400 1800 2200 2600 3000
FRest= 306 - 4,94*tbsext - 2,35*URint
R² = 0,807
30
40
50
60
70
80
90
30 40 50 60 70 80 90 100
B
MCest= - 10895 + 51,4*URext + 319*tbsint
R² = 0,86
1100
1500
1900
2300
2700
3100
1100 1500 1900 2300 2700 3100
FRest= - 371 + 1,71*URext + 11,2*tbsext
R² = 0,808
18
28
38
48
58
68
78
18 28 38 48 58 68 78
C
MCest= 1074 + 28,5*URext - 18,8*URint
R² = 0,957
1100
1400
1700
2000
2300
2600
1100 1400 1700 2000 2300 2600
FRest= 156 + 1,03*URint - 3,78*tbsext - 1,2*URext
R² = 0,821
30
40
50
60
70
30 40 50 60 70
D
MCest= -6825 + 33,2*URext + 155*tbsint + 26*URint
R² = 0,888
1000
1400
1800
2200
2600
3000
1000 1400 1800 2200 2600 3000
FRest= 250 - 1,03*URext - 1,64*URint
R² = 0,857
30
50
70
90
110
20 40 60 80 100 120 140
E
MCest= - 6104 + 42,3*URext + 171*tbsint
R² = 0,876
1000
1400
1800
2200
2600
3000
1000 1400 1800 2200 2600 3000
FRest= 159 - 1,25*URext
R² = 0,852
30
50
70
90
110
130
30 50 70 90 110 130 Valores observados
Figura 13 Massa corporal e frequência respiratória observadas e simuladas pelos modelos, para frangos de corte machos na seção ‘1ª’ (A), ‘2ª’ (B), ‘3ª’ (C), ‘4ª’ (D) e ‘5ª’ (E) do galpão.
48
Realizou-se o teste de médias (Tukey a 5% de probabilidade) para as
variáveis: massa corporal (MC, g); frequência respiratória (FR, resp.min-1),
índice de temperatura de globo negro e umidade (ITGU, adimensional) e
temperatura média da pele (TMP, ºC) e seus valores estão apresentados na
Tabela 3.
Tabela 3 Médias de massa corporal (MC,g), frequência respiratória, (FR, resp.min-1), índice de temperatura de globo negro e umidade (ITGU, adimensional) e temperatura média da pele (TMP, ºC) para frangos de corte machos.
MC
(g
)
Seção Idade
23 27 32 36
1ª 1260 aA 1684 bB 2136 cB 2436 dA
2ª 1348 aA 1592 bB 2136 cB 2716 dB 3ª 1252 aA 1648 bB 2032 cAB 2336 dA
4ª 1264 aA 1660 bB 1844 bA 2344 cA 5ª 1252 aA 1616 bB 2056 cAB 2544 dAB
FR
(re
sp
.min
-1) Seção
Idade
23 27 32 36
1ª 75,20 aA 41,60 bA 42,40 bA 40,00 bA
2ª 73,60 aA 41,60 bA 42,40 bA 28,00 cA 3ª 64,00 aA 45,60 bA 40,80 bA 38,40 bA
4ª 98,40 aB 48,00 bA 50,40 bA 33,60 cA 5ª 104,80 aB 65,60 bB 50,40 cA 38,40 cA
ITG
U
Seção Idade
23 27 32 36
1ª 78,09 dB 79,71 cE 73,56 bA 73,34 aA 2ª 78,92 dC 78,70 cD 74,64 aC 74,82 bE
3ª 76,87 cA 77,80 dB 74,06 bB 73,88 aB 4ª 82,04 dD 78,48 cC 75,36 bD 74,34 aD
5ª 82,29 dE 75,59 bA 75,77 cE 74,12 aC
TM
P (
ºC)
Seção Idade
23 27 32 36
1ª 34,35 cB 33,56 bcAB 29,25 aA 31,80 bA 2ª 32,39 aAB 32,10 aA 31,48 aAB 31,86 aA
3ª 31,67 aA 33,94 aAB 32,13 aB 31,96 aA 4ª 34,78 bB 34,69 bB 29,33 aA 30,65 aA
5ª 34,19 aB 33,44 aAB 32,11 aB 32,47 aA Médias seguidas da mesma letra maiúscula, na coluna, e minúsculas, na linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Utilizada pelas aves como mecanismo de termorregulação e de resposta
rápida, a FR influencia no desempenho do lote, principalmente em ganho de
49
massa corporal, como é observado na Tabela 3, onde nas duas primeiras
seções, no 36º dia, as aves apresentaram massa corporal próximo a 3000 g.
A FR (Tabela 3) diminuiu ao longo das idades e é menos acentuada nas
primeiras seções, o maior valor foi de 104 resp.min-1 na seção ‘5ª’ aos 23 dias
de vida. PERISSINOTTO et al. (2009) considera que o aumento da FR, quando
considerado por um curto período, é um mecanismo eficiente de perda de
calor, no entanto, quando os valores ultrapassam 120 resp.min-1, o animal pode
estar sofrendo com a carga excessiva de calor.
Os valores de ITGU mensurados ao longo das seções (Tabela 3) nas
diferentes idades, nas idades de 23 e 27 dias, apresentaram condições de
estresse por calor, caracterizado por valores de ITGU superiores a 77
(MEDEIROS et al., 2005). Os valores tiveram amplitudes elevadas, variando de
82,29, encontrado na 5ª seção aos 23 dias para valores de 73,34 na 1ª seção
aos 36 dias.
As TMP reduziram com o avanço da idade, este fato é explicado pela
redução na temperatura ambiente em favor do conforto térmico e também pelo
aumento do empenamento das aves, corroborando com MARCHINI et al.
(2007), CANGAR et al. (2008) e ABREU et al. (2012). As áreas com menor
empenamento, como pés, crista e cabeça, apresentam elevada vascularização,
sendo considerados importantes órgãos vasomotores, fundamentais para as
trocas de calor sensível em frangos de corte (SHINDER et al., 2007).
Na Figura 14 estão ilustradas as superfícies de resposta das massas
corporais (MC, g) em função dos valores de ITGU nas seções observadas.
É possível observar na Figura 14A que alguns valores mais altos de MC
são encontrados entre o inicio e o terço inicial do galpão, em regiões que
apresentam ITGU entre 77 e 79, o que nesta fase de produção, aos 23 dias, é
considerado por OLIVEIRA et al. (2006) como em desconforto térmico.
Segundo os mesmos autores, o conforto seria alcançado com valores de ITGU
entre 69,8 a 74,9 para frangos de corte de 21 a 42 dias. Na Figura 14B, aos 27
dias, é perceptível que nas regiões onde o ITGU fica entre 74 e 75, apresentam
valores de MC superiores as demais regiões do galpão, indicando um melhor
ambiente de produção.
50
‘Ma
ssa
co
rpo
ral (g
)
A
ITG
U B
C
D
Seção Figura 14. Superfície de resposta das massas corporais em função das seções
e ITGU observados para frangos de corte machos aos 23 (A), 27 (B), 32 (C) e 36 (D) dias de vida.
51
MEDEIROS et al. (2005) consideram que ambientes confortáveis para
aves adultas apresentam valores de ITGU de 69 a 77, o que é observado em
todo o galpão na Figura 14C e 14D aos 32 e 36 dias, respectivamente. Em seu
trabalho, os autores observaram que nesta faixa de ITGU as aves
apresentaram-se tranquilas, com bom ganho de peso e frequência respiratória
considerada normal, em torno de 45 resp.min-1.
3.2 Análise do Galpão 2 (fêmeas)
Caracterização do ambiente térmico de produção
Durante os dias de coleta dos dados, avaliou-se o ambiente de produção
a partir dos dados de temperatura de bulbo seco (tbsint e tbsext) e umidade
relativa (URint e URext), internas e externas, respectivamente, durante os dias
de avaliação, sendo aos 23º, 27º, 32º e 36º dia de vida das aves, de forma
verificar a eficiência do sistema de climatização neste período. Na Tabela 4
estão apresentados os resultados da análise estatística descritiva das
temperaturas internas e externas.
Através da Tabela 4 pode-se observar que tanto o ambiente térmico
externo, quanto interno, ofereceu aos frangos de corte, situações similares de
temperatura e umidade, este fato deve-se a climatização sem nenhum tipo de
resfriamento adiabático. A situação tornou-se mais crítica quando a massa
corporal dos animais aumentou, pois aumentou também a produção de calor e
consequentemente a temperatura do ambiente interno, a situação agrava-se
quando o ar externo introduzido no interior da instalação apresenta
temperaturas superiores.
BAÊTA & SOUZA (2010) consideram que os dois elementos
meteorológicos, temperatura e umidade, são altamente correlacionados ao
conforto térmico animal, uma vez que, em temperaturas muito elevadas, o
principal meio de dissipação de calor das aves é a evaporação, que depende
da umidade relativa do ar.
52
Tabela 4. Estatística descritiva dos fatores do ambiente térmico para o galpão 2, com fêmeas alojadas
Variável Desvio Padrão
Média Mínimo Máximo
tbsint23 0,94 31,36 30,20 32,70 tbsext23 0,43 32,10 31,30 32,70 URint23 8,76 64,98 50,50 81,30 URext23 1,74 49,48 46,60 52,40
tbsint27 0,55 29,42 28,70 30,20 tbsext27 0,48 26,98 25,90 27,60 URint27 6,33 73,31 61,20 81,80 URext27 1,91 68,70 64,90 71,80
tbsint32 0,83 27,35 26,10 28,60 tbsext32 1,14 27,66 25,40 29,20 URint32 7,39 83,99 75,70 95,00 URext32 5,24 72,27 62,80 81,60
tbsint36 0,84 25,91 24,50 27,00 tbsext36 1,62 24,67 22,60 27,40 URint36 2,74 76,03 72,20 80,40 URext36 4,99 84,98 76,50 90,80
Na Figura 15 os gráficos Box-plot ilustram as distribuições das
temperaturas de bulbo seco (tbsint, ºC) nas seções durante o período
experimental. Nos gráficos, as linhas pontilhadas na horizontal na cor preta
expressa os valores mínimos e máximos da temperatura externa. A linha
pontilhada na cor vermelha representa o intervalo de temperatura ideal
recomendado pelo manual da linhagem (COBB, 2008) para cada idade de
produção.
Através da Figura 15A é possível observar que as temperaturas
coletadas na seção ‘1ª’, em grande parte, encontram-se dentro do limite da
temperatura externa. A seção ‘3ª’ e ‘5ª’ encontram-se totalmente no intervalo
de temperatura externa e as demais seções nesta idade de avaliação estão
fora dos limites de temperatura externa e dos limites recomendados pelo
manual da linhagem (COBB, 2008). Durante o 27º dia de vida das aves (Figura
15B), as temperaturas internas em todas as seções estiveram apresentaram
temperaturas superiores ao ambiente externo. Durante o 32º e 36º dia (Figuras
15C e 15D) todas as seções encontravam-se dentro dos limites inferior e
superior de temperatura do ambiente externo, no entanto, todos os valores
estão fora do recomendado.
53
t bsin
t (ºC
)
A
5ª4ª3ª2ª1ª
34
32
30
28
26
2424
26
B
5ª4ª3ª2ª1ª
30
28
26
24
22
20
21
23
C
5ª4ª3ª2ª1ª
30
28
26
24
22
2019
21
D
5ª4ª3ª2ª1ª
28
26
24
22
20
18
19
21
Seção Figura 15 Gráficos Box-plot dos dados de temperaturas de bulbo seco (tbsint,
ºC) distribuídas nas seções, em função das idades de 23º (A), 27º (B), 32º (C) e 36º (D) dias de vida dos frangos de corte alojadas no galpão de fêmeas (G2).
Na Figura 16 estão ilustradas as distribuições das médias das
temperaturas de bulbo seco (tbsint, ºC) e umidade relativa (URint, %) internas no
G2 durante o período experimental.
Observa-se a redução da tbsint na seção ‘final’ durante o 32º dia de vida.
A redução na temperatura deve-se ao aumento da UR no mesmo período e
seção avaliada. A UR, no interior do galpão apresentou valores superiores a
70%, principalmente na seção ‘5ª’ o que para MEDEIROS et al. (2005) e COBB
(2008) seria considerado fora da zona de conforto térmico para as aves.
54
Ida
de
A
1ª 2ª 3ª 4ª 5ª
24
26
28
30
32
34
36
B
1ª 2ª 3ª 4ª 5ª
24
26
28
30
32
34
36
Seção
Figura 16 Distribuição das (A) temperaturas de bulbo seco (tbsint, ºC) e (B) umidade relativa (URint, %) no galpão com fêmeas alojadas (G2) durante o período experimental.
Ambiente de produção x respostas fisiológicas
O gráfico de componentes principais (Figura 17) demonstra a forte
correlação entre o aumento da massa corporal (MC) com aumento da Umidade
relativa externa (URext) e correlação negativa com as temperaturas de bulbo
seco interno e externo (tbsint e tbsext, respectivamente), que são fortemente
correlacionadas entre si, demonstrando a influencia do ambiente externo sobre
o interior do galpão e também correlação negativa entre a frequência
respiratória (FR), temperatura média da pele (TMP) e o índice de temperatura
de globo negro e umidade (ITGU), demonstrando que estes parâmetros,
quando reduzidos, influenciam no ganho de MC. Para os frangos de corte,
fêmeas, houve uma menor correlação entre a tbsint e a FR, TMP e ITGU.
55
Primeira componente
Segunda c
om
ponente
1.00.50.0-0.5-1.0
0.00
-0.25
-0.50
-0.75
ITGU
UR
tbs
URext
tbsext
FR
TMP
Massa corporal
Figura 17 Correlação dos resultados da análise das temperaturas das superfícies corporais, massa corporal e frequência respiratória com o ambiente de produção dos frangos de corte fêmeas.
Na matriz de correlação de Pearson (P-valor < 0,05) apresentado na
Tabela 4, demonstra que a idade dos frangos mostram-se correlacionadas
positivamente à massa corporal (MC) e a umidade relativa do ambiente externo
(URext) e moderadamente correlacionada à umidade relativa interna (URint). A
idade também esta correlacionada negativamente com a temperatura de bulbo
seco externo (tbsext) e o índice de temperatura de globo negro e umidade
(ITGU), verificando que o ambiente externo interfere no ambiente de produção.
Tabela 4 Resultados significativos do Teste de Correlação de Pearson entre as variáveis ambientais e fisiológicas, para frangos de corte fêmeas.
Idade MC TMP FR tbsext URext tbs UR ITGU
Idade 1,000
MC 0,958 1,000
TMP -0,744 -0,758 1,000
FR -0,568 -0,576 0,489 1,000
tbsext -0,821 -0,774 0,576 0,639 1,000
URext 0,917 0,870 -0,657 -0,607 -0,971 1,000
tbsint -0,932 -0,908 0,675 0,566 0,747 -0,840 1,000
URint 0,530 0,481 -0,241 -0,239 -0,465 0,523 -0,607 1,000
ITGU -0,757 -0,784 0,761 0,613 0,660 -0,701 0,707 -0,055 1,000
O aumento da MC esta diretamente influenciada pela tbsint (correlação
negativa), incitando que ambientes em que as temperaturas são mais amenas,
proporcionam condições adequadas para um melhor desempenho do animal.
56
Realizou-se então a análise de regressão linear múltipla para determinar
as equações de estimativa dos valores de ITGU nas seções avaliadas. As
equações para cada seção e seus respectivos coeficientes de determinação da
regressão (R2) encontram-se na Figura 18.
As equações ajustadas apresentaram coeficientes de determinação
linear significativos (teste F, P>0,05). A seção ‘4ª’ (Figura 5D) apresentou o
melhor ajuste, com R² próximo de 1, tendo em sua equação a influencia da
temperatura de bulbo seco interna (tbsint) e umidade relativa externa (URext).
ITG
U e
stim
ad
o
ITGUest= - 58,8 + 3,25*tbsint + 0,628*URint
R² = 0,9272
74
76
78
80
74 76 78 80
ITGUest= - 44,9 + 3,29*tbsint + 0,283*URint + 0,123*URext
R² = 0,976
72
74
76
78
80
82
74 76 78 80
ITGUest= 59,8 + 0,49*tbsint + 0,131*URint + 0,0869*URext
R² = 0,993
74
76
78
80
82
74 76 78 80 82
ITGUest= 81,4 + 0,184*tbsint + 0,0368*URint -0,159*URext
R² = 0,998
72
74
76
78
80
82
84
74 76 78 80 82 84
ITGUest= 56,7 + 0,266*URint - 0,163*URext + 0,432*tbsext
R² = 0,899
76
78
80
82
76 78 80 82
ITGU observado Figura 18 ITGU observados e estimados pelos modelos, nas seções ‘1ª’ (A);
‘2ª’ (B); ‘3ª’ (C); ‘4ª’ (D) e ‘5ª (E) no galpão com fêmeas alojadas (G2), durante o período experimental.
57
As distribuições dos valores de ITGU nas idades de avaliação estão
ilustradas nos gráficos Box-plot (Figura 19). Nos gráficos, as linhas pontilhadas
na horizontal, delimitam o intervalo de valores, considerado por MEDEIROS et
al. (2005) como dentro da zona de conforto, sendo de 69 a 77.
ITG
U
5ª4ª3ª2ª1ª
82
80
78
76
74
72
7069
77
5ª4ª3ª2ª1ª
80
78
76
74
72
7069
77
5ª4ª3ª2ª1ª
80
78
76
74
72
7069
77
5ª4ª3ª2ª1ª
78
76
74
72
70
68
69
77
Seção
Figura 19 Gráficos Box-plot dos valores de ITGU distribuídos nas seções, em função das idades de 23º (A), 27º (B), 32º (C) e 36º dias (D) de vida dos frangos de corte alojados no galpão de fêmeas (G1).
Analisando os gráficos Box-plot, verifica-se que somente no dia 36º, os
frangos de encontravam-se em condições de conforto térmico. Desta forma, é
possível afirmar que o sistema de climatização adotado neste galpão, através
das avaliações realizadas, não foi capaz de garantir condições de conforto
térmico ideal aos frangos de corte durante todo o período experimental.
58
Respostas fisiológicas
De acordo com a análise estatística, não houve efeito (teste F, P≤0,05)
na interação idade e seção sobre tcrista e MC. Independente da seção, a massa
corporal das aves e a tcrista variaram com a idade, apresentando tendência
linear decrescente (em média, de 0,25 ºC.dia-1), a temperatura diminuiu à
medida que houve avanço na idade.
Houve efeito significativo (teste F, P≤0,05) da interação idade e seção
para as variáveis analisadas de tasa, tcabeça, tpé, tdorso, TMP, FR, UR, tbsint e ITGU.
Após a análise de componentes principais, foram ajustadas equações de
regressão linear múltipla para determinar as equações das temperaturas
estimadas das superfícies das aves em função das variáveis selecionadas,
para cada seção do galpão.
Nas Figuras 20 a 24 estão apresentadas as relações funcionais entre as
temperaturas das superfícies das aves observadas e simuladas, sendo
ajustadas equações de estimativas das temperaturas para cada seção. Na
Figura 20 estão apresentadas as relações funcionais e equações de regressão
múltipla para a seção ‘inicial’ e seus respectivos coeficientes de determinação
linear.
Ao avaliar os gráficos da Figura 20, nota-se que para o ajuste das
equações de regressão múltipla, as temperaturas superficiais tiveram como
variáveis explicativas as variáveis referentes ao ambiente interno e externo,
confirmando que mesmo com sistema de climatização, há influencia do
ambiente externo no interior do galpão, o mesmo foi observado por
CARVALHO et al. (2009) e DAMASCENO et al. (2010).
59
Te
mp
era
tura
s e
stim
ad
as (
ºC)
tcristaest= - 63,1+ 2,34*tbsint + 0,451*URint
R² = 0,65
32
34
36
38
30 32 34 36 38
tdorsoest= - 137 + 0,722*URint + 4,23*tbsint
R² = 0,767
28
30
32
34
36
38
26 28 30 32 34 36 38
tasaest= - 29,7 + 0,335*URint + 1,73*tbsint -0,0913*tbsext
R² = 0,434
38
40
42
44
36 38 40 42
tcabest= - 119 - 0,0683*URext + 3,80*tbsint
+ 0,73*URint
R² = 0,84828
30
32
34
36
38
28 30 32 34 36 38
tpéest = - 117 + 0,799*URint + 3,45*tbsint
R² = 0,55332
34
36
38
32 34 36 38
TMPest = - 123 + 0,672*URint + 3,81*tbsint
R² = 0,787
26
28
30
32
34
36
26 28 30 32 34 36 Temperaturas observadas (ºC)
Figura 20 Temperaturas das superfícies corporais observadas e simuladas pelo modelo, para frangos de corte fêmeas na seção ‘1ª’ do galpão.
Na Figura 21 estão apresentadas as relações funcionais e equações de
regressão múltipla para a seção ‘2ª’ e seus respectivos coeficientes de
determinação linear, relacionando a equação de estimativa das superfícies das
aves com as temperaturas observadas.
60
Te
mp
era
tura
s e
stim
ad
as (
ºC)
tcristaest= 17,1+ 0,337*tbsext + 0,074*URint
R² = 0,752
31
32
33
34
35
36
37
30 32 34 36 38
tdorsoest= 124 - 0,579*URext - 1,85*tbsext
R² = 0,749
28
30
32
34
36
38
40
26 28 30 32 34 36 38 40
tasaest= - 3,29 + 0,158*URint+ 1,11*tbsint
R² = 0,69836
38
40
42
37 39 41 43
tcabest= - 43,9 + 0,236*URint + 2,13*tbsint
R² = 0,709
28
30
32
34
36
38
40
26 28 30 32 34 36 38 40
tpéest= - 61,4 + 0,358*URint + 2,46 * tbsint
R² = 0,766
28
30
32
34
36
38
28 30 32 34 36 38
TMPest= - 54,7 + 0,273*URint+ 2,34*tbsint
R² = 0,884
26
28
30
32
34
36
26 28 30 32 34 36
Temperaturas observadas (ºC) Figura 21 Temperaturas das superfícies corporais observadas e simuladas
pelo modelo, para frangos de corte fêmeas na seção ‘2ª’ do galpão.
Na Figura 22 estão apresentadas as relações funcionais e equações de
regressão múltipla para a seção ‘3ª’ e seus respectivos coeficientes de
determinação linear, relacionando a equação de estimativa das superfícies das
aves com as temperaturas observadas.
61
Te
mp
era
tura
s e
stim
ad
as (
ºC)
tcristaest= 8,81+ 0,909*tbsint
R² = 0,763
30
32
34
36
38
30 32 34 36 38 40
tdorsoest= 135 - 0,623*URext - 2,7*tbsext + 0,228*URint
R² = 0,553
28
30
32
34
36
38
40
28 30 32 34 36 38 40
tasaest= 98,1 - 0,276*URext - 0,97*tbsext -0,421*tbsint
R² = 0,50436
38
40
42
37 38 39 40 41 42
tcabest= 4,65+ 1,05*tbsint
R² = 0,638
30
32
34
36
38
28 33 38 43
tpéest = -24,7+ 0,143*URext + 1,77 * tbsint
R² = 0,7430
32
34
36
38
30 32 34 36 38 40
TMPest= 124+ 0,205*URint - 2,47*tbsext -0,574*URext
R² = 0,66626
28
30
32
34
36
28 30 32 34 36 38 Temperaturas observadas (ºC)
Figura 22 Temperaturas das superfícies corporais observadas e simuladas pelo modelo, para frangos de corte fêmeas na seção ‘3ª’ do galpão.
Na Figura 23 estão apresentadas as relações funcionais e equações de
regressão múltipla para a seção ‘4ª’ e seus respectivos coeficientes de
determinação linear, relacionando a equação de estimativa das superfícies das
aves com as temperaturas observadas.
62
Te
mp
era
tura
s e
stim
ad
as (
ºC)
tcristaest= 99,5 - 1,34*tbsext - 0,412*URext
R² = 0,766
30
32
34
36
38
28 30 32 34 36 38
tdorsoest= 153 - 0,719*URext - 2,48*tbsext
R² = 0,682
28
30
32
34
36
38
40
42
26 28 30 32 34 36 38 40 42
tasaest= 102 - 0,359*URext - 1,34*tbsext
R² = 0,551
36
38
40
42
36 38 40 42 44
tcabest= 163 + 0,832*URext - 3,47*tbsext + 0,844*tbsint
R² = 0,827
26
28
30
32
34
36
38
40
26 28 30 32 34 36 38 40 42
tpéest = -32,8+ 1,33*tbsint + 0,433*URint
R² = 0,38
32
34
36
38
40
26 28 30 32 34 36 38 40
TMPest = 124 - 2,37*tbsext - 0,674*URext
R² = 0,808
28
30
32
34
36
38
26 28 30 32 34 36 38
Temperaturas observadas (ºC) Figura 23 Temperaturas das superfícies corporais observadas e simuladas
pelo modelo, para frangos de corte fêmeas na seção ‘4ª’ do galpão.
Na Figura 24 estão apresentadas as relações funcionais e equações de
regressão múltipla para a seção ‘5ª’ e seus respectivos coeficientes de
determinação linear, relacionando a equação de estimativa das superfícies das
aves com as temperaturas observadas.
63
Te
mp
era
tura
s e
stim
ad
as (
ºC)
tcristaest= 36,2 - 0,138*URint - 0,178*URext
R² = 0,766
30
32
34
36
38
28 30 32 34 36 38
tdorsoest= 70,8 - 0,209*URint - 0,923*tbsext
R² = 0,43128
30
32
34
36
38
28 30 32 34 36 38
tasaest= 27,3 + 0,27*tbsint - 0,062*URint
R² = 0,42436
38
40
42
36 37 38 39 40 41 42
tcabest= -13,1 + 0,183*URint + 0,452*tbsext + 0,703*tbsint
R² = 0,819
28
30
32
34
36
38
40
28 30 32 34 36 38 40
tpéest = 26,8 + 0,164*tbsint + 0,154*tbsext
R² = 0,214
34
36
38
40
30 32 34 36 38 40
TMPest = 25,2 + 0,016*tbsext + 0,211*tbsint
R² = 0,40
30
32
34
36
30 32 34 36
Temperaturas observadas (ºC) Figura 24 Temperaturas das superfícies corporais observadas e simuladas
pelo modelo, para frangos de corte fêmeas na seção ‘5ª’ do galpão.
Segundo ALMEIDA et al. (2010) a capacidade do animal de resistir às
condições de estresse calórico tem sido avaliada fisiologicamente por
alterações na frequência respiratória e o uso de equações de predição pode
ser uma forma de quantificar o estresse térmico aos quais os animais estão
submetidos, desta forma os valores de massa corporal (MC) e frequência
respiratória (FR) foram estimados por meio de equações de regressão múltipla
e estão apresentadas na Figura 25. Os gráficos ilustram a relação entre os
valores estimados pelas equações e os valores observados durante o
experimento.
64
Va
lore
s e
stim
ad
os
A
MCest= 6464 - 136*tbsint - 33,9*tbsext
R² = 0,933
800
1200
1600
2000
2400
800 1200 1600 2000 2400
FRest= 166 - 2,36*URint + 2,09*tbsext
R² = 0,863
20
40
60
80
100
120
20 40 60 80 100 120
B
MCest = 10518 - 15,6 * URint - 277 * tbsint
R² = 0,927
800
1200
1600
2000
2400
800 1200 1600 2000 2400
FRest= - 574 + 1,63*URint + 18,4*tbsint
R² = 0,831
20
40
60
80
100
20 40 60 80 100
C
MCest= 6394 + 10,4*URint - 148*tbsint -52,9*tbsext
R² = 0,929
800
1200
1600
2000
2400
800 1200 1600 2000 2400
FRest= - 426 + 13,8*tbsext + 1,94*URext
R² = 0,43360
80
100
120
60 80 100 120 140
D
MCest = 2834 -127*tbsext + 83,6*tbsint
R² = 0,883
1000
1400
1800
2200
2600
1000 1400 1800 2200 2600
FRest= 24,3 + 4,67*tbsext - 1,27*URint
R² = 0,871
20
40
60
80
100
120
20 40 60 80 100 120
E
MCest = 4800 -115*tbsint
R² = 0,915
800
1200
1600
2000
800 1200 1600 2000 2400
FRest= 24,3 + 4,67*tbsext - 1,27*URint
R² = 0,754
40
60
80
100
120
140
40 60 80 100 120 140 160
Valores observados Figura 25 Massa corporal e frequência respiratória observadas e simuladas
pelos modelos, para frangos de corte fêmeas na seção ‘1ª’ (A), ‘2ª’ (B), ‘3ª’ (C), ‘4ª’ (D) e ‘5ª (E) do galpão.
65
As equações ajustadas por meio de regressão linear múltipla das
variáveis dependentes MC e FR apresentaram coeficientes de determinação
linear (R²) próximos de 1, o que significa que grande parte da variação de MC e
FR pode ser explicada linearmente pelas variáveis do ambiente interno e
externo. Demonstrando que os fatores ambientais externos interferem no
microclima gerado no interior das instalações e a FR é um parâmetro fisiológico
que auxilia na avaliação das respostas dos animais ao ambiente térmico, o
mesmo foi observado por PERISSINOTTO et al. (2009).
Na Tabela 5 estão apresentadas as médias de massa corporal (MC, g),
frequência respiratória (FR, resp.min-1), índice de temperatura de globo negro e
umidade (ITGU, adimensional) e temperatura média da pele (TMP, ºC) nas
seções e idades de avaliação.
Os maiores valores encontrados na Tabela 5 para MC, FR, ITGU e TMP
foram de 2076g, 123,20 resp.min-1, 80,75 e 34,36 ºC respectivamente,
localizados nas seções próximas aos exaustores (3ª a 5 ª seção), no 23º dia de
idade das aves. Os menores valores foram de 27,29ºC, 33,60 resp.min-1 e
73,91 e estavam localizados, principalmente, nas seções próximas às entradas
de ar (1ª a 2ª seção).
As aves que se encontravam na primeira seção apresentaram uma
média de massa corporal superior às demais, fato que pode ser explicado pela
não interferência climática das seções adjacentes, estando esta localizada nas
entradas de ar do galpão.
A FR (Figura 5a) reduz ao longo da idade, o mesmo acontece com a
temperatura, UR e ITGU (Figuras 5b, 5c e 5d). Oferecendo, desta forma, um
ambiente de termoneutralidade, onde as aves reduzem a utilização de
mecanismos como a ofegação para manter a temperatura corporal constante.
Apesar de se verificar, que em média, as aves fêmeas estavam submetidas a
condições de conforto térmico, as FR observadas foram superiores àquelas
observas em outras pesquisas, que é de 47 resp.min-1 (MEDEIROS et al., 2005
e MARCHINI et al., 2007).
Pelo comportamento dos valores de ITGU nos pontos de medição
distribuídos ao longo das seções, nas idades de 23, 27 e 32 dias de vida, pode-
se observar que, o ambiente térmico, em grande parte do período produtivo,
apresentava condições de estresse por calor, caracterizado por valores de
66
ITGU superiores a 77. Resultados semelhantes foram observados por
MEDEIROS et al. (2005), MENEGALI et al. (2009), DAMASCENO et al. (2010)
e YANAGI JUNIOR et al. (2011).
Tabela 5 Médias de massa corporal (MC,g), frequência respiratória, (FR, resp.min-1), índice de temperatura de globo negro e umidade (ITGU, adimensional) e temperatura média da pele (TMP, ºC) para frangos de corte fêmeas.
MC
(g
)
Seção Idade
23 27 32 36
1ª 1136 aA 1408 bA 1880 cB 2052 cA
2ª 1092 aA 1360 bA 1860 cB 2024 cA 3ª 1025 aA 1348 bA 1648 cA 1992 dA
4ª 1052 aA 1296 bA 1768 cAB 2076 dA
5ª 1064 aA 1384 bA 1668 cA 1988 dA
FR
(re
sp
.min
-1) Seção
Idade
23 27 32 36
1ª 106,40 aAB 76,00 bA 46,40 cB 42,40 cC
2ª 88,80 aB 78,40 bA 51,20 cB 33,60 cC 3ª 120,00 aA 68,00 bcA 65,60 cB 87,20 bAB
4ª 113,60 aA 80,80 bA 91,20 bA 92,00 bA 5ª 123,20 aA 60,80 cA 92,00 bA 70,40 cB
ITG
U
Seção Idade
23 27 32 36 1ª 77,09 bD 78,41 aBC 75,38 cD 74,60 dC
2ª 79,23 bC 79,54 aA 74,96 cE 74,16 dD 3ª 80,19 aB 78,56 bB 78,22 cC 73,91 dE
4ª 80,75 aA 78,21 cC 78,95 bB 75,00 dB 5ª 80,52 aA 77,44 cD 79,80 bA 76,93 dA
TM
P (
ºC)
Seção Idade
23 27 32 36
1ª 32,56 aA 34,08 aA 29,55 bB 28,60 bBC 2ª 33,50 aA 32,99 aAB 30,12 bB 27,29 cC
3ª 34,36 aA 34,07 aA 31,22 bAB 29,09 cABC
4ª 33,60 aA 33,57 aAB 32,58 aA 29,54 bAB
5ª 32,69 aA 31,67 aB 31,49 aAB 30,86 aA Médias seguidas da mesma letra maiúscula, na coluna, e minúsculas, na linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% (P<0,05) de probabilidade.
MACHADO et al. (2012) afirmam que nas instalações avícolas
brasileiras, dificilmente são conseguidos valores de ITGU considerados
favoráveis ao desempenho produtivo das aves em condições reais na produção
avícola industrial, pois as instalações são abertas, não permitindo total controle,
ficando sujeitas as variações climáticas externas.
67
As TMP variaram com a idade, sendo as primeiras seções, as que
apresentaram menores valores o mesmo foi observado por CANGAR et al.
(2008), WELKER et al. (2008) e ABREU et al. (2012). NASCIMENTO et al.
(2011) afirmam que a temperatura da superfície do frango esta relacionada a
temperatura do ambiente e não com a idade, sendo esta afirmação relacionada
as alterações do microclima do interior dos galpões para que os frangos de
corte obtenham os melhores resultados produtivos.
Na Figura 14 estão ilustradas as superfícies de resposta das massas
corporais (MC, g) em função dos valores de ITGU nas seções observadas.
68
Ma
ssa
co
rpo
ral (g
)
A
ITG
U
B
C
D Seção
Figura 26 Superfície de resposta das massas corporais em função das seções e ITGU observados para frangos de corte fêmeas aos 23 (A), 27 (B), 32 (C) e 36 (D) dias de vida.
69
4 CONCLUSÕES
As equações de regressão múltipla linear possibilitaram confrontar as
variáveis dependentes em função das variáveis independentes (elementos
ambientais), permitindo assim estimar as temperaturas das superfícies
corporais, massa corporal e frequência respiratória nas seções.
As temperaturas das superfícies corporais das aves variam de acordo
com as alterações nas condições ambientais no interior e ao redor da
instalação.
O ambiente térmico nas seções próximas as entradas de ar
proporcionaram maior conforto térmico as aves, atuando sobre a frequência
respiratória e massa corporal em frangos de corte machos e fêmeas.
As variáveis ambientais estudadas correlacionam-se negativamente as
respostas fisiológicas e produtivas, tanto para os frangos de corte machos,
quanto para as fêmeas.
5 REFERÊNCIAS
ABREU, P.G.; ABREU, V.M.N.; COLDEBELLA, A.; HASSEMER, M.J.; TOMAZELLI, I.L. Medidas morfológicas em função de peso e de idade da ave, por meio de imagens. Engenharia Agrícola, Jaboticabal, v. 16, n. 7, p. 795-
801, 2012. ALMEIDA, G.L.P.; PANDORFI, H.; GUISELINI, C.; et al. Investimento em climatização na pré-ordenha de vacas girolando e seus efeitos na produção de leite. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v.14, n.12, p.1337–1344, 2010. BAÊTA, F.C.; SOUZA, C.F. Ambiência em edificações rurais: conforto animal. 2. Ed. Viçosa. 2010. BORGES, S.A.; MAIORKA, A.; SILVA, A.V.F. Heat stress physiology and electrolytes for broilers. Ciência Rural, Santa Maria, v.33, n.5, p.975-981, 2003. BUFFINGTON, D.E.; COLLAZO AROCHO, A.; CANTON, G.H. PITT, D. Black globe humidity index (BGHI) as a comfort equation for dairy cows. Transactions of the ASAE, St. Joseph, v.24, n. 3, p. 711-714, 1981.
70
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72
CAPÍTULO 3 – AMBIENTE TÉRMICO DE PRODUÇÃO DE FRANGOS DE
CORTE PARA AS ESTAÇÕES DO ANO EM GRANJAS AVÍCOLAS
COMERCIAIS
RESUMO
Estudou-se o efeito das estações do ano sobre o ambiente térmico em dois galpões avícolas climatizados comerciais. Foram analisados oito lotes de produção. O ambiente interno e externo foram monitorados por meio de sensores/registradores que coletavam simultaneamente os dados de temperatura de bulbo seco interno e externo (tbsint, tbsext ºC), temperatura de ponto de orvalho (tpoint, tpoext, ºC) e umidade relativa (URint, URext, %). Os dados foram utilizados para calcular o índice de temperatura e umidade interno e externo (ITUint e ITUext, adimensional). Para a análise estatística utilizou-se um delineamento em blocos inteiramente casualizados (DBC) com esquema em parcelas subsubdivididas, sendo cada galpão um bloco (G1 e G2), as parcelas as estações do ano (verão, outono, inverno e primavera), a subparcela representada pelas seções analisadas (1ª, 2ª, 3ª, 4ª, 5ª) e a sub-subparcela representada pelos horários (10, 12, 14, 16 e 18h). Durante a primavera o valor de ITUext esteve 15% menor que o valor do ITUint, na fase final este valor foi superior, chegando a 21%. As estações do ano que apresentaram as piores condições de produção para frangos de corte foram verão e primavera, com elevadas temperaturas, umidade relativa e ITUint no ambiente interno. As seções mais próximas à entrada de ar apresentam as melhores condições de conforto, quando comparadas as demais, nos horários e estações avaliadas. PALAVRAS-CHAVE: ambiência avícola, conforto térmico, instalações
73
CHAPTER 3 – THERMAL ENVIRONMENT OF BROILER PRODUCTION FOR
THE SEASONS IN BROILER HOUSES COMMERCIAL
ABSTRACT
We studied the effect of the seasons on the thermal environment in two acclimatized commercial broiler houses. Eight were analyzed production batches. The internal and external environment was monitored by sensors / registrars who collected data simultaneously dry bulb temperature (tbs, ºC), dew point temperature (tpo, ºC) and relative humidity (RH, %). The data were used to calculate the of temperature and humidity index inside and outside (THI and THIext, respectively). For statistical analysis we used a completely randomized block design (RBD) with schema split plots, each shed a block (G1 and G2), plots the seasons (summer, autumn, winter and spring), the subplot represented by the sections analyzed (first, second, third, fourth, fifth) and the sub-subplot represented by times (10, 12, 14, 16 and 18h). During the spring of THIext value was 15% less than the value of the THI, in the finals this value was higher, reaching 21%. The seasons that had the worst conditions of production of broilers were spring and summer, with high temperatures, humidity and THI in the indoor environment. The sections closest to the air intake featuring the best conditions of comfort, when compared to others at the times and seasons evaluated. KEY-WORDS: environment poultry, thermal comfort, buildings
74
6 INTRODUÇÃO
Dentre os diversos fatores que influenciam a produção de frangos de
corte, os fatores ambientais, como a temperatura, umidade relativa, ventilação
entre outros, assumem relevante importância no processo de criação dos
animais (OLIVEIRA et al., 2006a).
A influência do ambiente térmico nas aves varia com a espécie, idade,
massa corporal, sexo, atividade física e consumo alimentar, sendo o macho
mais afetado pelo ambiente (AMARAL et al., 2011).
O “clima ideal” é aquele que dispensa ajustes no galpão para a obtenção
do conforto térmico de aves criadas em regime confinado. O Brasil, país que é
localizado até a latitude de 30º Sul, faixa mais quente do planeta, apresenta
temperaturas médias variando entre 20 a 25ºC durante o ano; sendo
caracterizado como um País de clima tropical e subtropical, propenso mais
para o estresse por calor do que por frio, em que estas condições de “clima
ideal”, não existem ou são raras. Assim como em qualquer região do País,
sempre será necessário corrigir, ao longo do ano ou em determinado período,
um ou mais elementos climáticos, para obter as condições favoráveis aos
animais (FRANCA et al., 2007).
Os países tropicais têm como desafios os fatores ambientais de alta
temperatura e alta umidade dentro do galpão, os quais são limitantes para
ótima produtividade (MACARI & FURLAN, 2001). COELHO & SAVINO (2001)
relataram que as condições climáticas de regiões tropicais com prolongadas e
elevadas temperaturas e umidade do ar, interferem negativamente na
produtividade de aves. NÄÄS et al. (2001) citaram que a elevada intensidade
de radiação incidente nas regiões tropicais em conjunto com altas temperaturas
e umidade do ar, são algumas das condições que geram o desconforto térmico
das aves e levam consequentemente ao estresse calórico em lotes alojados
em escala industrial de produção.
O conhecimento da realidade climática da região permite o
planejamento, a concepção arquitetônica e orientação dos avicultores quanto
ao melhor manejo ambiental, tendo como consequência maior produtividade e
redução dos custos de produção de aves por meio da adequação dos sistemas
75
artificiais de condicionamento térmico às condições ambientais e necessidades
das aves (ABREU & ABREU, 2011).
Atingir o conforto térmico no interior das instalações avícolas, face às
condições climáticas inadequadas, torna-se um desafio, uma vez que situações
extremas de calor ou frio e afetam consideravelmente a produção (BUENO &
ROSSI, 2006).
No Brasil, durante os meses mais quentes do ano (verão e outono), as
condições ambientais estão acima da zona de conforto térmico das aves
adultas, prejudicando o consumo de ração e a homeostase, diminuindo o
ganho de massa corporal (SOUZA et al., 2010).
Desta forma, objetivou-se com este trabalho avaliar e caracterizar o
ambiente térmico de produção de frangos de corte por um período de um ano,
avaliando todas as estações do ano e a eficiência do sistema de climatização
em oferecer condições adequadas as aves.
7 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em uma granja comercial para frangos de
corte, pertencente ao Abatedouro São Salvador Ltda – Unidade 183
(SuperFrango®), localizada no município de Itaberaí-GO, Zona Rural, cujas
coordenadas são 16º01’ S de latitude, 49º48’ W de longitude, 722 m de altitude
e pressão atmosférica de 929 hPa. O clima da região é classificado segundo
Köppen como Cwa, clima mesotérmico caracterizado por verões quentes e
chuvosos e invernos frios e secos.
Galpões
Foram selecionados dois galpões, ambos com dimensões de 12 x 125 x
2,5 m. Cobertura com telhas de fibrocimento (espessura 4 mm), muretas
laterais de 0,45 m de altura, piso de concreto, cama de casca de arroz, tela de
arame para fechamento lateral de malha de 0,03 m, cortinas laterais de cor
azul, forro amarelo. Orientação no sentido leste-oeste e presença de vegetação
circundante (Figura 1).
76
Figura 1 Cortina e vegetação circundante da instalação.
Os galpões possuíam sistema de ventilação em modo túnel, pressão
negativa, sendo compostos por três grupos de exaustores, dois grupos com
dois e um grupo com três exaustores, além de linhas de nebulização
distribuídas ao longo do galpão (Figura 2). O sistema de nebulização era
composto por 164 bicos nebulizadores dispostos em 16 linhas transversais,
distribuídas ao longo do galpão.
Figura 2 Sistema de ventilação em túnel e pressão negativa da instalação para
frangos de corte.
O acionamento do sistema de climatização era definido pela
temperatura, que era registrada por um sensor posicionado no centro do
galpão. O controle de acionamento do sistema de climatização era baseado na
temperatura registrada pelo sensor, sendo então ativados por grupos, até o
acionamento completo. Caso a temperatura permanecesse acima do limite, o
sistema de nebulização era então ligado, sendo o tempo definido no painel de
controle. O sistema de climatização consistia na restrição da entrada de ar
externo sendo forçado a passar por aberturas laterais na face oposta a dos
77
exaustores – face leste – e a dimensão da abertura era controlada por meio de
cortinas isoladas.
Durante o período experimental, as aves tiveram acesso ad libitum à
água, por meio de quatro linhas de bebedouros tipo nipple, com cerca de onze
aves por bebedouro, e à ração por meio de três linhas de comedouros
automáticos, sendo cerca de quarenta e três aves por comedouro.
Para avaliação das seções dos galpões, os mesmos foram divididos por
meio de barreiras físicas a cada 25m em sentido longitudinal. Utilizou-se canos
de ½” PVC® e telas plásticas para fabricação das barreiras, a uma altura de
0,60m, de forma a não dificultar o manejo das aves e não prejudicar a
circulação de ar. Os galpões foram então divididos em cinco seções,
distribuídos simetricamente e denominadas: 1ª, 2ª, 3ª, 4ª e 5ª (Figura 4).
Entradas de ar Exaustores
25 25 25 25 25125
12
Sensores
1 2 5 - Seções: Inicio, Terço inicial, Centro, Terço final e Final, respectivamente3 4
1 2 3 4 5
Figura 3 Esquema ilustrativo das seções predeterminadas e das posições dos
sensores de temperatura de bulbo seco e umidade relativa do ar localizados ao longo do galpão.
Foram alojados no Galpão 1 (G1) e Galpão 2 (G2) frangos de corte da
linhagem Cobb, sendo machos e/ou fêmeas e/ou misto, não obedecendo uma
sequência de sexos em cada galpão, totalizando em média 21.000 aves em
cada galpão, com densidade média de 14 aves.m-2 e em cada seção foram
alojadas cerca de 4.200 aves.
Mensuração e instrumentação
Para expressar a relação entre o animal e ambiente de produção foi
utilizado o índice de temperatura e umidade (ITU) desenvolvido por THOM
(1959) e é determinado pela equação 1, onde tbsint é a temperatura de bulbo
seco (°C) e tpo a temperatura do ponto de orvalho (°C).
78
5,41t.36,0t ITUpointbsint
[1]
O ambiente térmico no interior dos galpões foi avaliado por meio das
variáveis: temperatura de bulbo seco (tbsint), temperatura de ponto de orvalho
(tpoint) e umidade relativa (URint), sendo estas medidas por
sensores/registradores (precisão de ± 3 %) programados para coletar as
variáveis ambientais em intervalos de um minuto. Os sensores/registradores
foram instalados no centro das seções a uma altura de 0,3m, a fim de elucidar
o ambiente quanto ao conforto para as aves.
O ambiente térmico externo foi caracterizado a partir de medidas de
temperatura de bulbo seco (tbsext), temperatura de ponto de orvalho (tpoext) e
umidade relativa (URext). Foram medidas por meio de um sensor/registrador
(precisão ± 3 %), programado para coletar os dados em intervalos de 1 minuto.
O sensor/registrador foi instalado entre os dois galpões a uma altura de ± 0,3m.
A partir dos dados coletados foi possível determinar o Índice de
Temperatura e Umidade (ITU, Equação 1) em cada seção dos galpões (ITUint)
e para o ambiente externo (ITUext).
As variáveis foram coletadas de 03 de fevereiro de 2010 a 08 de
dezembro de 2010, incluindo as quatro estações anuais e avaliando as fases
iniciais e finais de quatro lotes.
Para avaliar a influência das estações climáticas no ambiente interno
dos galpões foram selecionados 16 dias de coleta de dados ao longo do ano
em cinco horários, às 10, 12, 14, 16 e 18h. Os dias correspondem a dois dias
na fase inicial, neste experimento representando a segunda semana de vida
das aves e 2 dias na fase final de produção. Os resultados foram divididos em
fases de produção, sendo a fase inicial compreendida do 7o ao 11o dia e a fase
final compreendendo o período entre de 32o a 38o dias de vida.
Para a análise estatística utilizou-se delineamento em blocos
inteiramente casualizados (DBC) com parcelas subsubdivididas, sendo cada
galpão um bloco (G1 e G2), as parcelas as estações do ano (verão, outono,
inverno e primavera), a subparcela representada pelas seções analisadas, e a
subsubparcela representada pelos horários. As análises estatísticas foram
realizadas por meio do software SISVAR (FERREIRA, 2011). Para gerar os
79
gráficos de superfície e mapas de contorno foi utilizado o programa
computacional Surfer para Windows versão 8.0 (SURFER, 2002).
8 RESULTADOS E DISCUSSÃO
8.1 Fase inicial (7o ao 11o dias)
De acordo com a análise estatística, houve interação entre os horários
de avaliação e as estações para todas as variáveis analisadas: temperatura de
bulbo seco interna e externa (tbsint e tbsext, ºC), umidade relativa interna e
externa (URint e URext, %), índice de temperatura e umidade interno e externo
(ITUint e ITUext, adimensional) e houve interação entre estação e seção para
tbsext e ITUext.
De forma a elucidar as interações, foram apresentadas as Tabelas de 1
a 3, onde é possível observar a influencia dos horários de observação para as
variáveis tbsint, tbsext, URint, URext, ITUint, ITUext e o potencial de amortecimento
das variáveis por meio do sistema de climatização (Δ) dentro de cada estação.
Na Tabela 1 estão apresentadas as médias para as variáveis tbsint, tbsext a
fim de verificar a distribuição das temperaturas dentro das estações do ano
para cada horário de avaliação na fase inicial, em que é possível observar que
os horários de 12h e 14h apresentaram os maiores valores de temperatura de
bulbo seco, tanto no ambiente interno quanto externo, o mesmo foi observado
por CARVALHO et al. (2011) e TEIXEIRA et al. (2004). A ocorrência das altas
temperaturas nesses horários podem ser explicados pela maior incidência de
radiação solar direta sobre o telhado (MENEGALI et al., 2013).
Durante a primavera e verão, no ambiente interno, foram observadas as
temperaturas mais elevadas, no entanto, na primavera, no ambiente externo,
foi a que apresentou as menores temperaturas.
80
Tabela 1 Médias das temperaturas de bulbo seco interna (tbsint, ºC) e temperaturas de bulbo seco externa (tbsext, ºC) para frangos de corte na fase inicial nas estações do ano
t bsin
t (ºC
)
Estação Horário
10 12 14 16 18
Inverno 29,55 aB 30,76 bA 31,69 bAB 29,42 aB 28,76 aB Outono 28,05 bA 30,84 cA 31,25 cAB 27,69 bA 26,03 aA
Primavera 30,48 abBC 33,42 cC 31,05 bA 30,77 bC 29,39 aB Verão 30,73 bC 32,20 cB 32,28 cB 30,78 bC 28,84 aB
t bsext (
ºC) Estação
Horário
10 12 14 16 18
Inverno 25,65 bA 30,45 cB 30,85 cB 31,05 cC 24,10 aB Outono 26,70 bB 33,30 eC 30,95 dB 29,05 cB 25,40 aC
Primavera 25,15 cdA 24,10 bcA 25,30 dA 23,80 bA 21,65 aA Verão 27,55 aB 30,95 cB 31,85 cdB 32,50 dD 28,95 bD
Δt b
sext –
tbsin
t
(ºC
)
Estação Horário
10 12 14 16 18
Inverno - 3,90 - 0,31 - 0,84 1,63 - 4,66 Outono - 1,35 2,46 - 0,30 1,36 - 0,63
Primavera - 5,33 - 9,32 - 5,75 - 6,97 - 7,74 Verão - 3,18 - 1,25 - 0,43 1,72 0,11
Médias seguidas da mesma letra maiúscula, na coluna, e minúsculas, na linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% (P<0,05) de probabilidade.
Quanto a eficiência do sistema de climatização, a estação da primavera
foi a que obteve o pior desempenho quanto ao arrefecimento do ambiente
interno. Às 12h a temperatura de bulbo seco externo (tbsext, ºC) chegou a ser
9,32 ºC inferior a do ambiente interno, demonstrando que os gastos com
energia elétrica para acionamento do sistema podem ser reduzidos. Podendo
ser mais eficiente um manejo de cortinas ou a implementação de algum
sistema de resfriamento evaporativo com uso de placas evaporativas para
auxiliar no arrefecimento no ambiente interno do galpão.
ABREU & ABREU (2011) recomendam, para essa fase, a temperatura
entre 29ºC e 32ºC. Analisando a Tabela 2, apenas durante outono, as 16h e
18h, as temperaturas encontram-se abaixo do indicado, as demais estações
encontram-se dentro do limite. Se a temperatura é inferior às exigências
térmicas das aves, grande parte da energia consumida na dieta, o que poderia
ser usado para a produção, é desviada para a manutenção do sistema de
termorregulação (CORDEIRO et al., 2010 ).
Na Tabela 2 estão apresentadas as médias para as variáveis URint e
URext a fim de verificar a distribuição das temperaturas dentro das estações do
ano para cada horário de avaliação na fase inicial.
81
Tabela 2 Médias da umidade relativa interna (URint, %) e umidade relativa externa (URext, %) para frangos de corte na fase inicial nas estações do ano.
UR
int (
%) Estação
Horário
10 12 14 16 18
Inverno 65,68 dAB 52,25 abA 44,96 aA 54,04 bcA 60,12 cdA Outono 72,11 bB 68,29 bB 65,83 bC 58,21 aAB 72,30 bBC Primavera 79,29 bC 72,06 abB 70,78 aC 74,31 abC 75,64 abC Verão 63,79 abA 58,94 aA 57,66 aB 63,24 abB 67,14 bB
UR
ext (
%) Estação
Horário
10 12 14 16 18
Inverno 51,40 bA 35,55 aA 34,00 aA 34,50 aA 46,85 bA Outono 61,75 bB 59,95 bB 62,60 bC 42,10 aAB 57,00 bB Primavera 82,60 abC 86,70 bcC 77,20 aD 83,20 abC 93,20 cC Verão 67,45 bB 52,85 aB 49,30 aB 47,60 aB 61,80 bB
Δ U
Rext –
UR
int
Estação Horário
10 12 14 16 18
Inverno - 14,28 - 16,7 - 10,96 - 19,54 - 13,27 Outono - 10,36 - 8,34 - 3, 23 - 16,11 - 15,30 Primavera 3,31 14,64 6,42 8,89 17,56
Verão 3,66 - 6,09 - 8,36 - 15,64 - 5,34
Médias seguidas da mesma letra maiúscula, na coluna, e minúsculas, na linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% (P<0,05) de probabilidade.
Por meio da Tabela 2 pode-se observar que a umidade do ambiente
externo, no inverno, apresenta valores inferiores ao considerado à produção
animal, chegando às 14h com 34% de URext. As 16h no inverno, o percentual
de diferença entre a UR e URext foi de 56%. Valores de umidade muito abaixo
do recomendado podem causar desidratação das mucosas de frangos de corte
nesta fase (BAIÃO & CANÇADO, 1998).
Os maiores valores de umidade relativa proporcionada pelas estações
de primavera e em alguns horários durante outono e verão apresentaram
médias estatisticamente maiores que o intervalo recomendado por COBB
(2008), que para esta fase de produção, seria uma umidade relativa entre 40 a
60%. Para ABREU & ABREU (2011), o ideal é de 60% a 70% e os autores
afirmam que a dissipação de calor por evaporação varia com o teor de
umidade, desta forma a quantidade de calor perdida depende da diferença
entre a pressão de vapor aquoso na superfície de evaporação do ar.
Na primavera, a URint às 18h a URint foi 14,64 acima da URext, cerca de
O fato deve-se, principalmente, ao sistema de nebulização e exaustão utilizado
nos galpões.
82
A URint varia em função do estado psicrométrico do ar em cada seção,
sendo dependente do estado psicrométrico do ar externo ou seção anterior, do
sistema de nebulização, da transferência de massa entre animal e ambiente
(respiração e excretas) e de possíveis vazamentos dos bebedouros, onde em
regiões que a URext é elevada, a vedação ineficiente do galpão também
interfere no controle ambiental.
Frangos de corte fora das faixas de conforto para URint podem
comprometer o balanço da homeotermia (MOURA et al., 2010), podendo
causar a desidratação dos animais, a redução do desempenho produtivo,
dentre outras respostas indesejáveis (PONCIANO et al., 2012).
Na Tabela 3 estão apresentadas as médias para as variáveis ITU int e
ITUext a fim de verificar a distribuição das temperaturas dentro das estações do
ano para cada horário de avaliação na fase inicial.
Tabela 3 Médias do índice de temperatura e umidade interna (ITUint, adimensional) e índice de temperatura e umidade externo (ITUext, adimensional) para frangos de corte na fase inicial nas estações do ano.
ITU
int
Estação Horário
10 12 14 16 18
Inverno 79,08 bcB 79,38 cA 79,72 cA 77,77 abB 77,50 aB Outono 77,59 bA 80,95 cB 81,28 cB 75,87 aA 74,92 aA Primavera 81,48 bC 84,85 cC 81,55 bB 81,44 bC 79,69 aC Verão 80,51 bcBC 81,99 cB 81,95 bcB 80,46 bC 78,28 aBC
ITU
ext
Estação Horário
10 12 14 16 18
Inverno 72,22 bA 76,84 cB 76,88 cB 77,55 Cc 69,59 aA Outono 74,93 bB 83,22 dD 80,31 cC 75,86 bB 72,71 aB Primavera 74,53 cB 73,43 bcA 74,34 bcA 72,75 bA 70,45 aA Verão 76,57 aC 79,72 bC 80,49 bC 81,14 bD 77,95 aC
Δ I
TU
ext –
ITU
int
Estação Horário
10 12 14 16 18
Inverno - 6,86 - 2,54 - 2,84 - 0,22 - 7,91 Outono - 2,66 2,27 - 0,97 - 0,01 - 2,21 Primavera - 6,95 - 11,42 - 7,21 - 8,69 - 9,24 Verão - 3,94 - 2,27 - 1,46 0,68 - 0,33
Médias seguidas da mesma letra maiúscula, na coluna, e minúsculas, na linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% (P<0,05) de probabilidade.
Verificando a Tabela 3 podemos afirmar que na primavera o ambiente
externo proporciona melhor ambiente aos frangos de corte do que no interior
no galpão, tendo os valores de ITUint como parâmetros. As estações que
ofereceram piores condições ambientais foram a primavera e verão.
83
Valores de ITUint acima do ideal, com desconforto ambiental, podem ser
capazes de impedir o crescimento e produtividade das aves (ROCHA et al.,
2010).
Constata-se que o ambiente externo apresenta valor de ITUext, durante a
primavera e as 12h, 11,42 inferior ao ITUint, cerca de 15,5% de diferença entre
os dois ambientes. Desta forma, pode-se afirmar que o sistema de climatização
não foi suficiente para proporcionar condições de conforto as aves.
Para demonstrar onde ocorreram as diferenças significativas de ITUint,
ITUext (Figura 4), tbsint e tbsext (Figura 5) foi necessário realizar o desdobramento
das estações do ano dentro de cada seção, para tanto foram confeccionados
mapas de contorno, ilustrando a influencia das características de cada estação
sobre o ambiente interno de produção.
Verifica-se que na primavera e verão ocorreram os maiores valores de
ITUint, principalmente na seção central e terço final. Nas estações de outono e
inverno, os galpões apresentam-se amenos quando comparado às demais
estações.
Quanto ao ambiente externo, verifica-se que as condições ambientais
influenciam diretamente as internas. Principalmente pelo fato do sistema de
climatização utilizado na granja não utilizar um mecanismo de redução de
temperatura antes de o ar adentrar, desta forma, se o ambiente externo
apresentar altas temperaturas, consequentemente o ar interno apresentará as
mesmas condições.
84
Esta
çã
o
ITU
int
Inicial Terçoinicial
Centro Terçofinal
Final
Inverno
Outono
Primavera
Verão
ITU
ext
Inicial Terçoinicial
Centro Terçofinal
Final
Inverno
Outono
Primavera
Verão
7273747576777879808182
Seção
Figura 4 Distribuição dos valores de ITUint e ITUext durante as estações do ano e ao longo das seções predeterminadas, na fase inicial de produção (mapa de contorno).
85
Esta
çã
o
t bsin
t
Inicial Terçoinicial
Centro Terçofinal
Final
Inverno
Outono
Primavera
Verão
t bsext
Inicial Terçoinicial
Centro Terçofinal
Final
Inverno
Outono
Primavera
Verão
242526272829303132
Seção
Figura 5 Distribuição dos valores de tbsint e tbsext durante as estações do ano e ao longo das seções predeterminadas, na fase inicial de produção (mapa de contorno).
Assim como o ITUint, as temperaturas mensuradas no interior dos
galpões foram influenciadas pelos valores de temperaturas do ambiente
externo. Além disso, verifica-se por meio da Figura 5 que as temperaturas
internas mesmo apresentando em algumas seções do galpão e estações do
ano, médias inferiores as do ambiente externo, obtiveram temperaturas mais
elevadas nas ultimas seções durante a primavera e verão. As condições
internas de produção para cada estação e horário de avaliação, considerando o
ITU como ferramenta de classificação, estão apresentadas na Figura 6.
86
Se
çã
o
Ou
ton
o
10 12 14 16 18
Inicial
Terçoinicial
Centro
Terçofinal
Final
Inve
rno
10 12 14 16 18Inicial
Terçoinicial
Centro
Terçofinal
Final
Pri
ma
ve
ra
10 12 14 16 18
Inicial
Terçoinicial
Centro
Terçofinal
Final
Ve
rão
Inicial
Terçoinicial
Centro
Terçofinal
Final
10 12 14 16 18 727374757677787980818283848586
Horário
Figura 6 Distribuição dos valores de ITU durante o Outono, Inverno, Primavera e Verão ao longo das instalações para frangos de corte, na fase inicial de produção (mapas de contorno).
87
8.2 Fase final
De acordo com a análise estatística houve interação entre os horários de
avaliação e as estações para todas as variáveis analisadas: temperatura de
bulbo seco interna e externa (tbsint e tbsext, ºC), umidade relativa interna e
externa (URint e URext, %), índice de temperatura e umidade interno e externo
(ITUint e ITUext, adimensional) e houve interação entre estação e seção para
URint, URext, tbsext e ITUext.
As interações entre horários de observação e estações do ano estão
apresentadas nas Tabelas 4 a 6, onde é possível observar a influencia dos
horários de observação para as variáveis tbsint, tbsext, URint, URext, ITUint, ITUext e
o potencial de amortecimento das variáveis por meio do sistema de
climatização (Δ) dentro de cada estação.
Tabela 4 Médias das temperaturas de bulbo seco interna (tbsint, ºC) e temperaturas de bulbo seco externa (tbsext, ºC) para frangos de corte na fase final nas estações do ano.
t bsin
t (ºC
)
Estação Horário
10 12 14 16 18
Inverno 26,69 bB 26,65 bAB 27,36 bAB 26,60 bA 24,45 aA Outono 23,85 aA 25,73 bcA 26,93 cA 26,49 cA 24,46 abA Primavera 26,90 aB 27,37 abAB 27,40 abAB 32,09 cC 29,14 bB Verão 26,85 aB 28,06 abB 28,74 bB 29,43 bB 28,68 bB
t bsext (
ºC) Estação
Horário
10 12 14 16 18
Inverno 26,65 aB 32,20 cD 30,80 bB 30,85 bB 26,40 aC Outono 25,40 bA 30,95 cC 30,75 cB 31,15 cB 23,10 aB Primavera 24,40 bA 20, 40 aA 21,35 aA 21,10 aA 20,80 aA Verão 26,45 aB 29,05 bB 30,35 cB 31,55 dB 30,20 cD
Δt b
sext –
tbsin
t
(ºC
)
Estação Horário
10 12 14 16 18
Inverno - 0,04 5,55 3,44 4,25 1,95 Outono 1,55 5,22 3,82 4,66 - 1,36 Primavera - 2,50 - 6,97 - 6,05 - 10,99 - 8,34 Verão - 0,40 0,99 1,61 2,12 1,52
Médias seguidas da mesma letra maiúscula, na coluna, e minúsculas, na linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Por meio da Tabela 4 é possível observar que os horários de 14h e 16h,
principalmente, apresentaram os maiores valores de temperatura de bulbo
seco, tanto no ambiente interno quanto externo para todas as estações.
88
Durante a primavera e verão, no ambiente interno, foram observadas as
temperaturas mais elevadas, no entanto a primavera, no ambiente externo foi a
que apresentou as menores temperaturas. Para SILVA et al. (2007) as
condições termoneutras para frangos de corte, na fase final, deve apresentar
temperatura de 24º C, o que caracterizaria apenas durante o outono as 10h e
18h e inverno as 18h como condição ideal de produção.
Quanto a eficiência do sistema de climatização, a estação da primavera
foi a que obteve o pior desempenho quanto ao arrefecimento do ambiente
interno. Às 16h a temperatura de bulbo seco externo (tbsext, ºC) chegou a ser
10,99 ºC inferior ao do ambiente interno.
De acordo com os resultados encontrados para a estação de verão as
condições ambientais proporcionadas às aves estão inadequadas, fora das
condições de conforto térmico, pois as temperaturas foram superiores a 28ºC.
No entanto, MOURA (2001) relatou que, com o sistema de nebulização, os
frangos toleram temperaturas ambientais acima de 27°C. OLIVEIRA et al.
(2006b) observaram que aves mantidas nessa fase, que mantidas sob altas
temperaturas, apresentaram redução média de 14,7% de consumo de ração.
As discordâncias de temperatura ideal e sua amplitude para as
diferentes classes e tipos de aves são resultado de muitos fatores que afetam a
reação da ave frente às mudanças de ambiente (OLIVEIRA et al., 2006b). Os
mesmos autores observaram que aves na fase final de produção,
apresentaram redução média de 22% no consumo de ração. SILVA et al.
(2009) afirmam que esta redução é uma tentativa para aliviar o estresse por
calor, visto que a produção de calor aumenta de acordo com o consumo de
alimento.
Na Tabela 5 estão apresentados os valores médios da umidade relativa
interna (URint, %) e umidade relativa externa (URext, %) para frangos de corte
na fase final nas estações do ano, em que observa-se que a umidade do
ambiente externo, no inverno, apresenta valores inferiores ao considerado
adequado à produção animal, chegando as 16h com 23,35% de URext.
89
Tabela 5 Médias da umidade relativa interna (URint, %) e umidade relativa externa (URext, %) para frangos de corte na fase inicial nas estações do ano.
UR
int (
%) Estação
Horário
10 12 14 16 18
Inverno 51,52 aA 55,42 abA 52,95 aA 52,21 aA 63,41 bA Outono 69,84 bB 65,72 abB 62,24 abB 66,79 abB 59,11 aA Primavera 87,31 aC 86,19 aC 86,12 aC 90,60 aC 88,82 aC Verão 82,44 bC 85,61 bC 77,59 abC 73,05 aB 78,05 abB
UR
ext (
%) Estação
Horário
10 12 14 16 18
Inverno 34,60 bA 24,75 aA 24,65 aA 23,35 aA 34,55 bA Outono 51,60 cB 36,05 aB 33,90 aB 34,70 aB 44,85 bB Primavera 84,90 aD 88,00 abD 90,40 bD 90,60 bD 91,00 bD Verão 74,15 dC 64,65 cC 58,80 bC 53,10 aC 59,00 bC
Δ U
Rext –
UR
int
Estação Horário
10 12 14 16 18
Inverno - 16,92 - 30,67 - 28,30 - 28,86 - 28,86 Outono - 18,24 - 29,67 - 28,34 - 32,09 - 14,26 Primavera - 2,41 1,81 4,28 0 2,18 Verão - 8,29 - 20,96 - 18,79 - 19,95 - 19,05
Médias seguidas da mesma letra maiúscula, na coluna, e minúsculas, na linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Os valores de URint proporcionada pelas estações de primavera, verão e
outono apresentaram médias estatisticamente maiores que o intervalo
recomendado por COBB (2008), que seria, para esta fase de produção, entre
40 a 60%.
Durante o inverno, a URext esteve a 23,35% as 16h, valor comparável as
umidades encontradas em clima de deserto. Os baixos valores podem facilitar
a inalação da poeira produzida no galpão e substâncias químicas como a
amônia, agredindo o trato respiratório (MINHARRO et al., 2001).
Na primavera, a URext chegou a um percentual de 4,7% acima da UR,
resultado das constantes chuvas, característica desta estação na região, e
fazendo com que aumente ainda mais a umidade no interior dos galpões,
principalmente nos horários em que a temperatura é elevada e o sistema de
nebulização é acionado, o mesmo foi observado por FURTADO et al. (2006).
A elevação da umidade relativa no ambiente interno intensifica o efeito
negativo da temperatura sobre o desempenho dos frangos de corte (OLIVEIRA
et al., 2006b).
À medida que a temperatura ambiente se eleva, a ave intensifica a perda
de calor pelo processo evaporativo a fim de manter a homeotermia. Este
90
processo depende da concentração de água no ar, portanto, as aves redução a
eficiência de dissipação do calor corporal. Altos valores de umidade podem
provocar a condensação de vapor nas paredes e equipamentos do galpão,
aumentando a incidência de doenças (MOURA et al., 2010).
NÄÄS et al. (2007) considera que os altos valores de umidade podem
ser decorrentes da época do ano (estação chuvosa), além do acúmulo de
umidade na cama, proporcionada pelas excretas das aves, aumentando a
quantidade de gases, como a amônia.
As maiores umidades são observadas, neste estudo, no outono,
considerada uma estação de transição entre verão e inverno, com elevada
frequência de nevoeiros e temperaturas mais amenas. Durante o inverno, a UR
reduz consideravelmente na região Centro-oeste do país, considerado o menos
chuvoso do ano.
Na Tabela 6 estão apresentados os valores médios do índice de
temperatura e umidade interna (ITUint, adimensional) e índice de temperatura e
umidade externo (ITUext, adimensional) para frangos de corte na fase final nas
estações do ano.
Tabela 6 Médias do índice de temperatura e umidade interna (ITU int, adimensional) e índice de temperatura e umidade externo (ITUext, adimensional) para frangos de corte na fase final nas estações do ano.
ITU
int
Estação Horário
10 12 14 16 18
Inverno 73,59 abA 74,10 abA 74,74 bA 73,64 abA 71,93 aA Outono 71,75 aA 73,79 abA 75,00 bA 74,96 bA 71,64 aA Primavera 77,23 aB 77,79 aB 77,83 aB 84,50 cC 80,37 bB Verão 76,81 aB 78,68 abB 78,99 abB 79,55 bB 78,94 abB
ITU
ext
Estação Horário
10 12 14 16 18
Inverno 71,58 aA 76,95 cB 75,10 bB 74,85 bB 71,26 aB Outono 72,12 bA 77,52 cBC 76,87 cC 77,56 cC 68,23 aA Primavera 73,42 bB 68,77 aA 69,61 aA 69,62 aA 69,24 aA Verão 75,65 aC 78,34 bC 79,50 bcD 80,53 cD 79,35 bcC
Δ I
TU
ext –
ITU
int
Estação Horário
10 12 14 16 18
Inverno - 2,01 2,85 0,36 1,21 -0,67 Outono 0,37 3,73 1,87 2,60 -3,41 Primavera - 3,81 - 9,02 - 8,22 - 14,88 - 11,13 Verão - 1,16 - 0,34 0,51 - 0,98 0,41
Médias seguidas da mesma letra maiúscula, na coluna, e minúsculas, na linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% (P<0,05) de probabilidade.
91
Os horários, dentro das estações, seguem a variação circadiana de
temperatura e umidade, resultando consequentemente em variação no ITU.
Durante a primavera, tem-se uma maior insolação incidindo sobre o telhado,
favorecendo um aumento de temperaturas no interior dos galpões,
principalmente as 16h.
A maior diferença encontrada entre os valores de ITUint e ITUext foram
durante a primavera as 16h, onde a amplitude entre o ambiente externo interno
foi de 14,88, significando que para atingir o mesmo valor de ITUext, o sistema
precisa reduzir o índice em 21%.
Para demonstrar onde ocorreram as diferenças significativas de ITU int,
ITUext (Figura 7), tbsint e tbsext (Figura 8) foi necessário realizar o desdobramento
das estações do ano dentro de cada seção, para tanto foram confeccionados
mapas de contorno, ilustrando a influencia das características de cada estação
sobre o ambiente interno de produção.
92
Esta
çã
o
ITU
int
Inicial Terçoinicial
Centro Terçofinal
Final
Inverno
Outono
Primavera
Verão
ITU
ext
Inicial Terçoinicial
Centro Terçofinal
Final
Inverno
Outono
Primavera
Verão
7273747576777879808182
Seção (colocar do menor para o maior)
Figura 7 Distribuição dos valores de ITUint e ITUext durante as estações do ano e ao longo das seções predeterminadas, na fase final de produção (mapa de contorno).
93
Esta
çã
o
t bsin
t
Inicial Terçoinicial
Centro Terçofinal
Final
Inverno
Outono
Primavera
Verão
t bsext
Inicial Terçoinicial
Centro Terçofinal
Final
Inverno
Outono
Primavera
Verão
2223242526272829303132
Seção
Figura 8 Distribuição dos valores de tbsint e tbsext durante as estações do ano e ao longo das seções predeterminadas, na fase final de produção (mapa de contorno).
Quanto aos valores de temperaturas, os galpões estariam fora do
recomendado por COBB, 2008 e SARMENTO et al., 2005, em que o ideal
nesta fase de produção é de 19 a 21ºC e umidade relativa entre 50 a 70%, o
que não acontece em nenhuma estação ou seção avaliada. Segundo
MEDEIROS et al. (2005) uma temperatura do ar de 26°C pode ser considerada
amena.
Segundo FUNCK & FONSECA (2008), mantendo-se a temperatura nos
níveis desejáveis e atentando-se para as outras práticas de manejo, consegue-
94
se manter o crescimento das aves em níveis adequados e a uniformidade do
lote.
OLIVEIRA et al. (2006b) enfatizam a importância de um ambiente com
temperaturas adequadas, indicando que altas temperaturas afetam diretamente
o ganho de peso de frangos de corte.
As condições internas de produção para cada estação e horário de
avaliação, considerando o ITUint como ferramenta de classificação, estão
apresentadas na Figura 9.
Para ABREU & ABREU (2001), nesta idade, consideram como conforto
térmico, aves em ambiente com temperatura entre 20 a 23ºC, umidade relativa
entre 60 a 70% e ITUint variando de 56,6 a 64. Os valores de ITUint, nas seções
e estações, estão fora do recomendado por GATES et al. (1995), para frangos
de corte. Valores de ITUint menores que 74 configuram conforto térmico, entre
74 e 79 representam situações de alerta e perigo para a produção, e entre 79 e
84 indicam situação de emergência sendo necessário providencias urgentes
para se evitar a perda do plantel.
As estações do ano que caracterizaram os períodos mais quentes, de
acordo com as características do clima de região, foram verão e primavera.
Para SOUZA et al. (2010) os períodos mais quentes do ano, avaliando
ambientes de produção na região norte do Paraná, foram verão e outono.
MENDES & KOMIYAMA (2011) observaram que as temperaturas
também influenciam na perda de peso por cozimento da carne dos frangos de
corte, fato associado ao estresse em que a ave foi submetida, principalmente
durante o verão.
95
Se
çã
o
Inve
rno
Inicial
Terçoinicial
Centro
Terçofinal
Final
10 12 14 16 18
Ou
ton
o
Inicial
Terçoinicial
Centro
Terçofinal
Final
10 12 14 16 18
Pri
ma
ve
ra
Inicial
Terçoinicial
Centro
Terçofinal
Final
10 12 14 16 18
Ve
rão
Inicial
Terçoinicial
Centro
Terçofinal
Final
10 12 14 16 18
707274767880828486
Horário
Figura 9 Distribuição dos valores de ITUint durante o Verão, Primavera, Outono e Inverno ao longo das instalações para frangos de corte, na fase final de produção (mapa de contorno).
96
A partir dos dados coletados nos galpões localizados no interior do
Estado de Goiás, foram ajustadas equações de regressão múltiplas para cada
estação do ano. A partir das equações de regressão múltiplas ajustadas foram
elaborados os gráficos de resíduos (Figura 10). Na análise dos gráficos, é
possível evidenciar a linearidade dos dados, confirmando a validade das
equações, pois os pontos todos permanecem juntos a reta que os corta,
principalmente na primavera.
Os resultados deste estudo permitem inferir que as variações dos
elementos climáticos ao longo do ano, dentro dos galpões, podem ser
ajustadas e amortizadas. O monitoramento do ambiente e readequação do
sistema, utilizando mecanismos que reduzam o impacto destas variáveis sobre
o desempenho dos frangos de corte, podem auxiliar na otimização da
produção.
Apesar da temperatura e da umidade do ar serem as variáveis mais
analisadas quando se trata de conforto ambiental para produção comercial de
frangos de corte, existem outros fatores que são relevantes para se analisar o
conforto nos galpões, tais como a quantidade de luz, a concentração de gases,
a quantidade de poeira, de microorganismos e outros (BANHAZI et al., 2008;
SARAZ et al., 2010 e PONCIANO et al., 2011).
97
Pe
rce
ntu
al
Inve
rno
0.500.250.00-0.25-0.50-0.75-1.00
99.9
99
95
90
80706050403020
10
5
1
0.1
ITU = 31,9 + 1,31*tbs + 0,11*URR2 = 0,99
Ou
ton
o
0.500.250.00-0.25-0.50-0.75
99.9
99
95
90
80706050403020
10
5
1
0.1
ITU = 33,6 + 1,33*tbs + 0,092*URR2 = 0,99
Pri
ma
ve
ra
0.150.100.050.00-0.05-0.10
99.9
99
95
90
80706050403020
10
5
1
0.1
ITU = 34,3 + 1,35*tbs + 0,077*UR
R2 = 1
Ve
rão
0.30.20.10.0-0.1-0.2-0.3
99.9
99
95
90
80706050403020
10
5
1
0.1
ITU = 34,8 + 1,32*tbs + 0,082*URR2 = 0,99
Resíduo
Figura 10 Normal dos resíduos de ITUint e equações de regressão múltipla para inverno, outono, primavera e verão no interior dos galpões.
98
9 CONCLUSÃO
O sistema de climatização utilizado nos galpões foi ineficiente em reduzir
os efeitos do ambiente externo, onde na fase inicial, durante a primavera o
valor de ITUext esteve 15% menor que o valor do ITU, na fase final este valor foi
superior, chegando a 21%
As estações do ano que apresentaram piores as condições de produção
para frangos de corte foram verão e primavera, com elevadas temperaturas,
umidade relativa e ITU no ambiente interno.
As seções mais próximas à entrada de ar apresentam as melhores
condições de conforto, quando comparadas as demais, nos horários e
estações avaliadas.
10 REFERÊNCIAS
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BANHAZI, T. M.; SEEDORF, J.; LAFFRIQUE, M.; RUTLEY, D. L. Identification of the risk factors for high airborne particle concentrations in broiler buildings using statistical modeling. Biosystems Engeneering, Washington, v.101,
p.100-110, 2008. CARVALHO, C. C. S.; SOUZA, C. F.; TINÔCO, I. DE F. F.; VIEIRA, M. F. A.; MINETTE, L. J. Segurança, saúde e ergonomia de trabalhadores em galpões de frangos de corte equipados com diferentes sistemas de abastecimento de ração. Engenharia Agrícola, Jaboticabal, v.31, p.438-447, 2011.
COBB - Cobb Vantress Brasil Ltda. Broiler management guide. Arkansas:
Cobb-Vantress. 2008. 65p.
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CAPÍTULO 4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
As características do clima devem ser consideradas ao se implantar um
sistema de climatização em galpões para produção de frangos de corte,
principalmente pelo fato de que estes sistemas necessitam de uma completa
vedação, tal que o ambiente interno não seja influenciado pelo externo.
Entretanto, os custos de implantação e manutenção também devem ser
analisados.
Os mecanismos de automação e modernização dos galpões e
equipamentos avícolas não garantem respostas produtivas positivas. Em
situações onde os sistemas são implantados de forma incorreta ou que não
estão sob manutenção, podem acarretar prejuízos maiores do que se fossem
utilizados sistemas convencionais.
As estimativas de temperaturas das superfícies corporais, massa
corporal, frequência respiratória e índice de conforto térmico, auxiliam em
tomadas de decisão quanto ao uso de equipamentos ou recursos que
diminuam os efeitos negativos do ambiente térmico na produtividade.
As variações do ambiente térmico encontradas neste experimento
ocorrem em função de processos naturais de balanço de calor e massa
existentes no interior dos galpões, entre animais, ambiente e elementos
estruturais. Verifica-se que em um mesmo galpão de frangos de corte podem
apresentar condições térmicas distintas, proporcionando respostas produtivas
diferentes entre o inicio e o final do galpão.
Estudos desenvolvidos nesta área visam servir de embasamento a
novas pesquisas envolvendo trabalhos de avaliação do ambiente de produção
animal.
O resultado desta pesquisa é de suma importância para o empresário
rural, pois quanto maior for a idade das aves maior será o consumo de ração,
mão de obra, medicamentos e insumos, implicando, consequentemente em
prejuízos financeiros, caso ocorra morte de animais por estresse calórico,
principalmente, no final do período de crescimento.
Para atingir o conforto térmico dos frangos de corte, em regiões de clima
quente, como na região noroeste do Estado de Goiás, onde são registradas
altas temperaturas no interior dos aviários, deve-se aprimorar o projeto das
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instalações e equacionar os manejos para superar os efeitos prejudiciais
provenientes de alguns fatores ambientais críticos (temperatura e umidade
relativa, interna e externa), propiciando ao animal ambiente confortável.