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jornalcienciaespirita.org ano iii - nº 6 distribuição online gratuita O Valor do Sacrifício pessoal A AUVERGNE. VERCINGÉTORIX, GERGOVIE E ALÉSIA Léon Denis É no ano de 53 a.C. que, dolo- rosamente influenciado pela situação da GÁLIA, VERCIN- GÉTORIX toma a resolução de se con- sagrar à salvação de sua nação. CÉ- SAR tinha derrotado separadamente os ÉBURONS, os TRÉVIRES, os SÉNONES, depois retornou para a Itália, deixando as suas dez legiões dispersas no norte e no leste. Apro- veitando as circunstâncias, VERCIN- GÉTORIX, em pleno inverno, percorreu as tribos preparando uma sublevação geral e, pela virilidade de sua elo- quência, reanimou os ardores patrió- ticos e levantou a coragem abatida. Uma assembleia solene, de to- dos os chefes gauleses, teve lugar na floresta sagrada dos CARNUTOS. Ali, sob as bandeiras das tribos, reunidas em aglomerados, os chefes fizeram o juramento de se unirem contra os romanos e proclamaram VERCINGÉTO- RIX como seu chefe supremo. Eles so- nhavam com uma pátria coletiva, com uma grande GÁLIA livre e federada, a realização dessa fraternidade céltica, concebida pelos DRUIDAS. VERCINGÉ- TORIX tentou introduzir mais ordem e método na organização militar e nos movimentos da armada gaulesa. Ele mostrou tanta habilidade e precisão que provocou este elogio pouco co- mum de seu inimigo: “ELE FOI TANTO ATIVO QUANTO SEVERO NO SEU COMANDO.”¹. Pode perguntar-se onde o grande chefe arverno, ainda jovem, ti- nha obtido as suas aptidões e o seu co- nhecimento. Parece que a função que se deve atribuir ao mundo invisível na história começa a sair do domínio exclusivo das religiões para penetrar pouco a pouco na ciência. Esta função o Sr. Camille Jullian a reconhece, ou lidade das reformas de VERCINGÉTORIX. Para devastar a área da armada romana, os bitu- riges põem fogo, por sua ordem, em vinte das suas vilas. CÉSAR sobe de novo até à Auvergne com as suas legiões e ataca a Gergovie, foco da independência gaulesa; ele é repelido e, forçado a deixar o seu campo e a bater em retirada durante a noite. O gene- ral romano, que não tinha cavalaria, não hesitou em mandar vir, do outro lado do Reno, para se alistarem, bandos de cavaleiros ger- mânicos semi-sel- vagens. E é assim que, após ter procla- mado muitas ve- zes, alto e bom som, que ele não vinha à Gália a não ser para defendê-la contra os ger- manos, foi ele mesmo que abriu o caminho às in- vasões. Na melhor, a discerne na vida de seu herói, e a relaciona a outros exemplos célebres; os de SERTÓRIO e de MÁRIO, que tiveram as suas- profetisas, como CIVILIS teve VELLÉDA. “VER- CINGÉTORIX disse que teve à sua volta agen- tes que o colocavam em relação com o céu.”² Mas o terrível procônsul, ao ser in- formado da sublevação da GÁLIA, dei- xou rapidamente RAVENNA e, após uma viagem rápida, realizou um aco tido como irrealizável em pleno inverno. Ele atra- vessou as CÉVENNES por veredas abruptas, com 30 centímetros de neve, e investiu com a sua pequena armada sobre o país arverno, obrigando, assim, VERCINGÉTORIX a dirigir as suas forças para o sul e a libertar as legiões cer- cadas. Após esse desvio estratégico, CÉSAR desceu pelo vale do Loire e juntou, às pressas, a parte principal das legiões a fim de ser capaz de enfrentar os acontecimentos. Não é surpreendente encontrar, a dezoito séculos de distância, fatos análo- gos nessa outra existência do mesmo homem de gê- nio que foi sucessivamente JÚLIO CÉSAR E NAPOLEÃO BONAPARTE? A passagem de Cévennes não teria por complemento aquela do Grand Saint Bernard, e o 18 brumário³ não lembra a pas- sagem do Rubicão? Alguns meses depois, o cerco de Bourges pelos romanos, heroi- camente susten- tado pelos seus habitantes, mos- trou toda a uti- Periódico Semestral Edição - Abril 2017 A Serviço da Doutrina Espírita e do Codificador Toda Honra e Toda Glória ao Supremo Criador

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O Valor do Sacrifício pessoal

A Auvergne. vercingétorix, gergovie e AlésiA

Léon Denis

É no ano de 53 a.C. que, dolo-rosamente influenciado pela situação da GÁLIA, vercin-

gétorix toma a resolução de se con-sagrar à salvação de sua nação. cé-sAr tinha derrotado separadamente os ÉBURONS, os TRÉVIRES, os SÉNONES, depois retornou para a Itália, deixando as suas dez legiões dispersas no norte e no leste. Apro-veitando as circunstâncias, vercin-gétorix, em pleno inverno, percorreu as tribos preparando uma sublevação geral e, pela virilidade de sua elo-quência, reanimou os ardores patrió-ticos e levantou a coragem abatida. Uma assembleia solene, de to-dos os chefes gauleses, teve lugar na floresta sagrada dos CARNUTOS. Ali, sob as bandeiras das tribos, reunidas em aglomerados, os chefes fizeram o juramento de se unirem contra os romanos e proclamaram vercingéto-rix como seu chefe supremo. Eles so-nhavam com uma pátria coletiva, com uma grande GÁLIA livre e federada, a realização dessa fraternidade céltica, concebida pelos DRUIDAS. vercingé-torix tentou introduzir mais ordem e método na organização militar e nos movimentos da armada gaulesa. Ele mostrou tanta habilidade e precisão que provocou este elogio pouco co-mum de seu inimigo: “ele foi tAnto Ativo quAnto severo no seu comAndo.”¹. Pode perguntar-se onde o grande chefe arverno, ainda jovem, ti-nha obtido as suas aptidões e o seu co-nhecimento. Parece que a função que se deve atribuir ao mundo invisível na história começa a sair do domínio exclusivo das religiões para penetrar pouco a pouco na ciência. Esta função o Sr. Camille Jullian a reconhece, ou

lidade das reformas de vercingétorix. Para devastar a área da armada romana, os bitu-riges põem fogo, por sua ordem, em vinte das suas vilas. césAr sobe de novo até à Auvergne com as suas legiões e ataca a Gergovie, foco da independência gaulesa; ele é repelido e, forçado a deixar o seu campo e a bater em retirada durante a noite. O gene- ral romano, que não tinha cavalaria, não hesitou em mandar vir, do outro lado do Reno, para se alistarem, bandos de cavaleiros ger- mânicos semi-sel-vagens. E é assim que, após ter procla-mado muitas ve- zes, alto e bom som, que ele não vinha à Gália a não ser para defendê-la contra os ger-manos, foi ele mesmo que abriu o caminho

às in- vasões. Na

melhor, a discerne na vida de seu herói, e a relaciona a outros exemplos célebres; os de sertório e de mário, que tiveram as suas-profetisas, como civilis teve vellédA. “ver-cingétorix disse que teve à sua volta agen-tes que o colocavam em relação com o céu.”² Mas o terrível procônsul, ao ser in-formado da sublevação da GÁLIA, dei-xou rapidamente RAVENNA e, após uma viagem rápida, realizou um aco tido como irrealizável em pleno inverno. Ele atra-vessou as CÉVENNES por veredas abruptas, com 30 centímetros de neve, e investiu com a sua pequena armada sobre o país arverno, obrigando, assim, vercingétorix a dirigir as suas forças para o sul e a libertar as legiões cer-cadas. Após esse desvio estratégico, césAr desceu pelo vale do Loire e juntou, às pressas, a parte principal das legiões a fim de ser capaz de enfrentar os acontecimentos. Não é surpreendente encontrar, a dezoito séculos de distância, fatos análo-gos nessa outra existência do mesmo homem de gê-nio que foi sucessivamente Júlio césAr e nApoleão BonApArte? A passagem de Cévennes não teria por complemento aquela do Grand Saint Bernard, e o 18 brumário³ não lembra a pas-sagem do Rubicão? Alguns meses depois, o cerco de Bourges pelos romanos, heroi-camente susten-tado pelos seus habitantes, mos-trou toda a uti-

Periódico Semestral

Edição - Abril 2017A Serviço da Doutrina Espírita e do Codificador

Toda Honra e Toda Glória

ao Supremo Criador

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batalha de DIJON, os pesados es-quadrões germânicos romperam a cavalaria gaulesa e vercingéto-rix, reduzido à sua única infantaria, teve que se refugiar na ALÉSIA. Finalmente, vem o cerco me-morável dessa vila pelos romanos, os trabalhos gigantescos das legiões para sitiar o lugar e a chegada da ar-mada em socorro, isto é, de quase toda a GÁLIA em armas. Esta arma-da foi lenta a se reunir, os chefes se ajuntaram, de início, em BIBRACTE, formando um conselho geral, para discutir os planos de vercingétorix. Se havia entre eles homens devota-dos, sem excepção, à liberdade da GÁLIA, havia, também os ambicio-sos de duas caras, como os dois jo-vens eduenos viridomAros e eporé-dorix, ambos decididos a favorecer, em segredo, os desígnios de césAr. vercingétorix, vencido, po-deria fugir, mas preferiu oferecer-se como vítima expiatória a fim de pou-par a vida dos seus companheiros de armas. césAr, estando senta-do num tribunal, no meio dos seus oficiais, vê as portas da ALÉSIA se abrirem. Um cavaleiro de alta estatura, coberto por uma magnífica armadura, aparece a galope, descre-ve três círculos com o seu cavalo à volta do tribunal e, com ar altivo e grave, atira a sua espada aos pés do procônsul. Era o chefe arverno que se entregava ao seu inimigo. Os ro-manos, impressio-nados, afastaram-se com respeito, mas césAr, mostrando a baixeza de seu ca-rácter, prostra-o com injúrias, acorrenta-o, manda-o para ROMA e para a prisão ma-mertina, calabouço es-curo, com uma única entrada, pela abóbada. Após seis anos de pri-são horrenda, ele foi retirado para figurar como triunfo de César, e daí foi entregue ao car-rasco (46 a.C.).

“Um dia, no correr dos tempos, esses dois homens se reencon-traram servindo à mesma causa, sob o mesmo estandarte.

César se chamou, então, Napoleão Bonaparte e Vercingétorix tornou-se o General Desaix. Em Marengo, quando a batalha parecia per-dida para os franceses, Desaix chegou na hora exata, com a sua divisão,

para salvar o seu antigo inimigo, e foi esta toda a sua vingança!”

Édouard Schuré escreveu a respeito de Desaix[4], após ter lembrado os seus grandes feitos:

“ele foi A modéstiA nA forçA, A ener-giA nA ABnegAção. procurAvA sempre o segundo lugAr, e Aí se conduziA como

se fosse o primeiro. BAtido mor-tAlmente em mArengo, nestA grAnde BAtAlhA que gAnhou pArA o primeiro cônsul, e te-

mendo que A suA morte desen-corAJAsse os seus, disse sim-

plesmente àqueles que o dominAvAm:

“não lhes digAm nAdA.”

Nestes detalhes históricos, não se encontra uma confirma-

ção daquilo que nos têm dito os nossos instruto-res do espaço so-bre a identidade destes dois per-sonagens, vercin-gétorix e desAix, animados pelo mesmo espírito no correr dos séculos?

Foi assim também com césAr e nApo-

leão e com muitos ou-tros casos semelhantes.

Se o olhar do homem pudesse sondar o passado e reconstituir o elo que une as suas vidas sucessi-vas, muitas surpresas lhe estariam reservadas,

porém más lembranças e angústias também viriam misturar-se às dificuldades da vida presente e agra-vá-las! Eis por que o esquecimento lhe é dado durante a passagem do vau, isto é, durante a estada terrestre. Mas no desprendimento corporal, nas horas de sono e, sobretudo, após a morte, o espírito evoluído retoma o encadeamento das suas existências passadas, e na lei das causas e efeitos, em vez de vidas isoladas, in-coerentes, sem precedentes e sem sequência, ele con-templa o conjunto lógico e harmonioso do seu destino. Do mesmo modo que visitei a pé, com um senti-mento de respeito, o santuário céltico da Bretagne, en-tendi dever fazer a peregrinação a Gergovie e da Alésia. Eu escalei as escarpas da Acrópole arverna e mais tar-de subi a inclinação suave que, da estação de Laumes, nos leva à Alise. Uma neblina fria e penetrante envol-via a planície, enquanto no horizonte o disco averme-lhado do Sol parecia se esforçar para furar a cerração. Percorrendo as ruas da vila, percebi, com surpre-sa, uma estátua equestre com esta inscrição: “A Jean-ne d’Arc, la Bourgogne”. Este é, então, um monumento expiatório? Prosseguindo a minha ascensão, atingi o planalto onde se ergue a estátua gigantesca do grande antepassado. Ali, solitário, pensei durante muito tem-po, meditei tristemente em tudo o que é preciso – lutas, sangue e lágrimas – para assegurar a evolução humana. A figura grandiosa e nobre de Vercingétorix se liberta da sombra dos tempos como um exemplo subli-me de sacrifício e de abnegação. Ele acreditava na pá-tria gaulesa, no seu futuro, na sua grandeza, e por essa pátria lutou, sofreu e morreu. Ele foi lembrado, na hora suprema, do juramento pronunciado em frente ao céu, no promontório bretão, no seio das vagas furiosas. Ao se oferecer em holocausto para salvar os seus companheiros de armas, ele se inspirou tam-bém naquilo que lhe tinham ensinado os druidas: é pelo esquecimento de si mesmo, por imolação do “eu” em proveito dos outros, que se alcança o “gwynfyd”. Para lembrança destes heróis, Gergovie e Alésia se tornaram, para sempre, os lugares sagrados onde a alma céltica adora recolher-se para meditar e orar.

NOTAS(1) comentários dA guerrA gálicA, césAr. (2) oBrA citAdA, p. 133. (o gênio céltico) (3) Brumário – segundo mês do cAlendário repuBlicAno frAncês.

(4) ver les grAndes légendes de frAnce, p. 65

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João DonhaEm busca do Santo Graal

o destino dA revistA espíritA e dA sociedAde Após A desencArnAção de AllAn KArdec

“Essa espontânea concentração de forças dispersas deu lugar a uma amplíssima correspondência, monumen-to único no mundo, quadro vivo da verdadeira histó-

ria do Espiritismo moderno, onde se refletem ao mesmo tempo os trabalhos parciais, os sentimentos múltiplos que a doutrina fez nascer, os resultados morais, as dedicações, os desfalecimentos; ar-quivos preciosos para a posteridade, que poderá julgar os homens e as coisas através de documentos autênticos. Em presença desses testemunhos inexpugnáveis, a que se reduzirão, com o tempo, todas

as falsas alegações da inveja e do ciúme?…” (Allan Kardec; G, I, 52, N.1).

Onde está essa “amplíssima correspondência”? Onde fo-ram parar esses “arquivos

preciosos” de “documentos autênti-cos” com os quais a posteridade po-deria “julgar os homens”? Os documentos históricos do espiritismo sofreram as consequen-cias de terem sido, os negócios da doutrina, tratados sempre como algo de família, constituindo heranças e, consequentemente, de- p e n -dendo de herdeiros. Kardec pre-tendia criar uma so-ciedade impessoal, mas não deu tem- po. Morreu antes de concretizar seus planos e, tudo o que era do espiritismo ( s o c i e d a -de, obras, r e v i s t a , documen-tos) tor-naram-se a heran-ça de sua e s p o s a , A m e l i e Boudet. D e início, ela disse que ia tudo gerir; mas, talvez pela ida- d e ou a solidão, acabou por entregar tudo nas mãos do Pierre-Gaëtan Leymarie, que criou uma tal “socie-dade para continuar a obra de Allan Kardec“.

Após a morte da herdeira, Amelie, em 1883, e como único rema-nescente da tal sociedade, Leymarie tornou-se o dono absoluto dos docu-mentos de Kardec. Uma parte, ele foi publicando na Revue, e acabou por usar em “Obras Póstumas“; ou-tra parte, segundo uma lenda, ele teria enviado para a FEB, onde se encontra sepultado num cofre-forte. É bom lembrar que Leymarie tinha muita afinidade com o Brasil, parti-cularmente o Rio; ele esteve e x i l a d o aqui em 1851, q u a n d o houve o golpe do Luís N a p o l e ã o . Ademais, nunca es-c o n d e u amizades e afinida- des rous-

tainguis-tas.

O que s o b r o u na Fran-ça foi herdado ( n o v a -mente em famí l ia ! ) pelo filho

dele, o Paul L e y m a -rie. Este, após um breve in-

terva lo de três anos em que os negócios ficaram com sua mãe Marina, tornou-se, em 1904, dono absoluto dos destinos do espiritis-mo até 1914, quando, em função da I Guerra Mundial, desistiu. O que não

foi de todo mal, pois o Paul Leymarie vendia até bolas de cristal pela Revue. Antes mesmo de terminar a I Guerra, em 1916, um rico em-presário francês, o Jean Meyer, assumiu o movimento órfão (De-nis e Delanne eram sumidades intelectuais; eram referências; mas alguém tinha que cuidar dos negócios). As pessoas malvadas, como eu, imaginamos o Meyer compensando regiamente o Paul. Meyer criou a Casa dos Espíritas, para onde levou os do-cumentos e objetos pessoais de Kardec. Este mesmo mecenas fundou o Instituto de Metapsíqui-ca, sob o comando inicial do Gus-tave Geley, e, onde foi gerado o Tratado de Metapsíquica, no qual o Richet diz que o “espiritismo é inimigo da ciência”. Jean Meyer foi o dono do movimento até sua morte em 1931. Foi ele quem inau-gurou a vocação assistencialista do espiritismo.

Bem, até aí os ja-cobinos; a partir daí, os xenófobos Assume Hubert Forestier, e torna-se tão particularmente dono que, em 1968, chega a re-gistrar a Revue em seu nome no órgão de propriedade industrial. Morre em 1971, deixando um mo-vimento mais que anêmico, agoni-zante mesmo.

Seus herdeiros, não sabendo o que fazer de tal herança, vendem tudo por um franco para o André Dumas. A essa altura os di-reitos autorais das obras de Kardec já tinham caducado. O resto — muito pouco: o nome da Revue e da Societé –, ficou nas mãos do Dumas. André Dumas, seja por ter mudado suas prefe-rências filosóficas, seja por constatar que o status de espírita não conferia mais prestigio, resolveu liquidar tudo: em 1975, mudou o nome da Revue Spirite para “Renaitre 2000“, e a socie-té para uma tal “sociedade para pesquisa da consciên-cia e sobrevivência“, colo-cando, dessa forma, duas ou três pás de cal sobre o “espi-ritismo francês”. Dizem que os brasi-leiros tentaram recuperar o nome da Revue Spirite, uma vez que o cidadão não pretendia mais publicá-la, mas o Dumas não aceitou. Alegou que o movimento no Brasil se desviara para o re-ligiosismo e não abriu mão. Paralelamente, surge na França o Jacques Pec-catte dizendo que o próprio Kardec se comunicou no grupo dele, o Cercle Spirite Allan Kardec, em 1977, e o mandou ressuscitar o movi-mento. Ele o tenta até hoje. Mas, pelo lado diga-mos, oficial, o Roger Perez, retornando das desativa-das colônias, resolveu, cer-tamente com o patrocínio da FEB, retomar as coisas. Conseguiu reaver do André Dumas, na justiça, o nome da Revue, e passou a editá--la pela federAção espíritA frAncesA e Francofônica, da qual é fundador. Ali pelo ano 2000 passou os direitos para o cei – conselho espí-ritA internAcionAl. E os documentos de Kardec, suficientes para comprovar ou desmentir o famoso “controle univer-sAl” num julgamento pela

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Lucas Berlanza Corrêa

Patriotismo e Espiritismo

Em tempos em que o conceito de Estado--nação e o sentimen-to de pertencimento

do indivíduo em relação ao seu país, à sua identidade na-cional, são tão discutidos, em um cenário de globalização e de projetos supranacionais, parece útil propor uma refle-xão sobre o tema, em conver-sa com a Doutrina Espírita – sempre salvaguardando a necessidade de separar o que é posição efetivamente dou-trinária e o que é esforço de articulação de ideias de nossa parte, com ca-ráter mais pes-soal e, portan-to, sem fazer lei em matéria de Espiritismo. Compete coletar pri-meiro o material doutrinário a respeito. Em O Livro dos Espíritos, no capítulo VI da Parte Segunda, após discutir com os Espíritos o interesse que os desencarnados podem votar aos seus afazeres ter-renos, particularmente pelas nossas artes e manifestações

culturais, Kardec obteve dos seus interlocutores a resposta de que isso depende da sua elevação. Para os Espíritos realmente elevados, todas as nossas artes e expressões, por mais refinadas e inebriantes que nos pareçam, são de bem pouco interesse e envergadu-ra, atentando esses Espíritos mais para aquilo que “prove a elevação dos encarnados e seus progressos” (questão 316), isto é, aquilo que, dentro do circuito das transitorieda-

des terrenas, pode ter impac-to efetivo na trajetória geral de nosso desenvolvimento como Espíritos. Em seguida, Kardec questiona, na pergunta 317, exatamente: “Após a mor-te, conservam os Espíritos o amor da pátria?” Ao que os Espíritos responderam: “O

princípio é sempre o mesmo. Para os Espíritos elevados, a Pátria é o universo. Na Terra, a pátria, para eles, está onde se ache o maior número das pessoas que lhes são simpáti-cas”. Em longa nota, Kardec refaz o argumento, comen-tando que são quase infinitas as “condições dos Espíritos e as maneiras por que veem as coisas”, e que há, natural-

mente, aqueles cuja evolução não permite que se afastem muito de nos-sas concepções e interesses restritos, vin-culando-se com prazer e afinco

aos nossos gostos e atividades terrenos, enquanto outros, de maior evolução, se importam tão-somente com o que, de forma notória e direta, cola-bore para o nosso progresso. Referências mais ou menos tangentes ao tema do patriotismo aparecem ainda em algumas outras passagens doutrinárias. Na Revista Es-

pírita, em junho de 1864, sob o título “Perseguições milita-res”, comenta Kardec a per-seguição que alguns militares espíritas sofreram, em razão de sua crença, dentro do ofi-cialato, e termina comparando o orgulho que sentem “de dei-xar um membro no campo de batalha pela pátria terrestre” com o sentimento que devem ter perante os “desgostos e desagrados suportados pela pátria eterna e pela causa da Humanidade”. Já em outubro de 1863, sob o título “Espíritos

visitantes – François Franc-kowski”, em mensagem me-diúnica, o Espírito de mesmo nome se manifesta lamentan-do crimes cometidos na Polô-nia. Ele começa dizendo que “o amor a Deus é o sentimento que resume todos os amores, todas as abnegações”, e que “o amor à pátria é um raio des-se sublime sentimento”, antes de descrever os horrores que queria deplorar, e se referir àquela nação como seu infeliz e “pobre país”. Como em vários ou-

posteridade, não deve-riam acompanhar toda essa trajetória de mandos e poderes, acondiciona-dos num majestoso baú? Deveriam, mas o baú transformou-se num “cálice sAgrAdo”, num sAnto grAAl, ou seja, numa lenda. Conta Wallace Leal que quando tenta-va aproximação com o Forestier (aquele que foi dono de 1931 a 1971) para saber dos documentos, ele respondia friamen-te que a Maison tinha sido pillé pelos alemães. Dizem que os papéis de Kardec foram queimados para aquecer os soldados alemães, aquartelados na Casa dos Espíritas, por uns quatro invernos, os mais rigorosos do século. Mas, existe outra saga. Em 1939, Canuto Abreu seria um adido na embaixada brasileira em Paris, quando foi procura-

do por algumas pessoas que se diziam a mando dos espíritos — que por certo realizaram escutas espirituais no gabinete do Hitler e souberam da imi-nente invasão alemã à Ci-dade Luz — e lhe entrega-ram valiosos documentos de Kardec, para que ele os salvasse trazendo para o Brasil. Para que não se fuja à regra lendária, tais documentos, “salvos dos alemães”, acabaram transformando-se numa herança, ora sepultada em mãos dos descenden-tes do Canuto. Assim, a lenda divide os famosos docu-mentos tão cuidadosa-mente arquivados e cita-dos por Kardec em três conjuntos: um nos porões da FEB; outro com os herdeiros do Canuto; e, o que ficou na França, quei-mado como combustível pelos nazistas. C o n s i d e r e m o s

perdido este último lote. O que está em poder da FEB, segundo a lenda, foi-lhe dado pelo Leyma-rie, na época legítimo proprietário dos mesmos, legitimando, dessa forma, sua apropriação por essa entidade. Mas, e o lote em poder dos descendentes do Canuto? Ao Wallace, Forestier teria dito que foram “pilhados”, sem se referir à história do Canu-to. Teriam, aquelas miste-riosas figuras, entregue ao Canuto sem o conhe-cimento do Forestier, seu proprietário no momen-to? Não teria havido, as-sim, uma apropriação in-débita? Por outro lado, considerando as simpa-tias do governo brasileiro por Hitler — o que só mu-daria com as mudanças no rumo da guerra, lá por 1942 –, e os agrados des-pendidos pelas grandes potências no jogo político

internacional, se um adi-do da embaixada brasilei-ra em Paris se dirigisse à autoridade militar alemã, invasora, e solicitasse permissão para “retirar alguns documentos da-quela Maison que seus soldados ocuparam”, se-ria prontamente atendi-do. Daí, a “pilhagem” não teria sido feita propria-mente pelos nazistas. Mas, e as datas? Os tais et’s teriam apare-cido em 1939, e a invasão alemã ocorreu em junho de 1940. Bem, se esta for uma história dispersiva surgida duas ou três dé-cadas após o ocorrido, um deslocamento de seis me-ses é bastante viável. Neste caso — e considerando-se a moda atual de buscarem, os países, nos foros interna-cionais, documentos, relí-quias e artefatos arqueo-lógicos que lhes foram pilhados durantes séculos

de guerras e colonizações –, o que poderia acontecer se o Roger Perez, ou o Es-tado Francês — ou mes-mo um franco-atirador — se dessem conta de que importantes documentos franceses, pilhados du-rante a ocupação alemã, se encontram escondidos em São Paulo? Porque, se esta historia for verdadeira — e, não, apenas uma lenda, como parece ser –, há uma diferença em relação às cartas de Kardec que temos visto em leilões. Uma carta, uma vez en-viada e recebida, passa a integrar o acervo do des-tinatário. Portanto, se o Freud tivesse escrito uma carta à minha bisavó, e agora ela me coubesse por herança, eu faria dela o que quisesse. enfim, como em todA lendA, Aqui há mAis perguntAs que respostAs.

“Para os EsPíritos ElEvados, a Pátria é o UnivErso. na tErra, a Pátria, Para ElEs,

Está ondE sE achE o maior númEro das PEssoas qUE lhEs são simPáticas”.

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tros exemplos, em O Céu e o Inferno, na sua segunda parte, capítulo VIII, o Espírito Char-les de Saint G…, identificado como um Espírito encarnado como idiota (isto é, alguém com alguma deficiência inte-lectual, constrangido pelas li-mitações impostas pelo corpo físico), se manifesta em eman-cipação, evocado, e diz que em breve tempo retornará “à sua pátria” – isto é, ao mun-do espiritual, não à França. A mesma coisa diz o Espírito Sanson, no capítulo II (Espí-ritos felizes), ao se referir ao espaço como sua pátria. Em contrapartida, em junho de 1859, o Espírito Goethe, sob o título “Palestras familiares de além-túmulo”, perguntado so-bre sua antiga antipatia pelos franceses, quando encarnado, respondeu que é “muito pa-triota”, e que continua amando a Alemanha mais do que qual-quer outro país “por seu pen-samento e por seus costumes quase patriarcais” – particula-rismo que, tal como vemos na questão 317, já denota certo grau de inferioridade. Ainda, em carta sobre o Espi-ritismo na Espanha publicada em março de 1869 e enviada a Kardec, um espírita daquele país, Manuel Gonzalez Soria-no, menciona o patriotismo, ao lado das ciências, artes, in-dústrias, religiões e filosofias, como uma das “grandes ideias que fizeram o mundo progre-dir”, tendo seus “apóstolos e seus mártires”. Finalmente, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Kardec se refere ao “sacrifício dos interesses

e das afeições de família aos da Pátria”, perguntando se, em relação àquele que deixa os parentes para marchar em defesa de seu país, “não se lhe reconhece (…) grande mérito

em arrancar-se às doçuras do lar doméstico, aos liames da amizade, para cumprir um dever”. Faz então uma analo-gia disso a palavras de Jesus que sugerem a necessidade de um afastamento das questões domésticas e íntimas para pôr mãos à obra pela causa cristã. A analogia sugere, portanto, um tom algo positivo sobre esse dever e esse sentimento. Afinal, o que se per-mite concluir desse apanha-do? Em primeiro lugar, pode-mos asseverar que, no campo do planeta Terra, considerado em sua posição no Mundo Material, a ideia da existência de diferentes países, com suas conformações particulares, características particulares e mesmo espaços naturais par-ticulares, é produto de uma di-nâmica natural. Os Espíritos dizem ainda que existe certa dose média de associação en-tre os caracteres dos Espíri-tos que encarnam juntos em um determinado povo, e que isso impacta no caráter geral de cada sociedade e de cada cultura. Todas essas culturas e povos, tais como as famílias e indivíduos, têm também os seus Espíritos protetores, a

velar por seu desenvolvimen-to e seus caminhos. É assim que, na questão 789, os Espí-ritos responderam a Kardec que nem o progresso fará com que todos os povos da Terra

se reúnam sob a égide de uma só nação, posto que “da di-versidade dos climas se origi-nam costumes e necessidades diferentes, que constituem as nacionalidades, tornando indispensáveis sempre leis apropriadas a esses costumes e necessidades”. O que deve vir a unir os povos, dentro do que diz a proposta espírita, é a caridade, não a unificação política ou cultural. No entanto, os Espí-ritos, existindo no Universo e deslocando-se entre os infin-dáveis mundos, não têm pá-tria, no sentido terreno. Todo o Universo e toda a Criação são, para os que já atingiram essa elevação, igualmente um lar; os Espíritos Puros a to-dos amam indistintamente. Não faz sentido esperar que um Espírito de considerável envergadura seja “patriota”, num mundo superior, no sen-tido com que o somos aqui. O patriotismo, portanto, mesmo em sua melhor dimensão sim-bólica, é sim uma linguagem própria de certo grau de infe-rioridade espiritual, atinente a uma transitoriedade terrena que, salvo para os Espíritos mais “apegados” à realidade

material, não se perpetuará pela sua trajetória infinita. Delimitar uma pátria para o Evangelho ou para o Espiri-tismo, quer seja esta a França ou o Brasil, tem sido, portan-

to, um equívoco acachapante de alguns confrades espíritas desde o século XIX, a nosso ver, apegados a certas retóri-cas ufanistas e mesclando a expressão de leis universais, própria do Espiritismo, com sentimentos particulares e transitórios. Quer isto dizer que o patriotismo não tem valor e deva ser combatido? Aqui, naturalmente, como entende-mos que este espaço permite, colocamos uma apreciação de conteúdo subjetivo e pessoal, embora em desejada conversa com o pensamento espírita. Acredito que não. Dissemos que o patriotismo é um senti-mento que conversa com algo transitório; por analogia, as-sim também o é a família ter-rena, de sorte que a relação que temos com nosso pai ou nossa mãe, pela configuração familiar da presente encar-nação, poderá não existir ou se inverter totalmente numa próxima. Existe um sentimen-to particular cultivado entre as famílias, dentro da orga-nização social, em que elas, a um só tempo, procuram se auxiliar – tendo em vista o progresso individual de cada

parente -, e ensaiam, em seu particularismo, o exercício do amor que, somente num fu-turo ainda distante, poderão sentir pela Humanidade cós-mica inteira na mesma inten-sidade. Os laços, se sinceros, sobrevivem à morte; a confi-guração familiar terrena, po-rém, não. Dia virá, frisamos, em que mesmo esses laços não serão mais importantes do que o amor que o Espíri-to Puro sentirá por todas as criaturas do Universo. Então, mesmo a “família espiritual” abrangerá, para cada um de nós, a Humanidade inteira. Do mesmo modo, pa-rece-me que o sentimento de pertença cívica, e o impacto que o cultivo da memória de boas referências e de boas narrativas relacionadas a uma determinada comunidade pode exercer sobre a cultura nela em vigência, elementos que configuram o patriotis-mo, podem acabar sendo fer-ramentas úteis, no estágio presente do desenvolvimento dos Espíritos terrenos, para o progresso da coletividade e o enraizamento, em seu seio, de melhores valores. Não é por-que uma determinada ferra-menta ou realidade carecerá de importância no futuro, que ela é inútil hoje, como a crian-ça, no curso de alfabetização, demanda certos elementos simbólicos e lúdicos para aprender que o estudante uni-versitário dispensará. Quero crer, com total respeito aos que discordarem, que o patriotismo pode ser uma das paixões de que fala O Livro dos Espíritos. Em sen-do um gênero de “floreio”, de “excesso de que se acresceu a vontade” – neste caso, em re-lação aos sentimentos de de-ver e lugar dentro de uma co-munidade, colaborando para o seu progresso e o cultivo dos melhores princípios em seu seio -, pode levar o homem “à realização de grandes coisas” (questão 907). Abusado, des-viado para os despenhadeiros ignorantes do nacionalismo fanático e da xenofobia, passa, aí sim, à condição de total-mente indefensável, sob uma ótica espírita – ou, por outra, sob uma ótica minimamente equilibrada.

“Dia virá, frisamos, em que mesmo esses laços não serão mais importantes do que o amor que o Espírito Puro sentirá por todas as criaturas do Universo. En-

tão, mesmo a “família espiritual” abrangerá, para cada um de nós, a

Humanidade inteira”

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Michael E. TymnUma entrevista com o Dr. Robert Hare

desencArnAdo em 1858 Aos 77 Anos

trAdução e AdAptAção equipe Jce

Hare inventou o maçari-co de óxido de hidrogênio, uma espécie de maçarico de soldagem moderna, an-tes dos 20 anos de idade, e foi também a primeira pes-soa a fundir lima, magnésia, irídio e platina. Em 1816, ele inventou o calorímetro, um tipo de bateria que produz calor. Isso o levou a inven-ção do deflagrador, qual era empregado em volatização e fusão de carbono. Em 1818, Hare foi chamado para ocupar a ca-deira e Filosofia Natural na Escola William and Mary e no mesmo ano foi aponta-do como Professor de Quí-mica no departamento de medicina da Universidade da Pennsylvania, aonde ele ficaria até sua aposenta-doria em 1847. Ele recebeu o título de M.D (Master Degree) o que nos dias de hoje equivaleria a título de Mestrado, de Yale em 1806 e de Harvard em 1816. Em 1839, ele foi o primeiro a receber o Prêmio Rumford Award por sua invenção do maçarico de óxido de hidro-gênio e as melhorias nos métodos galvânicos. Ele

Esta entrevista com o Pro-fessor Robert Hare, um dos primeiros pesqui-sadores dos fenô-

menos psíquicos, é baseada em suas próprias palavras conforme escrito no seu li-vro publicado em 1855, ex-perimentAl investigAtion of the spirit mAnifestAtions — Investigação Experimental das Manifestações dos Espíritos. Com exceção de algu-mas palavras ini-ciais em cada r e s p o s t a , adicionadas para permi-tir o fluxo ou transi-ção, as pala-vras são in-

tegralmente do livro. As perguntas foram adaptadas para atender as respostas. O

Autor de mais de 150 artigos em as-suntos científicos, professor roBert hAre, nasceu em 17 de Janeiro de 1781, e desencarnou em 16 de Maio de 1858. Era filho de um emigrante inglês, e foi um mundialmente reno-

mado inventor além de um estimado Professor de Química na Universidade

da Pennsylvania antes de se tornar um dos primeiros pesquisadores dos as-

suntos psíquicos. Somente John w. edmonds, um

Juíz da Suprema Corte dos Estados Unidos, precedeu Hare como um sério e dedica-do pesquisador dos mesmos assuntos.

“Há apenas um passo entre o sublime e o ridículo”

foi um membro da Aca-demia America de Artes e Ciências, da Sociedade Filosófica Americana, e um membro honorário do Instituto Smithsoniano. Em adição as suas pu-blicações frequentes so-bre assuntos científicos, Hare também escreveu, usando o pseudônimo de Eldred Grayson, artigos sobre política, economia, e assuntos filosóficos. Em um artigo de 1810 intitula-do Breve Visão da Política de Recursos dos Estados Unidos, Hare avançou na ideia de que Crédito é Di-nheiro. Ele também fre-quentemente escrevia em oposição da escravização.

Hare começou in-vestigando médiuns em 1853 depois de escrever uma carta para o Phila-delphia Inquirer um Jor-nal local, denunciando a “loucura popular” sendo chamada de espiritualis-mo pela imprensa ameri-cana. Um senhor de nome Amasa Holcombe, então escreveu uma carta em resposta a Hare e sugeriu que ele investigasse antes de concluir precipitada-mente. Hare concordou que isto era a melhor coi-sa a fazer. Sua conversão ao espiritualismo tomou lugar três meses após a sua primeira sessão com um médium, em seu livro

ele detalha toda a sua in-vestigação e a nova filoso-fia descoberta. Inventor como ele era, Hare concebeu um aparato chamado Spiri-toscope, para facilitar e acelerar a comunicação, pois o processo que ele havia observado era mui-to lento. O Spiritoscope era feito de um disco cir-cular, as letras e o alfabe-to ao redor da circunfe-rência do disco e possuía pesos, polias e cabos ane-xados a mesa. O médium se sentava atrás da mesa em sequência para suprir a “força psíquica”, atra-vés do qual os Espíritos causavam as batidas na

mesa, mas o médium não po-deria ver o aparato, e não ti-nha ideia do que estava sendo soletrado pelos movimentos gerados a partir da mesa. Co-locada à prova, a engenhoca funcionou e o primeiro Espíri-to a se comunicar foi o seu Pai Robert Senior Hare. Quando Hare continuava a duvidar veio a mensagem — “Oh, meu filho, escute a razão!” — na segunda sessão seu Pai tam-bém se comunicou, afirmando que sua mãe e sua irmã tam-bém estavam presentes, mas não o seu irmão. Informações muito pessoais foram forneci-das, e Hare estava ciente que o médium não poderia tê-las conhecido por investigação.

Ilustração do Spiritoscope implementado na mesa mediúnica. Seu funcionamento

se dava da seguinte forma: A médium repousava suas mãos sobre a mesa, a força

exercida pelo Espírito nas mãos da médi-um alteravam o peso da mesa. Um dos

pés ficava conectado a uma balança que por sua vez conectava-se a um sistema de

polias que fazia o disco girar até a posiçao desejada do alfabeto. A médium não tinha

visão do que era ditado pelo disco, com extrema rapidez e precisão.,

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PROFESSOR HARE, O QUE LEVOU SUA CONCLUSÃO DE QUE AS COMUNICAÇÕES COM OS ESPÍRITOS NÃO É NADA MAIS DO QUE “LOUCURA POPULAR” ?

— Em comum com quase todas as pessoas educadas do século XIX, eu tinha sido criado “surdo” para qualquer testemunho que cla-masse a assistência de causas sobrenaturais, tais como fantasmas, magia, bruxaria… Eu estava em um momento totalmente incrédulo para qualquer que fosse a causa do fenômeno — exceto ação muscu-lar inconsciente pela parte das pessoas a quem o fenômeno estava associado, a inferência do Professor Faraday, tendia para a mesma conclusão, e eu, absolutamente sancionei.

ENTÃO O SENHOR NEM MESMO CONSIDEROU A HIPÓTESE DOS ESPÍRITOS?

— Como nenhuma alusão aos Espíritos como causa havia sido feita pelo Professor Faraday em carta que havia me enviado, eles não fo-ram contemplados na minha visão sobre o assunto. Eu tinha sempre escutado a agencia espiritual atribuída como causa, mas tão grande era a minha descrença, que qualquer agencia não teria causado qual-quer impressão na minha memória.

SEU LIVRO SUGERE QUE O SENHOR FEZ UMA COMPLETA INVERSÃO DE OPINIÃO.

— É bem conhecido o dizer que “Há apenas um passo entre o subli-me e o ridículo”… Eu sinceramente acredito que eu tenho me comu-nicado com os Espíritos de meus parentes, irmã, irmão e queridos amigos, e de uma certa maneira com os Espíritos do ilustre Washin-gton e algumas outras sumidades do mundo dos espíritos, e que estou acometido, sob os seus auspícios, a ensinar a verdade e expor os erros. Se eu sou vítima de uma epidemia intelectual, minha cons-tituição mental não se ajoelhou imediatamente ao miasma.

QUE TIPO DE MEDIUNIDADE O SENHOR TESTEMUNHOU?

— Há dois modos no qual as manifestações espirituais são feitas, através da influência ou subagência do médium. Em um modo, eles empregam a língua para falar, os dedos para escrever ou as mãos para atuar nas mesas ou instrumentos para comunicação; em ou-tras; eles agem sobre a matéria ponderável diretamente, por uma brecha ou aura pertencente ao médium, então o poder muscular pode estar incapacitado para auxiliá-los, eles vão causar o movimen-to de um corpo, ou produzir raps (arranhões) inteligíveis, como se selecionassem as letras transmitindo suas ideias, não influenciadas por aquelas dos médiuns.

EU LEMBRO DE TER LIDO QUE A SUA PRIMEIRA SESSÃO ENVOLVIA COMUNICAÇÃO POR RAPS E TAPS.

— É verdade, nós estávamos sentados em uma mesa com umas pes-soas, um hino foi cantado com zelo religioso e solenidade. Logo em seguida, batidas foram distintamente ouvidas como se feitas sobre e contra a mesa, que a partir da quietude geral das partes não poderia ser atribuída a qualquer um entre eles. Aparentemente, os sons fo-ram de uma forma como se poderiam apenas ser feitos com algum instrumento difícil, ou como as pontas dos dedos ajudados pelas unhas. Eu notei que simples questões eram respondidas por meio destas manifestações, uma batida era equivalente a negação, duas, em dúvida e três, afirmativa. Com a maior sinceridade aparente, as questões eram colocadas e as respostas tomadas e anotadas, como se todos os interessados considerassem como provenientes de um agente racional embora invisível. Subsequentemente dois médiuns colocaram uma pequena mesa sem as gavetas no qual sobre cuida-doso exame, eu não encontrei absolutamente nada além da superfí-cie plana e no seu interior tal como a parte de cima. Ainda as batidas

foram ouvidas como antes aparentemente contra a mesa. Mesmo assumindo que as pessoas pelas quais eu estava cercado, fossem capazes da decepção, o feito seria uma proeza de uma prestidigita-ção, isso ainda era inexplicável. Mas manifestadamente eu estava em companhia de pessoas de valor e que elas mesmas ficariam de-cepcionadas caso estes sons não viessem de uma agência espiritual.

MAS PORQUE TAL MÉTODO BRUTO DE COMUNICAÇÃO, COMO AS BATIDAS E A MESA BASCULANTE?

— Um esforço tem sido feito para lançar ao ridículo as manifesta-ções espirituais por conta dos fenômenos que se realizam por meio das mesas e outros móveis, mas devemos lembrar que, quando os movimentos estavam sendo efetuados, o recurso de “corpos móveis” era de uso inevitável, e como geralmente a proximidade do médium, se não o contato, era necessário para facilitar os movimentos, e não havia “corpo ou objeto” tão acessível quanto as mesas. Mas estas manifestações mecânicas e violentas eram sempre meramente para chamar a atenção, tal como uma pessoa que bate ou chuta violen-tamente a porta da frente, e até que alguém olhe pela janela para se comunicar com ela. As mais violentas manifestações cessaram ambas em Hydesville, Rochester e em Stratford no Connecticut, tão logo o modo do alfabeto fora empregado. Eu nunca tinha tido, ou me-lhor, tomado lugar durante o intercurso com meus amigos espíritos, ao menos não com testes para os incrédulos, quando comunicações intelectuais não podiam ser realizadas. Já fazia mais de 15 meses, desde que eu resolvi empregar instrumentos no qual nada tem a ver em comum com as mesas.

VOCÊ PODERÁ NOS DAR UM EXEMPLO DO TIPO DE EVI-DÊNCIA QUE FOI CONVINCENTE PARA O SENHOR?

— Certamente, tendo meu aparato (Spiritoscope) na residência da senhora pelo qual ele tinha sido empregado, na terceira sessão, a senhora sentada à mesa como médium, a minha irmã apresentou-se por ela mesma. Como um teste, eu perguntei — qual era o nome de um parceiro de negócios do meu pai, quem, quando ele tinha deixado a cidade com os americanos durante a guerra revolucionária, ficou com os ingleses, e tomou conta da propriedade conjunta? — O disco revolveu sucessivamente para as letras e corretamente indicando o nome Warren. Eu então perguntei o nome do meu Avô, que havia morrido em Londres a mais de 70 anos atrás — então o nome verda-deiro foi dado pelo mesmo processo. A médium e todos os presentes eram estranhos da minha família, e eu nunca havia ouvido os nomes mencionados exceto por meu pai. Mesmo o meu irmão mais novo não se lembrava deste parceiro do meu pai. Subsequentemente, na presença de um médium totalmente desconhecedor da minha famí-lia, a quem eu fui apresentado inicialmente em Dezembro de 1853, e quem tinha apenas em um período dentro de dois anos, se mudado para nossa cidade de Maine, eu questionei do meu (falecido) pai o nome de uma prima inglesa que tinha casado com um almirante — o nome foi soletrado — de modo semelhante, o nome de solteira da esposa de um irmão inglês foi dado — um nome incomum, Clargess.

HÁ OS QUE DIZEM QUE OS MÉDIUNS ESTÃO SIMPLESMEN-TE LENDO A SUA MENTE, AINDA UMA TEORIA NÃO ME-CANICISTA MAS EM OPOSIÇÃO A AGÊNCIA ESPIRITUAL. O SENHOR PODE NOS DAR UM EXEMPLO DE ALGUMA INFOR-MAÇÃO VINCULADA DE QUE NÃO ESTAVA CIENTE?

— Sim, em uma ocasião, realizando uma sessão com o disco (Spi-ritoscope) com a Sra. Hayden, um espírito deu suas iniciais como C. H. Hare. Não me lembrando de qualquer relação com este nome precisamente, eu questionei se ele era um deles (Hare’s). A resposta foi afirmativa. — É você filho de meu primo Charles Hare, de St. Johns, New Brunswick? — “Yes” — foi soletrado. Este espírito me forneceu a profissão de seu Avô, também de seu pai, e o fato deste

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último ter sido jogado na água em Toulon, e ter realizado uma fuga maravilhosa de Verdun, onde ele havia sido confinado até que seu conhecimento da língua francesa permitiu a ele escapar ao se passar por um oficial francês da alfândega. Apenas um erro foi cometido ao se referir aos meus parentes ingleses, a respeito do nome de um tio. Outras questões foram respondidas corretamente. Subsequente-mente, o irmão desse espírito fez-nos uma visita, na Filadélfia, e nos informou de que a carreira mundana de seu irmão, Charles Henry, tinha sido encerrada por um naufrágio alguns anos anteriores a sua visita, como mencionado para mim. Nesta mesma sessão, ninguém estando presente ao meu lado, e o médium ignorando o Latim, meu pai soletrou pelo disco as palavras que ele tinha me apontado sobre Virgilho (Historiador e Filósofo romano), há mais de 55 anos ante-riores, tão expressiva quanto a batida “Entellus deu Dares”, como descrita por Virgilho — “pulsatque versatque”, também a palavra que se assemelha tanto ao som de cavalos galopando — “Quadru-pendante”

RECORDO DE TER LIDO SOBRE O FATO DE QUE O SENHOR PERDERA ALGUMA COISA E ENTÃO O ESPÍRITO LHE DISSE ONDE ESTAVA.

— É verdade, quando estava em Boston, tendo lido para um amigo a comunicação do meu pai através de um médium escrevente, eu a co-loquei em um dos meus bolsos, e eu procedi para a Hospedaria Fou-ntain. Quando cheguei, eu procurei por ela sem sucesso. Inesperada-mente, tive que ir até Salem por carruagem, mas retornei na mesma tarde. Ao tirar toda a minha roupa e notar que não se encontrava em meus bolsos, refleti que a carta havia sido perdida entre o lugar em que ela havia sido lida e a hospedaria acima mencionada, aonde eu dei ela por perdida. Indo na próxima manhã até a Sra. Hayden’s, e meu pai reportando-se, eu questionei se ele sabia o que se tinha dado com a minha carta. Ele respondeu que ela havia sido deixada em cima do assento da carruagem em minha saída de Salem. Ques-tionando o condutor, que estava conduzindo o carro em que ela havia sido perdida, ele me respondeu que a carta havia sido encontrada no assento, e que estava segura em Portland, e que deveria ser retorna-da para mim no próximo dia. Esta promessa foi realizada.

O SR. ESTEVE APTO A CHEGAR À ALGUMA CONCLUSÃO, COMO O QUE ESTÁ POR TRÁS DA MEDIUNIDADE?

A aura de um médium que assim permite a um espírito imortal, fazer dentro de suas capacidades, coisas que não podem ser feitas de outra forma, aparentam variar com o ser humano que a recorreu, então apenas alguns bem dotados com esta aura são competentes como médiuns. Além disso, naqueles que são constituídos de tal for-ma a serem instrumentos competentes de atuação espiritual, esta competência é variada. Existe gradação de competência, pelo qual a natureza da instrumentalidade varia da que capacita — batidas altas e violentas e o movimento de corpos sem contato — para a gradua-ção que confere poder para produzir comunicações intelectuais de ordem mais elevada sem a batida audível. Além disso, o poder de empregar essas graduações de mediunidade variam como a esfera de espíritos variam.

O SR. JÁ QUESTIONOU OS ESPÍRITOS O MOTIVO PELO QUAL TODAS ESTAS COISAS ACONTECEM?

Agradavelmente pela comunicação do espírito de meu pai, as mani-festações que tarde deram à luz ao espiritualismo, são o resultado de um esforço deliberado por parte dos habitantes das esferas mais altas para romper a separação que tem interferido com a realização, dos mortais, de uma ideia correta do seu destino depois da morte. Para conduzir esta intenção uma delegação de espíritos avançados tem sido apontada. Referindo-se a esta declaração, eu questionei como veio a ocorrer que espíritos imperfeitos haviam sido autoriza-

dos a interferir na empreitada. A resposta foi de que os espíritos das esferas inferiores eram mais competentes para a realização de movi-mentos mecânicos e fortes batidas — assim sua ajuda foi necessária.

Da mesma forma eu perguntei por que foi conveniente fazer essas manifestações em primeira instância em Hydesville, próximo a Ro-chester, através do espírito de um homem assassinado. A resposta para isso foi a de que um homem assassinado iria causar mais in-teresse, e que o vilarejo que foi escolhido para a agência espiritual, seria mais facilmente creditado do que em círculos da moda e evi-dentemente mais apreendidas ou, onde os preconceitos contra os agentes sobrenaturais é extremamente forte; mas que as manifes-tações tinham sido igualmente feitas em Stratford no Connecticut, sobre outras circunstâncias. Também não foram estes os únicos lu-gares. Elas tinham sido feitas em centenas de outros lugares, mas sem muito sucesso em despertar a atenção do público. Assim, pare-ce que, no inicio, o objetivo era chamar a atenção, e posteriormente induzir a comunicação. Isto pode ser demonstrado a partir das his-tórias das manifestações em Hydesville e Stratford, que, assim como através de um acordo engenhoso de sinais para a intercomunicação racional, fora estabelecido, as manifestações mudaram em caráter. As atrocidades exibidas no desarranjo primitivo dos mobiliários ces-sou. Isto foi atribuído à substituição de espíritos de grau inferior por outros mais superiores.

ALGUM INDÍCIO DE POR QUE NÃO COMEÇARAM ATÉ 1848?

— Isto é frequentemente questionado, portanto não eram esses es-forços para comunicarem-se com a humanidade passíveis de acon-tecer em um período anterior de duração do mundo, mas isto podia ser demandado em retorno, portanto, não veio o Cristo até que a terra tivesse sido habitada?, e segundo as escrituras, cerca de quatro mil anos antes dele. Por que não foi o uso da bússola, da pólvora, im-pressão, máquina a vapor, barco a vapor, estrada de ferro, telégrafo, retrato, galvanoplastia, planejados anteriormente nesta esfera ter-restre? Deixemos a ortodoxia tirar a trave do seu próprio olho.

NÃO ACHA ESTRANHO QUE A RELIGIÃO ORTODOXA DE FORMA TÃO VIGOROSA FAÇA OPOSIÇÃO DO ESPIRITUALIS-MO?

— Com efeito, se o testemunho humano não pode ser tomado quan-do avançado por contemporâneos conhecidos por serem conscien-tes, verdadeiros e bem informados, como depender, a respeito da-queles de quem nada sabemos e nada temos disponível, a não ser o que seus próprios escritos mencionam? Os cristão ortodoxos são ge-ralmente educados para acreditar não apenas que a revelação sobre a qual eles se baseiam é a verdadeira, mas que nenhuma outra pode ser justificada. Assim eles ficam, evidentemente descontentes com o que os espiritualistas alegam por eles mesmos, de terem surgido por outros meios com a crença na imortalidade, o que é admitido por todos os lados e que é o maior conforto para as aflições que a vida temporal é responsável. Há além disso esta discordância na doutrina cristã: — “Em conformidade com as escrituras, o homem é colocado aqui para provação, e está suscetível de ser eternamente punido se ele se provar delinquente”. — De acordo com o espiritualismo, o ho-mem é colocado aqui para progressão, e quando ele for para o outro mundo, ainda terá a oportunidade de progredir, no entanto, quanto mais delinquente ele seja, mais ele se afasta dessa vida… Crentes na revelação, encaram incredulamente quando é feita menção de um espírito, como se sua existência fosse uma impossibilidade; ainda tem sido demonstrado de acordo com a ortodoxia, a morte desem-baraçando a alma do corpo, o espírito deve começar imediatamente sua vida espiritual. A existência dos espíritos sendo assim estabele-cida, e que eles poderem comunicar-se conosco, é, mais provável do que o contrário, por impossibilidade, com exceção que, “até agora” isto não tinha acontecido. [2]

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Professor Robert Hare recebeu nume-rosas comunicações do seu pai, também chamado Robert Hare, o Sênior Hare ti-nha servido como Porta-voz do Senado na legislatura da Pennsylvania e também possuía uma padaria na Filadélfia. Abaixo você encontrará algumas das coisas que ele transmitiu ao seu filho sobre o mundo dos espíritos.

CORPO ESPIRITUAL — O corpo espiri-tual é uma forma humana perfeita, origina-da dentro, e análoga a organização corporal em suas muitas partes, funções e relações. O homem em seu estado rudimentar é tri-partite, consistindo de uma alma, do espí-rito e da carne [1], mas nas esferas uma dualidade, composta da alma e do espírito, tendo se aproximado nos portais da morte, despe-se a si mesmo da sua forma exterior como se livra de uma roupa velha. A má-quina física grosseira e pesada que lhe foi dada com o propósito de desenvolver seu corpo espiritual mais belo e excelente, e de trazê-lo para um relacionamento mais ime-diato com o mundo exterior; não pode mais servir aos seus propósitos.

FORMA DO ESPÍRITO — Em vez de ser como muitos de vocês imaginam, meras entidades sombrias e não substanciais, es-tamos possuídos de formas definidas, tan-gíveis e primorosamente simétricas, com membros bem arredondados e graciosos, e ainda assim tão leves e elásticos que po-demos deslizar através da atmosfera com uma velocidade quase elétrica… Estamos, além disso, dotados de toda a beleza! — be-leza e vivacidade da juventude, e estamos vestidos em vestimentas fluindo da nature-za refulgente adequadas para o grau par-ticular de refinamento de nossos corpos. Nossas vestes sendo compostas de princí-pios radiantes, temos o poder de atrair e absorver ou refletir os raios evolvidos de acordo com nossa condição mais ou menos desenvolvida, isto explica sermos vistos por clarividentes em diferentes graus de luminosidade, de uma tonalidade escura para uma luz mais intensamente brilhante.

MUNDO ESPIRITUAL — O mundo espi-ritual encontra-se entre 60 e 120 milhas da superfície terrestre, todo o espaço inter-mediário incluindo aquele imediatamente sobre a terra, a habitação dos mortais, é dividido em sete regiões concêntricas cha-madas esferas. A região próxima da terra, a cena principal da existência do homem, é conhecida como a primeira ou esfera rudimentar. As seis restantes podem ser distinguidas como esferas espirituais, as seis esferas espirituais são concêntricas, ou círculos, de matéria extremamente re-finada, abrangendo a terra como cinturões ou cintas. A distância de cada um dos ou-tros é regulada por leis fixas. Você vai en-tender, então, que elas não são quimeras sem formas, ou meras projeções da mente, mas entidades absolutas, tanto assim que de fato como os planetas do sistema solar ou do globo onde agora você reside. Eles tem latitudes, longitudes e atmosferas de ar vital peculiar.

TEMPO — Nós não temos divisões de tempo em dias, semanas, meses ou anos, nem alternação de estações causada pela revolução anual da terra, esses períodos são observados apenas com referências

aos assuntos da terra.CONSTITUIÇÃO SOCIAL — No que diz respeito a constituição social das esferas, cada um é divido em seis círculos ou so-ciedades, em que parentes e espíritos sim-páticos estão unidos e subsistem juntos, concordando com as leis de afinidade.

PROFESSORES — Cada sociedade tem professores elevados, e não raro das es-feras superiores, cuja providência é nos transmitir os conhecimentos adquiridos a partir de suas instruções e experiências, nos diferentes departamentos da ciência, e que por sua vez transmitem aqueles abaixo. Nós não abandonamos o estudo iniciado na terra, como muitas pessoas no estado rudi-mentar imaginam, o contrário pressuporia a perda de nossos poderes de raciocínio e nossa consequente inferioridade para vós, mas, pelo contrário vamos progredindo em conhecimento e sabedoria, e iremos pro-gredir ao longo dos tempos sem limites na eternidade.

ESPÍRITOS MALIGNOS — Os espíritos malignos ou desviados, encontram suas afinidades na segunda esfera, aonde os mais baixos e menos desenvolvidos estão associados juntos e permanecem por pe-ríodos indefinidos, mas com toda a depra-vação moral e escuridão com a qual eles estão envolvidos, através da influência exercida benigna sobre as suas faculdades perceptivas e racionais por inteligências superiores, cada um começa a sentir-se, mais cedo ou mais tarde, a posição baixa e degradada que ocupa… As propensões vis de sua natureza cedendo aos ditames da razão, suas paixões grosseiras diminuem, fazendo com que ele aspire a mais elevadas associações e circunstâncias, que por sua vez geram novos desejos, pensamentos e sentimentos.

MÉDIUNS — Quando nós desejamos im-pressionar a mente de um médium pelo esforço de nossa vontade mágica, providos sempre de que ele ou ela está em simpatia com, ou sustém uma relação negativa com o operador, nós podemos dispor ou organi-zar as correntes magnéticas do cérebro de modo a formá-los em ideias próprias. Nós também podemos aprender a ler os pensa-mentos dos outros — as condições sendo favoráveis — tão facilmente como você ad-quire um conhecimento dos personagens ou símbolos de uma língua estrangeira para o da sua própria.

ESCRITA AUTOMÁTICA — Para in-fluenciar mecanicamente a mão de um médium para escrever, nós direciona-mos correntes de energia espiritual vi-talizada sobre os músculos específicos que se deseja controlar. Para produzir manifestações físicas, não é por qual-quer médium, exige-se que o médium seja possuidor de um bom caráter moral ou uma mente bem equilibrada, como um indivíduo de pequeno calibre mental, responderia ao nosso propósito igual-mente bem; mas um espírito avançado não poderia impressionar diretamente ou controlar os órgãos da mente com quem ele não está em afinidade, e vice--versa.

LINGUAGEM — Como não existem palavras na língua humana em que as ideias espirituais possam ser concreti-zadas de forma a transmitir seu signi-ficado literal e exato, somos obrigados frequentemente recorrer ao uso de ana-logismos e modos de expressões meta-fóricas. Em nossa comunhão com vocês, temos de respeitar a estrutura e as re-gras de seu idioma peculiar, mas o gênio de nossa língua é tal que podemos dar mais ideias para o outro em uma única palavra do que você pode transmitir em cem.

A ciência convencional tem certamente negado suas conclusões e aqueles que tem testificado em favor da comunica-ção com os espíritos.

— Os homens que são apenas nominal-mente “Nulidades” tem provado uma formidável participação nas políticas, infelizmente o espiritualismo tem, em seus mais ativos oponentes, verdadeiras “Nulidades”, que não irão admitir qual-quer fato de uma origem espiritual, a menos que como eles tenham sido edu-cados a acreditar. Neste caso, muitos tem poderes de deglutinação intelectual que rivalizam com os da Anaconda na forma física!”

A IMPRENSA TAMBÉM TEM SIDO ANTAGÔNICA, NÃO TEM SIDO?

— Quase todos os editores são, mais ou menos os censores para a imprensa, e peões da popularidade. A tendência não para reprimir, mas para satisfazer, e é claro, para promover o preconceito existente. Este fanatismo e seu irmão siamês chamado intolerância, existe em todos os países e idades, vindo a exercer um travesso, embora muitas vezes bem intencionado vigilante, sobre qualquer inovação de natureza a emancipar a mente humana de um erro educacional; e sempre apoiada por poder temporal, tem recorrido a perseguição — mesmo com uso da espada, do serrote e do fan-toche; e neste país da liberdade, e da li-berdade se vangloriou a tão apregoada a imprensa, mostra seu poder maligno de difamação, alegando ou desqualificando, no emprego de onde quer que sua in-fluência possa ser exercida.

Uma notável imprensa nesta cidade re-cusou a imprimir uma edição de meu folheto recente, como se não permitisse que nada que vá contra a bíblia, pudesse

passar por sua impressora. Isso mostra o quão longe vai o fana-tismo, mesmo nesta avançada era da ciência e justo neste país da alardeada liberdade intelectual.

Eu creio que o senhor mencio-nou que certos espíritos podem somente se comunicar por certos médiuns, ou alguma coisa deste efeito.

— Tem sido afirmado que os mor-tais tem cada um uma auréola perceptível aos espíritos, por que eles são capazes de determinar a que esfera o indivíduo irá passar depois de atravessar o portal da morte. Os espíritos não podem se aproximar efetivamente de um médium de uma esfera mui-to acima ou muito abaixo da qual eles pertencem. Em média, na proporção em que eles são mais capazes de servir a uma comu-nicação intelectual mais elevada, menos capazes são de servir para uma demonstração mecânica, as-sim espíritos menos capazes de movimentos mecânicos são mais capazes de comunicações mais elevadas, e vice-versa. Tem sido mencionado que tendo-se em-pregado o meu aparato de teste, minha irmã alegou que isto não poderia ser por ela empregado sem a assistência de um espírito de uma esfera inferior.

QUAL A SUA IDEIA SOBRE DEUS?

— Enquanto nós tivermos tan-ta evidência de uma Divindade como temos de nós mesmos, nós somos totalmente incapazes de formar qualquer ideia de sua forma, modo de existência, ou o seu maravilhoso poder. Esta-mos tão certos da imensidão e onipresença de seu poder como da existência do universo, com o qual ele deve pelo menos ser coextensivo e indissociável. Que seu poder deve ter existido sem-pre, nós também estamos certos; pois se nada tivesse prevalecido, jamais qualquer coisa poderia ter sido concebida, pois fora do nada, nada pode se tornar.

O SENHOR FREQUENTEMEN-TE MENCIONA AS ESFERAS. SE IMPORTARIA DE ELABO-RAR UMA IDEIA A RESPEITO DESTE ASSUNTO?

— É claro que entre os mais bai-xos graus de vício, ignorância e in-sensatez, e os mais altos graus de virtude, aprendizado e sabedoria, há muitas gradações. Quando são traduzidas para as esferas damos uma classificação proporcional ao nosso mérito, o que parece estar lá intuitivamente suscetíveis de estimação pela lei acima aludida, da grosseria sendo maior quando o caráter é mais imperfeito. Am-bos os espíritos e as esferas são

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representadas como tendo gradações em um refinamento de constituição, então as esferas que os espíritos pertencem é intuitivamente manifesta. O ranking é deter-minado por uma espécie de gravidade moral específica, em que o mérito é inversa-mente empregado como o peso.

O SENHOR ACHA DIFÍCIL RECONCILIAR A CIÊNCIA E O ESPÍRITO?

— Eu não considero que em minha mudança de opinião eu tenha sido envolvido em qualquer inconsistência em princípio. Sempre pareceu para mim que em expli-car os movimentos planetários, depois de chegar até a era Newtoniana constituída pelo ímpeto e gravitação, não poderia haver alternativa entre apelar para o poder espiritual de Deus ou recorrer ao ateísmo. Um apelo ao poder de Deus sempre foi a minha escolha, no entanto, considero que o maravilhoso pode ser de natureza completamente ininteligível para o homem finito.

OBRIGADO PROFESSOR HARE! ALGUM PENSAMENTO DE DESPEDIDA?

— Sim, isto é evidente que a partir do poder criativo que os espíritos afirmam eles mesmos possuírem, que exerçam faculdades que eles não entendem. Suas explica-ções sobre o mistério da mediunidade somente substituem um mistério pelo outro. Aparenta para mim um grande erro da parte dos espíritos, tal como os mortais, que façam esforços para explicar o fenômeno do mundo dos espíritos pelos pon-deráveis e imponderáveis agentes do mundo temporal. O fato de que os raios do nosso sol não afetam o mundo espiritual e que há para esta região uma iluminação apropriada nos quais os raios nós não percebemos, precisa demonstrar que o ele-mento imponderável a que devem sua luz peculiar difere do fluído etéreo que, de acordo com a teoria ondulatória, é o meio de produção de luz da criação terrestre.

NOTAS:[1] — O termo alma foi empregado no artigo no lugar de perispirito, mas segundo a Doutrina dos Espíritos, o homem em seu estado rudimentar é com-posto por Espírito, Perispírito e Corpo Físico. E que a palavra alma, é a mesma

para aludir a um Espírito que está encarnado e não ao seu corpo extrafí-sico.

[2] — A comunicação com os Espíritos está registrada na história da hu-manidade desde o homem primitivo e das primeiras civilizações. A men-ção a que se refere o Professor Hare, trata-se da espécie de comunicação generalizada que só deu início em meados de 1850, através das mesas e demais objetos.

[3] — Este artigo foi majestosamente concebido por Michael E. Tymn. Tradução e adaptação — Editorial JCE

Conheça a Revista O Fóton

À época de Kardec, a luta dos espíritas era voltada para o estabelecimento das bases doutrinárias, sejam pela oratória ou com os

experimentos mediúnicos, contra as injúrias da Igreja e contra o ponto mais crítico de todos: a incredulidade da tese materialista. Hoje, depois de 159 anos da publicação de O Liv-ro dos Espíritos, nossa luta diária tem um outro viés: manter a pureza doutrinária. Quantos livros, palestras e textos, ditos espíri-tas, estão espalhando informações contraditórias à Doutrina! Quantas aproximações desnecessárias com outras doutrinas, por acreditarem que o Espiritismo necessita de novidades constantes! Como se não bastasse, ainda utilizam infor-mações equivocadas, ou truncada, da Ciência, em uma aparente comprovação do espírito e das bases doutrinárias.Irmãos, o Espiritismo não precisa que utilizemos in-formações extrapoladas e nem de falsas aproximações com conceitos ditos modernos! Desta forma, a revista O Fóton terá dois obje-tivos principais: resgatar um debate sério da relação entre Física e Espiritismo e retirar dúvidas pertinentes dos estudantes espíritas.

Revista produzida pela Associação de Física e Espiritismo do Rio de Janeiro.

e-mail: [email protected]

Nesta primeira figura à esquerda, temos a primeira versão do engenho

sPiritoscoPE criado para suprimir as hipóteses de fraude. A médium

depositava as mãos sobre a mesa, e a força exercida pelo Espírito, fazia girar o sistema de polías até que a

seta viesse a apontar a letra desejada. Detalhe para o fato de que a médium não conseguia enxergar as letras que

o Espírito ditava.

Esta figura apresenta o sPiritoscoPE em uma versão aprimorada. Para facilitar ainda mais

a comunicação, o Espírito além de exercer uma força para girar o disco até a letra desejada,

também poderia exercer força em outro gatilho para alcançar os demais níveis que continham

palavras pré determinadas e numeros!

Deste lado nós temos uma ilustração do método tradicional empregado à época para se obter uma

escrita rudimentar. Posteriormente descobriu-se que este pequeno suporte para o lápis era desne-cessário, então surgiu a psicografia, embora sob

o nome de escrita automática, já que Psicografia foi um termo cunhado exclusivamente para o

Espiritismo.

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Diz o Dr. Juiz Weimar: – o que me levou A orgAnizAr este novo livro ‘A voltA de AllAn KArdec‘ foi A Ad-mirAção pelA pessoA do médium e o cultivo dAs oBrAs de que forA dócil mediAneiro, em confronto com A codificAção de AllAn KArdec. foi isso que me levou, irresistivelmente, à pesquisA e à Análise de AmBAs.

Digo eu, Moura Rêgo: “Se realmente houve um isento estudo, há de se considerar a infiltração tanto do teor de amizade quanto o de admiração do Magistrado pela figura do Chico. Só este ponto já configura um eivo de importante natureza, já que por ele perde-se a necessária cautela e tem-se turva a visão para fatos dos mais simples em teor doutrinário, tal como:

1 – Reza a codificação, na obra O Evangelho Segundo o Espiritismo, em seu item II da Introdução (Autorida-de da Doutrina Espírita) que, para que uma afirmação seja feita em moldes de doutrina esta terá de contar o crivo da validação dado pelo controle universAl. Ao que me consta, o magistrado não fez nenhuma evo-cação, nem mesmo o bom médium, por ele denomi-nado Antonio BAduy filho. Logo, tal afirmação que deu origem até a livro, morre soterrada pela i m p re c i s ã o doutrinária de que é ví-tima. Não passa de opinião pes-soal tanto do médium como do ex-celentíssimo Sr. Dr. Juiz de Direi-to e presidente da FEEGO, nem mais nem menos. Tal fato, porém, não diminui o valor que para o Sr. Dr. Juiz de Direito, te-nha a figura do Chico, mas daí a proclamá-lo a “Reen-carnação de Kardec, que me desculpe o Magistrado, vai longe demais, e proclamar investindo-se em títu-lo alienígena ao cenário de doutrina, é, por mais que esse título seja verdadeiro, do qual não duvido e até confirmo, no mínimo utilização indébita, não do usuá-rio, mas como fim de dar maior importância ao feito;

2 – Diz o Dr. Weimar: ‘De acordo com Allan Kardec, há argumentos que a si mesmo se repelem. Ao largo da pesquisa, realizada com inaudito esforço e tenaz perseverança, os fatos se multiplicaram, acompanha-dos sempre dos indispensáveis pressupostos de ra-cionalidade e elevado senso crítico, a partir dos fatos, encontrados a mancheias não apenas em Obras Pós-tumas, na Revista Espírita e nas Obras Básicas, mas também noutras publicações de que é fértil a Lite-ratura Espírita, nas biografias dos dois personagens

pesquisados: Allan Kardec e Chico Xavier…’

Digo eu, Moura Rego: – Para quem não se deu por achado, a obra “Obras Pós-tumas” aparece no cenário não como uma obra básica, mas como uma compilação feita por Amélie Gabriel-le Boudet, a Sra. Rivail, ou como queiram, Kardec. Amélie nunca foi espírita, nunca se dedicou ao estu-do da doutrina que seu marido por quase doze anos recebeu de ensinamentos de Espíritos Reveladores e que se espraia nessa obra impressionante que conhe-cemos como Doutrina Espírita.

Ora, a compilação feita por Amélie trás ao povo Es-pírita uma carrada de documentos e destes, muitos que ainda não haviam passado pelo C.U.E.E., por isso não pode ser considerada obra básica. Quem lê a fala do Sr. Dr. Juiz de Direito, sem o necessário apu-ro doutrinário, não encontrará incorreção na citação

diferenciada que este faz entre as obras Revista Es-pírita e Obras Básicas, mas àquele que se deu ao azo de abrir o Livro dos Médiuns – Manual dos Médiuns e dos Evocadores – este uma das Obras Básicas, no cap. 3, ao ítem 35, encontra lá, grafado à maneira de não deixar nenhuma dúvida, a instrução, – Revista Espírita -, nominada como tal, Obra Básica, daí o meu não entender dessa diferenciação proposta na escrita do Dr. Weimar. Notem todos, não estou aqui para fa-lar mal, nem desdizer o que o Sr. Dr. Juiz de Direito da Comarca de Goiânia disse, o problema é dele, não meu. Mas é meu direito e este considero inalienável, proceder a justa explanação sobre incorreções que, se não foram dadas ao conhecimento de todos, aca-bar-se-á ‘comprando gato por lebre’, como se diz no jargão popular. Ainda fica no ar da incorreção a afirmação de que haja uma ‘fértil publicação de obras Espíri-tas’. Não, não há. O que existe é uma avalanche de obras que tratam da temática espiritualista, mas isso

é outra coisa, são ‘cinco mil réis de mel coado’, como diriam os antigos, literatura espírita, sob os auspícios do C.U.E.E. só a conhecida como Obras Básicas; as outras, e aqui só me remeto às de boa monta, são as que falam sobre a doutrina, pois a

grande maioria, além de não dizer nada sobre a dou-trina, desta desconhece. Explico nesse momento que – falar sobre – representa falar-se sobre algo que se não conheça e do qual se tenha o respaldar; no caso da literatura espírita, esta, para ser considerada como espírita, deverá ter seu embasamento na Dou-trina Espírita e não no que ‘eu acho”, ou “eu quero’, ou ainda no “eu entenda ser” Doutrina Espírita. Enten-dam-me bem, por favor, falo no sentido doutrinário, somente neste teor é que escrevo estas linhas.

A mim me preocupa, profundamente, a afirmação, ou, como ele mesmo diz, proclamação, de que Chico fosse

a reencarnação de Kardec, mais ainda quando se procura dar mais peso à afirmação p ro fe r i d a , pelo preto da toga, pois afinal, no fri-gir dos ovos, a doutrina

ensinada pe-los Espíritos ao

Mestre de Lyon, não necessita nem de togas nem de batinas, necessita, sim, e isso é ponto capital assinalado pelo Codificador, do controle da razão de outro, e este vindo dos Espíri-tos e que lhe dá sustentação e validade como doutrina Espírita, o C.U.E.E. Uma pena, porém, se formos pro-curar, não há uma só palavra, um só til que contenha o controle instituído pelos Espíritos, e necessário, diria eu, como condição ‘sine qua non’, para que qualquer escrita seja doutrinária, isso se falarmos em termos de doutrina, esclareço. A meu entendimento, e cus-to a crer no que penso, reeditamos uma página já manchada pelo bolor dos velhos tempos, escrita que foi pelo insigne advogado de Bordéus, Jean Baptiste Roustaing, este que a auto intitulada ‘Casa Mater’ diz ser o ‘Curso superior de Espiritismo’, demonstrando bem a intrusão de matéria alienígena e sem nenhum dos controles preconizados pelos Espí- ritos e pelo Codificador, no item 2 da Introdu- ção ao ESE.

Amigos, quando se começa a crer no que um só médium diga ou escreva; quando não se sopesa, diante dos livros de doutrina, qualquer afirmação já feita

ou que se esteja a ponto de fazer, a coisa começa a ficar difícil, pois este é o caminho mais perfeito para a idolatria e a fabricação de ícones, que já os ve-mos tantos a meio de nosso ‘pobre movimento espírita’, para lembrar as sábias

palavras de José Herculano Pires. Ler calado, aceitar sem pesquisar ou debater, é permanecer-se na ‘paz de pantanal’, mantendo a superfície das águas da

compreensão numa espécie de tranqüilidade que lhe esconda os redemoinhos que turbam o entendimento de muitos. É triste, mas ainda vemos desse tipo de come-

timentos em nosso meio…”

Moura Rêgo

A Reencarnação de Allan Kardec

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apresentada por Kardec é sempre atual. Como Kardec já tinha observado, o espi-ritismo não é da alçada da Ciência. As ciências ordinárias tratam da matéria e seus efeitos. O espiritismo tem como objeto de estudo a alma imortal. Enquanto as ciências negarem a existência do Espírito e considerarem que o homem é apenas um corpo que pensa, elas não se ocuparão do espiritismo e este em nada dependerá delas para o seu desenvolvimento.

A CIÊNCIA ESPÍRITA CONTINUA ATUAL E SEU MÉTODO AINDA TEM VALIDADE?• Sim, como toda ciência bem construída e cujas leis continuam explicando todos

os fenômenos espíritas observados. O Espiritismo é uma ciência d e observação e dentro do seu domínio de fenômenos nenhum princípio novo precisou ser formulado para dar conta des-se domínio. Ele permanece atual, passados mais de 150 anos de sua formulação precisa por Kardec.

COMO FAZER CIÊNCIA ESPÍRITA HOJE?• Seguindo o programa de pesquisa que constitui a ciên-

cia espírita e que se encontra plenamente formulado nas obras de Kardec. Toda ciência, como um programa de pesquisa progressivo, contém em si mesmo os caminhos que deverá percorrer para o seu desenvolvimento. Ciências que não tenham regiões de fronteira não preci-sam umas das outras para se desenvolve-rem. É um erro metodológico achar que as contribuições das ciências materiais moder-nas, como a física por exemplo, possam ser utili-zadas no desenvolvimento do espiritismo. Quem quiser contribuir para o progresso da ciência espírita deve, primeiramente, compreender com profundidade o pensamento dos Espíritos for-mulado nas obras de Kardec, para poder, se-guindo as orientações do paradigma proposto nessas obras, avançar nos estudos a cerca dos Espíritos e suas relações com os homens.

QUAL SUA OPINIÃO ACERCA DO SINCRE-TISMO NO MOVIMENTO ESPÍRITA BRASI-LEIRO?• Esse sincretismo é o resultado da falta de estudos e

compreensão das obras de Kardec. Seus textos são tão claros que não permitem interpretações con-flitantes. Ele mesmo vai dizer na Revista Espirita que sempre buscava explicar com clareza todos os princípios espíritas e suas principais consequências para que não houvesse margem para interpretações

contraditórias.

O CIENTIFICISMO NAS SOCIEDADES ESPÍRITAS SE ESTAGNOU DEVI-

DO A ASPECTOS CULTU-RAIS OU OUTROS

MOTIVOS?

Dedicado discípulo de allan KardEc, profundo conhecedor do pensamento e da postura kardequiana.

Cosme Massi

COMO FOI SEU ENCONTRO COM O ESPIRITISMO? EM QUE ANO?• Conheci o espiritismo ainda na juventude, no ano de 1972.

QUAL É O CONCEITO MAIS ADEQUADO DO ESPIRITISMO EM SUA OPINIÃO?• São dois conceitos, aqueles que Allan Kardec apresenta no Preâmbulo da obra “O que é o Es-

piritismo?”:

1 — “O Espiritismo é, ao mesmo tempo, uma ciência de observação e uma doutrina fi-losófica. Como ciência prática ele consiste nas relações que se estabelecem entre nós e os Espíritos; como filosofa, compreende todas as consequências morais que decorrem

dessas mesmas relações.” —

2 — “O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal.”

QUAL É O GRANDE DESAFIO DO ESPIRITISMO HOJE?• Ser divulgado e compreendido a partir das obras de Allan Kardec. São

23 livros que precisam ser conhecidos e estudados por aqueles que desejam aprender o que é o Espiritismo.

ACABAMOS DE PASSAR PELO ANIVERSÁRIO DE KARDEC, QUAL É A IMPORTÂNCIA DE

KARDEC PARA A ATUAL SITUAÇÃO QUE PASSAMOS NO MOVIMENTO ESPÍRITA?• Kardec é um dos criadores do Espiritismo, juntamente com os Espíritos que o ajudaram na elabo-ração da Doutrina Espírita. Ele foi o Espírito Superior

encarnado que melhor compreendeu e expressou em lin-guagem simples e profunda os pensamentos do Espírito de

Verdade e de seus discípulos. Os textos de Kardec, seus 23 livros, apresentam de forma clara toda a estrutura científica e filosófi-ca do Espiritismo. A consistência lógica, a explicação científica dos fenômenos espíritas, a argumentação e a metodologia ado-tada colocam as obras de Kardec no mesmo nível das grandes

produções cientificas e filosóficas de todos os tempos.

QUAL É O PAPEL DA FILOSOFA ESPÍRITA?• Responder de forma consistente as principais questões filosófi-cas a cerca do que é o homem, sua natureza espiritual, sua origem e seu destino futuro. Nenhuma filosofa antes de Kardec apresentou

respostas tão completas e tão bem apoiadas numa genuína ciência da alma. As consequências filosóficas da ciência espírita permitem uma mudança radical no ponto de vista do homem a cerca da sua vida na Terra. Sua verdadeira e definitiva vida é a vida como Es-pírito imortal. A vida material é apenas um breve estágio na sua caminhada evolutiva.

DIANTE DE TANTOS AVANÇOS E CONQUIS-TAS NAS CIÊNCIAS, COMO FICA A CIÊN-

CIA ESPÍRITA?• Fica do mesmo jeito tal

como foi proposta por Kardec. A construção da ciência espírita

Entrevista

Professor Cosme Massi percorre o Brasil e mundo divulgando a Doutrina Espírita através das suas obras fundamentais.

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Já faz algum tempo que está em nossos planos ampliar os limites fronteiriços da RCE. Em uma de nossas edições fizemos uma edi-ção simplificada da Revista e colocamos no Itunes Store, apenas para verificar se o público daquele “espaço” possuía algum interesse pela leitura dessa temática. Para nossa surpresa, além dos exemplares já distribuídos gratuitamente pelo nosso site, o publico leitor da Apple fez mais de 500 downloads de uma única edição. Isso nos motivou a aprimorarmos a qualidade do produto e disponibilizá-lo em dois lo-cais, o site (na Banca de Revistas) e agora no iTunes Store. Esse momento é um marco para nós, pois conseguiremos atingir um público maior e ainda conseguimos manter o produto gratuito, sempre com a intenção de levar conhecimento científico de primeira qualidade sobre a temática espírita. Os índices e a constância dos tra-balhos conseguem nos colocar num ranking de melhor material cien-tífico espírita da atualidade, tanto por pesquisas inéditas, feitas pelo próprio grupo colaborador, como também artigos traduzidos e que sintetizam os resultados de outros pesquisadores ao redor do mundo. Com isso, ganhamos nós em prestígio e ganha o leitor pela qualidade e garantia informativa que vem a surgir em primeira mão. Temos um compromisso com a verdade, então essa será sempre mantida, por esse motivo, resultados que denotem algo negativo ao espiritismo sempre serão expostos também e isso é importante para que possa se fazer autoreflexões a respeito do que sabemos ou acha-mos que sabemos. Isso ocorreu em uma edição passada, onde se abordou o tema: pAsses isolAdos e coletivos funcionAm? A ciência parte das perguntas e tentamos fazer experimentos para buscar as respostas. Quando não podemos fazer os devidos experimentos podemos coletar dados de outros e trabalhar em alguma conclusão. Isso é a ciência e ela precisa caminhar com muito rigor, ratificando verdades espíritas e retificandoos mitos que foram criados ao longo do tempo. Talvez esse seja o maior desafio! Às vezes penso que é mais dificil desconstruir um mito do que buscar alguma resposta nova. Nós como seres humanos temos uma tendência natural de acreditar no que dizem sem nos questio-narmos ou sem investigarmos. Claro, é compreensível pois investigar dá muito trabalho e por isso tentamos fazer essa parte e o leitor pode desfrutar dos dados e nossas conclusões e depois concluir por si mes-mo.

AgorA, cABe Ao leitor o trABAlho de disseminAr o que Aprende e o que perceBe. todos somos responsáveis!

sAndro fontAnA

Revista Ciência Espírita

Faça download gratuito da coleção de Revistas em: http://www.revistacienciaespirita.com

— É Doutor e Mestre em Lógica e Filosofia da Ciên-cia pela UNICAMP.— Graduado em Física pela UFRJ.Escritor, palestrante e estudioso da ciência e filosofia espíritas baseadas em AllAn KArdec há mais de 30 anos.— Foi professor universitário, pró-reitor e diretor de diversas universidades no Brasil.— Ganhador do prêmio Moinho Santista em Lógica Matemática.— Criador da KARDECPEDIA – plataforma onli-ne grátis em quatro idiomas com todas as obras de AllAn KArdec relacionadas entre si.— Autor de diversas publicações científicas na área de lógica e filoso-fia.— Criador e au-tor de materiais e tecnologias educacionais para o ensino superior e de materiais espí-ritas (vídeos e áudios com semi-nários, palestras e debates).— Autor de publica-ções espíritas como:Artigo: A estruturA didáticA de o li-vro dos espíritos.Livro: A ordem didáticA de o livro dos espíritos.Livro: espírito & mAtériA – diálogos filosóficos sobre as causas primeiras.

• Talvez seja o resultado daquilo que já dis-se antes, a falta de estudos mais profun-dos da obra de Kardec. Enquanto não se compreender com clareza e profundidade o paradigma, ou o programa de pesquisa progressivo, proposto nas obras de Kardec, não se pode pretender o desenvolvimento da ciência espírita.

COMO PODEREMOS PRETERIR O RESPEITO DA COMUNIDA-DE CIENTÍFICA PERANTE A

CIÊNCIA ESPÍRITA?• A comunidade científica sa-berá dar o respeito devido à ciên-cia espírita quando conhecer e estudar as obras de Kardec. Por isso, penso que o melhor cami-

nho seja o de divulgar e explicar essas obras notáveis. Kardec fala por si mesmo. Seus textos, quando

estudados, são o melhor exemplo de como é possível propor uma genuína ciência da alma. Por outro lado, não

vejo que seja necessário o aval da comunidade científica. O espiritismo e os espíritas não dependem desse aval, nem para o seu desenvolvimento, nem para a sua compreensão e prática. Todos aqueles que estudam e compreendem o pensamen-to de Kardec sabem da sua real impor-tância para a própria vida. Cabe a cada um de nós, espíritas, compreender Kardec para viver Kardec.

conheçA Alguns de seus proJetos:um pouco soBre suA cArreirA:

www.kardecpedia.com

www.clubekardec.com.br

www.nobilta.com.br

www.cosmemassi.com.br | [email protected] Endereço: Rua Barão do Rio Branco, 63. Sala 1702

Centro, Curitiba, PR CEP 80010-180

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Estou feliz por ter percebido que sur-gem cada vez mais novos periódicos sobre espiritismo, mesmo aqueles

que se afastam vertiginosamente das obras fundamentais e consequentemente do Espiri-tismo como concebido por Kardec, com seus erros, servem para realçar a verdade. Mesmo aqueles adeptos que conhece-ram a doutrina através de romances ou aven-turas muitas vezes um tanto incríveis, estão se questionando mais. Neste critério pessoal que se desenvolve no principiante espírita, ele acaba descobrindo Allan Kardec, e conse-quentemente as obras fundamentais. É verdade que uma boa quantida-de de pessoas só toma da Doutrina Espírita aquilo que lhes interessa, geralmente alguns trechos que ajudam a sustentar a luta do dia a

dia. Outros acham muita elevação nas palavras ditadas pelos Espíritos e as reconhecem como um ensino verdadeiramente elevado e nobre, mas nunca os colocam em prática. Algumas pessoas vivem adiando certas reformas em si próprias. Mas devemos respeitar o tempo e as escolhas de cada um. Muito disso, se deve a enorme incre-dulidade no que concerne as coisas do Espíri-to. As pessoas podem até crer na existência de Deus e na imortalidade da alma, mas guardam para si muita desconfiança e ceticismo quanto à possibilidade real da comunicação dos Espí-ritos com os homens. Esta postura é perfeita-mente compreensível, haja vista a quantidade de charlatães e mistificadores que encontra-mos por aí que usam o Espiritismo para ga-nhos pessoais.

No mundo espiritual, assim como na terra, há Espíritos de toda ordem de caráter. Há os que são declaradamente maus e fazem de tudo para enganar e perturbar os homens com quem mantém relações. Há os de boas intenções, mas ig-norantes em Ciência e que as vezes se exprimem de modo que causam contradições ou erros flagrantes. Há os que conhecem muitos assuntos, mas são egoístas e não de-sejam compartilhar o que

Algumas pessoas ainda não entenderam que a Ciência Espírita difere muito das Ciências acadêmicas. No que diz respeito as coisas do Espírito, que são imateriais, não podemos aplicar

os métodos de análise e replicação como faríamos se estivéssemos observando um determinado material ou substância. Deste ponto de vista nossos métodos para análise da fenomenologia e das con-sequências que deles decorrem, foram concebidos unicamente para esta natureza de investigação. Com a falta de médiuns dispostos a testar as suas respectivas mediunidades os grupos de pesquisa ficam sem recursos para fazer avançar nossa compreensão desta mecânica de vida e morte. A Ciência Espírita parou no tempo, em primeiro lugar por ser mal compreendida pelos seus próprios pesquisadores, muitos desconhecem e ignoram completamente as obras fundamentais, ou o método positivista, a necessidade da observação judiciosa, etc. En-tregam-se a teorias e hipóteses em obras romanceadas, sem fundo e sem lógica, das quais nós não temos recursos para confirmação ou até verificação. Mas, aos poucos nós vamos colocando o trem de volta aos trilhos. Há grupos que estão fazendo um trabalho magnífico de resgate do pensamento kardequiano. Mas quando ouvir sobre o caráter científico do Espiritismo, não nos imagine de olho em um microscópio, ou fazendo cáculos e criando fórmulas químicas. Se você nos imaginou revirando li-vros e revistas que tratam sobre o tema desde o século XIX, acertou em cheio. Também fazemos vez ou outra, trabalho de campo. Recente-mente conseguimos a cooperaçao de uma médium para uma pesqui-sa que tinha como objetivo avaliar a força da magnetização da água. (você pode ler o Artigo completo nA revistA de ciênciA espíritA, edição de mArço 2017). Também concluímos um estudo que durou 2 anos com uma medicina indígena chamada de Ayahuasca que induz ao estado de Sonambulismo Lúcido, artigo que pode ser encontrado na mesma revista. Nós convidamos você a conhecer o único e verdadeiro Espiri-tismo, caso você esteja um pouco saturado dos contos de fadas do as-tral. Respeitamos inescrupulosamente os que apreciam esta espécie de literatura, desde que seja colocada na sua devida relevância para o tema. Não se pode aprender espiritismo através dos continhos e das historinhas, de modo satisfatório e seguro. Nem mesmo os romancis-tas de plantão, conseguem concordar sobre o que é espiritismo. Seguindo as recomendações de Allan Kardec, recomenda-mos sempre a leitura da obra: O que é Espiritismo, se possível da editora IDE (Instituto de Difusão Espírita) pela lealdade na traduçao, nele você encontrará a reposta para a maioiria das suas dúvidas, de-talhes e pormenores que você jamais encontraria nas obras de André Luiz, Emmanuel e Joana de Angelis!.

aprenderam, e, portanto, ain-da não tem a moralidade de-senvolvida. Há os que são de elevado caráter e inteligência e conhecem muito sobre a me-cânica universal, estes sentem prazer em auxiliar os homens, mas raramente encontram médiuns que consigam sinto-nizá-los. Não basta morrer para ter em seguida todos os conhecimentos, nem se tornar uma pessoa de alta moralida-de e inteligência. O homem

Morrer não torna você um gênio!

não ganha superpoderes in-telectuais. Desencarnado ele tem de fato, uma inteligência que trabalha mais livremen-te e um modo mais preciso e íntimo de ver todas as coisas, mas ainda é um aprendiz, as-sim como nós somos aqui na terra. Os Espíritos também se enganam sobre seus pon-tos de vista, especialmente quando procuram falar so-bre datas e épocas de cer-tos acontecimentos, fazendo previsões do futuro.

Afinal o que é Ciência Espírita?

Palavras do Editor

“Ser Supremo, tenha piedade dos que nada crêem

e vivem um dia após o outro, sem olhar para o futuro. Nos ajude a preencher o vazio que habita

certas almas, desiludidas e magoadas pela corrup-ção das religiões mundanas. O materialismo e a falta de uma fé raciocinada, corróem o coração do homem. Dá saúde ao doente e alimento ao miserável, alivia-nos a

dor neste hospital chamado Terra.” web: jornalcienciaespirita.org | contato: [email protected]